Segundo Fonseca (2002) a estrutura familiar tem, essencialmente, duas vertentes, umahomeostática, favorecedora da permanência e da continuidade e outra transformadora, queconsiste na capacidade que a família tem de viver as crises adaptativas e reencontrar um novoequilíbrio.Na família com adolescentes assiste-se a uma mudança na relação pais-filhos, a umaumento da flexibilidade das fronteiras familiares e a uma nova focagem na vivência do casal.A necessidade de definição de um novo equilíbrio entre o indivíduo, o sistema familiar etambém o social constitui-se, segundo Relvas (1996) como aspecto determinante do evoluirda família nesta etapa do ciclo vital, assinalado pela adolescência dos elementos mais jovens;segundo a mesma autora “Mais do que em qualquer outra etapa é imperioso o alargamentodos espaços individuais no seio da família, sem que isso conduza ao esboroamento dopróprio espaço grupal que apesar de redefinido, deve ser reforçado na sua coesão” (p.145).Xarepe (2002) salienta que o tema relativo à função do suporte social na gravidezadolescente, continua a constituir um desafio para quem pretende investigar este domínio.CONCLUSÃONeste trabalho focámos a inter-relação entre variáveis que refletem afectos“intergeracionais” e relações com o meio próximo, ou seja, abordamos a vinculação pré-natalque a adolescente grávida estabelece com o feto, em função das práticas parentais a que foisujeita na sua infância e apoio dos que lhe estão próximos.Da revisão da literatura destacam-se as circunstâncias desfavoráveis na origem da gravidezna adolescência, a que se adiciona frequentemente o efeito adverso de decorrer neste períododo ciclo de vida, podendo ter consequências nefastas para a adolescente e seu bebé; quando seanalisam as circunstâncias de risco para a maternidade, verifica-se que a gravidez antes dos19 anos surge particularmente associada à presença de condições adversas, principalmente doponto de vista económico e social, nomeadamente a situação de pobreza e exclusão dosistema de ensino e de emprego (Furstenberg & Brooks-Gunn, 1985, citados por Figueiredo,Pacheco & Magarinho, 2005, Alvarez, Burrows, Zvaighat & Santiago, 1987, Chase-Lansdale& Brooks-Gunn, 1994, Smith, 1993 e Stevens-Simon & Mcanarney, 1996), ausência do pai(Holden, Nelson, Velasquez & Ritchie, 1993, Barnett, Papini & Gbur, 1991, Ellis, Bates,Dodge, Fergusson, Horwood, Pettit & Woodward, 2003 e Hogan & Kitagawa, 1985),institucionalização precoce (Botting, Rosato & Wood, 1998), abuso físico ou sexual (Michael,Gagnon, Lauman & Kolat, 1994 e Parker, Soeken & Torres, 1993), instabilidade, inadequação41
ou falta de supervisão familiar (Chang, O’Brien, Nathanson, Mancini & Witter, 2003,Kirchengast & Hartmann, 2003, Pianta, Lopez-Hernandez & Fergusson, 1997 e Hillis, Anda,Dube, Felitti, Marchbanks & Marks, 2004) e, do ponto de vista desenvolvimental, porexemplo, à maternidade adolescente da mãe (Hogan & Kitagawa, 1985, Figueiredo, 2000,Smith, 1993 e Zabin & Hayworth, 1993). Conclui-se, por conseguinte, que são diferentes ascircunstâncias em que usualmente ocorre a gravidez na adolescência, comparativamente àsituação de acontecer na idade adulta, não só por serem mais correntes as situações deprecariedade social e económica, mas também pelas condições menos favoráveis do ponto devista psicológico e relacional e ainda, por todo um conjunto de antecedentes de vida, demuitas das mães adolescentes.Segundo Altman (2007) na sociedade ocidental a adolescência é um conceito dificilmenteconciliável com a gravidez, constituindo um assunto bastante atual na área da psicologia,principalmente pelas suas implicações biopsicossociais. A adolescência, tal como foi referido,é um tempo de crise, bem como, um processo de mudança tanto física, como psicológica; agravidez e maternidade na adolescência surgem numa fase vital do ciclo de vida, em que osprocessos de estruturação da identidade feminina estão em pleno desenvolvimento, assimcomo a autonomia face à família. A gravidez na adolescência, surge por vezes, num contextosociofamiliar fragilizado, tendo geralmente por consequência, o abandono escolar precoce,acesso a trabalhos de baixa qualificação profissional, rupturas afectivas precoces e grandesdificuldades socioeconómicas; constitui um fenómeno multidimensional, sendo apontados naliteratura diversos factores na sua origem, nomeadamente “acidentes” de relações amorosas,onde predomina o fraco envolvimento emocional, não se antecipando as consequências. Sobreestas relações alguns autores referem que constituem um violar de regras, no sentido amplo deacontecerem fora de uma união de facto ou de um casamento e, numa idade, jábiologicamente fértil mas psicologicamente precoce (Leal, 2000). No desejo de ter um filhoalguns autores realçam os motivos narcisistas da mulher de se sentir completa e omnipotente,procurar manter um conceito idealizado, ou ainda, de anular sentimentos de vazio epreocupações sobre a imperfeição do corpo. A mulher pode encarar o filho desejado comouma extensão de si própria, o desejo de maternidade pode surgir por necessidades egóicas, docasal ou pressões externas para a parentalidade. Procurou-se ao longo da revisão de literaturacaracterizar o mundo interpessoal das adolescentes grávidas, no sentido de identificar algunsfactores que se associam a um maior risco de gravidez na adolescência e as consequênciasdeste acontecimento de vida não-normativo, quer para as jovens quer para os seus filhos. Osuporte social, as relações familiares, designadamente a recordação da adolescente de ter sido42
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Freq. %Nas últimas 2 semanas, pens