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Untitled - História da Medicina

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29narinas e dos cílios cobertos por uma espécie depoeira de um branco fosco”. (9)de Ragusa uma ou duas milhas, quando de boasaúde, falava com outras pessoas, de repente disseque tinha uma dor no coração. E coloca<strong>da</strong>imediatamente uma mão no sítio dorido, descaiulentamente para terra, perdendo de súbito to<strong>da</strong>s asfacul<strong>da</strong>des de vi<strong>da</strong>. Chamado para o ver disse queele estava já morto, pois não se percebia a pulsaçãono matacárpio e nos temporais e também não senotava qualquer movimento sobre o coração. Para<strong>da</strong>rmos uma satisfação aos parentes aplicámos-lheuma vela acesa ao nariz. A chama dela não eraperturba<strong>da</strong> por qualquer movimento. Até foi aplicadoum espelho polido à boca dele e não se notouqualquer alteração respiratória. Além dissocolocámos um frasquinho de vidro cheio de águasobre o peito e a água não se moveu. Disse-lhe entãopara o deixar ir a enterrar no dia seguinte e se nãopudesse ser, o deixassem para o terceiro dia, vistoque como se sabe os humores completam o seu ciclode movimento durante setenta e duas horas as quaisperfazem três dias”. (10)Esta descrição resulta de uma observaçãocui<strong>da</strong>dosa excluindo considerações que não tenhama ver com a reali<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong>. Mas vejamos osalto significativo que se verifica no séc. XVI, com onascimento <strong>da</strong> ciência moderna. João Rodrigues deCastelo Branco, o Amato Lusitano, nasceu nestaci<strong>da</strong>de, em 1511, vindo a falecer em Salónica, naItália, em 1568. É um vulto por excelência <strong>da</strong>Renascença, com profun<strong>da</strong> cultura humanista, mastambém conhecedor dos tratados médicos <strong>da</strong> I<strong>da</strong>deMédia, que veiculavam muitas noções contrárias àreali<strong>da</strong>de, eiva<strong>da</strong>s de misticismo e com granderecurso à magia. A linguagem deste médico, utiliza<strong>da</strong>nas Centúrias de Curas Médicas, é muito clara eobjectiva, já bem de acordo com uma nova maneirade explicar a reali<strong>da</strong>de. Há uma ruptura indiscutívelcom o saber medieval, mais contemplativo que activo.Na cura LXII, <strong>da</strong> VI Centúria, em que descreve umcaso de morte repentina, podemos verificar aquelanova mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de apresentação e reflexão sobreas coisas:“Um reverendo abade, <strong>da</strong> Ilha de Croma, que distaAmato Lusitano demonstra aqui ser um grandemédico, pois é notória a preocupação que o leva ademonstrar aos parentes do defunto a certeza <strong>da</strong>sua conclusão.Na cura XXIII <strong>da</strong> 4 ª Centúria, volta a citar outro casode morte súbita, que certifica <strong>da</strong> mesma maneira:“Nem pulsação, nem respiração, embora mínimas,

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