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Janelle Monáe vai parar o trânsito na Avenida - Fonoteca Municipal ...

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“Lisboa mora em mim, ninguém digaque não”, cantava Pedro Moutinhoem 2006, num fado de Mário Raínhoe Martinho da Assunção. Agora, quatroanos passados, uma frase de AméliaMuge escrita para o novo disco dárazão e novo sentido a essa frase: “Lisboapassa-lhe pelos lábios, é a cidadeque canta e tudo se transforma empaisagem num fado de palavras quehabitam esta Lisboa que Pedro Moutinhoé.” Isto para dizer que o novodisco de Pedro, o mais novo de umtrio de irmãos célebres no fado (Camané,Hélder Moutinho e ele, porordem de idades), se abre à cidadecom esta se lhe abriu um dia a ele.Não é um disco novo de estúdio, éuma colectânea com dois temas extra,gravados com Tiago Bettencourt ecom a caboverdia<strong>na</strong> Mayra Andrade,por razões que ele adiante explicará.Mas é Lisboa que lhe serve de esteioe, no fundo, lhe dá a alma.“Eu sempre cantei muito Lisboa.Mas para este disco escolhi os temasque senti que agarrei melhor, e poracaso alguns deles falavam de Lisboa.”Um acaso que <strong>na</strong> verdade tropeçouem raízes fundas. “Lisboa éuma cidade que eu conheço muitobem, como a palma da minha mão.Cresci e vivi aqui, apesar de ainda hojemorar em Oeiras [onde ele <strong>na</strong>sceu,como os dois irmãos]. Os meus pais,quando iam <strong>na</strong>queles encontros informais,levavam-me a Lisboa aindamiúdo. Íamos para a Graça, para aMadragoa, havia fados ao fi<strong>na</strong>l da tarde,nessa altura havia o hábito de começaros fados pelas 5, 6 horas datarde. Só quando comecei a cantarprofissio<strong>na</strong>lmente, substituindo osmeus irmãos <strong>na</strong>s folgas no Embuçado,tinha eu 16 anos, é que comecei a descobriAlfama.” E não tardou a ver nelao bairro mais acolhedor. “O querecordo mais tem a ver com o povo.No Bairro Alto há uma grande influênciada diversão, ultimamente, enquantoem Alfama percebe-se melhoras raízes. Eu ligo muito aos pormenores,àqueles senhores sentados a jogaràs cartas, à Do<strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong> Santos àporta da Parreirinha … Continuo a virmuito ao Bairro Alto, cantar a casasde fado, mas muita gente assim saturaum pouco”.“Os meus pais,quando iam <strong>na</strong>quelesencontros informais,levavam-me a Lisboaainda miúdo.Íamos para a Graça,para a Madragoa,havia fados ao fi<strong>na</strong>lda tarde, nessa alturahavia o hábito decomeçar os fadospelas 5, 6 horasda tarde”Duetos com Mayra e TiagoA base de “Lisboa Mora Aqui”, o primeirodisco-colectânea de Pedro,foram os seus três discos de estúdio:“Primeiro Fado” (2003), “Encontro”(2006) e “Um Copo de Sol” (2009).A escolha “teve a ver com dinâmica.Começámos a olhar para os temas,havia muitas Lisboas e por isso decidimosabrir com ‘Lisboa mora aqui’,do segundo disco. O alinhamento inicialnão era esse, mas o AntónioCunha, o meu ma<strong>na</strong>ger, foi ouvindoo alinhamento que eu fiz, deu-lhe outraordem e sugeriu esse, que acaboupor ficar.”Do primeiro disco há quatro gravaçõese do segundo e terceiro há cincode cada, uma delas regravada em parceria(e em dueto) com o autor, TiagoBettencourt, que Pedro conheceu háalgum tempo. “Já fiz duas ou três vezeso festival do fado, no Castelo [deSão Jorge, em Lisboa], e este ano convideio Tiago. Foi das vezes que resultoumelhor: cantei coisas dele, elecantou fados tradicio<strong>na</strong>is comigo, nomeadamenteo ‘Sem sentido’ semqualquer tipo de pretensão a ser fadista.E foi isso que me agradou.” Éisso que se nota nesta regravação, ondeTiago canta como numa balada atéchegar Pedro e o fado.A juntar a estes temas há um outro,um fado antigo com letra de Ary dosSantos e música de Alain Oulman eque Pedro nunca gravara. Mayra Andrade,uma das vozes mais aclamadasda nova geração caboverdia<strong>na</strong>, veioa ser aqui o seu “par”. “Conheci aMayra, que é fantástica, há três anos,quando ela veio cá editar o primeiroálbum. Foi num programa de televisão,fomos gravar um a seguir ao outroe falámos um bocado. Comprei odisco dela e mais tarde voltei a ouvi-lano São Luiz, a cantar o ‘Alfama’. E entãopensei: porque não perguntar-lhese queria gravar aquilo comigo? Entãonuma altura em que ela veio cá outravez, se não me engano ao TheatroCirco de Braga, veio ter comigo aoestúdio e gravámos. Ela adorou o arranjodo Carlos Manuel Proença, mastivemos que ajustar as vozes. O temaentra no meu tom, depois <strong>vai</strong> ao tomLisboa <strong>na</strong> voz deleDos seus três discos, Pedro Moutinho fez <strong>na</strong>scer um quarto com identidade própriae duas regravações inéditas, a afagar Lisboa com a voz. Nuno Pachecodela (e eu canto no tom dela um bocadinho)e quando ela canta comigojá canta no meu tom.”Para Pedro Moutinho, este “é maisum disco de circunstância, de celebraçãodo que foram estes meus anos.E dá às pessoas a possibilidade de conheceremcoisas dos discos antigos.Quem ouvir com atenção conseguenotar as evoluções, do primeiro atéagora.” Nessa descoberta, há outra,como escreve Amélia Muge <strong>na</strong> introduçãoao disco: “Na voz que ele é,Lisboa não tem portas.” Mas tem sole janelas abertas, ora ouçam.“Para estedisco escolhios temas quesenti queagarreimelhor”16 • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • Ípsilon

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