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cpi do narcotráfico - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ...

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D.O.E.; Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, 112 (117), sába<strong>do</strong>, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 – SUPLEMENTO – 3Congresso Nacional no próximo dia 22 <strong>de</strong> fevereiro, terçafeira,em Brasília. Usaram da palavra, durante a reunião, aDeputada Rosmary Corrêa e os Deputa<strong>do</strong>s Jamil Murad,Milton Vieira, Conte Lopes, Pedro Tobias, Elói Pietá, CelsoTanauí e Renato Simões. Nada mais haven<strong>do</strong> a tratar, oSenhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>clarou encerra<strong>do</strong>s os trabalhos, queforam grava<strong>do</strong>s pelo Serviço <strong>de</strong> Som, passan<strong>do</strong> seu inteiroteor, após transcrição, a fazer parte integrante <strong>de</strong>sta ata,que foi lavrada por mim, Otavio Augusto <strong>de</strong> Castro Freitas,Agente Técnico Legislativo, que a assino após SuaExcelência.Aprovada em reunião <strong>de</strong> 16.3.2000a) Dimas Ramalho - Presi<strong>de</strong>ntea) Otavio Augusto <strong>de</strong> Castro Freitas - Secretário2.4. Ata da Vigésima Sétima Reunião da CPI, realizadaem 05 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2.000, na qual foi <strong>de</strong>finida a relatoriageralATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA REUNIÃO DA COMISSÃOPARLAMENTAR DE INQUÉRITO CONSTITUÍDA COM AFINALIDADE DE APURAR ORGANIZAÇÕES QUE ATUAMNO NARCOTRÁFICO NO ESTADO DE SÃO PAULO, SUASRELAÇÕES COM ROUBO DE CARGAS, ASSASSINATOS,LAVAGEM DE DINHEIRO E DEMAIS ATIVIDADES CRIMINO-SAS RELACIONADAS COM O NARCOTRÁFICO, ASSIMCOMO O ENVOLVIMENTO, A PARTICIPAÇÃO OUCOLABORAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS E ÓRGÃOSESTATAIS NAS AÇÕES DO TRÁFICO DE DROGAS, OCOR-RIDA NA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA DA DÉCIMAQUARTA LEGISLATURA.Aos cinco dias <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>do</strong>is mil, às <strong>de</strong>zhoras, no Plenário D. Pedro I da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, realizou-se a Vigésima SétimaReunião da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito constituídacom a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apurar organizações que atuam no <strong>narcotráfico</strong>no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, suas relações com roubo<strong>de</strong> cargas, assassinatos, lavagem <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>scriminosas relacionadas com o <strong>narcotráfico</strong>, assimcomo o envolvimento, a participação ou colaboração <strong>de</strong>agentes públicos e órgãos estatais nas ações <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong>drogas, ocorrida na Segunda Sessão <strong>Legislativa</strong>, daDécima Quarta Legislatura, sob a Presidência <strong>do</strong> SenhorDeputa<strong>do</strong> Dimas Ramalho. Estiveram presentes a SenhoraDeputada Rosmary Corrêa e os Senhores Deputa<strong>do</strong>s ConteLopes, Jamil Murad, Renato Simões, Pedro Tobias, CelsoTanauí e Wilson Morais (substituto). Licencia<strong>do</strong> o SenhorDeputa<strong>do</strong> Carlos Sampaio. Ausente por motivo justifica<strong>do</strong>o Senhor Deputa<strong>do</strong> Milton Vieira. Ausentes os SenhoresDeputa<strong>do</strong>s Nabi Abi Chedid,Alberto Calvo e Elói Pietá.Haven<strong>do</strong> número regimental, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>u inícioaos trabalhos, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> dispensada, a pedi<strong>do</strong>s, a leiturada ata da reunião anterior, que foi consi<strong>de</strong>rada aprovada.A seguir, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte passou a palavra aosSenhores Deputa<strong>do</strong>s que teceram consi<strong>de</strong>rações acerca<strong>do</strong>s trabalhos e <strong>do</strong>s próximos passos <strong>de</strong>sta CPI. Decidiu-se,ainda, pela <strong>de</strong>signação <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Renato Simões comoRelator Geral da Comissão. Durante a reunião, foram aprova<strong>do</strong>sos respectivos encaminhamentos: 1 - Convocaçãodas seguintes pessoas para, em data oportuna, serem ouvidaspor esta CPI: Inspetor José Roberto Rodrigues Barbosa(Diretor da Receita Fe<strong>de</strong>ral no aeroporto <strong>de</strong> Guarulhos),Inspetor Marcos Bessa Nisti (Diretor da Receita Fe<strong>de</strong>ral noaeroporto <strong>de</strong> Campinas), Alexandre Feiroz (Auditor Fiscalda Receita Fe<strong>de</strong>ral em Santos), Nilton Rego <strong>de</strong> Barros(Despachante Aduaneiro <strong>de</strong> Santos), <strong>Paulo</strong> César <strong>de</strong> AraújoPereira, Joaquim Arnal<strong>do</strong> da Silva Neto, AgamenonMonteiro <strong>de</strong> Souza (vulgo “Ceará”), Val<strong>de</strong>nor Marchezan eApareci<strong>do</strong> Donizete Muniz. 2 - Convite ao senhor <strong>Paulo</strong> GilHölck Introíni (Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato Nacional <strong>do</strong>sAuditores Fiscais da Receita Fe<strong>de</strong>ral - UNAFISCO) para, emdata oportuna, ser ouvi<strong>do</strong> por esta CPI. 3 - Expedição <strong>de</strong>ofícios à Procura<strong>do</strong>ria Geral <strong>de</strong> Justiça, Tribunal <strong>de</strong> Justiça<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, Câmara Municipal, Fórum ePrefeitura <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto, encaminhan<strong>do</strong>voto <strong>de</strong> congratulação e apoio aos trabalhos<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelo Excelentíssimo Senhor Juiz <strong>de</strong> DireitoDr. Emílio Migliano e pelos Excelentíssimos SenhoresPromotores <strong>de</strong> Justiça Dr. Marco Antonio Lélis, Dr. FábioMiskulin e Dr. Sérgio Acaiaba <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong> - to<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grupo<strong>de</strong> combate ao <strong>narcotráfico</strong> em <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto.Logo após, ten<strong>do</strong> em vista o teor <strong>do</strong>s assuntos a serem trata<strong>do</strong>s,<strong>de</strong>cidiu-se que a reunião passasse, nos termos regimentais,a ter caráter reserva<strong>do</strong>. Usaram da palavra aDeputada Rosmary Corrêa e os Deputa<strong>do</strong>s Renato Simões,Pedro Tobias, Celso Tanauí e Wilson Morais. Nada maishaven<strong>do</strong> a tratar, o Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>clarou encerra<strong>do</strong>sos trabalhos, que foram grava<strong>do</strong>s pelo Serviço <strong>de</strong> Som,passan<strong>do</strong> seu inteiro teor, após transcrição, a fazer parteintegrante <strong>de</strong>sta ata, que foi lavrada por mim, OtavioAugusto <strong>de</strong> Castro Freitas, Agente Técnico Legislativo, quea assino após Sua Excelência.Aprovada em reunião <strong>de</strong> 8.11.00.a) Dimas Ramalho - Presi<strong>de</strong>ntea) Otavio Augusto <strong>de</strong> Castro Freitas - Secretário3. ATIVIDADESDESENVOLVIDASAprovada em 03 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999, a presenteComissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito foi constituída com afinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apurar organizações que atuam no <strong>narcotráfico</strong>no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, suas relações com roubo <strong>de</strong>cargas, assassinatos, lavagem <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>scriminosas relacionadas com o <strong>narcotráfico</strong>, assimcomo o envolvimento, a participação ou colaboração <strong>de</strong>agentes públicos e órgãos estatais nas ações <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong>drogas.Instalada em 14 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1.999, esta CPI iniciouseus trabalhos em 1o. <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000, ao final <strong>do</strong>recesso parlamentar. No primeiro mês <strong>de</strong> trabalho, a CPIorganizou suas priorida<strong>de</strong>s e metas <strong>de</strong> investigação.Decidiu-se por uma divisão temática, e não geográfica: oobjetivo primordial da CPI seria menos traçar um enfrentamento<strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong> em cada região <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e maisconcentrar suas preocupações na busca <strong>de</strong> um diagnóstico<strong>do</strong> papel <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> no tráfico internacional <strong>de</strong>drogas e da atuação das instituições com a responsabilida<strong>de</strong>constitucional e legal <strong>de</strong> combater o <strong>narcotráfico</strong> <strong>de</strong>forma permanente, contribuin<strong>do</strong> com proposições que permitamum aperfeiçoamento das políticas <strong>de</strong> prevenção erepressão ao merca<strong>do</strong> ilícito da droga.Ao longo <strong>de</strong>stes 16 (<strong>de</strong>zesseis) meses em que se<strong>de</strong>senvolveram os trabalhos, foram realizadas 30 (trinta)Sessões nesta Casa, nas quais foram colhi<strong>do</strong>s 98 (noventae oito) <strong>de</strong>poimentos. A Comissão realizou ainda audiênciaspúblicas nas Cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santos (11 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000) eem <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto (09 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2.000), naqual proce<strong>de</strong>u ao levantamento <strong>de</strong> informações e da<strong>do</strong>ssobre o <strong>narcotráfico</strong> na região, realizan<strong>do</strong> visitas a diversosórgãos públicos naquelas cida<strong>de</strong>s, além da oitiva <strong>de</strong><strong>de</strong>poentes e o recebimento <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos entreguespelas autorida<strong>de</strong>s locais.Foram realiza<strong>do</strong>s, ainda, <strong>do</strong>is <strong>de</strong>bates com a finalida<strong>de</strong><strong>de</strong> subsidiar os trabalhos <strong>de</strong>ste órgão técnico: em 31 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 2.000 e em 19 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2.000, com a participação<strong>de</strong> sindicalistas, policiais estaduais e fe<strong>de</strong>rais, quetraçaram um perfil da atuação das instituições nos aeroportosinternacionais e no Porto <strong>de</strong> Santos.Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> seus trabalhos, foram instaura<strong>do</strong>scerca <strong>de</strong> 27 (vinte e sete) inquéritos policiais, além da prisão<strong>de</strong> 22 (vinte e duas) pessoas e apreensão <strong>de</strong> inúmeros<strong>do</strong>cumentos que, mais <strong>do</strong> que propiciar a responsabilizaçãocriminal <strong>do</strong>s diversos envolvi<strong>do</strong>s, possibilitaram<strong>de</strong>monstrar uma face significativa <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> atuar <strong>do</strong> tráfico<strong>de</strong> entorpecentes no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.Foram expedi<strong>do</strong>s 542 (quinhentos e quarenta e <strong>do</strong>is)ofícios aos diversos órgãos públicos, que resultaram nos95 (noventa e cinco) volumes que permitiu um acervo consi<strong>de</strong>rável<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos, hoje à disposição <strong>de</strong>sta Casa.Foram <strong>de</strong>claradas as quebras <strong>de</strong> sigilo bancário, telefônicoe fiscal <strong>de</strong> 11 (onze) pessoas, além <strong>do</strong> acompanhamento<strong>de</strong> diligências policiais e outras ativida<strong>de</strong>s realizadasnas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Atibaia, Santos, <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto,Ipiguá, Palestina, Mirassol d’Oeste (MT), Cuiabá (MT),Maricá (RJ), Niterói (RJ), Barueri, <strong>São</strong> Sebastião e <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>.Dada a abrangência <strong>de</strong> seu objeto, esta Comissãooptou por distribuir os trabalhos em quatro sub-relatorias,a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> como méto<strong>do</strong> as gran<strong>de</strong>s “faces” <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong>:1 - o Transporte Aéreo da Droga, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> relatoro Deputa<strong>do</strong> Renato Simões. 2 - Portos (Santos e <strong>São</strong>Sebastião), sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> relator o Deputa<strong>do</strong> WilsonMorais. 3 - Fuga e transferência <strong>de</strong> traficantes das prisões,sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signada relatora a Deputada Rosmary Corrêa. 4 -Rotas terrestres <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong>, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> relator oDeputa<strong>do</strong> Celso Tanauí.O presente Relatório Final, sistematiza<strong>do</strong> peloDeputa<strong>do</strong> Renato Simões, apresenta os principais aspectos<strong>do</strong>s Relatórios Parciais apresenta<strong>do</strong>s pelos senhoresDeputa<strong>do</strong>s.No encerramento <strong>de</strong> seus trabalhos, esta CPI prestahomenagem ao investiga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> polícia Luciano Sturba,integrante da equipe <strong>do</strong> GERCO - Grupo Especial <strong>de</strong>Repressão ao Crime organiza<strong>do</strong>, <strong>do</strong> DENARC, <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>para assessorar esta Comissão nas investigações relatadasnas páginas 107 a 129 (o caso Atibaia).Piloto <strong>de</strong> aeronaves, Sturba foi escolhi<strong>do</strong> para comporeste grupo por sua experiência na área e pelo perfil qualifica<strong>do</strong><strong>de</strong> sua ação como investiga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> polícia. Na noite <strong>do</strong>dia 20 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2000, na véspera <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r viagempara diligências em busca <strong>de</strong> empresários <strong>de</strong> Atibaia, entãoforagi<strong>do</strong>s, Sturba foi assassina<strong>do</strong> por um grupo <strong>de</strong> oitopessoas que pretensamente o <strong>do</strong>minaram e invadiram suacasa, no Jardim Prudência, em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, para roubá-lo.No entanto, pouquíssimos pertences foram leva<strong>do</strong>s e ascaracterísticas da execução <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>r motivaram estaCPI a realizar várias audiências com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificara autoria e as motivações <strong>de</strong>ste bárbaro crime.Alguns <strong>do</strong>s integrantes <strong>do</strong> grupo assassino foram presosem ações que envolveram policiais <strong>de</strong> várias unida<strong>de</strong>s,em particular <strong>do</strong> DEPATRI. Ouvi<strong>do</strong>s pela CPI, um <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentesque integravam o grupo mencionou que outro <strong>de</strong>seus integrantes havia comenta<strong>do</strong> ter recebi<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong>trinta mil reais para cometer o crime. Em juízo, essa informaçõesprestada à CPI não foi confirmada. Con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s,quatro <strong>de</strong>les à revelia, ainda permanece a dúvida sobre asmotivações <strong>de</strong>sse grupo e a luta <strong>de</strong> sua família pelo fim daimpunida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s que ainda não foram localiza<strong>do</strong>s e presospor este crime.Essa CPI, ao mesmo tempo em que presta sua homenagema esse policial, recomenda à Comissão Permanente<strong>de</strong> Segurança Pública <strong>de</strong>sta casa e ao Ministério PúblicoEstadual <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> que continuem acompanhan<strong>do</strong> essecaso, assistin<strong>do</strong> à família Sturba em sua busca por Justiçae honran<strong>do</strong> a memória <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os policiais vítimas <strong>de</strong> gruposcriminosos no exercício <strong>de</strong> suas funções.4. ANÁLISE DAS INSTITUIÇÕESFEDERAIS E ESTADUAIS4.1. INTEGRAÇAO DAS POLÍCIAS FEDERAL E ESTA-DUAIS4.1.1. INTRODUÇÃO: OS DESAFIOS DA QUALI-FICAÇÃO DAS POLÍCIAS ESTADUAIS PARA O COMBATEAO NARCOTRÁFICO“DEPOIS DA CRIAÇÃO DA CPI,VERIFICAMOS QUE TÍNHAMOS CONDIÇÕESDE CHEGAR A UM PATAMAR SUPERIOR DE TRAFI-CANTES.Conseguimos organizar, através <strong>do</strong> GERCO,<strong>de</strong>ssa investigação que fizemos em Atibaia,e verificamos que realmente há muitos traficantesescondi<strong>do</strong>s,que estão atrás das cortinas e que agora começaram aemergir.Isso foi muito importante para nós.E nos permitiu verificar que temos capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chegaraté eles”.(Dr .Ubiraci Pires da Silva, Divisionário <strong>do</strong> DENARC,em <strong>de</strong>poimento à CPI em 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000).Em 1988, a nova Constituição da República fixou, emseu artigo 144, parágrafo 1o., inciso II, as normas para aprevenção e repressão ao tráfico <strong>de</strong> drogas: “Parágrafo 1o.- A Polícia Fe<strong>de</strong>ral, instituída por Lei como órgão permanente,estruturada em carreira, <strong>de</strong>stina-se: II - prevenir ereprimir o tráfico ilícito <strong>de</strong> substâncias entorpecentes e drogasafins, o contraban<strong>do</strong> e o <strong>de</strong>scaminho, sem prejuízo daação fazendária e <strong>de</strong> outros órgãos públicos, nas respectivasáreas <strong>de</strong> competência”.Uma divisão <strong>de</strong> tarefas entre a União e as Unida<strong>de</strong>sFe<strong>de</strong>radas, estabelecida através <strong>de</strong> convênios para atuaçãoconjunta das polícias fe<strong>de</strong>ral e estaduais antes <strong>de</strong>ste novotexto constitucional (que será objeto <strong>de</strong> análise específica<strong>de</strong>sta CPI), <strong>de</strong>legou aos esta<strong>do</strong>s o combate ao tráfico interno<strong>de</strong> entorpecentes, fican<strong>do</strong> a cargo da Polícia Fe<strong>de</strong>ral arepressão ao tráfico internacional.Às Polícias Estaduais, consoli<strong>do</strong>u-se nesta divisão <strong>de</strong>tarefas o enfrentamento <strong>do</strong> problema na ponta <strong>do</strong> varejo.Não é à toa que a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s por tráfico<strong>de</strong> drogas em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> po<strong>de</strong>m ser cataloga<strong>do</strong>s comomicro ou pequenos traficantes. Estes que lotam nosso sistemacarcerário e penitenciário são atingi<strong>do</strong>s na maiorparte <strong>do</strong>s casos por prisões em flagrante, efetuadas porpoliciais militares e civis, normalmente através <strong>de</strong> <strong>de</strong>núnciasanônimas ou “blitze” realizadas em operações rotineiras<strong>de</strong> controle junto a pontos <strong>de</strong> venda e consumo.Uma atuação mais qualificada, voltada para a ponta<strong>do</strong> ataca<strong>do</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ilícito das drogas, <strong>de</strong>stinada agran<strong>de</strong>s apreensões e à prisão <strong>de</strong> médios e gran<strong>de</strong>s traficantes,ficaria reservada à Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Neste senti<strong>do</strong>,esta CPI recebe com satisfação o comentário <strong>do</strong>Delega<strong>do</strong> Divisionário <strong>do</strong> DENARC, que abre esse capítulo,por <strong>de</strong>monstrar que é possível, e mais que possível,necessário, que a ação da Polícia Civil dê um salto <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> para a incorporação <strong>de</strong> novas tecnologias eméto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investigação, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a colaborar, <strong>de</strong> formamais eficiente, nos limites <strong>de</strong> sua competência constitucionale legal, para o combate ao tráfico <strong>de</strong> drogas noesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>.4.1.2. NOTAS SOBRE A ESTRUTURA DO DENARC EDA POLÍCIA CIVILCria<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>creto n. 27.409, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong>1987, o Departamento Estadual <strong>de</strong> Investigações sobreNarcóticos (DENARC) se constitui na principal estrutura daPolícia Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> para o combate ao <strong>narcotráfico</strong>.De acor<strong>do</strong> com informações prestadas a esta CPI, oDENARC foi responsável, no ano <strong>de</strong> 1999, por 1.177 flagrantes<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, com a apreensão <strong>de</strong>aproximadamente 460 quilos <strong>de</strong> cocaína e 1.390 quilos <strong>de</strong>maconha. No ano <strong>de</strong> 2000, foram efetua<strong>do</strong>s 1.038 flagrantes<strong>de</strong> tráfico, com a apreensão <strong>de</strong> 7,99 toneladas <strong>de</strong> maconhae 566,9 quilos <strong>de</strong> cocaína apreendidas. De acor<strong>do</strong> o<strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> seu Diretor, Dr. Marco Antonio MartinsRibeiro <strong>de</strong> Campos, a esta CPI, no dia 3 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>2.000, o efetivo era muito pequeno: 26 <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s, com 210investiga<strong>do</strong>res no serviço interno e 154 operacionais, paraaten<strong>de</strong>r a to<strong>do</strong> o território paulista.Atualmente o DENARC se estrutura em cinco divisões:a) o GAPE - GRUPO DE APOIO E PROTEÇÃO À ESCO-LA, que tem por objetivo apoiar e proteger as escolas,reprimin<strong>do</strong> especificamente o <strong>narcotráfico</strong> nas imediações<strong>do</strong>s estabelecimentos <strong>de</strong> ensino, particulares e públicos.Faz visitas regulares às escolas, orientan<strong>do</strong> os srs.Diretores e professores quanto ao subsídio <strong>de</strong> informaçõesque são <strong>de</strong> interesse policial;b) a DISE - DIVISÃO DE INVESTIGAÇÕES SOBREENTORPECENTES, que cuida da repressão ao tráfico ilícitoe uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas, ten<strong>do</strong> basicamente a capitalcomo sua área <strong>de</strong> operações, embora atue, por força dasinvestigações <strong>de</strong>senvolvidas, em to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong>. Possui umplantão permanente, on<strong>de</strong> apenas são efetiva<strong>do</strong>s flagrantesda lei <strong>de</strong> uso e tráfico <strong>de</strong> drogas, com ênfase no tráfico;c) a DIAP - DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA E APOIO POLI-CIAL, criada em janeiro <strong>de</strong> 1995, com atribuições <strong>de</strong> coletar,processar e difundir informações <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> formação,manten<strong>do</strong> intercâmbios com entida<strong>de</strong>s particulares,órgãos públicos fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais, promoven<strong>do</strong>,em regime <strong>de</strong> cooperação com as polícias locais, arepressão sistemática ao tráfico <strong>de</strong> drogas na Gran<strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong> e no interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>;d) a DIPE - DIVISÃO DE PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO,que tem por atribuição o relacionamento com o públicoexterno, visan<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolver programas e cursos <strong>de</strong> prevençãoao uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> entorpecentes ou que <strong>de</strong>terminem<strong>de</strong>pendência física ou psíquica, elaborar convênios eencaminhar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes a orientação ou tratamento;e) Assistência Policial.Há ainda, no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, 52 (cinqüenta e duas)Delegacias <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Investigações sobre Entorpecentes(DISEs), vinculadas diretamente, através das DelegaciasSeccionais <strong>de</strong> Polícia, aos Departamentos <strong>de</strong> PolíciaJudiciária <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> - Interior (DEINTERs), com atribuiçãopara a repressão ao <strong>narcotráfico</strong> em suas respectivasáreas territoriais, além da ação cotidiana efetuada pelaPolícia Militar e pelas Delegacias <strong>de</strong> Polícia. <strong>São</strong> elas:a) no DEINTER 1 (<strong>São</strong> José <strong>do</strong>s Campos): Cruzeiro,Guaratinguetá, Jacareí, <strong>São</strong> José <strong>do</strong>s Campos, <strong>São</strong>Sebastião e Taubaté;b) no DEINTER 2 (Campinas): Americana, BragançaPaulista, Campinas, Casa Branca, Jundiaí, Limeira, Mogi-Guaçu, Piracicaba, Rio Claro e <strong>São</strong> João da Boa Vista;c) no DEINTER 3 (Ribeirão Preto): Araraquara, Barretos,Bebe<strong>do</strong>uro, Franca, Ribeirão Preto, <strong>São</strong> Carlos, <strong>São</strong>Joaquim da Barra e Sertãozinho;d) no DEINTER 4 (Bauru): Adamantina, Assis, Bauru,Dracena, Jaú, Lins, Marília, Ourinhos, Pres. Pru<strong>de</strong>nte, Pres.Venceslau e Tupã;e) no DEINTER 5 (<strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto): Andradina,Araçatuba, Catanduva, Fernandópolis, Jales, NovoHorizonte, <strong>São</strong> José <strong>do</strong> Rio Preto e Votuporanga;f) no DEINTER 6 (Santos): Itanhaém, Jacupiranga,Registro e Santos;g) no DEINTER 7 (Sorocaba): Avaré, Botucatu,Itapetininga, Itapeva e Sorocaba;h) no DEMACRO (Gran<strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>): Guarulhos, Mogidas Cruzes, Osasco, Santo André e Taboão da Serra. Estãopara ser instaladas na área <strong>do</strong> DEMACRO as DISEs <strong>de</strong>Carapicuíba, Dia<strong>de</strong>ma e Franco da Rocha.No total, essas 52 (cinqüenta e duas) DISEs dispõem<strong>de</strong> um efetivo <strong>de</strong> 69 (sessenta e nove) <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> polícia,117 (cento e <strong>de</strong>zessete) escrivães <strong>de</strong> polícia, 328 (trezentose vinte e oito) investiga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> polícia, 01 (um) auxiliar <strong>de</strong>papiloscopista policial, 04 (quatro) agentes <strong>de</strong> telecomunicaçõespoliciais, 06 (seis) carcereiros, 49 (quarenta e nove)agentes policiais e 01 (um) <strong>de</strong>senhista técnico pericial.De acor<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>creto n. 44.448, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> novembro<strong>de</strong> 1999, em seu artigo 28, compete aos Delega<strong>do</strong>sTitulares das Delegacias <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Investigações sobreEntorpecentes (DISEs), em suas respectivas áreas <strong>de</strong> atuação:“I - dirigir e executar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suas respectivasunida<strong>de</strong>s; II - <strong>de</strong>spachar as petições iniciais; III - executarpermanente fiscalização, quanto aos aspectos formal, <strong>de</strong>mérito e <strong>de</strong> técnica empregada, sobre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seussubordina<strong>do</strong>s; e IV - representar ao superior hierárquico asnecessida<strong>de</strong>s da unida<strong>de</strong> policial, indican<strong>do</strong> alternativaspara o seu funcionamento”.A relação <strong>do</strong> DENARC com as DISEs, vem disciplinadano Decreto n. 39.918, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1995 que criou aDIAP-Divisão <strong>de</strong> Inteligência e Apoio Policial, subordinadadiretamente ao DENARC. De conformida<strong>de</strong> com o dispostono artigo 3o <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> <strong>de</strong>creto, compete à DIAP assessoriar,colaborar e participar <strong>de</strong> ações conjuntas, com asDelegacias <strong>de</strong> Investigações sobre entorpecentes, <strong>do</strong> entãoDepartamento das Delegacias Regionais <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong> Interior - DERIN, <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> PolíciaJudiciária da Macro <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> - DEMACRO e <strong>de</strong>mais unida<strong>de</strong>spoliciais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vidamente autorizada peloDiretor <strong>do</strong> Departamento, visan<strong>do</strong> a repressão ao tráfico <strong>de</strong>drogas.Além <strong>de</strong> pequena, toda essa estrutura da Polícia Civilpa<strong>de</strong>ce <strong>de</strong> <strong>do</strong>is problemas levanta<strong>do</strong>s por essa CPI, estampa<strong>do</strong>snos seguintes trechos <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> diretor <strong>do</strong>DENARC, Delega<strong>do</strong> Marco Antonio Martins Ribeiro <strong>de</strong>Campos, presta<strong>do</strong> em 2 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2.000 (citação abaixo,entre aspas):a) a falta <strong>de</strong> meios técnicos para a realização das diligênciasnecessárias, particularmente no interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>:“Hoje posso afirmar que infelizmente o crime organiza<strong>do</strong>está se instalan<strong>do</strong> no interior... Tenho algumas diligênciassen<strong>do</strong> realizadas no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Os colegas não têmmeios, não têm como fazer as investigações, porque sãoconheci<strong>do</strong>s na área, para fazer uma campana, os policiaissão to<strong>do</strong>s conheci<strong>do</strong>s... Tenho algumas investigaçõessen<strong>do</strong> realizadas no interior, equipes <strong>do</strong> interior, porquerealmente os colegas não têm condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverum trabalho eficiente e precisam portanto <strong>do</strong> apoio tático<strong>do</strong> DENARC. Daí uma proposta que a gente vem fazen<strong>do</strong>no senti<strong>do</strong> da integração. É a interligação ‘on line’ operacionaldas <strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> entorpecentes com o DENARC. Asinformações têm que vir diretamente; as informações nãopo<strong>de</strong>m ser repassadas para outros setores da administração.Dá-se conhecimento público e isso não é bom. To<strong>do</strong>serviço relaciona<strong>do</strong> ao tráfico <strong>de</strong> drogas tem que ser absolutamentesigiloso”;b) e a falta <strong>de</strong> relação institucional a<strong>de</strong>quada para a circulação<strong>de</strong> informações no interior da própria Polícia Civil:“Há integração operacional com as DISEs? Não existe. <strong>São</strong>in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. As informações sobre o trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>pelas DISEs são transmiti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>pois para inserção nobanco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> DENARC, mas não há integração operacional...Os casos concretos eu recebo, casos concretos, osflagrantes lavra<strong>do</strong>s, etc. Mas os informes, que são importantespara a investigação, esses não chegam não... Háuma necessida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>, urgente, premente <strong>de</strong> que se façaessa integração. Até para que se <strong>de</strong>senvolva um trabalhomelhor nessa área da repressão.”4.1.3. AS RELAÇÕES DA POLÍCIA PAULISTA COM APOLÍCIA FEDERALEm 03 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1987, os então Ministro daJustiça, <strong>Paulo</strong> Brossard, e Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><strong>Paulo</strong>, André Franco Montoro, assinaram o convênio entrea União e o Esta<strong>do</strong> pela qual “fica <strong>de</strong>legada ao Esta<strong>do</strong> competênciaconcorrente para a execução, em seu território,<strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> prevenção e repressão aos crimes <strong>de</strong> tráficoilícito e uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> substâncias entorpecentes ouque <strong>de</strong>terminam <strong>de</strong>pendência química ou psíquica, ressalva<strong>do</strong>so tráfico internacional e as infrações cuja práticatenha repercussão inter-estadual e exija repressão uniforme,os quais se inserem na competência exclusiva <strong>do</strong>Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral”.Esse é o instrumento jurídico que ainda norteia, passa<strong>do</strong>squase 20 anos, as relações entre as Polícias Fe<strong>de</strong>ral eEstaduais, no combate ao <strong>narcotráfico</strong>. Conforme se verificaempiricamente, o crime organiza<strong>do</strong> se tornou cada vezmais complexo, o tráfico <strong>de</strong> drogas se interligou com crimes<strong>de</strong> outras naturezas (muitos <strong>de</strong>les <strong>de</strong> alçada estadual<strong>de</strong> investigação, como roubo <strong>de</strong> cargas, roubo <strong>de</strong> aeronaves,falsificação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos públicos e priva<strong>do</strong>s, entreoutros), mas o marco institucional <strong>do</strong> combate <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>Nacional e das Unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas permanece o mesmo.O presente convênio trata <strong>de</strong> forma anacrônica um <strong>do</strong>s elementoscentrais <strong>do</strong> combate ao <strong>narcotráfico</strong> neste atualmomento, o fluxo <strong>de</strong> informações qualificadas, e estabeleceuma participação subalterna e periférica ao sistemaestadual <strong>de</strong> segurança pública nas estratégicas <strong>de</strong> repressãoao tráfico <strong>de</strong> drogas.Pelo convênio em vigor, o Esta<strong>do</strong> fica encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong>quinze obrigações relacionadas ao varejo da ativida<strong>de</strong>repressiva <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, enquanto que a Uniãoretribui com apenas duas obrigações. O fluxo <strong>de</strong> informaçõesé unidirecional, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para a União, sem que seestabeleça uma qualificação das informações a cargo dasPolícias Estaduais pela estrutura e acesso a da<strong>do</strong>s policiaisinternacionais <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>s pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Essa é, com certeza,uma das causas <strong>do</strong> atraso tecnológico e humano dasPolícias Estaduais paulistas i<strong>de</strong>ntificadas por esta CPI comoum <strong>do</strong>s problemas centrais constitutivos da <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> daação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> frente ao crescimento <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>,em particular <strong>do</strong> <strong>narcotráfico</strong>.Embora a cláusula sexta <strong>do</strong> convênio em tela prevejaque “as partes convenentes trabalharão em perfeito entrosamentoe prestar-se-ão auxílio recíproco, sempre que solicita<strong>do</strong>,inclusive para a realização <strong>de</strong> exames toxicológicose <strong>de</strong>mais perícias indispensáveis ao esclarecimento <strong>do</strong>sfatos pertinentes”, na prática a cooperação da União ficarestrita a <strong>do</strong>is elementos quase que burocráticos:a) “fornecer ao Esta<strong>do</strong> toda a legislação e normas queregulam e orientam a execução <strong>do</strong>s encargos relaciona<strong>do</strong>scom a matéria, bem como os formulários mo<strong>de</strong>lo DRE-1 emapa estatístico mensal”(cláusula sétima);b) “o Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral possibilitará aosfuncionários <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, incumbi<strong>do</strong>s da execução <strong>de</strong> serviços<strong>de</strong> repressão ao tráfico ilícito e uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> substânciasentorpecentes que <strong>de</strong>terminam <strong>de</strong>pendência químicaou psíquica, sempre que necessário, a freqüência a cursos<strong>de</strong> aperfeiçoamento, a serem realiza<strong>do</strong>s pela Aca<strong>de</strong>miaNacional <strong>de</strong> Polícia” (cláusula décima).Em troca <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>is serviços absolutamente periféricospresta<strong>do</strong>s pela União, o Esta<strong>do</strong> se obriga a executar osseguintes serviços, “em cooperação com a União”, conformea cláusula segunda <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> convênio:A. apurar os crimes <strong>de</strong> tráfico ilícito e uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong>drogas;B. apurar os <strong>de</strong>svios, furtos ou roubos <strong>de</strong> drogas, “ressalva<strong>do</strong>sos que ocorrem em transportes internacionais,inter-estaduais e em laboratórios produtores ou distribui<strong>do</strong>res,cuja apuração ficará a cargo <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong>Polícia Fe<strong>de</strong>ral”;C. prevenir infrações e executar os trabalhos <strong>de</strong> políciajudiciária;

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