11.07.2015 Views

Untitled - História da Medicina

Untitled - História da Medicina

Untitled - História da Medicina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

16Porém, o seu sucesso iria espicaçar a inveja dosque lhe desejavam a ruína... Assim, achando-se noPaço do Bispo <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong>, em C. Branco (1604), foidenunciado como ju<strong>da</strong>izante ao Santo Ofício; massem qualquer resultado, talvez por insuficiência deprovas. Quatro anos depois, a 5.7.1608, osinquisidores D. Henrique Pereira de Melo e ManuelAlvares Tavares dão a conhecer ao Pe. João LuísCabral Peres, arcipreste <strong>da</strong> Covilhã, as acusaçõesque havia em Lisboa contra o Ldo. Miguel Lobo eeram as seguintes: a) sendo médico em C. Branco,quando ia tratar os fi<strong>da</strong>lgos D. António de Meneses,sua mãe e filhos, ao paço dos alcaides ecomen<strong>da</strong>dores no castelo, nunca entrava na igrejapróxima de Santa Maria, mesmo que ali estivesseexposto o Santíssimo; b) nunca comia toucinho à 6ªfeira, nem se servia do quarto trazeiro dos carneiros;c) sabia de cor a Bíblia e o Velho Testamento; d) em1607, <strong>da</strong>ndo-lhe o Bispo <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> pano para umfato, não consentira que o alfaiate o fizesse aosábado, e) apesar de o ter solicitado, negara-sedepois a confessar ao padre <strong>da</strong> Aldeia dos Trinta...Procedeu-se ao inquérito de testemunhas, sendoouvido o Rdo. Martim Vaz, prior <strong>da</strong> igreja de SantaMarinha na Covilhã, que repetiu os casos apontadose acrescentou ser Miguel Lobo Natural de Lisboa(?)e cristão-novo, como sua mulher. Depuseram, ain<strong>da</strong>,Diogo Alvares <strong>da</strong> Câmara, Cav. Fid. C.R. e o Ldo.Francisco de Sousa e outros. Todos o declaram porjudeu, confirmam as acusações referi<strong>da</strong>s e contamque ele usava um anel com a figura de Salomão,tendo coroa de rei e grande nariz (usado para timbraras cartas) e dizia estar errado o calendárioGregoriano... (120) .Mais uma vez os seus inimigos ficaram frustrados,pois as provas apura<strong>da</strong>s são julga<strong>da</strong>s irrelevantes...Não sei se este Miguel é o mesmo a quem Filipe II(solicitado pelo conde do Sabugal) faz mercê <strong>da</strong>proprie<strong>da</strong>de do ofício de escrivão <strong>da</strong> almotaçaria <strong>da</strong>Covilhã, por alvará <strong>da</strong>do em Lisboa, a 3.6.1617 econfirmado, a pedido do interessado, por carta de8.11.1617... (121)Entretanto, morre-lhe a 1 ª mulher e casounovamente com D. Luísa <strong>da</strong> Cunha de Moura, cristã--velha, <strong>da</strong> qual houve uma filha, faleci<strong>da</strong> menina (122) .Já morava em Leiria, quando é preso, finalmente,pela Inquisição de Lisboa, em cujo cárcere entra a18.2.1626, acusado de ju<strong>da</strong>ísmo; ain<strong>da</strong> ali se achavano ano de 1634, mas acaba por sair reconciliado emAuto de Fé. (123)Receando novas perseguições sai do reino,deixando as suas casas <strong>da</strong> Rua Nova, em C. Branco,“com quanto tinham de portas a dentro” a ManuelGomes, irmão <strong>da</strong> 1 ª mulher (124) ; mas já era falecidoem 1640... (125)27 - Pero João, filho de João Fernandes e naturalde C. Branco, obtém carta régia para poder usar <strong>da</strong>ciência de cirurgia, depois de examinado pelo doutorFrancisco Tomás, cirurgião-mor do reino (Lisboa,3.12.1593) (126) .28 - Bel. Francisco Antunes Morão, nasceu noFundão cerca de 1573, sendo filho do boticário ecirur-gião Diogo Antunes Orla, n° 18 e de IsabelGomes, cristãos-novos, mas veio ain<strong>da</strong> menino paraC. Branco, onde o pai teria por muitos anos o partidode cirurgião. Por tal motivo, em documentosposteriores registou-se sempre como natural destavila.Em 1588 partiu para Salamanca a fim de frequentara Universi<strong>da</strong>de. Ali viveu numa casa <strong>da</strong> CalleEmpedra<strong>da</strong>, sendo seus companheiros de estudo:Manuel Lopes, de alcunha o Romano e um irmãodeste chamado Fernando Manuel, ambos do Fundão;Francisco Henriques e Gabriel Franco, de S. Vicente<strong>da</strong> Beira e Guar<strong>da</strong>, respectivamente (127) . Tomou ograu de bacharel em Artes, a 14.12.1592 e o de<strong>Medicina</strong>, a 28.5.1597 (128) , mas já antes, a20.6.1594 (129) , havia casado em C. Branco comBeatriz Jorge, filha de Rodrigo Jorge e Isabel Alvares,cristãos-novos, ficando a viver com os sogros na suacasa <strong>da</strong> Rua Nova. Aqui inicia a clínica, pois obtémlicença para usar <strong>da</strong> ciência <strong>da</strong> cirurgia, após ocostumado exame a que foi submetido pelo doutorFrancisco Tomás, cirurgião-mor do reino (Lisboa,23.2.1594). (130)Entretanto, o sogro acaba por falir e, receando serpreso por dívi<strong>da</strong>s, retira-se para Utreira (Castela).Nesta emergência ele acompanha-o, mas regressaem breve com a mulher, retomando a sua clínica emC. Branco. Aliás por pouco tempo, pois, acusado deju<strong>da</strong>ísmo, entra nos cárceres <strong>da</strong> Inquisição de Lisboa,a (12.12.1600).Submetido a interrogatório, mantém-se de inícioum pouco reservado, mas tudo mu<strong>da</strong> depois delevado a tormento: <strong>da</strong> primeira vez, a 10.6.1602,confessa ter observado várias práticas ju<strong>da</strong>icas, nasegun<strong>da</strong>, a 29.1.1603, o cirurgião presente declaraque o réu não podia sofrer os tratos de polé e, quandocomeçaram a <strong>da</strong>r-lhe a primeira volta de cordel nosbraços, denunciou parentes e estranhos... Enfim,mostrando sinais de arrependimento e pedindomisericórdia, acabou por ser condenado a cárcere ehábito perpétuo, abjurando dos seus erros, no Autode Fé celebrado na Ribeira Velha, a 3.8.1603. A20.9.1603, após solene juramento de segredo, saíudo cárcere embora obrigado a fixar residência noBairro de Santa Marinha, em Lisboa, para ali cumprircom o hábito certas penitências espirituais.Finalmente, a 10.3.1606 é dispensado do hábito,tendo permissão para viver em qualquer lugar doreino. (131)29 - Simão Vaz, natural de Castelo Branco,frequentou a Universi<strong>da</strong>de de Salamanca, onde sematriculou em Artes, a 18.11.1585. (132) Não sei se

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!