43Figura 18 <strong>–</strong> Corpo de prova comdelaminação do acabamento. Fonte:elaborado pelo autor.Figura 19 <strong>–</strong> Corpo de prova comdelaminação da base. Fonte: elaboradopelo autor.No que tange à avaliação do ensaio de Flexionamento Contínuo, buscou-seanalisar o comportamento elástico e resiliente do acabamento dos laminadossintéticos. Esta propriedade é fundamental na fabricação destes produtos, emespecial quando os mesmos são direcionados ao uso em calçados de qualquer tipo.Para tanto, esperava-se que os experimentos pudessem repetir o desempenho daamostra em branco, que atingiu os 150.000 ciclos sem danos, valor este que é orequisito máximo solicitado a calçados (NBR 15642, 2008).Para avaliação confiável desta propriedade, a análise de t de Student foiaplicada, no intuito de utilizar os valores médios encontrados como comparaçãosegura (Tabela 8).Tabela 8: Médias e confiabilidade dos resultados de Flexão.Nº deamostrasSoma Média Variância Desv.PadrãoConfiab.1 8,0 1.200.000 150.000,0 - - 100%2 7,0 1.050.000 150.000,0 - - 100%3 7,0 1.050.000 150.000,0 - - 100%4 7,0 1.050.000 150.000,0 - - 100%5 6,0 900.000 150.000,0 - - 100%6 7,0 1.050.000 150.000,0 - - 100%7 8,0 825.000 103.125,0 50.775,2 50.775,2 10 - 20%Observando-se os resultados de flexão, pode-se inferir que a nanocargahidrofílica não comprometeu esta propriedade em nenhuma das concentrações
44avaliadas. Por sua vez, para as amostras contendo nanossílica hidrofóbica, nota-seum comportamento muito semelhante à prova em branco nas concentrações de 1 e2%. No entanto, os experimentos com 4% acusaram uma perda na resistência aoflexionamento contínuo. Porém, a análise de confiabilidade deste dado foi muitobaixa, explicado pelo fato do processo ser operador-dependente, o que explicamaior incidência de erros experimentais. Assim sendo, haveria a necessidade deuma quantidade maior de réplicas para o desvio-padrão encontrado, a fim de se tersegurança nos resultados. Todavia, o prazo para encerramento do projeto nãopermitiu que esta quantidade maior de réplicas fosse executada, e tampoucoexistiram condições para tanto, uma vez que não houve interesse da empresapatrocinadora em prolongar a pesquisa. Assim, pode-se apenas sugerir que nestaconcentração de nanossílica houve uma interferência negativa na propriedade, massua grandeza não pode ser afirmada com os dados existentes.Analisando-se o tipo de reprovação ocorrido nos corpos de prova que nãoresistiram aos 150.000 ciclos, percebe-se que a mesma ocorreu através de duasmaneiras muito distintas: quebra da superfície do acabamento ou descolagem doacabamento na zona de flexão. O primeiro acaba por deixar visível o fundo da basedo produto e, provavelmente, deve ter sido causado pelo enrijecimento do filme emrazão da carga adicionada, ou por uma falta de coesão da nanocarga a matrizpoliuretânica, levando à formação de microgrumos, tornando o filme frágil nesteponto (Figura 20). Este comportamento de aumento de dureza e diminuição daresiliência do nanocompósito também foi identificado no estudo de Javni et al.(2002), no qual foi avaliado o efeito de micro e nanossílicas nas propriedades deespumas de poliuretano. Neste estudo, foi observado que a incorporação denanossílicas em espumas flexíveis de poliuretano teve um comportamentoreticulante, na matriz polimérica, aumentando seu módulo de flexão, enrijecendo ascadeias, tornando-as menos flexíveis e menos resilientes.O segundo critério de reprovação dos corpos-de-prova na flexão tem na suaorigem as mesmas características que levaram à reprovação no ensaio de colagemdos experimentos 5, 6 e 7. A reprovação, nesses casos, ocorre devido à redução dapegajosidade (tack) do filme causado pela nanossílica, diminuindo sua capacidadede adesão, formando bolhas de filme não aderido, e que fica evidenciado na zona deflexão depois de muitos ciclos (Figura 21).