Figueiredo (2007) apontam para um decréscimo, na globalidade das preocupações maternas epaternas, ao longo dos últimos meses de gravidez e primeiros meses do puerpério, emparticular as que se relacionam com o domínio familiar e interpessoal e a atual gravidez,apesar da estabilidade temporal que se observou nas preocupações relativas ao domínioeconómico-social, profissional, educacional, aceitação da atual gravidez e áreas nãoespecificadas. Constituindo a gravidez um período de transição, um estádio dedesenvolvimento relativamente curto que estreia um estádio muito maior, que é a condição deser mãe ou pai, pode ser usado para a preparação de tarefas complexas e desafiantes, devendoo seu significado e sentimentos mais profundos serem reconhecidos e respeitados; tantohomens como mulheres se esforçam para serem pais, não só aprendendo a fazer exercícios derespiração e a mudar fraldas, como também, a enfrentar sentimentos do passado, explorarinseguranças, enfrentar medos e aceitar forças e fraquezas.Torna-se assim fundamental perceber a importância da psicologia no campo da gravidez eda própria maternidade, que constitui, segundo Leal (1997) uma área muito específica, aindaque ampla, dentro da área da Psicologia da Saúde, em que o objecto é a mulher grávida, aespetacularidade de uma fase em que o corpo se transforma para dar origem a outro ser e queencerra, justificadamente, encantamento e mistério; segundo esta autora, na Psicologia daGravidez e da Maternidade, talvez mais do que noutros âmbitos da Psicologia da Saúde,presencia-se um desenvolvimento admirável e acelerado, que pode colidir com valores sociaisou leis em vigor.2.2. A <strong>GRAVIDEZ</strong> <strong>NA</strong> ADOLESCÊNCIAA Organização Mundial de Saúde (WHO, 2007) define gravidez na adolescência como aocorrência de uma gravidez em jovens com idades compreendidas entre os 10 e os 19 anos. Agravidez na adolescência é uma das questões realçadas no relatório sobre o estado de saúdedos jovens da União Europeia, dado que implica um significativo aumento do risco deproblemas sociais, económicos e de saúde da mãe e do bebé (European Commission, 2000),constituindo, pelas suas implicações biopsicossociais, um assunto de grande relevância, tantono âmbito da psicologia como da enfermagem e medicina (Frizzo, Kahl & Oliveira, 2005).Este fenómeno passou a ser valorizado no final da década de 60 (Figueiredo, 2001, 2003),num período em que se começou a verificar um decréscimo do número de gravidezes emmulheres com mais de 20 anos versus o aumento de gravidezes nas adolescentes; apesar denão ser novo, poucos estudos têm sido feitos sobre este assunto, segundo Levandowski (2001)17
que afirma que apenas 3,42% dos estudos entre 1990 e 1999 se referem à maternidadeadolescente e destes, poucos incluem o pai adolescente. Segundo Altman (2007) o conceito deadolescência dificilmente se concilia com o de gravidez, pelo menos na sociedade ocidental,havendo necessidade de novas formas de o analisar e compreender.Leal (1992) refere que, em muitas situações de gravidez na adolescência não se observa apresença de um projeto de maternidade podendo este ficar assim comprometido. SegundoCarvalho, Leal e Sá (2004), a gravidez na adolescência pode: (a) proporcionar uma inaptidãoem assumir os desafios e as exigências da adolescência; (b) provocar um amadurecimentoexcessivamente apressado que pode ter custos traumáticos para o progresso posterior; (c) serum factor de exclusão grupal e/ou social; (d) deixar sequelas, se se desencadear um abortomal pensado e planeado ou se, com ou sem o consentimento da adolescente, o bebé for levadopara a adopção; (e) provocar episódios confusionais a nível familiar na assunção da tutela dobebé; (f) romper com os laços amorosos da adolescente ou, como opção, transformando umlaço amoroso lábil ou transitório num vínculo obrigatório em função do bebé; (g) colocarinúmeros desafios transponíveis com o apoio familiar, ou ainda, ser uma restrição àspossibilidades de futuras melhorias socioeconómicas das adolescentes. Todos estes riscospotenciais podem ainda ter um acréscimo geométrico se a gravidez resultar de umacircunstância acidental (uma festa, por exemplo) ou, com outro tipo de sequelas, de umaviolação; nestes casos, os riscos de uma gravidez na adolescência podem refletir-se na vidaemocional do bebé (Carvalho, Leal & Sá, 2004).Vários são os países com taxas elevadas de incidência de gravidez na adolescência, àfrente dos quais se encontram os Estados Unidos da América (EUA), (Kaufmann et al., 1998e Manlove et al., 2002). Apesar do número de nados-vivos de mães adolescentes ter vindo adiminuir, registando-se um valor de 4551 em 2008, Portugal situa-se entre os países da UniãoEuropeia com taxas mais elevadas de ocorrência deste fenómeno, tendo até há pouco tempoocupado o segundo lugar desta lista, apenas suplantado pelo Reino Unido (Eurostat, 2004,INE, 2008 e Pereira, Canavarro, Mendonça & Cardoso, 2005); com a entrada de novos paísesna União Europeia, a posição do nosso país alterou-se (Eurostat, 2008), mas continua a serbastante desfavorável.A gravidez na adolescência atesta a presença de uma sexualidade atuante e a veracidade dafertilidade num corpo de uma mulher jovem e menor, sem o preconceito da presença de umperfil psicológico próprio e de uma psicopatologia. Na conjuntura social europeia, talgravidez ergue uma sucessão de perguntas ligadas ao estatuto do corpo, à feminilidade erepresentação da criança na adolescente, a aspectos desenvolvimentais relativos ao18
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ANEXO E: AUTORIZAÇÕES DOS AUTORES
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