3. VINCULAÇÃO3.1. CONCEITO E PERSPECTIVASSegundo Jalley e Moal (2001, citado por Doron & Parot, 2001) a vinculação é a relaçãoentre indivíduos, baseada em qualidades, que são na sua maioria desejáveis.Pires (2009) salienta que o desenvolvimento físico e psicológico das crianças depende dobem-estar das suas mães e da relação que estas podem estabelecer com o seu bebé; os maioresproblemas associados à maternidade na adolescência podem estar, de alguma forma,relacionados com a vinculação que estas mães desenvolvem com os seus bebés.Segundo Duarte (2007), Freud descreveu a relação mãe-criança como sendo única e semparalelo, estabelecida para toda a vida, como protótipo de todas as futuras relações amorosas.Durante séculos, os pais reconheceram que desempenham um papel fundamental na vida dascrianças e porque são tão vulneráveis e dependentes, filósofos, técnicos e, mais tarde,psicólogos, têm-se preocupado com a qualidade dos cuidados parentais que propiciam umabase segura para um desenvolvimento psicológico saudável.A Teoria da Vinculação nasceu do trabalho de John Bowlby e de Mary Ainsworth; asorigens da teoria datam dos anos trinta e devem-se ao interesse cada vez maior de Bowlbypela associação entre a falta ou perda da mãe e o desenvolvimento subsequente do indivíduo,bem como, à atenção dada por Ainsworth à noção de segurança (Canavarro, 1999). Durante asua prática clínica, Bowlby observou que, separações prolongadas entre as crianças e as suasmães eram causadoras de sofrimento físico e psicológico nas crianças (Müller & Mercer,1993); o mesmo autor sugeriu que as crianças mediavam as suas interações com o cuidadoratravés de um conjunto inato de comportamentos, que denominou de sistema de vinculação(Feldman, 2007 e Müller & Mercer, 1993).O fenómeno da vinculação foi descoberto, com termos ou descrições diversas, noutrosmamíferos, além dos primatas, nas aves e em numerosos vertebrados (Jalley & Moal, 2001,citado por Doron & Parot, 2001); trata-se assim de um fenómeno extensivo às relaçõesinterespécies podendo deslocar-se para objetos e símbolos.Bowlby (1958, 1973, 1979) elaborou a sua teoria tendo em conta a natureza e a origem davinculação da criança à mãe; esta é uma abordagem etológica do desenvolvimento dapersonalidade, que sofreu influências das teorias evolucionista, dos sistemas e da psicologiacognitiva (Ainsworth & Bowlby, 1991). A ideia central defendida pelo autor é que a evoluçãoresolveu o problema da necessidade de proteção e suporte, imprescindível à sobrevivência do23
ser humano, equipando a criança com um sistema de comportamentos que asseguram aproximidade com o adulto. O objectivo do sistema de vinculação é a regulação doscomportamentos, no sentido de obter ou manter a proximidade e o contacto com a figura devinculação; para a criança, o principal objectivo do sistema é garantir a segurança. Adinâmica entre estes dois objectivos – manutenção da proximidade e obtenção de segurança –traduz-se na utilização da figura de vinculação como base segura, para explorar o ambiente,em alturas tranquilas e, como refúgio de segurança, em alturas conturbadas.No encalce desta teoria formulada por Bowlby (1969/1984), nos últimos anos, umcrescente número de pesquisas (Correia & Linhares, 2007, Piccinini, Marin, Alvarenga, Lopes& Tudge, 2007, Watcher, 2002 e Schmidt & Argimon, 2009) tem estudado os processosatravés dos quais as pessoas estruturam, desenvolvem e mantêm laços afetivos ao longo dociclo vital. Nessa perspectiva, a teoria da vinculação trata-se de uma concepção teórica dodesenvolvimento sócio-emocional que considera a existência de uma necessidade humanainata para formar laços afetivos íntimos com pessoas significativas; essa propensão já estariapresente no neonato em forma embrionária e continuaria na infância, vida adulta e velhice. Noperíodo da infância, os vínculos são estabelecidos com os pais ou substitutos, na procura deconforto, carinho e proteção; na adolescência e vida adulta, esses laços persistem, sendocomplementados por novos vínculos (Borsa, 2007 e Schmidt & Argimon, 2009).Para explicar o processo de vinculação, Bowlby (1989) utilizou o conceito de modelointerno de funcionamento, por meio do qual a criança constrói uma imagem de si mesma edos seus cuidadores, que irá influenciar o seu desenvolvimento sócio-afectivo. Esse modelo,estruturado durante a infância, evolui à medida que a criança cresce, passando a fazer parte dasua personalidade, transformando-se numa representação mental da relação de apego, quetende a persistir ao longo da vida e exerce influência nas futuras relações afetivas (Bowlby,1969/1984, Main, Kaplan & Cassidy, 1985, Canavarro, 1999 e Carvalho, Politano & Franco,2008). Teoricamente, os modelos internos dinâmicos desenvolvidos na infância continuam aser importantes, mesmo quando o adolescente estabelece novas relações; Soares (1996) relataque esta continuidade pode ocorrer pela assimilação das novas relações às expectativas quesão consistentes com o modo como o indivíduo representa as suas relações. No entanto,mudanças desenvolvimentais podem implicar transformações ao nível dos modelos internosdinâmicos; se, por um lado, a segurança pode facilitar as necessárias acomodações aintroduzir nos modelos internos dinâmicos e ser, portanto, compatível com a sua revisão, oestabelecimento de novas relações, quer durante a adolescência, quer durante a idade adulta,pode, por outro lado, constituir uma ocasião significativa para reavaliar vinculações precoces,24
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Freq. %Nas últimas 2 semanas, pens