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FILOSOFIA SOCIAL, CIÊNCIAS SOCIAIS - Universidade Estadual ...

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104 José Crisóstomo de SouzaNesse ponto, Wolin já inverteu praticamente todo o caminhoconcluído por Kuhn, na medida em que este procurou utilizarcategorias e enfoques da política à compreensão da atividadecientífica. Mesmo assim, o autor de “Paradigms and PoliticalTheories” ainda oferece mais algumas observações sugestivas.Nos períodos de ciência normal, diz ele, a comunidade científicamostra-se muito impaciente com a filosofia (a “teoria tradicional”),e se posiciona mesmo pela não-necessidade dela. A filosofiaé uma distração (do esforço de investigação), na medida emque questiona pressupostos e reabre questões consideradasfechadas. Também as sociedades operando normalmentemostrariam pouco interesse pela filosofia se esta questionaseus pressupostos fundamentais. A maioria das principaisteorias (filosofias) políticas e sociais teria sido produzidajustamente durante tempos de crise, raramente em períodosde normalidade. Nisso elas se assemelhariam à ciência extraordinária;são produzidas quando o paradigma social e político operativoencontra, não puzzles, mas profundas anomalias. Sendoassim, a indiferença pela filosofia ou pela teoria tradicionalnão é expressão de uma escolha entre ter uma teoria ou viversem ela. Uma sociedade operando normalmente tem suateoria na forma do paradigma dominante, mas ela é dadacomo suposta, porque representa o consenso da sociedade,donde Wolin propõe distinguir dois tipos de paradigmas: oprimeiro são as teorias, como propusera inicialmente, queconstituem um paradigma extraordinário; o segundo é o paradigmanormal, encarnado nos arranjos efetivos de uma sociedadepolítica.Voltando às ciências social e política “empiristas” ou“behavioristas” e ao tipo de investigação que ela conduz, umadas suas características mais notáveis seria a aceitação dosparadigmas social e político dominantes como estrutura dereferência e como fonte de problemas para pesquisa. A maiorparte dos problemas, senão todos, apenas o são porque oparadigma operativo assim o sugere. Questões como: o quedetermina a preferência dos eleitores? o que explica suaapatia? qual o valor funcional da não participação? são problemasnum regime liberal e democrático, e não em qualquer regime,Ideação, Feira de Santana, n.4, p.79-110, jul./dez. 1999

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