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Janelle Monáe vai parar o trânsito na Avenida - Fonoteca Municipal ...

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CARLOS BARRIA/ REUTERSUm apoiantede Ai Weiweiprotestacontra oanúncio dasautoridadeschinesas dedemolir oestúdio aoartista, a 7 deNovembro, diaem que Ai foicolocado emprisãodomiciliáriaEm Maio de2009, quandoviajava paraSichuan paradepor a favorde umactivista, foipreso eespancadopela polícia.O espancamentoprovocou-lheumahemorragiacerebral quelevou a quefosse operadoao cérebro,num hospitalde Munique,onde seencontrava amontar ainstalação <strong>na</strong>Haus derKunst. Ai tiroua foto a simesmo, nohospital,segurando osaco querecolhia osangue do seucérebrova-se em livros sobre outros artistas,fotografias, esculturas, instalações.Ficaram famosas as suasimagens da Casa Branca, da Torre Eiffel,da Praça Tia<strong>na</strong>nmen e de outrosmonumentos mundiais tendo em primeiroplano o seu dedo do meio espetado.Ai Weiwei é também arquitecto.Não que tenha estudado para isso.Tudo começou quando decidiu projectaro seu próprio estúdio em Pequim(chamou-lhe FAKE Design). Dizque o desenhou numa tarde e construiu-oem dois meses. Desde entãorecebeu uma série de encomendas,a mais mediática das quais foi a suaparticipação, em 2008, como consultorno projecto do estádio olímpicode Pequim (o chamado Ninho de Pássaro),dos arquitectos Herzog & deMeuron.Foi também com a mesma duplaque se envolveu no Projecto Ordos –100 jovens arquitectos de todo o mundo(de Portugal os escolhidos foramos SAMI Arquitectos) para projectarem,com total liberdade, casas paraum imenso terreno deserto <strong>na</strong> Mongólia.Comparável a Vaclav Havel?Com o tempo, a dimensão política foisetor<strong>na</strong>ndo cada vez mais importante<strong>na</strong> sua obra. Se durante os anos deNova Iorque já se fotografava frequentemente,<strong>na</strong> Chi<strong>na</strong> o registo de tudo oque fazia tornou-se constante.Descobriu <strong>na</strong> Internet, onde criouum blogue, e no Twitter formas decomunicação de massas que, apesardos esforços das autoridades chinesaspara o impedir, se tor<strong>na</strong>ram os seusmeios favoritos de comunicação como mundo. Tornou-se um pesadelo parao regime chinês. Jo<strong>na</strong>than Jones, ocrítico de arte do jor<strong>na</strong>l britânico“The Guardian”, escreveu recentementeque o artista chinês “está emvias de se tor<strong>na</strong>r uma figura de sériaimportância global comparável a VaclavHavel ou Alexander Soljenitsin”.Ai Weiwei é inesperado. Nunca sesabe o que <strong>vai</strong> fazer a seguir. Em 2007a sua participação <strong>na</strong> Documenta deKassel chamou-se “Fairytale” e consistiuem levar consigo 1001 chineses,que recrutou através do seu blogue,e cuja visita à Alemanha organizou (efotografou sistematicamente). Levoutambém 1001 cadeiras de madeira dadi<strong>na</strong>stia Qing que espalhou por várioslocais da exposição. Iconoclasta, em1995 fez-se fotografar deixando cairum vaso da di<strong>na</strong>stia Han no chão, ondese desfez em pedaços. Noutrasocasiões pintou com tinta industrialvasos neolíticos ou pintou o logotipoda Coca Cola noutro vaso da di<strong>na</strong>stiaHan. Ao mesmo tempo mantém vivastécnicas antigas de trabalhar a porcela<strong>na</strong>,encomendando réplicas de vasos“ao estilo” da di<strong>na</strong>stia Qing, pondoem causa a questão da autenticidadee do valor.Não são contudo os vasos da di<strong>na</strong>stiaHan partidos que incomodam oregime chinês. São as declarações públicasde Ai Weiwei – cada vez maisouvido e entrevistado nos media ocidentais– e as que faz no seu blogueou através do Twitter (os visitantesda Tate podem-lhe fazer directamenteperguntas gravando um pequenovideo numa sala ao lado da exposiçãoou enviando uma mensagem peloTwitter).As redes sociais foram-lhe muitoúteis para uma das suas maiores cam-Ai Weiweié inesperado.Nunca se sabeo que <strong>vai</strong>fazer a seguirpanhas. Em 2008, lançou uma investigaçãosobre as condições que levaramà morte de mais de cinco milcrianças soterradas sob as suas escoladurante o terramoto <strong>na</strong> região deSichuan. A morte das crianças, argumenta,ficou a dever-se à má qualidadede construção das escolas e à corrupçãoque está por detrás. Em 2009fez a obra “She lived happily for sevenyears in this world/Remembering”cobrindo uma enorme fachada daHaus derKunst, em Munique, com nove milpeque<strong>na</strong>s mochilas azuis, vermelhas,amarelas e verdes. A equipa que trabalhacom Ai tem vindo a recolher osnomes e dados sobre cada uma dascrianças mortas. A campanha tornouomais famoso do que alguma vez tinhasido <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong> mas levou tambémà sua detenção. Em Maio de 2009,quando viajava para Sichuan para depora favor de um activista, foi presoe espancado pela polícia (o momentofoi registado pelo artista que fotografouo espelho do elevador onde seencontrava acompanhado por umpolícia).O espancamento provocou-lhe umahemorragia cerebral que levou a quefosse operado ao cérebro, num hospitalde Munique, onde se encontravaa montar a instalação <strong>na</strong> Haus derKunst. Também desse momento temosuma fotografia que Ai tirou a simesmo no hospital segurando o sacoque recolhia o sangue do seu cérebro.Em Novembro, uma fotografia suaocupava a primeira pági<strong>na</strong> do “Fi<strong>na</strong>ncialTimes”. A notícia era a de quetinha sido colocado sob prisão domiciliáriaporque as autoridade queriamdemolir o seu novo estúdio, em Xangai,e ele tinha decidido convocar umafesta para cente<strong>na</strong>s de pessoas, <strong>na</strong>qual ia servir caranguejos, petiscoapreciado em Xangai e cujo nome ésinónimo de “harmonia”. A festa realizou-se,e depois de termi<strong>na</strong>da aordem de prisão domiciliária foi levantada.Ai Weiwei não <strong>vai</strong> <strong>parar</strong>. Em 2009,escreveu no Twitter: “Se uma pessoanão tem liber***, então eu não tenholiber***; se uma pessoa é humilhada,então eu sou humilhado. Se uma pessoaé ferida, então eu sou ferido. Ouvirame compreenderam?”. Os asteriscoscorrespondem a cortes feitospela censura chinesa. E no entanto,ouvimos e compreendemos.Iconoclasta,em 1995 fez-sefotografardeixando cairum vaso dadi<strong>na</strong>stia Hanno chão, ondese desfez empedaços20 • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • Ípsilon

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