12.07.2015 Views

Janelle Monáe vai parar o trânsito na Avenida - Fonoteca Municipal ...

Janelle Monáe vai parar o trânsito na Avenida - Fonoteca Municipal ...

Janelle Monáe vai parar o trânsito na Avenida - Fonoteca Municipal ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

desafio: Ver como Márciarecriará às 21h o seu quarto <strong>na</strong>estação de metro da <strong>Avenida</strong>.Depois, nova espera no elevadorpara o terraço do Hotel Tivoli,<strong>na</strong> esperança de a encantadoramelancolia de Lula Pe<strong>na</strong> não terentupido o acesso a partir das21h15. Com sorte, o público estarásentado e respeitará música quesó se dá bem no mais absolutosilêncio. Com igual sorte, poderátrocar umas palavras com umascensorista para quem Otto e omangue beat podem ser músicade elevador.Se subir ao último andar doTivoli não se tor<strong>na</strong>r demasiadoespinhoso, há que descer paraapanhar o último terço de NunoPrata no Maxime – começa às21h45. São os temas do ex-baixistados Or<strong>na</strong>tos Violeta, espécie deTom Waits minimalista, ou comofazer canções portuárias quesoam tanto a Marselha quanto aoPorto. Depois, para matar de veztanta guitarra acústica, <strong>na</strong>da comoseguir para o Teatro Tivoli, onde,a partir das 22h30, a ordem é paradar à anca até deslocar a Terrado seu eixo. Basta acompanhar ocolectivo Batida a invadir o palcocom um kuduro construído porcima da música angola<strong>na</strong> dasdécadas de 60 e 70.Quem já se queixar das per<strong>na</strong>s,está autorizado a ficar sentado noteatro à espera de <strong>Janelle</strong> Monáe(começa à meia-noite). Para osque quiserem desentorpecer,é de espreitar a bossa nova e osamba jazzistas de Marcos Valleno Cinema S. Jorge, às 23h30. Aseguir pede-se a máxima atençãopara o furacão <strong>Janelle</strong>. Mulherque promove o acordo de livrecirculação de Schengen a máximamusical, não conhece fronteirasentre hip-hop, funk, soul, jazz, pope rock. Não se deixem enga<strong>na</strong>rpelo smoking: há uma selvajariamusical pronta a despertar.Depois de <strong>Janelle</strong> fechar a porta,rumar ao Maxime e termi<strong>na</strong>r anoite a ser regado com a músicade Mari<strong>na</strong> Gasoli<strong>na</strong>, às 01h15.Sabendo-se do seu potencialincendiário em palco, sabe-sepouco da sua música pós-Bondedo Rolê. Diz-se que terá trocado ofunk pelo rock. Se não agradar, hásempre um outro concerto quaseliteralmente à esqui<strong>na</strong>.S. Jorge: BFachada,SérgioGodinho, Zolade Jesus,Marcos ValleEm relação àperformancede palco, ZolaJesus pareceinseguraNUNO FERREIRA SANTOSAceitam-se apostaspara Zola JesusNão se sente segura. Ou se estatela hoje em palco ou entãosupera-se.“Não criem grandesexpectativas acerca da minhaprestação em palco”, parecequerer dizer, do outro lado dalinha telefónica, a america<strong>na</strong>Nika Rosa Danilova, ou sejaZola Jesus, 22 anos, quandolhe perguntamos como é queas suas canções electrónicasemocio<strong>na</strong>is poderão resultar aovivo, hoje, pelas 24h, no cinemaS. Jorge no festival Super Bockem Stock.“Quando estou em palco, tentoconcentrar-me ao máximo,porque tenho imenso medode estar lá”, afirma, rindo-se.“Limito-me a imagi<strong>na</strong>r queestou no meu quarto, talvezporque é uma experiênciaintimidante. Às vezes queroque ‘aquilo’ passe depressa.”Em Lisboa apresentar-se-áape<strong>na</strong>s com um músico, mas nãoé por estar muito isolada quesente atemorizada por vezes.“É pela exposição, é porque opalco é um espaço de grandevulnerabilidade.”À primeira vista ser-se-iatentado a dizer que a sua músicanão é muito reveladora. Háqualquer coisa de teatral, deritualização, <strong>na</strong> voz operática eno som electrónico, metalizado,negro e emocio<strong>na</strong>l que aenvolve. Mas não é ape<strong>na</strong>s amúsica, é também a presençafísica, quase sempre vestida denegro, que esconde mais do quemostra. “Nunca tinha pensado<strong>na</strong>s coisas a partir desse pontode vista, mas sim, talvez essaforma de estar sirva para meproteger.”Natural da rural Madison,Wisconsin, ainda a estudarFilosofia, tem vindo a lançarvários singles e EPs desde2008. O ano passado editou oálbum “The Spoils”, ao mesmotempo que se envolveu emcolaborações (LA Vampires,Former Ghosts ou BurialHex) mas foi esteano, com oálbum “StridulumII” (versãoaumentada doEP do mesmonome), que o seu nome saiudos círculos dos bloguespara se afirmar: umaidentidade marcada peloscenários fantasmagóricos,com qualquer cosia deurbano e de medievalem simultâneo,expostos numapop p electrónicabarroca quepercorre ascanções. “Gostode obras em queapeteça ouviras canções doprincípio o fim.Mas não pensomuito nisso. Se osmeus discos acabampor ter uma formacoerente não é algoque seja planeado.”EmSetembroescrevíamos queé fácil deixarmonosdistrair <strong>na</strong> leitura de queela é mais uma personificaçãodo regresso do “gótico” aocentro da cultura popular.Nesse gesto passa-se ao ladoda voz possante, da sonoridadedigitalizada, que tanto remetepara referências do pós-punke da vaga industrial como paraa electrónica exploratória emtorno do ruído e para algumascanções comunicadoras quefazem a diferença como “Seatalk” ou “Nigh”. Quando lheperguntamos se não a incomodarecordarem-lhe com frequênciaque a sua voz é parecida àde Siouxsie Sioux, suspira.“Sim, chateia-me. É falta deimagi<strong>na</strong>ção. Não é tanto ocom<strong>parar</strong>em a minha voz sejaa quem for, mas colarem-me auma qualquer vaga ‘gótica’ éum disparate. Não faço a maispeque<strong>na</strong> ideia do que isso possasignificar. Nada tenho a ver comos anos 80. Sim, claro que gostode Joy Division, mas <strong>na</strong>da maisdo que isso.”“Não faço a maispeque<strong>na</strong> ideiado que isso [gótico]possa significar”As suas referências sãofiguras da música soul, comoMarving Gaye, do minimalismo,como Meredith Monk, oudescentradas, como KlausNomi, que marcou a NovaIorque da passagem dos anos70 para os 80 e que tal comoela também estudou óperaantes de enveredar pela pop.“Deixei de estudar óperaporque queria seguir o meucaminho, tecnicamente foiimportante, mas esteticamenteera limitativo, para além de quenão me sentia totalmente segurada minha voz. Ainda hoje pensoque não é grande coisa.”Isso do ponto de vistavocal. Mas quando se ouve amúsica encontram-se pontosde contacto, mais ao nível dosambientes do que de outracoisa, com a sueca Karin DreijerAnderson (Fever Ray, The Knife)ou a inglesa Bat For Lashes e aamerica<strong>na</strong> Glasser.“Faço música há quatroanos e todos os anos me vãocomparando a alguém, é assimque as coisas funcio<strong>na</strong>m, hojeexiste imensa gente a fazermúsica <strong>na</strong>s mais diversas partesdo mundo, é <strong>na</strong>tural que existampontos de contacto. Mas <strong>na</strong>damais.”Uma coisa é certa. Nika RosaDanilova parece insegura. Emrelação à performance, às suascapacidades vocais e à música.Mas também parece alguémque necessita de obstáculospara os superar. Em disco já odemonstrou. Em palcover-se-á. V.B.10 • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • Ípsilon

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!