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Janelle Monáe vai parar o trânsito na Avenida - Fonoteca Municipal ...

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LivrosLançamentoA cerimóniapública de lançamento daedição anotada da obra“Novas CartasPortuguesas”realiza-seemLisboa, às18h30 do dia11, <strong>na</strong> LivrariaBarata. Olançamentoconta com a presença dasautoras das Novas Cartas,aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelenteMaria Isabel Barreno,Maria Teresa Horta eMaria Velho da Costa, eainda com a presençade A<strong>na</strong> Luísa Amaralque dirigiu a equiparesponsável pela anotaçãoda obra. A reedição é daresponsabilidade a DomQuixote-Leya.amante rufia de um homem gay <strong>vai</strong>a casa dos pais do amante, <strong>na</strong> aldeia,no dia de aniversário deste, explicaraos senhores que o filho não pode virporque está doente. Todos percebema mentira, mas o almoço deaniversário é servido <strong>na</strong> mesma semque ninguém desmascare o que querque seja. O rapaz arranja-lhes oscanos, embebeda-se, rouba umaspratas e em vez de voltar para oamante foge, com o carro deste eempenha as pratas.Esse mesmo universo (mais rude,mais suburbano) regressa em“Serviço Completo”, em que se segueo trajecto de dois ladrõezecos, quedepois de pilharem umas casasengatam umas garotas e dão aproverbial cantada para chegar àproverbial trancada, elas sabendoque eles estão a mentir, elesentusiasmados até ao momento emque a coisa está feita e agora têm dese livrar delas.Voltemos à questão das capas. Em“Bodily Secrets” faziam sentido asduas pe<strong>na</strong>s apartadas. Na belíssimacapa de “Depois da Chuva” temos orecorte de uma árvore em dia dechuva, magros ramos, frágeis folhasazuladas. É uma imagem justa paratão triste e precioso livro de ummestre da melancolia íntima.EntrevistaChoques,novidades epessimismodo Papa“Luz do Mundo”, o livroentrevistado Papa BentoXVI, traz revelações econfissões, mas tem umolhar pessimista sobre omundo. António MarujoLuz do Mundo – O Papa, a Igreja eos Si<strong>na</strong>is dos TemposBento XVI – uma conversa comPeter SeewaldLucer<strong>na</strong>mmmnnUm Papa queconfessa o estado dechoque em queficou com adimensão dosabusos sexuais depadres, que admiteerros graves decomunicação, quemanifesta a sua atenção ao diálogoentre a fé e a razão, que revelafacetas pessoais, quase íntimas, dohomem por trás do cargo. Em “Luzdo Mundo – O Papa, a Igreja e osSi<strong>na</strong>is dos Tempos” mostram-seesses diferentes aspectos de BentoXVI. E também se anunciam ouadmitem algumas mudanças (opreservativo em casos pontuais foi amais falada até agora, mas não ésequer a mais importante). Aocontrário, espanta o pessimismo queatravessa a leitura da realidade –nomeadamente da realidadeeuropeia, centro das preocupaçõesdo Papa. E nota-se que ficaramperguntas por fazer.Pode pensar-se que este livro,alguns dos seus temas e o que o Papadiz são uma oportunidade <strong>parar</strong>efrescar um pontificadoensombrado pela questão dos abusossexuais. Nada mais acertado, sevirmos a forma como Ratzingerreconhece que ficou em choque coma dimensão dos casos, de que ele jáconhecia os contornos.É verdade que este Papa tem feitomuito para combater esta realidade ea estratégia de encobrimento quepredominou <strong>na</strong> hierarquia católicadurante décadas. Por várias vezesBento XVI insiste em que a atitudecorrecta deve ser a oposta da que foi:diz que a Igreja deve estar agradecidapelas revelações dos casos, mesmo sealgumas das denúncias soaram acampanhas para “desacreditar o maispossível a Igreja”; e reafirmaclaramente que “tudo o que émentira e encobrimento não podeacontecer”. Declarações que vêm <strong>na</strong>linha do que afirmou no voo que otrouxe a Portugal: que a perseguiçãomaior à Igreja não vem do exterior,mas do “pecado no seio” dainstituição.Soa, por isso, muito mal ver depoiso Papa a tentar explicar o sucedidocom um argumento rebuscadíssimo,que lhe foi referido pelo arcebispo deDublin: a partir da década de 60, oDireito Pe<strong>na</strong>l Canónico deixou de seraplicado, pois “rei<strong>na</strong>va a consciênciade que a Igreja não deveria ser umaIgreja de direito, ito, mas uma Igreja deamor; e de que ela não deveriapunir.”O argumento temimplícita aideia de que,<strong>na</strong> questãodos abusos, oscatólicos “liberais”(o termo só é usado poruma questão de facilidade)foram culpados, por se teremrelaxado <strong>na</strong> aplicação daspe<strong>na</strong>s. Não colhe. É que oencobrimento o foi praticadoessencialmente nte por aqueles quepreferiram a instituição às vítimas deabusos e não pelos “liberais” –precisamente e aqueles para quem adefesa da instituição não eraprioritária.O discurso do Papa traz entretantonovidades: admite, pela primeira vezpublicamente, e, a possibilidade deabdicar do cargo se perceberclaramente a impossibilidade do seuexercício, uma afirmaçãoimportante. Aceita a importância dereflectir a questão do acesso àcomunhão <strong>na</strong> missa dos católicosdivorciados que se voltaram a casar,tema que tem estado no centro detantos abandonos silenciosos. Econcede que o preservativo pode serusado em casos concretos, nocombate à sida.Tema eleito mediaticamente nosdias que precederam a apresentaçãodo livro, o preservativo já deveria terdeixado de ser problema para aIgreja. Isso só não sucedeu há quatrodécadas por pressões de algunscardeais da Cúria Roma<strong>na</strong>: a encíclicaHuma<strong>na</strong>e Vitae, do Papa Paulo VI,esteve quase para aceitar acontracepção de acordo com asugestão da primeira comissão; masas pressões foram de tal ordem que oPapa Montini nomeou outracomissão e manteve a oposição àcontracepção “artificial”. Odocumento, apesar da extraordináriateologia da primeira parte,constituiu-se numa tragédia para aIgreja, com muita gente a abando<strong>na</strong>ro catolicismo por sua causa.Na questão do preservativo, aliás,Bento XVI repete o erro da viagem aÁfrica: não enumera os projectos deinstituições católicas no combate àdoença, limitando-se à referênciagenérica de que a Igreja é quem estámais próxima das pessoas.Ratzinger admite vários erros decomunicação no caso do bispointegrista Richard Williamson, aoqual foi levantada a excomunhão.Tratou-se tão só de uma decisãojurídica mal explicada, justifica agorao Papa – e justifica bem. Mas custa acrer que não houvesse informaçãosuficiente sobre as afirmaçõesreiteradas,do bispo, denegacionismodoHolocausto.E oRatzinger reconhece que ficouem choque com a dimensãodos casos de abusos sexuais,de que ele já conheciaos contornosentrevistador deixa por fazer umapergunta essencial: para lá doepisódio Williamson, qual é amotivação profunda da Santa Sé paratentar a aproximação ao grupo quenega o ecumenismo e a liberdadereligiosa, temas centrais do ConcílioVaticano II?Uma outra pergunta ficouesquecida, quando se fala daorde<strong>na</strong>ção de mulheres. O Paparefugia-se no argumento tradicio<strong>na</strong>l:Jesus não teve mulheres no grupo dosseguidores mais próximos e, por isso,a Igreja não pode mudar a regra.Hoje, a exegese bíblica mostra queas mulheres referidas nos evangelhostinham um papel decisivo no grupode discípulos de Cristo. E São Paulocolocou mulheres como líderes devárias das comunidades cristãs quefundou. Esses papéis iniciais foramobliterados logo <strong>na</strong> terceira ou quartageração de cristãos. Mas não é maispossível omitir os dados que amoder<strong>na</strong> exegese tem trazido(embora se perceba que issoaconteça, quando o Papa, massobretudo o entrevistador, criticam ométodo histórico-crítico de exegesebíblica, que tem ajudado a trazeresses elementos à luz do dia).Há entretanto uma nota depessimismo que atravessa váriaspartes do livro. É verdade que asituação do mundo é sombria emvários aspectos. Mas ao Papa e aoentrevistador, o jor<strong>na</strong>lista alemãoPeter Seewald, interessam sobretudoas questões relativas à “pressão deintolerância” sobre o cristianismo e àquestão dos valores e da ética – leiase,os temas da moral, a laicidade e asecularização. Ora, se de facto hácorrentes que querem negar aocristianismo (e à religião em geral)direito de cidadania, elas estãosobretudo centradas em poucospaíses da Europa, não se podendofazer desta uma questão universal..Temas como o estado da política,do ambiente ou da economia(estamos a viver “<strong>na</strong> impostura”, àcusta das gerações vindouras) sãoreferidos de passagem – emereceriam referências maiscircunstanciadas, tendo em contaaté afirmações duras que o Papatem feito sobre a crise, osmecanismos fi<strong>na</strong>nceiros ou asquestões ambientais. Talcomo estão praticamenteausentes as questões da pazou do terrorismo.É justo dizer que Seewaldpinta a realidade mais sombriaque o entrevistado. Em algumasocasiões, é o próprio Bento XVI quereage àsinterpretações feitas pelojor<strong>na</strong>lista. No capítulo fi<strong>na</strong>l, “Dasúltimas coisas”, Seewald descreve:“Seja como for, o mundo está hojemais ameaçado do que nunca. (...)em muitos domínios a devastaçãodo nosso planeta chegou a um‘point of no return’. (...) umaditadura de opinião anticristã jánão se limita a actuar subtilmente,sendo antes abertamente agressiva. Aisto junta-se o facto de os homensatacarem agora o último tabu bíblico– ‘a árvore da vida’, com amanipulação e a criação da própriavida.”Este pessimismo do autor daentrevista começa logo pela epígrafedo livro. De entre a belíssima poesiados Salmos da Bíblia, Seewald ape<strong>na</strong>sconseguiu descobrir este: “Do céu,Deus olhou para os seres humanos, aver se havia alguém sensato, alguémque ainda procure a Deus”...O Papa Ratzinger reage “comcepticismo” a algumas interpretaçõesdo entrevistador. Mas no essencial aleitura de Bento XVI é tambémpessimista. A propósito da revelaçãodo terceiro sagrado de Fátima e dasua viagem a Portugal em Maiopassado, diz Bento XVI: “Osofrimento da Igreja permanece, aameaça dos homens permanece…”As afirmações de Ratzinger vêm <strong>na</strong>linha da “ditadura do relativismo”por ele conde<strong>na</strong>da imediatamenteantes de ser eleito Papa. Num mundoem que a pessoa e a sua autonomia seafirmam progressivamente, aconsciência individual é umelemento fundamental de avaliaçãoda realidade. E um crente não podereduzir a busca da verdade à suabusca, mesmo que creia firmementedela estar imbuído. O Papa admiteque esse processo tem de ir de mãosdadas com a tolerância. Mas nessabusca, quem se pode arvorar emdetentor da verdade absoluta, sendoque a verdade é um horizonte doqual nos vamos aproximando empermanência?Esse pessimismo esquece um outroelemento: o problema de muitaspessoas é, muitas vezes, com ainstituição Igreja (ou religião) e nãocom a questão de Deus em si. Aliás,enga<strong>na</strong>-se Seewald quando diz noprefácio que “a pretensão de declararDeus morto” tem mais a ver “com asforças da tentação do que com umafraca capacidade de atracção da fé”.É que, quando a fé é uma experiênciasignificativa para a vida das pessoas,não há “forças da tentação” que lheresistam...É essa capacidade de propostapositiva que não está tão presente nodiscurso do Papa quanto se poderiaesperar. Por contraste, poderiarecordar-se Santo Agostinho, umadas figuras que confessa admirar, eque falava do futuro que se tor<strong>na</strong>presente pela espera. Bento XVIape<strong>na</strong>s assoma aqui a esse futuro porduas vezes: “Temos de procurar queas pessoas não percam Deus de vista.Temos de procurar que elasreconheçam o tesouro quepossuem.” E <strong>na</strong> última resposta,quando diz, a propósito de JesusCristo: “Ele veio (…) para quepossamos tocar Deus. Para que aporta ficasse aberta para nós. (…)Para que encontrássemos a vida, averdadeira vida, que já não estásubjugada à morte.”36 • Sexta-feira 3 Dezembro 2010 • Ípsilon

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