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0<strong>UNIVERSIDA<strong>DE</strong></strong> <strong>DE</strong> <strong>TAUBATÉ</strong><strong>Érico</strong> <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> <strong>Costa</strong>O Balanced Scorecard <strong>com</strong>o Modelo de Gestão Estratégicapara uma Organização do Terceiro SetorTaubaté – SP2006


1<strong>UNIVERSIDA<strong>DE</strong></strong> <strong>DE</strong> <strong>TAUBATÉ</strong><strong>Érico</strong> <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> <strong>Costa</strong>O Balanced Scorecard <strong>com</strong>o Modelo de Gestão Estratégicapara uma Organização do Terceiro Setor


6Taubaté – SP2006


7Ficha catalográfica elabora<strong>da</strong> peloSIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAUC837b<strong>Costa</strong>, <strong>Érico</strong> <strong>da</strong> <strong>Silva</strong>O Balanced Scorecard <strong>com</strong>o modelo de gestão estratégica para umaorganização do Terceiro Setor / <strong>Érico</strong> <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> <strong>Costa</strong>. - 2006.97f. : il.Monografia (especialização) - Universi<strong>da</strong>de de Taubaté, Departamentode Economia, Contabili<strong>da</strong>de e Administração, 2006.Orientação: Prof. Ms. Marco Aurélio Vallim Reis <strong>da</strong> <strong>Silva</strong>, Departamentode Economia, Contabili<strong>da</strong>de e Administração.1. Balanced Scorecard. 2. Gestão estratégica. 3. Terceiro Setor.I. Título.


8ÉRICO DA SILVA COSTAO BALANCED SCORECARD COMO MO<strong>DE</strong>LO <strong>DE</strong> GESTÃO ESTRATÉGICAPARA UMA ORGANIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR


12Data:_______/________/__________Resultado:______________________BANCA EXAMINADORAProf. MSc. Marco Aurélio Vallim Reis <strong>da</strong> <strong>Silva</strong>Universi<strong>da</strong>de de TaubatéAssinatura_________________________________Prof. MSc. Vilma <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> SantosUniversi<strong>da</strong>de de TaubatéAssinatura__________________________________Prof. MSc. Rose Lima de Morais CamposUniversi<strong>da</strong>de de TaubatéAssinatura__________________________________Prof.Universi<strong>da</strong>de de TaubatéAssinatura__________________________________


13DedicatóriaAo meu pai José Benedito Fernandes (in memorian).Ao exemplo de dedicação, perseverança, fé e amor – minha mãe (Dna. Rosa).


14AgradecimentosAgradeço...À Deus e a Nossa Senhora Apareci<strong>da</strong> pelo auxílio na conquista de mais uma etapa– pequeno passo de uma grande jorna<strong>da</strong> de valorosas conquistas.Ao Reitor do Centro Universitário Módulo – Prof. MSc. Alexandre GonçalvesNogueira pelo incentivo, contribuição ao meu desenvolvimento e especialmente portornar tal auto-realização possível.Ao amigo e professor MSc. Marco Aurélio Vallim <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> Santos por ter aceitadoorientar-me na realização desta intensa jorna<strong>da</strong> de estudos e principalmente pelapresteza <strong>com</strong> que atendeu a to<strong>da</strong>s às necessi<strong>da</strong>des de pesquisa.A queri<strong>da</strong> professora MSc. Vilma <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> Santos pelas especiais contribuições àconsoli<strong>da</strong>ção deste estudo, atenção e disposição em auxiliar-me em um momentotão difícil.A queri<strong>da</strong> Regina de Castro Pompeu pelas especiais contribuições e lapi<strong>da</strong>ção destetrabalho.Aos demais professores do curso que transformaram a sala de aula em um ambienteagradável ao aprendizado e pelo inestimável <strong>com</strong>partilhamento de suas experiênciasque sem dúvi<strong>da</strong> alguma serão imprescindíveis ao nosso sucesso.Aos colegas de classe que se tornaram especiais amigos e que fizeram <strong>da</strong> sala deaula um encontro descontraído ao aprendizado.


15RESUMOO crescimento <strong>da</strong>s organizações priva<strong>da</strong>s sem fins lucrativos, conceitua<strong>da</strong>s <strong>com</strong>opertencentes ao terceiro setor tem alterado profun<strong>da</strong>mente as relações existentesentre a iniciativa priva<strong>da</strong> e o poder público, uma vez que nos últimos anos estasorganizações aumentaram significativamente sua participação na socie<strong>da</strong>decontemporânea e na economia global. Inspira<strong>da</strong>s pela lógica assistencialista e <strong>da</strong>filantropia, estas organizações têm atuado em várias esferas e aberto um canal dediálogo na socie<strong>da</strong>de sem precedentes proporcionando inúmeros benefícios acoletivi<strong>da</strong>de. Contudo, este crescimento tem impelido novos desafios a estasorganizações o<strong>br</strong>igando-as a repensar a forma de gestão de seus recursoshumanos, físicos e financeiros, seu posicionamento estratégico e principalmente aavaliação do resultado de suas ações e projetos sociais desenvolvidos, uma vez queo próprio contexto ambiental em que estão inseri<strong>da</strong>s tem sofrido mutaçõessignificativas nas últimas déca<strong>da</strong>s. Para tanto, desenvolveu-se uma proposta degestão para a Zambô do Movimento Negro de Caraguatatuba, utilizando o BalancedScorecard <strong>com</strong>o ferramenta de gestão estratégica e avaliação de desempenho. E,por meio de uma pesquisa bibliográfica exploratória <strong>com</strong> estudo de caso qualitativo,desenvolveu-se um modelo de gerenciamento estratégico baseado na metodologiado Balanced Scorecard. Destarte, a escolha <strong>da</strong> metodologia do Balanced Scorecardpara a proposição do modelo foi realiza<strong>da</strong> por permitir a integração <strong>da</strong> missão evisão organizacional e conseqüente tradução em objetivos e medi<strong>da</strong>s que permitema avaliação de desempenho sob a ótica de quatro perspectivas: a financeira, a dosclientes, a dos processos internos e de aprendizado e crescimento. Concluindo que,o Balanced Scorecard é um sistema de gestão que possibilita o cumprimentofun<strong>da</strong>mental de um dos principais princípios <strong>da</strong> Controladoria o “accountability”.Palavras-Chave: Terceiro setor, Gestão Estratégica, Balanced Scorecard.


16ABSTRACTThe growth of the unprofitable private organizations, which belong to the third sector,has deeply altered the existing relations between the private enterprise and thegovernment, once in the latest years these organizations have clearly increased theirparticipation in the contemporary society and in the global economy. Inspired by asupportive logic and by the philanthropy, these organizations have operated in alarge number of fields and have opened a space for dialogue with the society asnever before, providing innumerable benefits to the collectivity. However, this growthhas blocked these organizations from new challenges, forcing them to rethink theway their human, physical and financial resources are managed, their strategicalposition, and also, their actions and social projects, since the environment in whichthey are inserted has been through meaningful changes in the last decades. So that,it was developed a management proposal for the Zambô do Movimento Negro deCaraguatatuba, using the “Balanced Scoreboard” as an instrument of strategicalmanagement and performance valuation. By means of an explanatory bibliographicresearch, with qualitative case study, a model of strategical management wasdeveloped based on the “Balanced Scoreboard” methodology. Therefore, the choiceof the “Balanced Scorecard” methodology was made for the proposition of the modelbecause it permits the integration of the mission and the view of the organization.And, as a result of this, there are objectives that enable a performance valuationthrough four perspectives: of the finance, of the clients, of the internal processes, andof learning and progress. Finally, the “Balanced Scoreboard” is a managementsystem that allows the ac<strong>com</strong>plishment of one of the main principles of thecontroller’s activity, the “accountability”.Key-Words: Third sector, Strategical Management, Balanced Scorecard.


17Lista de FigurasFigura 1 - Estratégias delibera<strong>da</strong>s e emergentes......................................................27Figura 2 – A Evolução do Conceito do Balanced Scorecard.....................................35Figura 3 – Balanced Scorecard: um processo contínuo............................................36Figura 4 – Componentes e terminologias do Balanced Scorecard............................40Figura 5 – Gestão Estratégica – Quatro Processos ..................................................41Figura 6 - As perspectivas de valor do Balanced Scorecard.....................................43Figura 7 - Relações de causa e efeito <strong>da</strong>s perspectivas do Balanced Scorecard.....45Figura 8 – Modelo genérico <strong>da</strong> proposta de valor .....................................................48Figura 9 – Perspectiva do Cliente .............................................................................50Figura 10 – Modelo <strong>da</strong> cadeia de valor para os processos internos .........................51Figura 11 – Logotipo <strong>da</strong> Zambô. ...............................................................................66Figura 12 – Mapa Estratégico <strong>da</strong> Zambô ..................................................................88Figura 13 – Tema estratégico e relação de causa e efeito........................................89Figura 14 – Perspectiva de aprendizado e crescimento............................................90Figura 15 – Perspectiva de processos internos.........................................................91Figura 16 – Perspectiva de captação e otimização de recursos ...............................92Figura 17 – Perspectiva de clientes ..........................................................................93


18Lista de QuadrosQuadro 1 – Setores <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de ............................................................................18Quadro 2 - Medição dos temas financeiros estratégicos...........................................46Quadro 3 – Medi<strong>da</strong>s essenciais <strong>da</strong> perspectiva do cliente........................................49Quadro 4 – Missão e Visão <strong>da</strong> Zambô ......................................................................70Quadro 5 – Descrição dos clientes secundários <strong>da</strong> Zambô ......................................72Quadro 6 – Arquitetura do Balanced Scorecard <strong>da</strong> Zambô.......................................77Quadro 7 – Códigos <strong>da</strong>s perspectivas ......................................................................77Quadro 8 – Indicadores associados aos objetivos <strong>da</strong> Zambô ...................................86


19Lista de SiglasABONGBSCGIFEIBGEIPEAONGAssociação Brasileira de Organizações Não-GovernamentaisBalanced ScorecardGrupo de Institutos, Fun<strong>da</strong>ções e EmpresasInstituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaInstituto de Pesquisa Econômica Aplica<strong>da</strong>Organização não-governamental


20SUMÁRIORESUMO.....................................................................................................................6ABSTRACT .................................................................................................................7Lista de Figuras...........................................................................................................8Lista de Quadros.........................................................................................................9Lista de Siglas...........................................................................................................101 INTRODUÇÃO ....................................................................................................121.1 Objetivo Geral ...............................................................................................131.1.1 Objetivos Específicos ..............................................................................131.2 Delimitação do Estudo...................................................................................141.3 Relevância do Estudo....................................................................................141.4 Organização do Trabalho..............................................................................152 REVISÃO DA LITERATURA ...............................................................................172.1 O Terceiro Setor............................................................................................172.1.1 Histórico do Terceiro Setor no Brasil .......................................................182.1.2 Características <strong>da</strong> Gestão <strong>da</strong>s Organizações do Terceiro Setor.............212.2 O Ambiente Atual <strong>da</strong> Contabili<strong>da</strong>de ..............................................................232.3 Conceitos de Gestão e de Estratégia............................................................252.3.1 Gestão Estratégica e Planejamento Estratégico .....................................272.4 Avaliação de Desempenho de Organizações................................................292.5 Conceituação do Balanced Scorecard ..........................................................322.5.1 Surgimento e Evolução do Conceito .......................................................322.5.2 A Missão e Visão na Estrutura do Balanced Scorecard ..........................352.5.3 Definições e Objetivos do Balanced Scorecard.......................................382.5.4 Perspectivas do Balanced Scorecard......................................................422.5.4.1 Perspectiva Financeira ......................................................................442.5.4.2 Perspectiva de Clientes.....................................................................472.5.4.3 Perspectiva de Processos Internos ...................................................502.5.4.4 Perspectiva do Aprendizado e Crescimento......................................522.5.5 Integração do Balanced Scorecard entre as Quatro Perspectivas ..........54


212.5.6 O Processo de Construção do Balanced Scorecard segundo a visão deKaplan e Norton ...............................................................................................563 METODOLOGIA..................................................................................................634 ESTUDO <strong>DE</strong> CASO NA ZAMBÔ DO MOVIMENTO NEGRO <strong>DE</strong>CARAGUATATUBA ...............................................................................................654.1 A Organização Zambô do Movimento Negro ................................................654.2 Análise <strong>da</strong> Gestão <strong>da</strong> Organização...............................................................674.3 O Processo de Construção do Balanced Scorecard na Zambô ....................694.3.1 Constituição <strong>da</strong> Visão e Missão...............................................................694.3.2 Identificação <strong>da</strong> Estratégia e Objetivos <strong>da</strong> Organização .........................704.3.3 Definição <strong>da</strong>s Perspectivas .....................................................................734.3.3.1 Perspectiva de Clientes.....................................................................744.3.3.2 Perspectiva de Captação e Otimização de Recursos........................744.3.3.3 Perspectiva de Processos Internos ...................................................754.3.3.4 Perspectiva de Aprendizado e Crescimento......................................764.4.4 Definição <strong>da</strong> Arquitetura do BSC <strong>da</strong> Zambô............................................764.4.5 Descrição dos Objetivos Estratégicos .....................................................774.4.6 Definição dos Indicadores de Desempenho ............................................804.4.6.1 Indicadores <strong>da</strong> Perspectiva de Clientes (Primários e Secundários) ..804.4.6.2 Indicadores <strong>da</strong> Perspectiva de Captação e Otimização de Recursos824.4.6.3 Indicadores <strong>da</strong> Perspectiva de Processos Internos...........................834.4.6.4 Indicadores <strong>da</strong> Perspectiva de Aprendizado e Crescimento .............844.4.7 Construção do Mapa Estratégico ............................................................864.4.7.1 Interpretação do Mapa Estratégico....................................................895 CONCLUSÃO......................................................................................................94REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...............................................................................96


121 INTRODUÇÃONas últimas déca<strong>da</strong>s o Brasil tem sido palco de inúmeras mu<strong>da</strong>nças na áreaeconômica, política e principalmente social. Dentre as principais mu<strong>da</strong>nças,destacam-se ca<strong>da</strong> vez mais a conscientização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, que tem atribuídomaior importância às questões referentes à ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, educação, segurança, meioambiente e bem estar social.Neste contexto, as organizações do Terceiro Setor assumiram um papelimportante na socie<strong>da</strong>de à medi<strong>da</strong> que se constituíram <strong>com</strong>o sendo parte <strong>da</strong> soluçãopara os problemas sociais gerados pela política de desenvolvimento neoliberal.Estas organizações têm atuado <strong>com</strong> proprie<strong>da</strong>de em várias frentes e muitasvezes substituem a atuação do Estado que não consegue garantir a uma grandeparte <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>br</strong>asileira o atendimento básico de suas necessi<strong>da</strong>des.A exemplo, pode-se citar a contribuição <strong>da</strong> Pastoral <strong>da</strong> Criança que mobilizamilhares de voluntários pelo Brasil e conseguiu reduzir em 50% a mortali<strong>da</strong>de infantilno País, não sendo uma organização priva<strong>da</strong> e nem muito menos uma estatal.(DOWBOR, 2000, p. 8)Percebe-se <strong>com</strong> isso, que as organizações do Terceiro Setor sãoresponsáveis por inúmeros avanços e por uma <strong>com</strong>plexa e considerávelmovimentação de recursos em suas ações em benefício <strong>da</strong> coletivi<strong>da</strong>de.Diferentemente <strong>da</strong>s empresas do setor privado, estas organizações deparamseconstantemente <strong>com</strong> a escassez de recursos na sua gestão, pois possuemgrande parte de suas ativi<strong>da</strong>des dependentes de doações, voluntariado e parceriaspara atender a uma deman<strong>da</strong> muitas vezes superior à capaci<strong>da</strong>de de sua estrutura.Tal situação expõe e <strong>com</strong>promete em muito a sua gestão e, principalmente, aeficácia do resultado <strong>da</strong>s ações sociais que desenvolvem. Atrela<strong>da</strong> a este fato, a


13gestão <strong>da</strong>s organizações do Terceiro Setor carece de profissionalização, de novosinstrumentos e metodologias que permitam uma melhor gerência <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>desdesenvolvi<strong>da</strong>s.Em razão disto, o presente estudo, objetiva à elaboração de um modelo degestão estratégica para uma organização do Terceiro Setor, baseado nametodologia denomina<strong>da</strong> Balanced Scorecard, desenvolvi<strong>da</strong> pelos pesquisadores econsultores Robert S. Kaplan e David P. Norton.O Balanced Scorecard, ou simplesmente BSC é uma metodologia volta<strong>da</strong>para gestão estratégica <strong>da</strong>s organizações, que a partir de uma visão integra<strong>da</strong> ebalancea<strong>da</strong> <strong>da</strong> estratégia empresarial ou social, busca traduzi-la de forma clara emobjetivos estratégicos específicos, distribuídos em quatro perspectivas básicas(financeira, de cliente, de processos, e de aprendizado e crescimento) relaciona<strong>da</strong>sentre si por meio de uma relação de causa e efeito.1.1 Objetivo GeralO presente estudo tem por objetivo desenvolver uma proposta de gestão paraa Zambô do Movimento Negro de Caraguatatuba, utilizando o Balanced Scorecard<strong>com</strong>o ferramenta de gestão estratégica e avaliação de desempenho.1.1.1 Objetivos EspecíficosObter conhecimento so<strong>br</strong>e o terceiro setor e suas potenciali<strong>da</strong>des;Desenvolver uma proposta de indicadores de resultado em consonância<strong>com</strong> as perspectivas do Balanced Scorecard;


14Elaborar um modelo de gestão estratégica integra<strong>da</strong> para a organizaçãoestu<strong>da</strong><strong>da</strong>; eElaborar mapa estratégico em conformi<strong>da</strong>de <strong>com</strong> a metodologia doBalanced Scorecard.1.2 Delimitação do EstudoO estudo se ocupou em elaborar uma proposta de gestão estratégica eavaliação de desempenho basea<strong>da</strong> na metodologia Balanced Scorecard <strong>com</strong>oferramenta de gestão para gerar resultados sociais e financeiros à Zambô doMovimento Negro de Caraguatatuba, enti<strong>da</strong>de sem fins lucrativos, localiza<strong>da</strong> noLitoral Norte Paulista do Estado de São Paulo, município de Caraguatatuba.1.3 Relevância do EstudoDiferentemente do ambiente <strong>da</strong>s empresas priva<strong>da</strong>s, a gestão <strong>da</strong>sorganizações do terceiro setor exige em sua administração uma habili<strong>da</strong>de muitoparticular, pois sua especifici<strong>da</strong>de de gestão requer instrumentos, habili<strong>da</strong>des eformas diferentes de tratamento de seus recursos humanos, materiais e financeiros.Uma <strong>da</strong>s principais diferenças recai so<strong>br</strong>e a inconstância existente nofornecimento destes recursos o que prejudica e, muitas vezes, ameaça acontinui<strong>da</strong>de dos trabalhos que estas organizações se propõem a realizar.Não obstante a sua especifici<strong>da</strong>de de gestão, os gestores destasorganizações necessitam gerar resultados sociais e financeiros para:Promover o desenvolvimento e continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> organização;


15Comunicar os resultados e realizações de suas ações à socie<strong>da</strong>de; ePrestar contas aos patrocinadores, doadores e ao público em geral.Além de avaliar a adequa<strong>da</strong> utilização dos recursos empregados, o que não épossível por meio <strong>da</strong> Contabili<strong>da</strong>de “tradicional”, que não avalia e não apresenta deforma adequa<strong>da</strong> os ativos intangíveis envolvidos no processo de transformaçãosocial e cultural que estas organizações realizam.Os motivos que levaram a este estudo foi a experiência vivencia<strong>da</strong> naorganização durante a realização de alguns projetos e a convicção de que a gestãoe avaliação do desempenho de empreendimentos sociais, especialmente, emorganizações do terceiro setor, apoia<strong>da</strong> unicamente em indicadores contábeis efinanceiros apurados de forma “tradicional”, não são suficientes para avaliar ascapaci<strong>da</strong>des destas organizações em criarem valor econômico para o futuro.Assim, verificando as opções existentes, identificou-se o Balanced Scorecard,<strong>com</strong>o parte de um sistema de informação para a gestão estratégica, <strong>com</strong>o umaresposta adequa<strong>da</strong> para o problema de avaliação do desempenho e contribuiçãosocial que estas organizações realizam.1.4 Organização do TrabalhoO presente trabalho está organizado em cinco capítulos, que assim seguem:No primeiro capítulo, é realiza<strong>da</strong> a introdução ao tema, bem <strong>com</strong>o aapresentação dos objetivos, <strong>da</strong> delimitação, <strong>da</strong> relevância do trabalho e de suaorganização.No segundo capítulo é realiza<strong>da</strong> a revisão bibliográfica e apresentação dosaspectos históricos so<strong>br</strong>e o Terceiro Setor, sua evolução e conformação no Brasil, a


16apresentação <strong>da</strong>s características <strong>da</strong> gestão <strong>da</strong>s organizações pertencentes aomesmo; Além de um levantamento bibliográfico so<strong>br</strong>e o ambiente atual <strong>da</strong>contabili<strong>da</strong>de, a gestão estratégica, o planejamento estratégico, a avaliação dedesempenho e o Balanced Scorecard.No terceiro capítulo encontra-se a metodologia utiliza<strong>da</strong> para a realização <strong>da</strong>pesquisa.No quarto capítulo é apresentado o estudo de caso, relatando odesenvolvimento do modelo de gestão proposto em conformi<strong>da</strong>de <strong>com</strong> o BalancedScorecard.No quinto capítulo é realiza<strong>da</strong> a conclusão do trabalho.


172 REVISÃO DA LITERATURA2.1 O Terceiro SetorSalamon (1998, p. 76) denominou <strong>com</strong>o Revolução Associativa o fenômenoque tem sido presenciado em todo o mundo, pessoas estão se organizando ecriando associações, fun<strong>da</strong>ções e outros tipos de instituições <strong>com</strong> característicassemelhantes a fim de desenvolver trabalhos sociais, impedir o mau uso do meioambiente,defender direitos civis e realizar outras tarefas que aju<strong>da</strong>m a socie<strong>da</strong>de aco<strong>br</strong>ir aqueles seus objetivos ain<strong>da</strong> não atendidos pelo Poder Público.Tais mu<strong>da</strong>nças trouxeram a notável emergência de um novo ator social: odenominado Terceiro Setor que se diferencia dos demais: Primeiro Setor (que utilizarecursos públicos para fins públicos) e o Segundo Setor (a iniciativa priva<strong>da</strong> – queutiliza recursos privados para fins privados).Mas, apesar <strong>da</strong> existência de várias discussões conceituais so<strong>br</strong>e a definiçãodo Terceiro Setor, deve-se atribuir certa cautela ao empregar esta terminologia paranão ser confundi<strong>da</strong> <strong>com</strong> o setor terciário <strong>da</strong> economia, que engloba tudo o que estáfora <strong>da</strong> indústria e agricultura: serviço, transporte e <strong>com</strong>unicação. E, <strong>com</strong>o forma deevidenciar esta diferenciação, apesar <strong>da</strong> intensa interação entre eles, o Quadro 1apresenta um esquema so<strong>br</strong>e os setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, resultante <strong>da</strong> conjugaçãoentre o público e o privado:


18AGENTE FINS SETORPrivados para Privados = MercadoPúblicos para Públicos = EstadoPrivados para Públicos = Terceiro SetorQuadro 1 – Setores <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>deFonte: Fernandes (1994, p. 12)Para Fischer (2002, p. 45), Terceiro Setor é:“a denominação adota<strong>da</strong> para o espaço <strong>com</strong>posto por organizaçõespriva<strong>da</strong>s, sem fins lucrativos cuja atuação é dirigi<strong>da</strong> a finali<strong>da</strong>descoletivas ou públicas. Sua presença no cenário <strong>br</strong>asileiro é ampla ediversifica<strong>da</strong>, constituí<strong>da</strong> por organizações não-governamentais,fun<strong>da</strong>ções de direito privado, enti<strong>da</strong>des de assistência social e debenemerência, enti<strong>da</strong>des religiosas, associações culturais,educacionais, as quais desempenham papéis que não diferemsignificativamente do padrão conhecido de atuação de organizaçõesanálogas em países desenvolvidos” (FISCHER, 2002, p. 45).Assim, pode-se identificar o Terceiro Setor <strong>com</strong>o aquele <strong>com</strong>posto peloconjunto de iniciativas particulares, que, basea<strong>da</strong>s em valores de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de,atuam em diversos segmentos sociais e nas áreas <strong>com</strong>o educação, saúde, cultura,defesa de direitos, meio ambiente, esporte e lazer (MATSUDA, 2002, p. 19).2.1.1 Histórico do Terceiro Setor no BrasilNo Brasil, o termo Terceiro Setor passou a ser utilizado no início dos anos 90para designar as organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil, sem fins lucrativos <strong>com</strong> ênfase naparticipação voluntária e foco na solução de problemas sociais.Teve sua origem nas ações de filantropia inicia<strong>da</strong>s no Brasil no século XVI,por ocasião do surgimento <strong>da</strong>s Santas Casas de Misericórdia que institucionalizaramo atendimento às pessoas carentes, prática utiliza<strong>da</strong> até os dias atuais.Nos três séculos seguintes a filantropia no país desenvolveu-se sob a lógica<strong>da</strong> prática assistencialista <strong>com</strong> predominância <strong>da</strong> cari<strong>da</strong>de cristã. Somente no final


19do século XIX que as instituições de assistência e amparo à população carentesofreram alterações na sua forma organizacional de gestão e administração,deixando de ser fun<strong>da</strong>mentalmente orienta<strong>da</strong>s por princípios <strong>da</strong> cari<strong>da</strong>de cristã efilantropia (ASHOKA; MICKINSEY e COMPANY, 2001, p. 13).Nesse período a atuação do Estado na área social intensificou-se nasquestões de saúde, higiene, educação e principalmente na gestão administrativa ede financiamento <strong>da</strong>s organizações assistenciais e de filantropia.Em meados de 1910, o Estado passa a exigir destas instituições assistenciaisa prestação de contas, submetendo-as a um controle so<strong>br</strong>e a administração e suasações prático-normativas (ASHOKA; MICKINSEY e COMPANY, 2001, p. 14).Durante as déca<strong>da</strong>s de 20 e 30, o Brasil experimenta o início <strong>da</strong> fase deindustrialização e suas conseqüências: crescente urbanização, aumento <strong>da</strong> massade operários, problemas sociais, po<strong>br</strong>eza e exclusão social.À época aumenta também o número de organizações sem fins lucrativos que,atrela<strong>da</strong>s ao Estado, buscavam soluções para os crescentes problemas sociais queafligiam os imigrantes operários (ASHOKA; MICKINSEY e COMPANY, 2001, p. 14).Na déca<strong>da</strong> de 70, durante o longo período de ditadura militar no país, foramfun<strong>da</strong><strong>da</strong>s inúmeras organizações para defender direitos políticos, civis e humanosameaçados pela "política" vigente. Tais organizações autodenomina<strong>da</strong>s "nãogovernamentais"tinham uma postura de resistência política distinta ao governo,surgindo a partir <strong>da</strong>í o termo ONG (Organização não-governamental) utilizado parareferir-se a todo o tipo de organização sem fins lucrativos (ASHOKA; MICKINSEY eCOMPANY, 2001, p. 14).Tais organizações tiveram um papel fun<strong>da</strong>mental nos rumos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<strong>br</strong>asileira e na conformação do terceiro setor. Foram responsáveis pela


disseminação <strong>da</strong> noção de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e pela pressão de seu amplo desenvolvimento<strong>com</strong>o também fator chave para a entra<strong>da</strong> de recursos internacionais no país, tais<strong>com</strong>o os promovidos pela “Ford Foun<strong>da</strong>tion, Rockfeller, MacArthur” além <strong>da</strong>sagências de fomento e cooperação internacional, alterando profun<strong>da</strong>mente o vínculode dependência administrativa e econômica que estas organizações possuíam <strong>com</strong>o Estado até então (ASHOKA; MICKINSEY e COMPANY, 2001, p. 14).Na déca<strong>da</strong> de 80, <strong>com</strong> o redirecionamento dos recursos financeiros para ospaíses do leste europeu e continente africano em razão <strong>da</strong>s crises sociais, política eeconômicas que estes enfrentavam, as organizações latino-americanasencontraram-se na condição de buscar alternativas para sua auto-sustentabili<strong>da</strong>de,além de enfrentarem a escassez dos recursos governamentais.A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 90, há uma expansão devido ao engajamento do setorprivado nas questões sociais e a busca destas organizações pela suasustentabili<strong>da</strong>de, que se refere a uma organização capaz ou não de manter suasoperações sem depender totalmente <strong>da</strong> doação de recursos por parte de pessoasfísicas ou jurídicas (ASHOKA; MICKINSEY e COMPANY, 2001, p. 15).Ashoka; Mckinsey e Company (2001, p. 15) retratam bem a inserção do setorprivado na época:"Dezenas de fun<strong>da</strong>ções vincula<strong>da</strong>s a empresas foram cria<strong>da</strong>snaquela déca<strong>da</strong>, <strong>com</strong>o a Fun<strong>da</strong>ção Ode<strong>br</strong>echt, Fun<strong>da</strong>ção Educar,Fun<strong>da</strong>ção O Boticário, Fun<strong>da</strong>ção Acesita, entre muitas outras.Embora caracteriza<strong>da</strong>s <strong>com</strong>o organizações vincula<strong>da</strong>s às empresas,tais fun<strong>da</strong>ções somaram-se a to<strong>da</strong>s as outras categorias deorganizações sem fins lucrativos que <strong>com</strong>põem o terceiro setor”(ASHOKA; MCKINSEY e COMPANY, 2001, p. 15).Embora esta inserção tenha trazido inúmeros benefícios, estabeleceutambém uma significativa alteração à estrutura organizacional existente, pois se emum primeiro momento as organizações do terceiro setor organizaram-se paraatender à lógica do setor público e, posteriormente, <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções internacionais,20


21nos últimos anos foi necessária uma reestruturação organizacional para a<strong>com</strong>panharde forma eficiente as parcerias entre as organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil e o setorprivado (ASHOKA; MCKINSEY e COMPANY, 2001, p. 16).Na atuali<strong>da</strong>de, a representativi<strong>da</strong>de do Terceiro Setor tem crescidoconsideravelmente, existem no país aproxima<strong>da</strong>mente 276 mil organizações,conforme recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplica<strong>da</strong> (IPEA) em parceria<strong>com</strong> o Grupo de Institutos, Fun<strong>da</strong>ções e Empresas (GIFE) e a Associação Brasileirade Organizações Não-Governamentais (ABONG) em 2002, além do investimentorealizado pelas empresas priva<strong>da</strong>s que aplicaram no ano de 2000 cerca de R$ 4,7bilhões em projetos sociais, conforme <strong>da</strong>dos estatísticos disponibilizados pelo GIFE.2.1.2 Características <strong>da</strong> Gestão <strong>da</strong>s Organizações do Terceiro SetorEmbora as características alusivas às organizações do terceiro setor sejammuito singulares e o tipo de gestão adotado tenha um papel significativo em suapostura <strong>com</strong>o empreendimento social, além <strong>da</strong> <strong>com</strong>plexi<strong>da</strong>de ambiental advir deinúmeros aspectos, pode-se inferir um panorama que retrata as características doprocesso de gestão destas organizações, conforme constatação por meio dosestudos realizados pelos autores Carvalho no ano de 2004 e de Tenório em 2000:A motivação para o trabalho não é associa<strong>da</strong> a metas de eficácia oueficiência, mas aos ideais <strong>com</strong>partilhados pelos seus mem<strong>br</strong>os;Inexiste planejamento estratégico; quando existe, fica condicionado àpauta <strong>da</strong>s fontes de financiamento;


22Em geral, a missão, definição de objetivos, metas e delimitação <strong>da</strong>s açõese, principalmente, a avaliação dos resultados não são entendi<strong>da</strong>s pelosmem<strong>br</strong>os <strong>da</strong> organização;A inexistência de planejamento estratégico e o desejo de atender àscarências <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de em que está inseri<strong>da</strong> tende a gerar inúmerosprojetos, ocasionando per<strong>da</strong> de foco, problemas de gerenciamento detempo e de pessoal e principalmente dificul<strong>da</strong>de para avaliar osresultados;Em decorrência <strong>da</strong> “informali<strong>da</strong>de” característica dessas organizações, hádificul<strong>da</strong>des para avaliar o resultado <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s em seucaráter mais qualitativo; eO processo de gestão organizacional é fortemente prejudicado em razão<strong>da</strong> <strong>com</strong>plexi<strong>da</strong>de gera<strong>da</strong> pela informali<strong>da</strong>de (ausência de normas,procedimentos, políticas, entre outros) e indefinição de responsabili<strong>da</strong>des.<strong>Costa</strong> (2003, p. 26) sintetiza bem este cenário ao mencionar a mu<strong>da</strong>nça depostura destas organizações ao buscarem soluções para sua gestão:“Trata-se de uma característica muito acentua<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civilcontemporânea a organização em busca de soluções, fora <strong>da</strong> lógicado Estado e do Mercado, para a questão social ca<strong>da</strong> vez maisaguça<strong>da</strong> pela política econômica atrela<strong>da</strong> aos interesses do capitalinternacional. Na ver<strong>da</strong>de, estão em curso transformaçõesestruturais, em nível mundial, que têm determinado a necessi<strong>da</strong>de deajustes <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong>des sociais de caráter privado que, historicamente,sempre agiram na perspectiva <strong>da</strong> filantropia ou <strong>da</strong> hegemoniareligiosa, sob a tutela estatal, a uma nova conjuntura econômica,social e política. Nesse novo contexto, a tendência é o delineamentode organizações autônomas, profissionaliza<strong>da</strong>s e nãogovernamentais,onde o caráter técnico do trabalho e os princípios deadministração e gerenciamento ganham relevância” (COSTA, 2003,p. 26).Todos estes fatores retratam bem este panorama que tem impelido inúmerasorganizações a buscarem novos instrumentos de gestão oferecidos pelaAdministração e áreas afins, <strong>com</strong> o objetivo de se tornarem sustentáveis e aptas a


continuarem suas ações de transformação social em benefício de um bem maior – aSocie<strong>da</strong>de.232.2 O Ambiente Atual <strong>da</strong> Contabili<strong>da</strong>deA última déca<strong>da</strong> do século passado caracterizou-se pela transformação <strong>da</strong>arena <strong>com</strong>petitiva <strong>da</strong>s organizações, na Era Industrial, que perdurou de 1850 a1975. O sucesso <strong>da</strong>s organizações era determinado pela incorporação de novastecnologias aos ativos físicos e tangíveis, permitindo uma produção em massa <strong>com</strong>eficiência e produtos padronizados. O sucesso, nesta fase, podia ser determinadopela maneira <strong>com</strong>o as organizações se aproveitavam dos benefícios <strong>da</strong> economia deescala e de escopo (TEIXEIRA, 2003, p. 1).Entretanto, na Era <strong>da</strong> Informação e do Conhecimento as premissas doperíodo industrial, tornaram-se obsoletas, pois somente a alocação de recursosso<strong>br</strong>e os ativos físicos e tangíveis, além <strong>da</strong> excelência <strong>da</strong> gestão dos ativos epassivos financeiros não correspondiam mais às deman<strong>da</strong>s <strong>com</strong>petitivas doambiente, sendo necessária para o sucesso empresarial a mobilização e exploraçãodos ativos intangíveis (TEIXEIRA, 2003, p. 1).Neste contexto, a avaliação dos ativos e capaci<strong>da</strong>des intangíveis dentro domodelo de mensuração contábil proporcionaria esta capaci<strong>da</strong>de, por meio <strong>da</strong><strong>com</strong>unicação <strong>da</strong>s variações dos ativos e capaci<strong>da</strong>des aos stackeholders 1 internos eexternos.Desta forma, se por algum motivo houvesse variações positivas ou negativasisto se refletiria imediatamente nas demonstrações contábeis <strong>da</strong> organização, haja1 Indivíduo ou grupo que é afetado pelas operações de uma organização ou pode influenciá-las.


vista que, na era <strong>da</strong> informação e do conhecimento, os ativos intangíveis assumiramuma relevância significativa no ambiente empresarial <strong>com</strong>o vetores dedesenvolvimento.Kaplan e Norton (2004, p. 4), descrevem que:“há déca<strong>da</strong>s a tendências de substituição gradual <strong>da</strong> economiamovi<strong>da</strong> a produtos e basea<strong>da</strong> em ativos tangíveis pela economiamovi<strong>da</strong> a conhecimento e serviços, basea<strong>da</strong> em ativos intangíveis.Os ativos intangíveis, os que não são mesurados pelo sistemafinanceiro <strong>da</strong> empresa respondem por mais de 75% do valor <strong>da</strong>empresa. Em média, os ativos tangíveis <strong>da</strong>s empresas – o valorcontábil líquido do ativo menos o passivo, representam menos de25% do valor de mercado” (KAPLAN e NORTON, 2004, p. 4).Não obstante a isto, a contabili<strong>da</strong>de “tradicional” não contempla a avaliaçãodos ativos intangíveis. Johnson e Kaplan (1993, p. 1) afirmam que os sistemastradicionais de contabili<strong>da</strong>de são inapropriados às exigências <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>deempresarial atual. Eles afirmam que:“atualmente, as informações de contabili<strong>da</strong>de gerencial,condiciona<strong>da</strong>s pelos ciclos do sistema de informes financeiros <strong>da</strong>organização, são atrasa<strong>da</strong>s demais, agrega<strong>da</strong>s demais e distorci<strong>da</strong>sdemais para que sejam relevantes para as decisões de planejamentoe controle dos gerentes” (JOHNSON e KAPLAN, 1993, p. 1).Assim, faz-se necessária a utilização de alguma ferramenta que <strong>com</strong>plete alacuna existente nos informes contábeis e que possibilitem apresentar, quantificar equalificar os ativos intangíveis envolvidos no processo de transformação realizadopelas organizações, além de permitir aos seus dirigentes realizarem todos osprocessos de planejamento, execução e controle, contemplando uma análiseholística <strong>da</strong> organização de forma a propiciar uma melhor eficácia organizacional.Destarte, um modelo de gestão estratégica integra<strong>da</strong> que pode ser utilizadopela Controladoria para a gestão de empreendimentos sociais contemplando aavaliação de ativos tangíveis e intangíveis, além de <strong>com</strong>plementar as informaçõesforneci<strong>da</strong>s pela Contabili<strong>da</strong>de, podendo servir perfeitamente <strong>com</strong>o instrumento de24


apoio ao processo de avaliação de desempenho é o Balanced Scorecard, objetocentral deste estudo.252.3 Conceitos de Gestão e de EstratégiaPara o correto entendimento <strong>da</strong> expressão Gestão Estratégica convémanalisar isola<strong>da</strong>mente os termos “gestão” e “estratégia” que a <strong>com</strong>põem.Ferreira (2001, p. 347) define gestão <strong>com</strong>o: “ato ou efeito de gerir; gerência”.Ao termo, apesar de genérico infere-se a sua aplicação ao ramo empresarial <strong>com</strong>o aqualquer outra ativi<strong>da</strong>de.afirmarem:Miran<strong>da</strong> e <strong>Silva</strong> (2002, p. 137) abor<strong>da</strong>m o termo <strong>com</strong> mais especifici<strong>da</strong>de ao“gerenciar uma organização é definir a priori<strong>da</strong>de <strong>com</strong> que seusrecursos (físicos, financeiros, humanos, tecnológicos, etc.) serãoconsumidos, visando alcançar os objetivos predeterminados pelaorganização” (MIRANDA e SILVA, 2002, p. 137).Entretanto, cabe evidenciar que as organizações ao definirem os objetivos aserem atingidos devem medir e avaliar sistematicamente o seu desempenho a luz docorreto emprego destes recursos.Um outro aspecto importante, que deve ser levado em consideração é aconceituação do termo “gestão”. Em razão <strong>da</strong>s transformações ocorri<strong>da</strong>s noambiente empresarial em decorrência do período de transição <strong>da</strong> Era Industrial paraa Era do Conhecimento em que este assumiu um aspecto multidimensional queincorporou aspectos <strong>com</strong>o: desempenho, conhecimento, informação, estratégia,quali<strong>da</strong>de, recursos humanos e ambiente (JONES e SHARMA, 1999, p. 76).Tal modificação na conceituação do termo “gestão” levou os gestores aenfrentar o desafio de serem capazes de <strong>com</strong>preender as inúmeras facetas


multidimensionais do processo de gestão: a busca contínua pelo relacionamentoorganizacional <strong>com</strong> o ambiente externo, a constante criação de valor agregado <strong>da</strong>soperações e objetivos organizacionais.Depreende-se, portanto, que a gestão é a fase de escolha <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong>des<strong>com</strong> que os recursos organizacionais serão utilizados para cumprir um determinadoobjetivo final. É um processo multidimensional que a<strong>br</strong>ange: desempenho,informação, conhecimento, estratégia, quali<strong>da</strong>de e outros fatores inerentes.O termo “estratégia” é definido por Ferreira (2001, p. 297) <strong>com</strong>o a “arte deaplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis <strong>com</strong> vistas a objetivosespecíficos”. Esta definição, apesar de restrita, apresenta questões <strong>com</strong>o recursos,condições e objetivos organizacionais.Ela é <strong>com</strong>plementa<strong>da</strong> pela afirmação de Porter (1986, p. 22) “a essência <strong>da</strong>formulação de uma estratégia <strong>com</strong>petitiva é relacionar uma <strong>com</strong>panhia ao seu meioambiente”. Diferentemente <strong>da</strong> definição anterior, esta abor<strong>da</strong> a relevância doambiente em que a organização está inseri<strong>da</strong> e que permite inferir que ao explorar“condições favoráveis” deve relacionar a organização ao seu meio ambiente.Já Oliveira (2002, p. 196) define estratégia <strong>com</strong>o:“um caminho, ou maneira, ou ação formula<strong>da</strong> e adequa<strong>da</strong> paraalcançar, preferencialmente, de maneira diferencia<strong>da</strong> os desafios eobjetivos estabelecidos, no melhor posicionamento <strong>da</strong> empresaperante seu ambiente” (OLIVEIRA, 2002, p.196).Mintzberg et al. (2000, p.19) atribui uma tripla dimensão ao abor<strong>da</strong>r aestratégia em seus trabalhos e às caracteriza, <strong>com</strong>o: realiza<strong>da</strong>, pretendi<strong>da</strong> (oudelibera<strong>da</strong>) e emergente, além disso, as descreve mais <strong>com</strong>o um processo caótico ecriativo do que meramente racional (Figura 1).26


27Figura 1 - Estratégias delibera<strong>da</strong>s e emergentesFonte: Mintzberg et al. (2000, p. 19).Com isso, infere-se que a estratégia não ocorre de forma sistematiza<strong>da</strong>, poisa multiplici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s variáveis internas e ambientais <strong>da</strong> estratégia não permite odesenvolvimento de um processo metódico.Acrescenta-se a esta definição a afirmação de Normann e Ramírez (2005, p.53) de que “estratégia é a arte de criar valor”.Assim, depreende-se que estratégia é a ação que a organização adotará emdecorrência <strong>da</strong> análise ambiental que esta realizará, identificando suaspotenciali<strong>da</strong>des, diferenciais e deficiências, buscando obter um melhorposicionamento para atingir os objetivos organizacionais desenhados e maior valoragregado de suas ativi<strong>da</strong>des e/ou operações.2.3.1 Gestão Estratégica e Planejamento Estratégico


Segundo J. David Hunger (2002 apud Herrero, 2005, p. 5) define gestãoestratégica <strong>com</strong>o sendo:“conjunto de decisões e ações estratégicas que determinam odesempenho de uma corporação a longo prazo. Esse tipo de gestãoinclui análise profun<strong>da</strong> dos ambientes interno e externo, formulação<strong>da</strong> estratégia (planejamento estratégico ou de longo prazo),implementação <strong>da</strong> estratégia, avaliação e controle” (HUNGER apudHERRERO, 2005, p. 5).Herrero (2005, p. 5) esclarece que para a gestão estratégica cumprir seupapel e suportar os desafios expostos pelo contexto organizacional e ambiental deveestar baseado em quatro processos:1. Análise <strong>da</strong> dinâmica <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e do ambiente de negócios;2. Formulação <strong>da</strong> estratégia;3. Implementação <strong>da</strong> estratégia e <strong>da</strong> avaliação; e4. Monitoramento dos resultados.Assim, depreende-se, que gestão estratégica é um processo contínuo ea<strong>da</strong>ptativo, por meio do qual a organização busca <strong>com</strong>patibilizar sua missão,objetivos e metas, selecionando as estratégias e meios mais adequados <strong>com</strong> ointuito de alcançar vantagem <strong>com</strong>petitiva e valor agregado <strong>da</strong>s açõesorganizacionais.Sendo que, o planejamento estratégico a ser desenvolvido, e que constituiparte integrante <strong>da</strong> gestão estratégica <strong>da</strong> organização, leva em conta o teor <strong>da</strong>análise ambiental e do diagnóstico inicial efetuado no âmbito <strong>da</strong> organização sobestudo, para fins de geração do plano estratégico (TACHIZAWA e REZEN<strong>DE</strong>, 2000,p. 205).Já o planejamento estratégico segundo Kotler (1998, p. 134) é:“orientado para o mercado é o processo gerencial de desenvolver emanter um ajuste viável entre os objetivos, experiências e recursos<strong>da</strong> organização e suas oportuni<strong>da</strong>des de mercados mutantes. Opropósito do planejamento estratégico é mol<strong>da</strong>r e remodelar os28


negócios e produtos <strong>da</strong> empresa <strong>com</strong> objetivo de crescimento elucro” (KOTLER, 1998, p. 134).Deste modo, Kotler (1998, p. 134) ao caracterizar o planejamento estratégico<strong>com</strong>o uma forma de administrar permite-nos inferir, conforme caracterizaçãorealiza<strong>da</strong> por Meyer Júnior (1991, p. 139) que o planejamento estratégico:29Orienta-se pela interação <strong>da</strong> organização <strong>com</strong> o ambiente externo;Adota características de processo dinâmico;A<strong>br</strong>ange a organização <strong>com</strong>o um todo ou de uma uni<strong>da</strong>de que a <strong>com</strong>põeexamina<strong>da</strong> globalmente;Conduz a uma postura pró-ativa dos organizadores;Utiliza <strong>da</strong>dos essencialmente qualitativos;Enfatiza a participação dos mem<strong>br</strong>os <strong>da</strong> organização;Enfatiza a mu<strong>da</strong>nça na organização; eBusca a toma<strong>da</strong> de decisões estratégicas de forma a proporcionar clarezae direção à organização.Portanto, depreende-se que a gestão estratégica, ao ser considera<strong>da</strong> <strong>com</strong>oum processo de gestão que objetiva <strong>com</strong>patibilizar a empresa <strong>com</strong> o seu meioambiente, utiliza-se de ativi<strong>da</strong>des bem características de planejamento, execução,controle e avaliação <strong>com</strong> o intuito de buscar vantagem <strong>com</strong>petitiva (TEIXEIRA, 2003,p. 19).2.4 Avaliação de Desempenho de OrganizaçõesGrande parte <strong>da</strong>s teorias de administração advoga um processoadministrativo <strong>com</strong>posto pelas ativi<strong>da</strong>des de planejamento, execução, controle eajustes ou feedback. Nesse contexto, a administração deve estabelecer planos de


longo, médio e curto prazo, em que os objetivos e metas devem refletir a visão e asexigências de seus stakeholders (KIMURA et al., 1999, p. X).Cabe evidenciar que, no processo administrativo ou de gestão, a avaliação dedesempenho é um requisito básico para a ativi<strong>da</strong>de de controle, pois interage <strong>com</strong>to<strong>da</strong>s as fases do processo de gestão, uma vez que é por meio deste que aorganização consegue avaliar se os objetivos e metas definidos foram alcançadospor meio <strong>da</strong>s estratégias organizacionais empreendi<strong>da</strong>s.Destarte, para <strong>com</strong>preensão deste tópico, recorreu-se a Gibson, Ivancevich,Donnelly (1988, p. 84) que afirmam:os processos de planejar, organizar e controlar são a materializaçãodo conceito de desempenho. O planejamento estabelece asexpectativas, o organizador implanta essas expectativas e ocontrolador avalia o desempenho <strong>da</strong>s expectativas estabeleci<strong>da</strong>s eimplanta<strong>da</strong>s. Assim, a eficácia pode ser considera<strong>da</strong> <strong>com</strong>o umjulgamento que os administradores fazem ao exercerem a funçãocontrole (GIBSON; IVANCEVICH; DONNELLY 1988, p. 84).Portanto, pode-se inferir que a avaliação é a atribuição de um conceitoestabelecido a partir de expectativas pré-estabeleci<strong>da</strong>s, sendo que o seu conceitopode assumir outras dimensões além <strong>da</strong> financeira, dependendo do objeto deanálise. Cabe evidenciar que, no processo de gestão, a avaliação de desempenho éum requisito básico para o controle, pois interage <strong>com</strong> to<strong>da</strong>s as fases do processode gestão.Pereira (1999, p. 191) elenca os elementos essenciais para caracterização <strong>da</strong>avaliação de desempenho, no contexto empresarial. São eles:30O conceito de desempenho;De expectativas pré-estabeleci<strong>da</strong>s;Da estreita relação <strong>com</strong> o processo de gestão (planejamento, execução econtrole); eO aspecto qualitativo (eficácia) do desempenho.


31Além disso, Pereira (1999, p. 191) descreve as cinco etapas pelas quais serealiza um processo de avaliação de desempenho. São elas:1. Determinação dos padrões de desempenho (objetivos metas, orçamentos,custo-padrão);2. Observação do desempenho realizado (identificação, mensuração ediscriminação dos atributos do desempenho);3. Análise do desempenho, mediante classificação, acumulação,<strong>com</strong>paração (padrão versus real) e identificação de eventuais desvios ede suas respectivas causas;4. Interpretação desses desvios e de suas respectivas causas; e5. Conclusão ou emissão de um parecer, de um julgamento ou de umconceito so<strong>br</strong>e o desempenho.Assim, infere-se que o processo de avaliação de desempenho ocorreutilizando o sistema de informações e o sistema de gestão <strong>da</strong> organização, onde asinformações são obti<strong>da</strong>s por meio <strong>da</strong> <strong>com</strong>paração entre o desempenho realizado e oesperado, identificando os desvios e as possíveis causas; sendo a interpretação <strong>da</strong>sinformações pelos gestores passo que conduz a conclusões, julgamentos, parecerese a atribuições de conceitos aos desempenhos auferidos, caracterizando assim, aúltima parte do processo de gestão, o controle.Verifica-se, desta forma, que as organizações necessitam de um modelo deavaliação de desempenho que esteja integrado ao processo de gestãoorganizacional em suas fases de planejamento, execução e controle.Entretanto, Pereira (1999, p. 207) cita que, para que isso seja possível, omodelo de avaliação de desempenho deve estar estruturado de forma a atender asseguintes premissas:


32Sistema de informação: garantir informações necessárias e adequa<strong>da</strong>spara avaliação correta do desempenho (planejado e realizado); eSistema de gestão: possibilitar julgamentos (resultados do processoavaliativo) corretos e válidos para a toma<strong>da</strong> de decisões, objetivando aeficácia <strong>da</strong> gestão organizacional.Assim, um modelo que contempla to<strong>da</strong>s as fases do processo de gestão eserve perfeitamente <strong>com</strong>o um instrumento de apoio ao processo de avaliação dedesempenho por <strong>com</strong>plementar as informações forneci<strong>da</strong>s pela Contabili<strong>da</strong>de é oBalanced Scorecard que será apresentado a seguir <strong>com</strong>o instrumento de gestãoestratégica integra<strong>da</strong>.2.5 Conceituação do Balanced ScorecardA partir <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong>da</strong>s no macro-contexto mundial, as organizaçõesdo Terceiro Setor depararam-se <strong>com</strong> inúmeras adversi<strong>da</strong>des que criaram estas anecessi<strong>da</strong>de de buscarem novas metodologias para gestão de suas ativi<strong>da</strong>des,conforme afirmação realiza<strong>da</strong> por Coutinho (2005, p.1):“O modelo de gestão do setor público e enti<strong>da</strong>des sem fins lucrativosno Brasil tem passado por transformações significativas nos últimosdez anos. A necessi<strong>da</strong>de de reforma administrativa, a busca deresposta à deman<strong>da</strong> social crescente e o próprio ambiente dedesregulamentação tem levado as organizações à modernização eprofissionalização de sua gestão” (COUTINHO, 2005, p.1).Nesse ambiente, muitas vezes hostil aos propósitos destas organizações, ainformação e o conhecimento são os meios mais eficazes para apoiar o processo degestão e garantir que os objetivos institucionais sejam realizados, proporcionandopor meio do gerenciamento do desempenho o equilí<strong>br</strong>io organizacional.


33O Balanced Scorecard é uma ferramenta de gerenciamento estratégico quevem contribuir <strong>com</strong> a contabili<strong>da</strong>de gerencial para que as organizações<strong>com</strong>preen<strong>da</strong>m de uma forma mais clara sua missão, visão, objetivos e estratégias.2.5.1 Surgimento e Evolução do ConceitoDe acordo <strong>com</strong> Kaplan e Norton (1997) o Balanced Scorecard surgiu após arealização de um estudo <strong>com</strong> várias empresas, patrocinado pelo “Instituto NolanNorton”, uni<strong>da</strong>de de pesquisa <strong>da</strong> KPMG.O estudo intitulado “Measuring Performance in the Organization of theFuture”, tinha <strong>com</strong>o finali<strong>da</strong>de desenvolver um novo modelo de medição dedesempenho, tendo em vista que a crença existente era de que os métodos deavaliação do desempenho empresarial vigentes, apoiados, exclusivamente, emindicadores contábeis e financeiros estavam tornando-se obsoletos e prejudicandoassim, a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s empresas criarem valor econômico para o futuro.Na época, o grupo de estudos analisou inúmeros casos, dentre os quais o <strong>da</strong>empresa “Analog Devices” que adotara uma abor<strong>da</strong>gem diferente para mensuraçãodo índice de processo em ativi<strong>da</strong>de de melhoria contínua.A “Analog Devices” vinha utilizando um recém-criado scorecard corporativoque continha, além de inúmeras medi<strong>da</strong>s financeiras tradicionais, outras nãofinanceirasalusivas a prazos de entrega ao cliente, quali<strong>da</strong>de e ciclo de processosde produção e também eficácia no desenvolvimento de novos produtos (KAPLAN eNORTON, 1997, p. VII).Em uma <strong>da</strong>s reuniões que o grupo realizara, houve a participação do entãoVice-Presidente de melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> “Analog Devices”,


34ocasião em que foram apresenta<strong>da</strong>s várias outras medições: valor para o acionista,medi<strong>da</strong>s de produtivi<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de e novos planos de <strong>com</strong>pensação (KAPLAN eNORTON, 1997, p. VIII).Com o prosseguimento dos trabalhos, a equipe ampliou o scorecardcorporativo, criando um modelo multidimensional denominado Balanced Scorecarddistribuído em quatro perspectivas diferentes: Financeira, de Clientes, Interna, eInovação e Aprendizado que refletiam o equilí<strong>br</strong>io entre (KAPLAN e NORTON, 1997,p. VIII):Objetivos de curto e longo prazo;Medi<strong>da</strong>s financeiras e não-financeiras;Indicadores de tendência (leading) e ocorrências (lagging); ePerspectiva interna e externa de desempenho.Em 1990, os estudos realizados foram concluídos, permitindo documentar aviabili<strong>da</strong>de e os benefícios desse sistema equili<strong>br</strong>ado de medição estratégica.No ano de 1992, os autores Kaplan e Norton, sintetizam as constatações dogrupo de estudos em um artigo denominado “The Balanced Scorecard - MeasuresThat Drive Performance” publicado pela “Harvard Business Review” que obteve umagrande repercussão no meio empresarial, fazendo <strong>com</strong> que diversos executivoscontatassem os autores para obterem informações e esclarecimentos so<strong>br</strong>e aimplantação do Balanced Scorecard em suas organizações (KAPLAN e NORTON,1997, p. VIII).Em 1993, Norton era um dos principais executivos <strong>da</strong> “ReinaissanceSolutions”, empresa que oferecia consultoria estratégica basea<strong>da</strong> no BalancedScorecard <strong>com</strong>o metodologia para traduzir e implementar estratégiasorganizacionais.


Isto possibilitou aos autores realizarem inúmeras experiências <strong>com</strong> outrasempresas, identificando que os executivos mais arrojados utilizavam o BalancedScorecard não apenas para esclarecer e <strong>com</strong>unicar a estratégia, mas também paragerenciá-la.Com isso, os autores perceberam que o Balanced Scorecard havia sesuperado <strong>com</strong>o sistema de medição e se transformado em um sistema gerencialcapaz de implementar estratégias organizacionais, usado principalmente para<strong>com</strong>unicar importantes processos gerenciais, <strong>com</strong>o: estabelecimento de metasindividuais e de equipe, remuneração, alocação de recursos, planejamento eorçamentos, feedback e aprendizado estratégico.Inicialmente, Kaplan e Norton (2004a, p. 80) definiram <strong>com</strong>o:“conjunto de indicadores que proporciona aos gerentes uma visãorápi<strong>da</strong>, embora a<strong>br</strong>angente, de to<strong>da</strong> a empresa. O balancedscorecard inclui indicadores financeiros, que mostram o resultado <strong>da</strong>sações do passado, e os <strong>com</strong>plementa <strong>com</strong> indicadores operacionais,relacionados <strong>com</strong> a satisfação dos clientes, <strong>com</strong> os processosinternos e <strong>com</strong> a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> organização de aprender e melhorar– ativi<strong>da</strong>des que impulsionam o desempenho financeiro futuro”(KAPLAN e NORTON, 2004a, p. 8).Assim, diante <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de vivencia<strong>da</strong> pelas organizações de possuíremuma ferramenta gerencial capaz de avaliar o desempenho e traduzir a visão emissão institucional para <strong>com</strong>unicar e alinhar a estratégia <strong>da</strong> organização, oBalanced Scorecard segundo Kaplan e Norton (1997, p. 25) passou a ser utilizado<strong>com</strong>o um novo sistema de gestão estratégica e, segundo os mesmos autores,assumindo uma nova definição:“O Balanced Scorecard traduz missão e estratégia em objetivos emedi<strong>da</strong>s, organizados segundo quatro perspectivas diferentes:financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado ecrescimento. O scorecard cria uma estrutura, uma linguagem, para<strong>com</strong>unicar a missão e a estratégia, e utiliza indicadores para informaros funcionários so<strong>br</strong>e os vetores do sucesso atual e futuro” (KAPLANe NORTON, 1997, p. 25).35


36E, <strong>com</strong>o a própria estratégia organizacional é algo dinâmico, o conceito doBalanced Scorecard tem sofrido várias evoluções desde a sua origem em 1992 e<strong>com</strong>o forma de ilustrar este desenvolvimento, a Figura 2 retrata estas alterações:Figura 2 – A Evolução do Conceito do Balanced ScorecardFonte: Herrero (2005, p. 27)2.5.2 A Missão e Visão na Estrutura do Balanced ScorecardPara o desenvolvimento do Balanced Scorecard é necessário que a missão evisão <strong>da</strong> organização estejam consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s, uma vez que a metodologia revela umacontínua interação entre estes conceitos, pois to<strong>da</strong> a estrutura estabeleci<strong>da</strong>estratégia, mapa estratégico, objetivos e indicadores decorrem do formalizado nasdeclarações de missão e visão <strong>da</strong> organização (Figura 3):


37Figura 3 – Balanced Scorecard: um processo contínuoFonte: Kaplan e Norton (2004)Destarte, <strong>com</strong>o a estratégia não é um processo gerencial isolado; é uma <strong>da</strong>setapas de um processo contínuo lógico que movimenta to<strong>da</strong> a organização desde adeclaração de missão de alto nível até o trabalho executado pelos empregados <strong>da</strong>linha de frente e de suporte (KAPLAN e NORTON, 2004, p. 34).Recorre-se à afirmação realiza<strong>da</strong> por Oliveira (2002, p. 76) que define:“a missão é a determinação do motivo central do planejamentoestratégico, ou seja, a determinação de onde a empresa quer ir.Corresponde a um horizonte dentro do qual a empresa atua oupoderá atuar. Portanto, a missão representa a razão de ser <strong>da</strong>empresa” (OLIVEIRA, 2002, p. 76).Drucker (1997, p. 4) <strong>com</strong>plementa ao afirmar que uma declaração de missãodeve focalizar aquilo que a instituição tenta realizar, de forma que ca<strong>da</strong> um naorganização possa dizer: “Esta é minha contribuição para a meta”.Já Herrero (2005, p. 45) apresenta as características essenciais de umadeclaração de missão:Descreve o propósito <strong>da</strong> organização;


38Identifica os negócios do qual a organização deve participar no presente eno futuro;Delineia a estratégia que deverá ser segui<strong>da</strong> para gerar valor para osstakeholders;Define o que significa sucesso para os participantes <strong>da</strong> organização; eIncorpora os valores <strong>com</strong>partilhados e os <strong>com</strong>portamentos que aorganização espera de seus colaboradores.No tocante a visão, recorre-se a Oliveira (2002, p. 88) que conceitua a visão<strong>com</strong>o sendo “o que a empresa quer ser”, além disso, esclarece que esta éresponsável pelo delineamento do planejamento estratégico a ser desenvolvido eimplementado pela organização.Já Kaplan e Norton (2004, p. 37), conceituam visão <strong>com</strong>o:“Declaração concisa que define as metas a médio e a longo prazos<strong>da</strong> organização. A visão deve representar a percepção externa, serorienta<strong>da</strong> para o mercado e deve expressar – geralmente em termosmotivadores ou “visionários” – <strong>com</strong>o a organização quer serpercebi<strong>da</strong> pelo mundo” (KAPLAN e NORTON, 2004, p. 37).Em síntese, conclui-se que a missão possibilita a organização obter um sensocrítico so<strong>br</strong>e a sua real existência e a visão orienta o rumo a ser seguido pelaequipe, fazendo <strong>com</strong> que to<strong>da</strong>s as ações empreendi<strong>da</strong>s pela organização tenhamsentido aos seus participantes.2.5.3 Definições e Objetivos do Balanced Scorecard


39A tradução literal do termo Balanced Scorecard significa: “cartão de marcaçãobalanceado”. Tal tradução apresenta aspectos importantes ao entendimento doconceito, sendo:Cartão: por descrever em um único documento a estratégia <strong>da</strong>organização;Marcação: por exibir os indicadores que nortearam a estratégia <strong>da</strong>organização, ou seja, a concentração <strong>da</strong>s ações em áreas de focoespecíficas; eBalanceado: em razão do conceito fun<strong>da</strong>mental do balanced scorecard oequilí<strong>br</strong>io entre os indicadores internos (focados nos processos críticos <strong>da</strong>organização, inovação, aprendizado) e externos (voltados aos clientes eacionistas), além dos indicadores financeiros e não-financeiros.Conforme definições realiza<strong>da</strong>s por Herrero (2005, p. 67) em suaconceituação, o Balanced Scorecard apresenta diferentes <strong>com</strong>ponentes importantesem seu encadeamento lógico e necessários para a <strong>com</strong>preensão <strong>da</strong> metodologia,são elas;Perspectivas de valor: representam a estrutura por meio <strong>da</strong> qual oprocesso de criação de valor para os stakeholders é visualizado. Por meiodesse modelo, a estratégia é traduzi<strong>da</strong> em objetivos que permitem aavaliação <strong>da</strong> performance <strong>da</strong> organização, tomando-se <strong>com</strong>o referência asquatro perspectivas: financeira, dos clientes, dos processos internos e deaprendizado e crescimento;Medi<strong>da</strong>s: ou indicadores permitem avaliar até que ponto as ativi<strong>da</strong>des eações que deveriam estar sendo desenvolvi<strong>da</strong>s na organização estãoprogredindo, sendo <strong>com</strong>pleta<strong>da</strong>s, ou ain<strong>da</strong> merecendo o foco e a atenção


40dos colaboradores <strong>da</strong> organização. As medi<strong>da</strong>s de desempenho, quelevam em consideração o ambiente dos negócios, devem ser deriva<strong>da</strong>s <strong>da</strong>estratégia de negócios e precisam estar encadea<strong>da</strong>s, entre si, nasperspectivas de valor;Metas: permitem avaliar ao longo do tempo a evolução <strong>da</strong> empresa, <strong>da</strong>uni<strong>da</strong>de de negócios, <strong>da</strong> área funcional ou do indivíduo em direção aosobjetivos estratégicos definidos nas quatro perspectivas de valor. As metaspodem ser retrata<strong>da</strong>s por fórmulas (que mostram a relação entre asvariáveis) ou apresenta<strong>da</strong>s por meio de textos que retratem análisesqualitativas, julgamentos, percepções ou insights dos colaboradores deuma organização;Iniciativas: são ações que uma empresa deve realizar nas quatrodimensões do Balanced Scorecard, para alcançar os objetivos estratégicos.As iniciativas devem ser prioriza<strong>da</strong>s em função de seu impacto de curto,médio e longo prazo na geração de valor e fortalecimento <strong>da</strong> posição<strong>com</strong>petitiva <strong>da</strong> empresa;Temas: são blocos de construção <strong>da</strong> estratégia organizacional, quepossibilitam que os objetivos, os indicadores, as metas e as iniciativassejam integrados entre si, por intermédio <strong>da</strong>s relações de causa e efeito,permitindo que as propostas de valor dirigi<strong>da</strong>s aos clientes promovam oalinhamento de todo o fluxo de valor <strong>da</strong> empresa;Mapa estratégico: ou mapa <strong>da</strong> estratégia é uma arquitetura lógica quedefine uma estratégia descrevendo o processo de transformação de ativosintangíveis em resultados tangíveis para os clientes e, por conseguinte, emresultados financeiros; e


41Objetivos estratégicos: expressam a tradução <strong>da</strong> visão de futuro <strong>da</strong>organização em objetivos sumarizados por meio <strong>da</strong> relação de causa eefeito, expressos claramente por intermédio do mapa estratégico.Portanto, para visualizar a lógica estabeleci<strong>da</strong> entre os principais conceitos, aFigura 4 expressa alguns dos <strong>com</strong>ponentes para entendimento <strong>da</strong> relação existente:Figura 4 – Componentes e terminologias do Balanced ScorecardFonte: Symnetics (2003, p. 5)O objetivo primordial do Balanced Scorecard concentra-se no alinhamento eequilí<strong>br</strong>io do planejamento estratégico <strong>com</strong> os quatro processos gerenciais críticos(Figura 5):


42Figura 5 – Gestão Estratégica – Quatro ProcessosFonte: <strong>Costa</strong> (2001, p. 20)Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia: neste processo há oenvolvimento intenso <strong>da</strong> alta administração para construir um consenso emtorno <strong>da</strong> visão <strong>da</strong> organização e <strong>da</strong> estratégia necessária para realizá-la.Tal consenso deverá proporcionar um conjunto integrado de objetivos emedi<strong>da</strong>s que exiba a relação de causa e efeito nas diferentes perspectivasdo negócio, propiciando à organização a transformação de bens ativosintangíveis em ativos tangíveis;Comunicar e associar objetivos e medi<strong>da</strong>s estratégicas: esteprocesso caracteriza-se pela sinergia capaz de impulsionar o desempenhoglobal <strong>da</strong> organização, uma vez que há o esclarecimento <strong>da</strong> conexão entreos objetivos individuais e departamentais. Caracteriza-se, também, porenvolver um contingente maior de pessoas, em que as organizações, emgeral, utiliza-se de três mecanismos para traduzir a estratégia: a)


<strong>com</strong>unicação e educação; b) estabelecimento de objetivos e; c) atribuiçãode re<strong>com</strong>pensas às medi<strong>da</strong>s de desempenho;43Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas: nesteprocesso, o objetivo principal é o estabelecimento de metas que induzam àmu<strong>da</strong>nça organizacional, permitindo a integração dos planos corporativos<strong>com</strong> os financeiros por meio <strong>da</strong>s perspectivas de valor alinha<strong>da</strong>s àestratégia <strong>da</strong> organização; eMelhorar o feedback e o aprendizado estratégico: este processo éincorporado a um contexto de aprendizado estratégico que permite aorganização modificar suas estratégias em decorrência <strong>da</strong>s experiênciasvivencia<strong>da</strong>s. É também, neste processo, que ocorre o monitoramento dosresultados de curto prazo por meio dos aspectos: financeiros, de clientes,processos internos, recursos humanos e sistema de informação.2.5.4 Perspectivas do Balanced ScorecardAs metas específicas de curto prazo e as medi<strong>da</strong>s de desempenho sãodividi<strong>da</strong>s em quatro perspectivas que influenciam na estratégia organizacional,possibilitando quando integra<strong>da</strong>s uma análise e visão holística <strong>da</strong> situação atual,permitindo à organização prospectar um cenário de previsão futura por meio <strong>da</strong>smedi<strong>da</strong>s estabeleci<strong>da</strong>s (vetores e indicadores de resultado).A estrutura básica do Balanced Scorecard, segundo Kaplan e Norton (1997,p. 46) está distribuí<strong>da</strong> na seguinte forma:Perspectiva Financeira;Perspectiva de Clientes;


44Perspectiva de Processos Internos; ePerspectiva do Aprendizado e Conhecimento.A Figura 6 expressa melhor este raciocínio, exibindo a interdependência entreestas perspectivas.Figura 6 - As perspectivas de valor do Balanced ScorecardFonte: Herrero (2005, p. 31).Estas perspectivas do Balanced Scorecard possuem em seu centro a missãoe a visão organizacional <strong>com</strong>o seu alicerce, criando assim, o equilí<strong>br</strong>io interno eexterno para a organização, possibilitando-lhe traduzir suas estratégiasorganizacionais e conseqüente materialização de suas ações institucionais.Kaplan e Norton (1997, p. 35) ressaltam, ain<strong>da</strong>, que, dependendo <strong>da</strong>scircunstâncias do setor e <strong>da</strong> estratégia de uma uni<strong>da</strong>de de negócios, é possível queseja preciso agregar uma ou mais perspectivas <strong>com</strong>plementares.


452.5.4.1 Perspectiva FinanceiraNo contexto empresarial, as medi<strong>da</strong>s financeiras indicam se as organizaçõesestão obtendo sucesso <strong>com</strong> as estratégias defini<strong>da</strong>s, implementa<strong>da</strong>s e executa<strong>da</strong>s.Em termos gerais, esse êxito é medido pela sua lucrativi<strong>da</strong>de, pelo seu crescimentoe pelo incremento do valor para os acionistas.De acordo <strong>com</strong> Kaplan e Norton (1997, p. 26) o Balanced Scorecard:“conserva a perspectiva financeira, visto que as medi<strong>da</strong>s financeirassão valiosas para sintetizar as conseqüências econômicas imediatasde ações consuma<strong>da</strong>s” (KAPLAN e NORTON, 1997, p. 26).Depreende-se, portanto, que as medi<strong>da</strong>s financeiras são uma formatradicional para avaliar as ações <strong>da</strong>s organizações.Kaplan e Norton (1997, p. 49) <strong>com</strong>plementam este raciocínio afirmando que:“Os objetivos financeiros servem de foco para os objetivos e medi<strong>da</strong>s<strong>da</strong>s outras perspectivas do scorecard. Qualquer medi<strong>da</strong> seleciona<strong>da</strong>deve fazer parte de uma cadeia de relações de causa e efeito queculminam <strong>com</strong> a melhoria do desempenho financeiro” (KAPLAN eNORTON, 1997, p. 26).Assim, a estrutura conceitual do Balanced Scorecard permite a organizaçãovincular os objetivos financeiros à estratégia <strong>da</strong> organização, em que qualquerindicador selecionado deve fazer parte de uma cadeia de causa e efeito que culminena melhoria de desempenho financeiro (Figura 7).


46Figura 7 - Relações de causa e efeito <strong>da</strong>s perspectivas do Balanced ScorecardFonte: Averson (2005, p. 59)Conforme Hernandes et al. (2000, p. 3) na escolha de indicadores financeirosa serem usados no Balanced Scorecard, deve-se ter em mente dois objetivos:1. Definir o desempenho financeiro esperado <strong>da</strong> estratégia; e2. Servir de meta principal para os objetivos e medi<strong>da</strong>s de to<strong>da</strong>s as outrasperspectivas do Balanced Scorecard.Kaplan e Norton (1997, p. 53) apontam três estágios no ciclo de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>sorganizações, são eles (Quadro 2):1. Crescimento;2. Sustentação; e3. Colheita.


47TEMAS ESTRATÉGICOSAumento e mix de receitaRedução de custose aumento <strong>da</strong>produtivi<strong>da</strong>deUtilização de ativosCrescimento- Aumento de taxa de ven<strong>da</strong>s porsegmento- Percentual de receita gerado pornovos produtos, serviços e clientes- Receita/funcionário- Investimento(percentual de ven<strong>da</strong>s)- P&D (percentual deven<strong>da</strong>s)ESTRATÉGIASatisfação-Fatia de clientes e contas-alvo- Ven<strong>da</strong>s cruza<strong>da</strong>- Percentual <strong>da</strong> receita gerado pornovas aplicações- Lucrativi<strong>da</strong>de por cliente linhas deprodutosCustos versus custosconcorrentes- Taxa de redução decustos- Despesas indiretas(percentual deven<strong>da</strong>s)- Índices de capital degiro (ciclo de caixa acaixa)- ROCE por categoriachave de ativo- Taxa de utilização deativoColheita- Lucrativi<strong>da</strong>de por clientes e linhas deprodutos- Percentual de clientes não-lucrativos- Custos unitários (poruni<strong>da</strong>de de produção,por transação)- Retorno- Rendimento(throughput)Quadro 2 - Medição dos temas financeiros estratégicosFonte: Kaplan e Norton (1997, p. 55)No estágio de “crescimento”, as organizações encontram-se na fase inicial deseu desenvolvimento e possuem produtos e serviço <strong>com</strong> significativo potencial decrescimento. Enfatizarão o crescimento <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s, os novos mercados e novosconsumidores, os novos produtos e novos serviços, os sistemas, a capacitação defuncionários, o estabelecimento de novos canais de marketing de ven<strong>da</strong>s edistribuição. Nesta fase, as organizações podem até operar <strong>com</strong> fluxo de caixanegativo e baixas taxas de retorno so<strong>br</strong>e o capital investido. (KAPLAN e NORTON,1997, p. 50)No estágio de “sustentação”, a maioria <strong>da</strong>s organizações estabelece metasvisando a lucrativi<strong>da</strong>de, visando ampliar a capaci<strong>da</strong>de em busca <strong>da</strong> melhoriacontínua. Nesta fase, enfatizam as medi<strong>da</strong>s financeiras tradicionais (retorno so<strong>br</strong>e ocapital investido, lucro operacional e margem <strong>br</strong>uta).


48Basicamente, os investimentos em projetos, nesta fase, são avaliados poranálises padrões, fluxo de caixa descontado, orçamento de capital, valor econômicoagregado e incremento de valor para o acionista.O estágio de “colheita” caracteriza-se pela ênfase atribuí<strong>da</strong> ao fluxo de caixa,neste estágio os investimentos não são significativos e objetivam a maximização doretorno so<strong>br</strong>e o investimento. Os gastos <strong>com</strong> desenvolvimento e pesquisas sãoescassos, pois o ciclo de negócio está em sua fase final.De acordo <strong>com</strong> Kaplan e Norton (1997, p. 53), nos estágios doempreendimento organizacional a estratégia é nortea<strong>da</strong> por três temas financeirosfocados pela organização, a saber: crescimento e mix de receita; redução de custose aumento de produtivi<strong>da</strong>de; utilização de ativos e estratégia de investimentos.Tais temas podem ser aplicados em qualquer um dos estágios anteriores. Jáas medi<strong>da</strong>s financeiras é que serão diferentes de acordo <strong>com</strong> o caso e os objetivosfinanceiros de longo prazo deverão nortear as ações relaciona<strong>da</strong>s aos quatrodiferentes processos.2.5.4.2 Perspectiva de ClientesPara Campos (1998, p. 42) a satisfação e retenção do cliente e o foco nomercado são as forças que impulsionam as organizações que desejam so<strong>br</strong>eviver eprogredir. Assim, por intermédio desta afirmação, pode-se inferir a relevância <strong>da</strong>perspectiva de clientes para a consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s estratégias organizacionais.A perspectiva de clientes permite às organizações alinharem suas medi<strong>da</strong>sessenciais de resultado relaciona<strong>da</strong>s aos clientes (satisfação, fideli<strong>da</strong>de, retenção,captação e lucrativi<strong>da</strong>de) <strong>com</strong> os segmentos específicos de clientes e mercados que


desejam atender; através <strong>da</strong> identificação clara e avaliação <strong>da</strong>s propostas de valordirigi<strong>da</strong> a esses segmentos. (KAPLAN e NORTON, 1997, p. 67)Kaplan e Norton (1997, p. 68) acrescentam que a perspectiva dos clientesscorecard traduz a missão e estratégia <strong>da</strong> empresa em objetivos específicos parasegmentos focalizados de clientes e mercados que pode ser <strong>com</strong>unica<strong>da</strong> a to<strong>da</strong> aorganização.Nesta perspectiva, a organização desenvolve a capaci<strong>da</strong>de de identificar osatributos de “valor” percebido pelos clientes, por intermédio do conhecimento que eladesenvolverá por meio <strong>da</strong> coleta, análise, tratamento e uso <strong>da</strong>s informações so<strong>br</strong>eseus clientes alvo.Depreende-se, portanto, que nesta perspectiva a organização desenvolve acapaci<strong>da</strong>de de reconhecer as necessi<strong>da</strong>des e aspirações e desejos de seus clientesalvo no tocante aos produtos e serviços ofertados, permitindo que esteconhecimento seja <strong>com</strong>partilhado <strong>com</strong> to<strong>da</strong> a organização.Olve; Roy; Wetter (2001, p. 66) acreditam que a perspectiva de clientes é:“o coração do scorecard. Se a <strong>com</strong>panhia falhar na entrega dosprodutos e serviços certos, satisfazendo as necessi<strong>da</strong>des de custosdo cliente <strong>com</strong> eficiência, tanto no curto <strong>com</strong>o no longo prazo, nãohaverá geração de ren<strong>da</strong> e o negócio vai definhar e morrer” (OLVE;ROY; WETTER, 2001, p. 66).Embora as propostas de valor variem de acordo <strong>com</strong> a especifici<strong>da</strong>de demercado e ativi<strong>da</strong>de, Kaplan e Norton (1997, p. 77-80) identificaram a existência deum conjunto <strong>com</strong>um de atributos divididos em três categorias, conforme Figura 8.49Figura 8 – Modelo genérico <strong>da</strong> proposta de valorFonte: Kaplan e Norton (1997, p. 79)


50Atributos dos produtos e serviços: englobam a funcionali<strong>da</strong>de doproduto - serviço, preço e quali<strong>da</strong>de;Imagem e reputação: reflete os fatores intangíveis que atraem um clientepara a empresa. Por meio <strong>da</strong> publici<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de dos produtos eserviços oferecidos, algumas empresas conseguem a fideli<strong>da</strong>de dosclientes; eRelacionamento <strong>com</strong> clientes: <strong>com</strong>preende a entrega do produto ouserviço ao cliente, inclusive a dimensão do tempo de resposta e entrega e oconforto do cliente na relação de <strong>com</strong>pra.No tocante ao grupo de medi<strong>da</strong>s essenciais de resultados estas derivam <strong>da</strong>spropostas de valor e são <strong>com</strong>uns a todos os tipos de empresa, conforme Quadro 3:OBJETIVOS<strong>DE</strong>SCRIÇÃOParticipação no mercadoCaptação de clientesRetenção de clientesSatisfação dos clientesLucrativi<strong>da</strong>de dos clientesReflete a proporção de negócios num determinadomercado (em termos de clientes, valores gastos ouvolume unitário vendido).Mede, em termos absolutos e relativos, aintensi<strong>da</strong>de <strong>com</strong> que uma uni<strong>da</strong>de de negóciosatrai ou conquista novos clientes de negócios.Controla, em termos absolutos e relativos <strong>com</strong> queuma uni<strong>da</strong>de de negócios retém ou mantémrelacionamentos contínuos <strong>com</strong> seus clientes.Mede o nível de satisfação dos clientes de acordo<strong>com</strong> critérios específicos de desempenho dentro <strong>da</strong>proposta de valor.Mede o lucro líquido por segmentos, depois dededuzi<strong>da</strong>s as despesas específicas necessáriaspara sustentar estes clientes.Quadro 3 – Medi<strong>da</strong>s essenciais <strong>da</strong> perspectiva do clienteFonte: Kaplan e Norton (1997, p. 72)A Figura 9 apresenta uma ilustração para demonstrar a estreita relação entreas medi<strong>da</strong>s essenciais <strong>da</strong> perspectiva do cliente.


51Figura 9 – Perspectiva do ClienteFonte: Kaplan e Norton (1997, p. 72)Em síntese, a identificação correta dos objetivos <strong>da</strong> perspectiva do cliente eatributos <strong>da</strong> proposta de valor direciona a escolha dos objetivos <strong>da</strong> dimensão deprocessos internos (KALLÁS, 2005, p. 13-14).2.5.4.3 Perspectiva de Processos InternosO foco desta perspectiva relaciona-se <strong>com</strong> o que a organização deve realizarinternamente para satisfazer às expectativas de seus clientes e dos demaisinteressados. Em síntese, é basicamente uma análise dos processos internos naorganização, através <strong>da</strong> identificação dos recursos e <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong>des necessáriaspara elevar o nível interno de quali<strong>da</strong>de (KALLÁS, 2003, p. 43-44).Nesta perspectiva, o questionamento que orienta to<strong>da</strong> a cadeia de valor derelacionamento <strong>com</strong> as demais perspectivas <strong>da</strong> estrutura do Balanced Scorecard,incluindo os seus respectivos indicadores e medi<strong>da</strong>s, é: “Para satisfazer nossos


52clientes e nossos acionistas em que processos de negócio devemos exceder emexcelência?”Assim, decorre deste questionamento uma auto-análise que proporciona àorganização identificar os processos internos críticos nos quais deverá serexcelente, e por intermédio <strong>da</strong> afirmação de Kaplan e Norton (1997, p. 97), servepara a perspectiva dos processos internos <strong>da</strong> empresa, os executivos identificam osprocessos mais críticos para a realização dos objetivos dos clientes e acionistas.Como ca<strong>da</strong> organização utiliza-se de um conjunto específico de processo<strong>com</strong> o intuito de agregar valor aos produtos e serviços oferecidos ao cliente e, assim,produzir os resultados financeiros almejados; o Balanced Scorecard apresenta umacadeia de valor genérica que permite às organizações a<strong>da</strong>ptarem-se e constituirperspectivas de processo interno diferente do modelo apresentado na metodologia.Tais processos possibilitam à organização oferecer propostas de valorcapazes de atrair e reter clientes nos segmentos selecionados, bem <strong>com</strong>o satisfazeras expectativas dos demais interessados.No modelo estabelecido pelos autores figuram três processos principais(Figura 10):Figura 10 – Modelo <strong>da</strong> cadeia de valor para os processos internosFonte: Kaplan e Norton (1997, p. 102)1. Inovação (criação de produtos e serviços): a organização devepesquisar a necessi<strong>da</strong>de real e futura dos clientes-alvo e em segui<strong>da</strong>


53desenvolver os produtos e serviços que deverão satisfazer àsnecessi<strong>da</strong>des mapea<strong>da</strong>s;2. Operações (produção e <strong>com</strong>ercialização): que inclui a produção, devesepreocupar em disponibilizar os produtos e serviços desenvolvidosdurante o processo de inovação. Ressaltam-se, neste processo medi<strong>da</strong>soperacionais genéricas, <strong>com</strong>o: custo, quali<strong>da</strong>de e tempo de resposta.Este processo foca a eficiência, a regulari<strong>da</strong>de e a pontuali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>entrega dos produtos, pois inicia-se <strong>com</strong> o recebimento do pedido de umcliente e termina <strong>com</strong> a entrega do produto ou serviço; e3. Serviços de pós-ven<strong>da</strong> (suporte ao consumidor após a ven<strong>da</strong>): nestaetapa estão incluí<strong>da</strong>s a garantia e os reparos, a correção de defeitos, adevolução e o processamento dos pagamentos e possui considerávelinfluência so<strong>br</strong>e a imagem e reputação <strong>da</strong> organização na cadeia de valordo cliente.Assim, por intermédio do desenho <strong>da</strong> cadeia de valor, é possível aidentificação dos processos críticos, permitindo a seleção dos indicadores dedesempenho que melhor meçam estes processos internos, baseados em custos,quali<strong>da</strong>de e tempo.2.5.4.4 Perspectiva do Aprendizado e CrescimentoA quarta perspectiva identifica a infra-estrutura (pessoas, sistemas eprocessos organizacionais) que a organização deve construir para gerar crescimentoe melhoria no longo prazo, uma vez que seria muito difícil atingir as metas de longo


prazo para clientes e processos internos utilizando as tecnologias e as capaci<strong>da</strong>desatuais ou ultrapassa<strong>da</strong>s. (FRANCISCHINI e SOUZA, 2002, p. 30)Nesta perspectiva desenvolvem-se os objetivos e medi<strong>da</strong>s para orientar oaprendizado e o crescimento organizacional. Estes objetivos oferecem a infraestruturaque possibilita a consecução dos objetivos <strong>da</strong>s perspectivas anteriores(financeira, de clientes e de processos internos), sendo estes vetores de resultado,traduzindo-se, em investimentos na capacitação dos colaboradores, em sistemas eprocessos organizacionais. (KAPLAN e NORTON, 1997, p. 131)Uma organização sem a dimensão do fator humano bem-sucedido fará <strong>com</strong>que as demais ativi<strong>da</strong>des de criação de valor não dêem certo, independentementedo nível de sofisticação tecnológica. (EDVINSSON E MALONE, 1998, p. 61).As medi<strong>da</strong>s basea<strong>da</strong>s nos funcionários incluem medi<strong>da</strong>s genéricas:satisfação dos funcionários, retenção, treinamento e habili<strong>da</strong>des e direcionadoresespecíficos dessas medi<strong>da</strong>s, <strong>com</strong>o: índices detalhados de habili<strong>da</strong>des específicasrequeri<strong>da</strong>s pelo novo ambiente <strong>com</strong>petitivo.Nesta perspectiva, o questionamento a ser realizado é: “para alcançarmos avisão de futuro, <strong>com</strong>o sustentaremos a habili<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>r e melhorar?”Entretanto, os autores Kaplan e Norton (1997, p. 149-150) ressaltam que:“muitas empresas já possuem excelentes pontos de parti<strong>da</strong> notocante a medi<strong>da</strong>s específicas para os seus objetivos financeiros, dosclientes, de inovação e de processos operacionais. Mas no que serefere a indicadores específicos relativos à habili<strong>da</strong>de dosfuncionários, disponibili<strong>da</strong>de de informações estratégicas ealinhamento organizacional, as empresas praticamente ignoram amedição dos resultados ou dos vetores dessas capaci<strong>da</strong>des. Essalacuna é frustrante, já que uma <strong>da</strong>s metas mais importantes para aadoção do Balanced Scorecard <strong>com</strong>o ferramenta de gestão econtrole é promover o crescimento <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong>des individuais eorganizacionais” (KAPLAN e NORTON, 1997, p. 149-150).54


2.5.5 Integração do Balanced Scorecard entre as QuatroPerspectivas55O Balanced Scorecard deve expressar fielmente a estratégia global <strong>da</strong>organização de modo que a sua estrutura expresse claramente as relações(hipóteses) entre os objetivos (medi<strong>da</strong>s) nas diversas perspectivas, proporcionandoo gerenciamento e vali<strong>da</strong>ção de seus indicadores.Destarte, a integração entre as perspectivas é estabeleci<strong>da</strong> entre trêsprincípios básicos que são vitais à realização <strong>da</strong> estratégia organizacional econseqüente desenvolvimento de um Balanced Scorecard adequado, são eles(COSTA, 2001, p. 39):Relações de causa e efeito: o relacionamento de causa e efeito devepermear to<strong>da</strong>s as perspectivas do Balanced Scorecard de modo aexplicitar a história <strong>da</strong> estratégia.Suponha-se, por exemplo, que o Scorecard financeiro escolhido seja o valoreconômico adicionado e que o seu vetor de desempenho tenha sido manter ouaumentar as ven<strong>da</strong>s a consumidores existentes. Assim, a leal<strong>da</strong>de do consumidordeve <strong>com</strong>por o scorecard na perspectiva do cliente <strong>com</strong>o vetor do valor econômicoadicionado. E que a organização fará para conseguir a leal<strong>da</strong>de dos consumidores?Uma análise <strong>da</strong>s preferências do consumidor poderá revelar que o tempo de entregaé um fator muito importante.Espera-se então que, <strong>com</strong> um menor tempo de entrega aumentará a leal<strong>da</strong>dedos consumidores, melhorando o desempenho financeiro. Com essa relação, otempo de entrega também é incorporado ao scorecard na perspectiva do cliente, e oprocesso se <strong>com</strong>pletaria junto às outras perspectivas de clientes e aprendizado e


crescimento por meio de questionamentos que a organização realizaria para atingirexcelência no tempo de entrega.56Vetores de desempenho: um bom Balanced Scorecard deve expressaruma <strong>com</strong>binação adequa<strong>da</strong> de resultados (indicadores de ocorrências) eimpulsionadores de desempenho (indicadores de tendência) ajustados àestratégia <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de negócios.Assim, as medi<strong>da</strong>s de resultado e os vetores de desempenho devemexpressar a maneira <strong>com</strong>o os resultados serão alcançados, bem <strong>com</strong>o oferecer umaclara indicação de <strong>com</strong>o está o an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> estratégia. Tais medi<strong>da</strong>s ouindicadores de ocorrências medem os resultados essenciais (lucrativi<strong>da</strong>de,participação de mercado, satisfação dos clientes, relevância e contribuição social deseus projetos, no caso de instituições sem fins lucrativos).Já os vetores de desempenho, representados por indicadores de ocorrências,expressam <strong>com</strong>o um determinado resultado estabelecido poderá ser atingido e, namaioria <strong>da</strong>s vezes, são específicos para determina<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de negócios porexpressarem a singulari<strong>da</strong>de de sua estratégia (lucrativi<strong>da</strong>de, opção por segmentode mercado, processos internos específicos e os objetivos de aprendizado ecrescimento que oferecerão proposta de valor a segmentos específicos de clientes emercados).Em síntese, a estratégia traça<strong>da</strong> deve representar a adequa<strong>da</strong> <strong>com</strong>binaçãode resultados (indicadores de fatos) e vetores de desempenho (indicadores detendências).Relação <strong>com</strong> fatores financeiros: as relações causais de to<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>sincorpora<strong>da</strong>s ao scorecard devem estar vincula<strong>da</strong>s a objetivos financeiros.Entretanto, no caso específico de organizações do terceiro setor, sem fins


57lucrativos, estes objetivos apesar de importantes não devem so<strong>br</strong>epor-se aosobjetivos sociais almejados pela organização. No entanto, é aconselhávelobjetivar o equilí<strong>br</strong>io <strong>com</strong>o forma de propiciar a continui<strong>da</strong>de de suas ações,pois muitas vezes os seus resultados sociais dependem do orçamento e sãoobservados em função <strong>da</strong> satisfação dos clientes.Assim sendo, o Balanced Scorecard deve ser mais que uma <strong>com</strong>binação demedi<strong>da</strong>s financeiras e não-financeiras agrupa<strong>da</strong>s em quatro perspectivas. Deveexpressar a narrativa <strong>da</strong> estratégia <strong>da</strong> organização, por meio <strong>da</strong> integração <strong>da</strong>smedi<strong>da</strong>s de resultados <strong>com</strong> os vetores de desempenho por meio de várias relaçõesde causa e efeito.Em que as medi<strong>da</strong>s de resultados (indicadores de ocorrência) indicam osobjetivos maiores <strong>da</strong> estratégia e se as iniciativas de curto prazo geraram osresultados desejáveis. E as medi<strong>da</strong>s dos vetores de desempenho (indicadores detendência) indicam a to<strong>da</strong> a organização para o que deve ser feito hoje a fim de criarvalor no futuro (KAPLAN e NORTON, 1997, p. 173).2.5.6 O Processo de Construção do Balanced Scorecard segundo avisão de Kaplan e NortonKaplan e Norton (1997), ao descreverem a metodologia de aplicação doBalanced Scorecard, apresentaram um plano sistemático de construção, distribuídoem quatro fases subdividi<strong>da</strong>s em algumas tarefas especificas:Definição <strong>da</strong> arquitetura de indicadores;Consenso em função dos objetivos estratégicos;Escolha e elaboração dos indicadores; eElaboração do Plano de Implementação.


58Entretanto, os autores evidenciam que ca<strong>da</strong> organização apresentacaracterísticas próprias e em decorrência disto o plano de construção do BalancedScorecard não deve desconsiderar estas especifici<strong>da</strong>des (KAPLAN e NORTON,1997, p. 314).Na fase de definição <strong>da</strong> arquitetura de indicadores os autores subdividem naem duas tarefas distintas que consistem em:Tarefa 1 - Selecionar a uni<strong>da</strong>de organizacional adequa<strong>da</strong>: consiste emselecionar uma uni<strong>da</strong>de estratégica de negócio que desenvolva ativi<strong>da</strong>des<strong>com</strong>pletas de uma cadeia de valor: inovação, operações, marketing,ven<strong>da</strong>s e serviços; eTarefa 2 - Identificar as relações entre a uni<strong>da</strong>de de negócios e acorporação: objetiva dotar o responsável pelo projeto de conhecimentoso<strong>br</strong>e o relacionamento <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de <strong>com</strong> outras áreas <strong>da</strong> organização,além de sua estrutura divisional e corporativa de forma a subsidiá-lo nasanálises que este realizará. Nesta etapa o arquiteto realizará entrevistas<strong>com</strong> os principais executivos <strong>da</strong> organização de maneira a obterinformações so<strong>br</strong>e:- os objetivos financeiros <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de (crescimento, lucrativi<strong>da</strong>de, fluxo decaixa);- os principais temas corporativos (meio ambiente, segurança, recursoshumanos, relações <strong>com</strong> a socie<strong>da</strong>de, quali<strong>da</strong>de, <strong>com</strong>petitivi<strong>da</strong>de depreços entre outros); e- relações <strong>com</strong> outras áreas (<strong>com</strong>petências essenciais, clientes <strong>com</strong>uns,relacionamento <strong>com</strong> fornecedores e clientes internos).


No tocante, ao consenso em função dos objetivos estratégicos, surgem novastarefas seqüenciais a serem desenvolvi<strong>da</strong>s, são elas:59Tarefa 3 – Realizar a primeira série de entrevistas: para as entrevistasé preparado um material básico so<strong>br</strong>e o Balanced Scorecard <strong>com</strong>documentos internos <strong>da</strong> organização so<strong>br</strong>e a visão, a missão e aestratégia organizacional que serão distribuídos a ca<strong>da</strong> executivoparticipante do projeto. Tais informações disponibiliza<strong>da</strong>s são<strong>com</strong>plementa<strong>da</strong>s <strong>com</strong> informações específicas so<strong>br</strong>e o setor e o ambienteem que a organização está inseri<strong>da</strong> (dimensão de mercado, concorrência,preferência de clientes, inovações tecnológicas).Depois que os executivos analisarem o material, o responsável pelo projetoinicia a primeira série de entrevistas que consiste em:- Comunicar o conceito do Balanced Scorecard;- Responder as in<strong>da</strong>gações so<strong>br</strong>e o conceito;- Obter informações so<strong>br</strong>e a estratégia <strong>da</strong> organização e saber <strong>com</strong>o isso setraduz em objetivos e medi<strong>da</strong>s para o scorecard;- Induzir a organização à reflexão so<strong>br</strong>e a estratégia;- Reconhecer os potenciais conflitos internos entre os participantes <strong>da</strong>organização; e- Conhecer as principais preocupações dos executivos <strong>da</strong> organização.Tarefa 4 – Sessão de síntese: após a etapa anterior, ocorre a sessão desíntese que consiste na reunião dos mem<strong>br</strong>os <strong>da</strong> equipe de projeto paradiscussão dos resultados <strong>da</strong>s ro<strong>da</strong><strong>da</strong>s de entrevistas, impressões,percepções e preparação de relação preliminar de objetivos e medi<strong>da</strong>sclassificados nas quatro perspectivas que servirão de base para a


primeira reunião <strong>com</strong> a alta administração (Kaplan e Norton, 1997, p.317).60Tarefa 5 – Workshop Executivo: Primeira Etapa: em geral é realiza<strong>da</strong>uma reunião <strong>com</strong> a alta administração para iniciação de um processo deconsenso em relação ao scorecard.Kaplan e Norton (1997, p. 318) descrevem que:“durante o workshop, o arquiteto facilita um debate de grupo so<strong>br</strong>e asdeclarações de missão e estratégia, até que seja alcançado umconsenso. O grupo passa então a responder à pergunta: Se eu forbem sucedido na minha visão e estratégia, de que maneira o meudesempenho será diferente para os acionistas, para os clientes, paraos processos internos <strong>da</strong> empresa e para minha capaci<strong>da</strong>de decrescer e melhorar? Ca<strong>da</strong> perspectiva é abor<strong>da</strong><strong>da</strong> de formaseqüencial” (KAPLAN e NORTON, 1997, p. 318).Também nesta etapa, o responsável pelo projeto exibe os objetivospropostos, suas classificações e as citações obti<strong>da</strong>s nas entrevistas (KAPLAN eNORTON, 1997, p. 318).Desta forma, os participantes deliberam so<strong>br</strong>e as questões intrínsecas aosobjetivos e medi<strong>da</strong>s identificados.Após este debate a equipe executiva deve ser dividi<strong>da</strong> em subgrupos queficarão responsáveis por uma perspectiva específica e terão a tarefa de aprofun<strong>da</strong>ras análises e obter um consenso.Ao final do workshop a equipe executiva deverá ter identificado um grupo detrês a quatro objetivos estratégicos para ca<strong>da</strong> perspectiva e apresentado relatório<strong>com</strong> uma descrição detalha<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> objetivo identificado bem <strong>com</strong>o uma lista deindicadores potenciais para ca<strong>da</strong> objetivo (KAPLAN e NORTON, 1997, p. 319).Realiza<strong>da</strong> a reunião, o arquiteto deverá preparar e distribuir um documentosintetizando as conclusões em relação ao realizado.Na etapa de escolha e elaboração dos indicadores, as tarefas desenvolvi<strong>da</strong>stambém seqüenciais, são:


61Tarefa 6 – Reuniões dos Subgrupos: neste momento o responsávelpelo projeto realizará várias reuniões <strong>com</strong> os subgrupos do projeto emque estes terão quatro objetivos principais, conforme afirmam os autoresKaplan e Norton (1997, p. 319):1. Refinar a descrição dos objetivos estratégicos, de acordo <strong>com</strong> asintenções expressas no primeiro workshop executivo.2. Para ca<strong>da</strong> objetivo, identificar o indicador ou indicadores quemelhor captam e <strong>com</strong>unicam a intenção do objetivo.3. Para ca<strong>da</strong> indicador proposto, identificar as fontes <strong>da</strong>s informaçõesnecessárias e as ações que podem ser necessárias para tornaressas informações acessíveis.4. Para ca<strong>da</strong> perspectiva, identificar as relações críticas entre osindicadores dessa perspectiva, bem <strong>com</strong>o entre ela e as outrasperspectivas do scorecard. Tentar identificar de que maneira ca<strong>da</strong>medi<strong>da</strong> influencia a outra (KAPLAN e NORTON, 1997, p. 319).Também nesta fase o responsável pelo projeto deverá expor o seuconhecimento so<strong>br</strong>e a estrutura do Balanced Scorecard nas quatro perspectivas,suas relações entre os indicadores e a conseqüente relação de causa e efeito quedeve nortear todo o encadeamento lógico <strong>da</strong> metodologia de forma a expressarclaramente a estratégia organizacional pretendi<strong>da</strong>.Ao término desta fase, os subgrupos deverão ter chegado a um consensoso<strong>br</strong>e o resultado final que consiste em:- Apresentar lista de objetivos para a perspectiva, a<strong>com</strong>panha<strong>da</strong> de descriçãodetalha<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> objetivo;- Descrição dos indicadores para ca<strong>da</strong> objetivo identificado;-Apresentar ilustração de <strong>com</strong>o ca<strong>da</strong> indicador poderá ser quantificado eapresentado; e- Apresentar visualização gráfica que expresse o inter-relacionamento dosindicadores dentro de ca<strong>da</strong> perspectiva e nas quatro perspectivas.Tarefa 7 – Workshop Executivo e a Segun<strong>da</strong> etapa: após a tarefa anterior,um segundo workshop deverá ser realizado envolvendo a equipe de alta


62administração e um contingente maior de gerentes e subordinados de nívelmédio para discussão <strong>da</strong> visão, <strong>da</strong> estratégia e dos objetivos e indicadoresconsoli<strong>da</strong>dos ao final dos trabalhos dos subgrupos.Nesta fase, os resultados finais devem ser apresentados pelos executivos dossubgrupos <strong>com</strong>o forma de desenvolver um senso de proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> equipe e assimbuscar o <strong>com</strong>prometimento máximo <strong>da</strong> organização.Na fase de elaboração do plano de implementação as tarefas finais aoprocesso de construção do Balanced Scorecard são:Tarefa 8 – Desenvolver o Plano de Implementação: nesta etapa deveráser constituí<strong>da</strong> uma nova equipe <strong>com</strong>posta pelos executivos líderes deca<strong>da</strong> subgrupo que formalizará as metas de superação e desenvolverá oplano de implementação para to<strong>da</strong> a organização, vinculando as métricasde desempenho esperado em um processo top-down 2 de forma a ligar asdecisões de executivas de alto escalão aos níveis operacionais.Tarefa 9 – Workshop Executivo e a Terceira Etapa: sendo esta apenúltima etapa do processo de desenvolvimento do Balanced Scorecardé a realização de um terceiro workshop que deverá chegar a uma decisãofinal so<strong>br</strong>e a visão, aos objetivos e aos indicadores desenvolvidos aolongo <strong>da</strong>s duas primeiras reuniões realiza<strong>da</strong>s. Neste workshop executivoos objetivos são:- Identificar os programas de ações iniciais para alcance <strong>da</strong>s metasestabeleci<strong>da</strong>s;- Alinhar as várias iniciativas de mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de aos objetivos,indicadores e metas do scorecard;2 De cima para baixo.


63- Obter consenso so<strong>br</strong>e a forma <strong>com</strong>o deverá ser implementado oBalanced Scorecard objetivando <strong>com</strong>unicar e integrar o scorecard àorganização e sua filosofia gerencial; e- Desenvolver um sistema de informações que subsidie o scorecard.Tarefa 10 – Finalizar o Plano de Implementação: nesta última fase paracriar valor, o Balanced Scorecard deve ser integrado ao sistema gerencial<strong>da</strong> organização.Assim, re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>m que os executivos desenvolvam plano de implementaçãoprogressivo e realizem os ajustes necessários nos sistemas de informaçõesgerenciais durante o processo de implantação.


643 METODOLOGIAPara a consecução dos objetivos do estudo, foi adota<strong>da</strong> uma abor<strong>da</strong>gemmetodológica empírico-analítica, por meio <strong>da</strong> condução de um estudo de caso emuma organização do terceiro setor, sedia<strong>da</strong> no município de Caraguatatuba – LitoralNorte do Estado de São Paulo, contemplando uma pesquisa descritiva, que objetiva<strong>com</strong>preender a gestão <strong>da</strong> organização analisa<strong>da</strong> e a confrontação dos <strong>da</strong>dosobtidos <strong>com</strong> as teorias e postulados acadêmicos.Segundo Goldenberg (1997, p. 33), o estudo de caso:“Vem de uma tradição <strong>da</strong> pesquisa médica e psicológica, na qual serefere a uma análise detalha<strong>da</strong> de um caso individual que explica adinâmica e patologia de uma doença. A<strong>da</strong>ptado <strong>da</strong> tradição médica,o Estudo de Caso tornou-se uma <strong>da</strong>s principais mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des depesquisa qualitativa em ciências sociais” (GOL<strong>DE</strong>NBERG, 1997, p.33).Como se sabe, a técnica de pesquisa qualitativa denomina<strong>da</strong> Estudo de Casonão é orienta<strong>da</strong> por um esquema rígido de etapas e ações. To<strong>da</strong>via, conformelem<strong>br</strong>am Martins e Lintz (1999, p. 12), podem se estabeleci<strong>da</strong>s duas fases para suaconsecução não mutuamente exclusivas: exploratória, delimitação do estudo eanálise sistemática e re<strong>da</strong>ção do relatório.1. Fase Exploratória: foi orienta<strong>da</strong> por levantamento inicial quepossibilitasse <strong>com</strong>preender a gestão <strong>da</strong> organização em estudo, tendo emvista os objetivos preliminares colimados; e2. Análise dos documentos e de <strong>da</strong>dos internos <strong>da</strong> organização: paraconhecer sua estrutura, cultura organizacional e contextualização dosprocessos e ativi<strong>da</strong>des e para desenvolvimento <strong>da</strong> estrutura de elementosfun<strong>da</strong>mentais dos objetivos e medi<strong>da</strong>s dentro de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s quatro


65perspectivas do Balanced Scorecard: financeira, do cliente, dos processosinternos e do aprendizado e crescimento.A estratégia de obtenção de informações e <strong>da</strong>dos não assumiu contornosmuito rigorosos, por não poder, <strong>com</strong>o característica do Estudo de Caso, extrapolarresultados de variáveis, mas apreender, <strong>com</strong>preender e interpretar o fenômeno <strong>com</strong>a finali<strong>da</strong>de de inferência so<strong>br</strong>e o modelo teórico encontrado.


4 ESTUDO <strong>DE</strong> CASO NA ZAMBÔ DO MOVIMENTO NEGRO <strong>DE</strong>CARAGUATATUBA664.1 A Organização Zambô do Movimento NegroA história de constituição <strong>da</strong> Zambô do Movimento Negro de Caraguatatubainiciou em 1990, quando um pequeno grupo de ci<strong>da</strong>dãos negros e simpatizantes <strong>da</strong>cultura negra, <strong>com</strong>eçaram a se reunir <strong>com</strong> o objetivo de constituir umarepresentação <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de negra do município de Caraguatatuba <strong>com</strong> o intuitode defender seus interesses, bem <strong>com</strong>o realizar ações que melhorassem ascondições de vi<strong>da</strong> que estes foram condicionados desde os primórdios <strong>da</strong>colonização do Brasil.Sempre atuante dentro <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de, vem desde esse período passandopor um processo de estruturação, transformação e aperfeiçoamento, tendo sidoregulamenta<strong>da</strong> em 2001.Em 2002 o grupo fun<strong>da</strong>dor aprovou, em assembléia geral, o nome Zambô,que significa em língua africana “filhos de negros e índios”, sendo na mesma <strong>da</strong>taaprovado o estatuto interno <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de. E também, realizado concurso para escolhade logotipo que representasse a organização, sendo selecionado entre váriostrabalhos a imagem de um indivíduo de <strong>br</strong>aços estendidos ao alto em menção àliber<strong>da</strong>de do indivíduo afro-descendente castigado durante séculos pela escravidão.As cores (verde, amarelo, vermelho e azul) presentes no logotipo fazemalusão à bandeira <strong>da</strong> África em respeito à memória e preservação <strong>da</strong>s tradições ecultura her<strong>da</strong>do de seus antepassados (Figura 11).


67Figura 11 – Logotipo <strong>da</strong> Zambô.Desde então, tem iniciado um processo de reestruturação e reformulação desua postura social, bem <strong>com</strong>o realizado inúmeras ações <strong>com</strong> o objetivo de reforçarsua atuação no município.No ano de 2003 realizou diversas ativi<strong>da</strong>des culturais que divulgou a CulturaNegra no Litoral Norte e Vale do Paraíba. Mais tarde, instalou-se em uma nova sede,mais ampla, que possibilitou à Zambô o desenvolvimento mais adequado de suasativi<strong>da</strong>des administrativas e sócio-culturais.Por meio de inúmeras parcerias <strong>com</strong> órgãos públicos municipais e estaduais,além de instituições priva<strong>da</strong>s, a Zambô tem ampliado a sua área de atuação,buscando desenvolver programas de atendimento a adolescentes em situação derisco e famílias carentes no município por meio do desenvolvimento de oficinasculturais, <strong>da</strong>nça, geração de ren<strong>da</strong>, ativi<strong>da</strong>des esportivas, lazer e outros projetosvoltados a promoção e difusão <strong>da</strong>s Ações Afirmativas 3 .3 Ações afirmativas – são medi<strong>da</strong>s especiais e temporárias, toma<strong>da</strong>s pelo Estado e/ou pela iniciativapriva<strong>da</strong>, espontânea ou <strong>com</strong>pulsoriamente, <strong>com</strong> o objetivo de eliminar desigual<strong>da</strong>des historicamenteacumula<strong>da</strong>s, garantindo a igual<strong>da</strong>de de oportuni<strong>da</strong>de e tratamento, bem <strong>com</strong>o <strong>com</strong>pensar per<strong>da</strong>sprovoca<strong>da</strong>s pela discriminação e marginalização, por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero eoutros.


684.2 Análise <strong>da</strong> Gestão <strong>da</strong> OrganizaçãoA fase inicial do trabalho caracterizou-se pela análise <strong>da</strong> gestão <strong>da</strong> Zambô pormeio do a<strong>com</strong>panhamento de parte <strong>da</strong> rotina <strong>da</strong> organização, bem <strong>com</strong>o pela leitura,exame e síntese dos documentos institucionais em que foi possível realizardiagnósticos so<strong>br</strong>e quais pontos deveriam ser abor<strong>da</strong>dos no estudo para concepçãoe desenvolvimento do modelo de gestão estratégico-organizacional, tendo porreferência a metodologia do Balanced Scorecard, além de possibilitar ao autor obteruma visão mais a<strong>br</strong>angente <strong>da</strong> organização.A Zambô do Movimento Negro de Caraguatatuba possui uma estruturasimplifica<strong>da</strong> <strong>com</strong> poucos mem<strong>br</strong>os, responsáveis pelo desenvolvimento de váriasativi<strong>da</strong>des caracterizando certa so<strong>br</strong>ecarga em alguns integrantes <strong>da</strong> estruturadiretiva.Como não é diferente de outras organizações do terceiro setor, a Zambôvivencia em sua gestão a inconstância de recursos físicos e financeiros, o queameaça em muito suas ações, muitas vezes inviabilizando, de fato, a realização deativi<strong>da</strong>des importantes.Não obstante a isto, existe também uma fragili<strong>da</strong>de estratégica <strong>da</strong> Zambô emrelação ao seu posicionamento <strong>com</strong>o “organização” defensora dos direitos einteresses civis <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de afro-descendente, além <strong>da</strong> delica<strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gempública <strong>da</strong>s questões étnicas em decorrência de todos os “tabus” existentes nasocie<strong>da</strong>de atual.Ain<strong>da</strong> no tocante à fragili<strong>da</strong>de estratégica, verificou-se que a tradução <strong>da</strong>palavra Zambô (filhos de negros e índios) divulgado ao público externo, apresentauma interpretação dúbia quando confronta<strong>da</strong> <strong>com</strong> as práticas institucionais, pois em


69nenhum documento institucional são apresentados projetos, ações e/ou ativi<strong>da</strong>desjunto às <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des indígenas <strong>da</strong> região o que caracteriza uma dissonânciapreocupante quanto à <strong>com</strong>unicação institucional externa.Em razão destes fatos, considerou-se que para a implantação do instrumento,seria necessário que a Zambô tivesse estabelecido de forma clara sua missão, visãoe objetivos estratégicos.Por meio do exame de seu Estatuto e demais documentos institucionais,identificou-se que a Zambô não possuía missão e visão claramente defini<strong>da</strong>s eobjetivos estratégicos delineados, o que foi <strong>com</strong>provado por intermédio de umaavaliação interna realiza<strong>da</strong> em um recente trabalho desenvolvido pela organizaçãoem que o autor foi participante a convite <strong>da</strong> diretoria.Outro fato identificado foi que na Zambô não existia nenhum mecanismo quepossibilitasse a avaliação de desempenho de suas ações e projetos, por intermédiode indicadores que mensurassem quantitativa e qualitativamente o resultadoalcançado de modo a permitir a correção de eventuais desvios e principalmente aidentificação <strong>da</strong>s possíveis falhas.Assim, quando <strong>com</strong>parado ao modelo proposto por Kaplan e Norton e todo oarcabouço teórico so<strong>br</strong>e metodologia de aplicação do Balanced Scorecard, pode seconcluir que:A gestão <strong>da</strong> organização estava desprovi<strong>da</strong> de qualquer mecanismo quepossibilitasse a avaliação e medição de seus resultados;A inexistência de missão e visão gerava uma dissonância entre osobjetivos <strong>com</strong>partilhados entre os seus próprios mem<strong>br</strong>os;As ausências de indicadores internos e externos <strong>com</strong>prometem seuposicionamento regional <strong>com</strong>o enti<strong>da</strong>de defensora de direitos civis;


Não há indicadores para a avaliação do atendimento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des dosclientes beneficiados e atendidos pelos projetos e ações desenvolvidos;70Inexistem indicadores que permitam o a<strong>com</strong>panhamento econômicofinanceiroalusivo à sustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> organização no tocante a seupróprio equilí<strong>br</strong>io financeiro, captação de recursos e desenvolvimento deprojetos;Carência de indicadores para mensurar a imagem institucional <strong>da</strong>organização <strong>com</strong>o enti<strong>da</strong>de de defesa de direitos civis.4.3 O Processo de Construção do Balanced Scorecard na ZambôNesta sessão serão descritas as etapas de desenvolvimento do BalancedScorecard (BSC) <strong>da</strong> Zambô em consonância <strong>com</strong> a metodologia apresenta<strong>da</strong>.Entretanto, é oportuno ressaltar que o presente trabalho, por tratar-se de ummodelo de gerenciamento estratégico a ser proposto, teve algumas de suas fasessuprimi<strong>da</strong>s em decorrência <strong>da</strong>s características <strong>da</strong> organização objeto de estudo e,principalmente, pela participação do corpo diretivo.4.3.1 Constituição <strong>da</strong> Visão e MissãoEm decorrência do resultado <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> gestão <strong>da</strong> organização e para queo desenvolvimento do modelo de gestão fosse possível, foi necessário apurar amissão, visão e os objetivos estratégicos <strong>da</strong> Zambô em atenção ao primeiro prérequisitodo BSC, isto é, a missão e a visão devem estar bem definidos, conformecitação de Kaplan e Norton.


Assim, foram realiza<strong>da</strong>s várias reuniões <strong>com</strong> o corpo diretivo paradesenvolver a missão e visão (Quadro 4).71Visão“Extinguir to<strong>da</strong> e qualquer forma de discriminação racial”Missão“A Zambô tem <strong>com</strong>o Missão difundir as Ações Afirmativas, promovendo aintegração racial através de ações sociais que visem: a educação; a cultura; aassistência social e o desenvolvimento técnico e profissional <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de afrodescendentee indígena”.Quadro 4 – Missão e Visão <strong>da</strong> ZambôEstabeleci<strong>da</strong>s à missão e visão a próxima etapa realiza<strong>da</strong> foi de<strong>com</strong>por aestratégia <strong>da</strong> organização em objetivos estratégicos e, por conseguinte estabelecerindicadores que representassem exatamente a proposta leva<strong>da</strong> pela Zambô à<strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de afro-descendente e indígena.4.3.2 Identificação <strong>da</strong> Estratégia e Objetivos <strong>da</strong> OrganizaçãoPara a realização desta etapa do trabalho, objetivou-se constituir um modelode gestão baseado na metodologia proposta por Kaplan e Norton <strong>com</strong> base nasinformações obti<strong>da</strong>s so<strong>br</strong>e o terceiro setor e experiência acumula<strong>da</strong> durante todo operíodo de contato <strong>com</strong> a organização objeto do presente estudo.Entretanto, nesta etapa foi suprimido todo o processo de seminários <strong>com</strong> aequipe de trabalho na busca dos indicadores de resultado sem, contudo, desprezaras informações anteriormente menciona<strong>da</strong>s.Assim, para o desenvolvimento <strong>da</strong>s estratégias, dos objetivos e indicadoresconsiderou-se todo o arcabouço teórico so<strong>br</strong>e o terceiro setor e algumasexperiências de aplicação <strong>da</strong> metodologia em organizações similares.


Enfim, identificou-se que os principais desafios <strong>da</strong> Zambô no cumprimento desua proposta, seriam:72Consoli<strong>da</strong>r-se <strong>com</strong>o enti<strong>da</strong>de de defesa dos direitos civis dos afrodescendentese indígenas do Litoral Norte;Captar recursos e desenvolver novas formas de atrair voluntários,parceiros e doadores para os projetos e ações empreendi<strong>da</strong>s; eFazer <strong>com</strong> que os projetos e ações empreendi<strong>da</strong>s promovam o realdesenvolvimento <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de afro-descendente e indígena no sentidomais amplo <strong>da</strong> palavra.Estes desafios são a síntese dos vários existentes para ca<strong>da</strong> perspectiva domodelo proposto a organização. Assim, buscou-se contemplar no presente trabalhoos vários interesses atendidos pela Zambô e conseqüentemente traduzí-los naestratégia delinea<strong>da</strong>.Primeiramente, identificou-se que o público a ser atendido pela Zambô,caracteriza-se em diferentes interessados e assim subdividiu-se em clientesprimários e secundários.Os clientes primários são representados pela <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de carente de afrodescendentese índios que vivem em situação de risco, a exemplo dos quilombolas etribos indígenas existentes na região.Para este público, a Zambô tem o objetivo de prestar atendimento <strong>com</strong>unitárioe assistencial, bem <strong>com</strong>o realizar projetos que visem qualificá-los, resgatar suacultura e assim sua auto-estima; além de realizar ações que objetivem a difusão epromoção <strong>da</strong>s Ações Afirmativas.Quanto aos clientes secundários, a Zambô tem <strong>com</strong>o objetivo concretizarações e os projetos idealizados, bem <strong>com</strong>o cumprir os acordos estabelecidos. No


quadro 5, estão representados os diferentes clientes e os <strong>com</strong>promissos a serematendidos, conforme definição estatutária <strong>da</strong> própria Zambô:73TIPO<strong>DE</strong>SCRIÇÃOCOMPROMISSO DAZAMBÔFun<strong>da</strong>doresEfetivoPatrocinadorContribuinteVoluntárioBenemérito(..) são aqueles que participaram <strong>da</strong> ata deconstituição legal <strong>da</strong> instituição até a <strong>da</strong>ta deaprovação e registro do estatuto.Pessoa Física, sócio-contribuinte, que tenhaparticipado <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Zambô, por prazonão inferior a quatro anos consecutivos, semfaltas ou sanções administrativas.Pessoa Jurídica que patrocine as ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>Zambô, de forma constante ou periódica.(...) aquele que adere à associação e se<strong>com</strong>promete a pagar a anui<strong>da</strong>deespontaneamente não cabendo-lhe aresponsabili<strong>da</strong>de de cargos eletivos e de votoem assembléia.(...) pessoa que integre o serviço voluntário <strong>da</strong>Zambô, no desenvolvimento de suas ativi<strong>da</strong>des,estando isento do pagamento <strong>da</strong> anui<strong>da</strong>de.Pessoa física que tenha prestado serviçosrelevantes a Zambô, quer seja por ativi<strong>da</strong>des devoluntariado, quer por doação e contribuição,estando isento de pagamento de anui<strong>da</strong>de.Quadro 5 – Descrição dos clientes secundários <strong>da</strong> ZambôFonte: Estatuto Social (2003).Garantir sua perpetui<strong>da</strong>de<strong>com</strong>o organização de defesados interesses dos afrodescendentes,realizandosua missão e concretizandosua visão.idemTransformar suas propostasconti<strong>da</strong>s no plano gerenciale estratégico em projetosconcretos e realizados,justificando a aplicação dosrecursos angariados.idemRealizar as açõespropostas, bem <strong>com</strong>o tornara Zambô em um ambienteacolhedor, motivador e queo ato de realizar seja umaativi<strong>da</strong>de prazerosa ebenéfica à socie<strong>da</strong>de.idemPortanto, para a Zambô atender aos vários interessados e atingir um públicoca<strong>da</strong> vez maior, esta deve fortalecer sua imagem e melhorar <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> opúblico alvo. Para isto, deverá realizar ações específicas de relacionamentointerinstitucional, estreitar suas relações <strong>com</strong> as mídias existentes a fim dedesenvolver um canal permanente de <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> o seu público alvo, bem<strong>com</strong>o to<strong>da</strong> a região, <strong>com</strong>unicando a sua proposta e realizando ações defortalecimento de sua imagem.


74No tocante ao desenvolvimento de suas ativi<strong>da</strong>des, a Zambô não possuirecursos próprios suficientes para atender a to<strong>da</strong> deman<strong>da</strong> existente, dependendoexclusivamente de doações, o que a torna muito suscetível a problemas financeiros.Sendo assim, a Zambô necessita captar recursos através de parcerias <strong>com</strong>empresas, fun<strong>da</strong>ções nacionais e internacionais e ampliar sua base de doações,melhorando assim, a sua condição financeira.Para isto, a Zambô necessitará realizar ações de divulgação de suasativi<strong>da</strong>des por meio de palestras, desenvolvimento de projetos subsidiados,arreca<strong>da</strong>ções e ven<strong>da</strong> <strong>da</strong>s peças artesanais produzi<strong>da</strong>s por seus colaboradores.Contudo, para a Zambô atingir todos os objetivos acima propostos, deverácriar um ambiente interno propício para a geração destes resultados, uma vez queto<strong>da</strong>s as ações planeja<strong>da</strong>s dependerão <strong>da</strong> equipe que realizará estes trabalhos.Para isto, será necessário manter a equipe motiva<strong>da</strong>, capacita<strong>da</strong> e principalmente<strong>com</strong>prometi<strong>da</strong> <strong>com</strong> a Zambô, bem <strong>com</strong>o foca<strong>da</strong>s em resultados sociais qualitativos.4.3.3 Definição <strong>da</strong>s PerspectivasO modelo conceitual proposto por Kaplan e Norton apresenta algumasdiferenciações em relação ao tipo de organização objeto deste estudo, pois o padrãoinicialmente proposto pelos autores é voltado inteiramente para organizaçõespriva<strong>da</strong>s <strong>com</strong> fins lucrativos.Assim, ao aplicá-lo em organizações do terceiro setor sem fins lucrativos,<strong>com</strong>o é o caso <strong>da</strong> Zambô, foi necessário realizar algumas adequações para atenderàs especifici<strong>da</strong>des <strong>da</strong> organização, uma vez que esta tem <strong>com</strong>o objetivo finalatender <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des carentes afro-descendentes e indígenas.


75Nesta situação algumas perspectivas sofreram alterações em sua estruturade valor, bem <strong>com</strong>o a terminologia aplica<strong>da</strong> difere do modelo tradicionalmenteapresentado pela metodologia.4.3.3.1 Perspectiva de ClientesEm razão <strong>da</strong> relevância que os clientes exercem so<strong>br</strong>e o foco de atuação <strong>da</strong>organização estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, esta foi eleva<strong>da</strong> ao topo <strong>da</strong> relação de causa e efeito domapa estratégico, conforme Kaplan e Norton (2000, p. 147) descrevem:“(...) as organizações podem inserir a perspectiva do doador e aperspectiva do beneficiário no alto de seus balanced scorecards. Elasdesenvolvem objetivos tanto para doadores <strong>com</strong>o para osbeneficiários e então identificam os processos internos quefornecerão as almeja<strong>da</strong>s proposições de valor para ambos os gruposde clientes” (KAPLAN e NORTON, 2000, p. 147).Houve também a inclusão de tipos diferentes de clientes, por entender que:os fun<strong>da</strong>dores, contribuintes, voluntários, beneméritos, efetivos e patrocinadores e a<strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de (afro-descendentes e indígenas) são os beneficiários finais dos serviçose resultados <strong>da</strong> organização.Assim, por meio do questionamento: “Para realizar a missão e visão <strong>com</strong>odevemos cui<strong>da</strong>r de nossos clientes?” Possibilita à Zambô enxergar de formaa<strong>br</strong>angente to<strong>da</strong>s as ações que necessitam concretizar para atender as expectativase necessi<strong>da</strong>des de seus clientes.4.3.3.2 Perspectiva de Captação e Otimização de RecursosEsta perspectiva é semelhante à Financeira proposta por Kaplan e Norton,porém difere desta última por características peculiares <strong>da</strong> organização.


76A Zambô, <strong>com</strong>o menciona<strong>da</strong> anteriormente não objetiva lucro e por isso seuposicionamento no mapa estratégico foi deslocado ao segundo nível. Entretanto, emrazão dos estudos realizados junto a Zambô, percebeu-se que esta necessitaestabelecer sua sustentabili<strong>da</strong>de, uma vez que os recursos são escassos e há umadependência considerável de doações, o que prejudica e ameaça gravemente seusprojetos e ações sociais.Pretende-se, nesta perspectiva, <strong>da</strong>r o suporte necessário ao alcance dosresultados almejados na perspectiva de clientes.Por intermédio do questionamento: “Para ser bem-sucedido <strong>com</strong>o se devecaptar e otimizar nossos recursos físicos e financeiros?” A organização identificafacilmente as ações de maior relevância para a consoli<strong>da</strong>ção dos resultadosalmejados na perspectiva anterior, a saber: obtenção de recursos necessários paraviabilizar a execução e manutenção dos projetos e ações desenvolvi<strong>da</strong>s, além <strong>da</strong>otimização dos resultados alcançados.4.3.3.3 Perspectiva de Processos InternosA presente perspectiva manteve-se original ao modelo desenvolvido porKaplan e Norton, uma vez que para a Zambô atingir os resultados almejados nasperspectivas anteriores, necessita desenvolver internamente inúmeros processosque <strong>da</strong>rão sustentação à cadeia de valor estabeleci<strong>da</strong> entre as perspectivasanteriores.Assim, o questionamento, norteador, que orientará a organização em suaauto-análise que possibilitará identificar os processos críticos e oferecer propostasde valor capazes de inspirar doadores e atender à <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de carente é: “Para


satisfazer os clientes e doadores em que processos <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de deve-se serexcelente?”774.3.3.4 Perspectiva de Aprendizado e CrescimentoLocaliza<strong>da</strong> na base do mapa estratégico, esta perspectiva pretende <strong>da</strong>rsustentação a to<strong>da</strong> as outras, buscando equili<strong>br</strong>ar e desenvolver as capaci<strong>da</strong>des ehabili<strong>da</strong>des necessárias para a organização concretizar as estratégias e objetivosdelineados.Nesta perspectiva, estão conjugados os vetores de resultados que permitiramo gerenciamento eficaz dos processos internos; a captação e otimização dosrecursos necessários à realização <strong>da</strong>s propostas de valor estabeleci<strong>da</strong>s; aconcretização destas propostas em ações/projetos aos clientes identificados naperspectiva referente. Por intermédio do questionamento: “Para concretizar a visão emissão <strong>com</strong>o a Zambô deve aprender e melhorar?”4.4.4 Definição <strong>da</strong> Arquitetura do BSC <strong>da</strong> ZambôApós a definição <strong>da</strong>s perspectivas, o próximo passo foi estruturar aarquitetura do Balanced Scorecard <strong>da</strong> Zambô, conforme o Quadro 6:PERSPECTIVAClientes:Primários: Comuni<strong>da</strong>de afro-descendente e indígenaSecundários: Fun<strong>da</strong>dores, Contribuintes, Voluntários,Beneméritos, Efetivos e PatrocinadoresCapitação e Otimização de RecursosProcessos InternosAprendizado e CrescimentoFOCO Comuni<strong>da</strong>des locais. Projetos. Fortalecimento <strong>da</strong> imagem e <strong>com</strong>unicação. Captação de recursos externos. Otimização dos recursos. Sustentabili<strong>da</strong>de. Eficiência e eficácia organizacional. Relacionamentos. Inovação. Clima Organizacional.


78 Competências e habili<strong>da</strong>des. Empreendedorismo Social.Quadro 6 – Arquitetura do Balanced Scorecard <strong>da</strong> Zambô4.4.5 Descrição dos Objetivos EstratégicosNesse contexto, serão descritos os objetivos estratégicos específicos de ca<strong>da</strong>perspectiva <strong>da</strong> Zambô, identificados no Quadro 7:PERSPECTIVACÓDIGOClientesCaptação e Otimização de RecursosProcessos InternosAprendizado e CrescimentoQuadro 7 – Códigos <strong>da</strong>s perspectivasCFPACC1 – Atendimento <strong>com</strong>unitário: representa o propósito principal <strong>da</strong> Zambôem atender às populações afro-descendente e indígena <strong>da</strong> região. Está subdividi<strong>da</strong>em três processos:Proporcionar a qualificação técnica e profissional <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de afrodescendentee indígena, propiciando a sua integração social eeconômica;Fazer valer os interesses e direitos civis destes por meio doencaminhamento aos órgãos públicos quando em situações que osameacem; eA<strong>com</strong>panhar famílias em situação de risco, buscando identificar as causase viabilizar recursos para reverter o quadro.C2 – Beneficiários/assistidos pelos projetos: representa a efetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>sações e projetos realizados pela Zambô, traduz-se pelas vi<strong>da</strong>s transforma<strong>da</strong>s.


79C3 – Imagem e reputação: representa os esforços realizados pela Zambôem melhorar, pretendendo figurar <strong>com</strong>o enti<strong>da</strong>de representativa <strong>da</strong>s questõesétnicas e raciais <strong>da</strong> região. Caracterizam-se pelo número de artigos, reportagens,documentários e homenagens recebi<strong>da</strong>s pela Zambô, expressando assim, oreconhecimento social de sua atuação e, conseqüentemente, fortalecendo suaimagem e reputação.C3 – Melhorar a <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> clientes: caracteriza a intenção <strong>da</strong>Zambô em posicionar-se melhor em seu meio de atuação social – é representadopelo quantitativo de informes e relatórios de ativi<strong>da</strong>des enviados aos seus clientes(público alvo).F1 – Melhorar a sustentabili<strong>da</strong>de: representa todo o esforço empreendidopela Zambô em tornar-se auto-sustentável <strong>com</strong> a realização de projetos em parceria<strong>com</strong> outras organizações (públicas ou priva<strong>da</strong>s), buscando captação de novosrecursos, aumento e diversificação <strong>da</strong> base de receitas.F2 – Otimizar recursos: expressa as ações desenvolvi<strong>da</strong>s pela Zambô queobjetivem racionar o uso dos recursos alocados nos projetos, buscando obter umamelhora quantitativa e qualitativa do resultado final <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des empreendi<strong>da</strong>s.F3 – Captação de recursos: objetiva empreender na organização umapostura de captação contínua de recursos físicos e financeiros <strong>com</strong> a finali<strong>da</strong>de depropiciar uma estrutura adequa<strong>da</strong> para o desenvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des sociais deassistência e amparo.F4 – Aumentar e diversificar a base de arreca<strong>da</strong>ção: objetiva o aumento ediversificação <strong>da</strong> base de recursos financeiros <strong>da</strong> Zambô.P1 – Benchmarking: expressa o número de idéias aproveita<strong>da</strong>s em relação aestudos decorrentes de análises e a<strong>com</strong>panhamentos de outras organizações.


80Pretende estabelecer na Zambô uma cultura de adoção <strong>da</strong>s melhores práticas dosetor, adequando, quando necessário, à reali<strong>da</strong>de e necessi<strong>da</strong>des locais.P2 – Inovação de serviços: representa a busca pela inovação de seusprocessos, buscando na inovação uma forma de melhor atender o usuário final.P3 – Elaborar projetos e buscar parceiros financiadores: caracteriza odesenvolvimento e apresentação de projetos a possíveis parceiros, objetivando aconcretização de parcerias e fornecimento de subsídios para viabilização de novosprojetos.P4 – Mobilizar ações de arreca<strong>da</strong>ção de recursos: visa o desenvolvimentode uma postura pró-ativa em criar oportuni<strong>da</strong>des para divulgar a organização eangariar recursos por meio de eventos <strong>com</strong> o propósito também de fortalecer aimagem e reputação <strong>da</strong> Zambô.P5 – Criar identi<strong>da</strong>de forte: visa desenvolver ações de fortalecimento <strong>da</strong>identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Zambô <strong>com</strong> a elaboração de notícias e release para a imprensa eenvio de relatórios para parceiros <strong>com</strong>o forma de <strong>com</strong>unicar a destinação dosrecursos angariados.AC1 – Cultura orienta<strong>da</strong> para resultados sociais: pró-ativi<strong>da</strong>deorganizacional em não aceitar/desenvolver projetos que não resultem em resultadossociais positivos quantitativa e qualitativamente.AC2 – Empreendedorismo social: objetiva o desenvolvimento contínuo deações que incutam uma postura empreendedora na equipe <strong>da</strong> Zambô, fazendo <strong>com</strong>que estes percebam a organização <strong>com</strong>o um ambiente livre para empreender edesenvolver projetos de seus próprios mem<strong>br</strong>os. Este indicador é expresso pelonúmero de projetos desenvolvidos por iniciativa dos mem<strong>br</strong>os internos <strong>da</strong> Zambô.


81AC3 – Capacitações: traduzem o empenho <strong>da</strong> Zambô em desenvolver suaequipe interna <strong>com</strong> treinamentos e capacitações que busquem o desenvolvimentopessoal e profissional de sua equipe, bem <strong>com</strong>o incentivar e fomentar uma posturade auto-aprendizado.AC4 – Clima organizacional: representa os esforços <strong>da</strong> Zambô emproporcionar a busca pela satisfação e bem estar de sua equipe, por meio de açõesque objetivam proporcionar e avaliar a motivação e o clima organizacional interno. Éexpresso pelo resultado <strong>da</strong>s pesquisas internas de satisfação.AC5 – Informação ambiental e setorial: basicamente, representa a busca<strong>da</strong> Zambô em manter-se informa<strong>da</strong> so<strong>br</strong>e as ativi<strong>da</strong>des no terceiro setor: Expressa apostura de obtenção de informações so<strong>br</strong>e o que vem ocorrendo em seu ambientede atuação, permitindo à Zambô antecipar-se às oportuni<strong>da</strong>des e ameaças.Na página XX (Quadro 8) serão apresentados sinteticamente os objetivosestratégicos e seus respectivos indicadores de desempenho.4.4.6 Definição dos Indicadores de Desempenho4.4.6.1 Indicadores <strong>da</strong> Perspectiva de Clientes (Primários eSecundários)Famílias atendi<strong>da</strong>s: expressam o quantitativo de famílias atendi<strong>da</strong>s pelosprogramas de atendimento <strong>com</strong>unitário;


82Pessoas encaminha<strong>da</strong>s a outros órgãos: número de indivíduosencaminhados a outros órgãos (delegacias, promotorias, OAB).Expressam os casos de pessoas que foram alvo de alguma violação deseus direitos civis (discriminação racial, agressões);Pessoas/famílias assisti<strong>da</strong>s: representam o quantitativo de pessoasbeneficia<strong>da</strong>s pelos projetos assistenciais;Número de alunos atendidos: representa o quantitativo de alunosinscritos nos projetos de capacitação técnica ou artística desenvolvidospela Zambô;Certificados emitidos: representam o resultado quantitativo dosprogramas de qualificação técnica desenvolvidos pela Zambô. Expressamque os alunos receberam os conteúdos mínimos necessários;Artigos publicados citando a Zambô: expressa a representativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>organização nos meios de <strong>com</strong>unicação, por meio <strong>da</strong> publicação denotícias, matérias jornalísticas e outras formas de divulgação institucional;Homenagens e prêmios recebidos: representam a expressivi<strong>da</strong>de ereconhecimento <strong>da</strong> Zambô pela <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de, instituições e órgãospúblicos;Informativos enviados: medem o grau de efetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Zambô emações de fortalecimento de seu relacionamento <strong>com</strong> os principais clientes<strong>da</strong> organização – representam a postura <strong>da</strong> organização em participarsua <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des e ações desenvolvi<strong>da</strong>s, bem <strong>com</strong>o exibira forma de aplicação de suas doações; ePalestras realiza<strong>da</strong>s: expressam o quantitativo de palestras realiza<strong>da</strong>saos clientes primários atendidos pela Zambô. Tais ativi<strong>da</strong>des buscam


83levar a estas <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des informações e orientações so<strong>br</strong>e assuntosrelevantes e de interesse destes grupos, além de objetivarem estreitar orelacionamento existente e assim melhorar a <strong>com</strong>unicação.4.4.6.2 Indicadores <strong>da</strong> Perspectiva de Captação e Otimização deRecursos Porcentagem de arreca<strong>da</strong>ção, doações e receitas: mede aporcentagem auferi<strong>da</strong> em arreca<strong>da</strong>ções de recursos e receitas obti<strong>da</strong>s em<strong>com</strong>paração a sua participação no montante final arreca<strong>da</strong>do;Despesa mensal/Pessoas assisti<strong>da</strong>s: indicador que objetiva representaro quanto está sendo gasto <strong>com</strong> as pessoas assisti<strong>da</strong>s pela organização.O foco principal é estabelecer uma relação eqüitativa dos investimentosrealizados versus despesa total;Projetos realizados / Projetos subsidiados: indicador que representa oquantitativo de projetos que possuem subsídios até o término dostrabalhos;Incentivar ações de geração de ren<strong>da</strong>: indicador que expressa as ações<strong>da</strong> Zambô em desenvolver grupos de geração de ren<strong>da</strong>, promovendo aintegração social e profissional de artesãos locais; eSelo Zambô: selo identificador dos produtos produzidos pelos grupos degeração de ren<strong>da</strong> fomentados pela Zambô. A intenção é divulgar edifundir os trabalhos destes grupos além de facilitar o escoamento <strong>da</strong>produção artesanal. Uma pequena porcentagem do faturamento é reti<strong>da</strong>para ser reinvesti<strong>da</strong> novamente no projeto.


844.4.6.3 Indicadores <strong>da</strong> Perspectiva de Processos InternosNúmero de projetos externos a<strong>com</strong>panhados: indica o número deprojetos externos a<strong>com</strong>panhados, objetivando a adoção <strong>da</strong>s melhorespráticas no setor;Lançamento de novos serviços: indicador que representa as inovaçõesrealiza<strong>da</strong>s pela Zambô;Parceiros <strong>com</strong> projetos em negociação: indicador que expressa onúmero de projetos que estão em negociação ou em estudo. O foco éestabelecer a busca constante por possíveis parceiros potenciais para arealização de projetos viáveis;Número de eventos realizados: indicador que expressa o quantitativo deações realiza<strong>da</strong>s para divulgação <strong>da</strong> Zambô <strong>com</strong> o intuito de <strong>com</strong>unicar asocie<strong>da</strong>de sua proposta, bem <strong>com</strong>o visa atrair novos parceiros e novasformas de captação de recursos externos;Notícias publicáveis divulga<strong>da</strong>s: expressa o número de informesredigidos pela Zambô e publicados pelos meios de <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> ointuito de fortalecer a imagem e divulgar os trabalhos realizados; eClientes que receberam relatório de ativi<strong>da</strong>des: indicador queexpressa o feedback de to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s pela Zambô, <strong>com</strong>oforma de <strong>com</strong>unicar à socie<strong>da</strong>de e seus principais clientes as açõesdesenvolvi<strong>da</strong>s, bem <strong>com</strong>o representa uma forma de prestação de contasaos seus principais parceiros.


854.4.6.4 Indicadores <strong>da</strong> Perspectiva de Aprendizado e CrescimentoProjetos propostos / projetos implantados: indicador que expressa aefetivi<strong>da</strong>de dos projetos idealizados pela Zambô, pois quanto maispróximo do índice 1,00 mais sucesso a organização obteve;Resultados <strong>da</strong> avaliação qualitativa dos projetos: indicador queexpressa em termos qualitativos a efetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Zambô na execução dosprojetos e ações empreendi<strong>da</strong>s. Consiste no envio de formulário <strong>com</strong>perguntas fecha<strong>da</strong>s e abertas aos principais parceiros envolvidos narealização de determinado empreendimento em que estes farão aavaliação <strong>da</strong> Zambô em todos os estágios de realização de umdeterminado projeto;Projetos desenvolvidos por iniciativa de colaboradores: número deprojetos propostos e desenvolvidos por colaboradores <strong>da</strong> Zambô. Esteindicador objetiva medir o <strong>com</strong>portamento de intra-empreendedor doscolaboradores <strong>da</strong> organização;Número de capacitações realiza<strong>da</strong>s: indicador quantitativo do númerode capacitações externas e internas realiza<strong>da</strong>s pela equipe Zambô;Pesquisa de satisfação interna: expressa os resultados <strong>da</strong> pesquisarealiza<strong>da</strong> internamente <strong>com</strong> o intuito de avaliar a motivação e satisfação<strong>da</strong> equipe; eNúmero de organizações a<strong>com</strong>panha<strong>da</strong>s/analisa<strong>da</strong>s: primeiramente,deve-se selecionar algumas organizações do terceiro setor as quaisdevem ser a<strong>com</strong>panha<strong>da</strong>s, <strong>com</strong>o, por exemplo: Pastoral <strong>da</strong> Criança,Parceiros Voluntários. Após, as mesmas devem ser dividi<strong>da</strong>s entre os


86mem<strong>br</strong>os <strong>da</strong> Zambô e ca<strong>da</strong> um ficará responsável por a<strong>com</strong>panharalgumas destas organizações. Visa reforçar a necessi<strong>da</strong>de de se manterinformado quanto às ações destas organizações.PERSPECTIVA OBJETIVOS INDICADORESCLIENTESCAPTAÇÃO EOTIMIZAÇÃO <strong>DE</strong>RECURSOSAtendimento ComunitárioBeneficiários/Assistidos (Projetos)Imagem e ReputaçãoMelhorar <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> clientesMelhorar sustentabili<strong>da</strong>deOtimizar recursosa) Famílias atendi<strong>da</strong>s.b) Pessoas encaminha<strong>da</strong>s aoutros órgãos.c) Pessoas/famíliasassisti<strong>da</strong>s.d) Nº de alunos atendidos.e) Certificados emitidos.f) Artigos publicados citandoa Zambôg) Homenagens e Prêmiosrecebidosh) Informativos enviados.i) Palestras realiza<strong>da</strong>s.a) % de arreca<strong>da</strong>ção,doações e receitasb) Despesa mensal /pessoas assisti<strong>da</strong>s


87Captação de recursosc) Projetos realizados /Projetos subsidiados.PROCESSOS INTERNOSAPRENDIZADO ECRESCIMENTOAumentar e diversificar a base dearreca<strong>da</strong>çãoBenchmarkingInovação de serviçosElaborar projetos e buscar parceirosfinanciadoresMobilizar ações de arreca<strong>da</strong>ção derecursosCriar identi<strong>da</strong>de forteCultura orienta<strong>da</strong> para resultados sociaisEmpreendedorismo Sociald) Incentivar ações degeração de ren<strong>da</strong>.e) Selo Zambô.a) Nº de projetos externosa<strong>com</strong>panhadosb) Lançamento de novosserviçosc) Parceiros <strong>com</strong> projetos emnegociaçãod) Nº de eventos realizadose) Notícias publicáveisdivulga<strong>da</strong>sf) Clientes que receberamrelatório de ativi<strong>da</strong>desa) Projetos propostos /projetos implantadosb) Resultados <strong>da</strong> avaliaçãoqualitativa dos projetosc) Projetos desenvolvidospor iniciativa de colaboradoresCapacitações d) Nº de capacitaçõesrealiza<strong>da</strong>s (interna e externa)Clima Organizacionale) Pesquisa de satisfaçãointernaInformação ambiental e setorialf) Nº de organizaçõesa<strong>com</strong>panha<strong>da</strong>s/analisa<strong>da</strong>sQuadro 8 – Indicadores associados aos objetivos <strong>da</strong> Zambô4.4.7 Construção do Mapa EstratégicoKaplan (2004, p. 13) descreve o mapa estratégico <strong>com</strong>o:“uma arquitetura lógica que define uma estratégia especificando orelacionamento entre acionistas, clientes, processos de negócio ecapaci<strong>da</strong>des” (KAPLAN, 2004, p. 13).Destarte, a introdução realiza<strong>da</strong> por Kaplan orienta este tópico a descrição domapa estratégico <strong>da</strong> Zambô, que tem <strong>com</strong>o objetivo expressar a estratégia <strong>da</strong>organização em um conjunto de hipóteses por meio de relações de causa e efeito,de forma a explicitar <strong>com</strong>o a estratégia deverá ser executa<strong>da</strong>, permitindo em último ogerenciamento e vali<strong>da</strong>ção dos resultados.


88Resumi<strong>da</strong>mente, a Zambô tem <strong>com</strong>o missão “difundir as Ações Afirmativas,promovendo a integração racial por meio de ações sociais nas áreas <strong>da</strong> educação;<strong>da</strong> cultura; de assistência social e de desenvolvimento técnico e profissional <strong>da</strong><strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de afro-descendente e indígena”.To<strong>da</strong>via, para a concretização disto, a Zambô deverá realizar atendimento às<strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des e desenvolver projetos assistenciais e de qualificação profissionalespecíficos às necessi<strong>da</strong>des destes grupos.Assim sendo, deverá fortalecer sua imagem e melhorar a <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> oseu público alvo, bem <strong>com</strong>o desenvolver ações que busquem a captação eotimização de recursos de modo a viabilizar sua sustentabili<strong>da</strong>de e autonomiaorganizacional.Entretanto, para atingir estes resultados a Zambô deverá inovar e desenvolverprocessos internos eficientes e eficazes de modo a garantir a continui<strong>da</strong>de de suasações.E por último, <strong>com</strong>o suporte a estas relações, a Zambô deverá promover<strong>com</strong>portamento empreendedor <strong>da</strong> equipe através de ações de informação,capacitação e motivação de modo a desenvolver uma cultura orienta<strong>da</strong> pararesultados sociais.A figura 12 ilustra a reprodução gráfica que expressa a arquitetura lógica <strong>da</strong>estratégia <strong>da</strong> Zambô do Movimento Negro de Caraguatatuba, especificando todo orelacionamento existente entre os seus objetivos e indicadores estratégicos:


Figura 12 – Mapa Estratégico <strong>da</strong> Zambô


904.4.7.1 Interpretação do Mapa EstratégicoPara a correta interpretação do mapa estratégico <strong>da</strong> Zambô faz-se necessáriaa análise do layout gráfico apresentado anteriormente.Obedecendo ao encadeamento lógico estabelecido em razão <strong>da</strong> estratégiadelinea<strong>da</strong>, o referido mapa estratégico está distribuído em três grandes blocos, ou,temas estratégicos, a saber: Operacional, Atendimento e Comunicação. Ambos,distribuídos entre as quatro perspectivas que <strong>com</strong>põem o Balanced Scorecard <strong>da</strong>organização – Clientes; Capitação e Otimização de Recursos; Processos Internos; eAprendizado e Crescimento.Destarte aos temas estratégicos, estes expressam a estratégia <strong>da</strong> Zambô econcentram os objetivos e indicadores vitais ao sucesso <strong>da</strong> organização que estãointer-relacionados por intermédio de relações de causa e efeito que permeiam to<strong>da</strong>sas quatro perspectivas (Figura 13).Figura 13 – Tema estratégico e relação de causa e efeito


91Deste modo, a configuração do mapa estratégico apresentado na Figura 13busca tornar a estratégia organizacional legível a todos os interessados nasativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s pela Zambô, de forma a <strong>com</strong>unicar claramente os objetivose propostas de valor dirigido aos clientes primários e secundários atendidos.Desta forma, a leitura do mapa estratégico é realiza<strong>da</strong> de baixo para cima, ouseja, inicia-se a partir <strong>da</strong> perspectiva de aprendizado e crescimento (Figura 14) queestá vincula<strong>da</strong> à gestão dos recursos humanos e learning organization 4 sendo abase de sustentação para as demais perspectivas do Balanced Scorecard <strong>da</strong>Zambô. Nesta perspectiva, o questionamento orientador é – “Para concretizarmosnossa visão e missão <strong>com</strong>o a Zambô deve aprender e melhorar?”Aprendizado eCrescimentoCapacitaçõesInformação Ambiental e SetorialComportamento EmpreendedorCultura orienta<strong>da</strong> pararesultados sociaisClima OrganizacionalNº de capacitações(interna & externa) Nº de organizações Projetos propostos por Projetos propostos / Projetosa<strong>com</strong>panha<strong>da</strong>s/analisa<strong>da</strong>scolaboradoresimplantados Resultados <strong>da</strong> avaliação (qualitativa).Para concretizarmos nossa visão e missão <strong>com</strong>o a Zambô deve apreender e melhorar ?Pesquisa ref. satisfaçãointernaFigura 14 – Perspectiva de aprendizado e crescimentoJá na perspectiva dos processos internos identifica<strong>da</strong> no mapa pelas célulasna cor amarela o foco concentra-se nos processos considerados vitais àconsoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> estratégia delinea<strong>da</strong> na missão e visão de futuro <strong>da</strong> organização.Sendo que a referi<strong>da</strong> perspectiva concentra um conjunto de cinco objetivosestratégicos que congregam seis indicadores de desempenho que orientarão aorganização no desenvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des considera<strong>da</strong>s críticas aoatendimento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des e expectativa de seus clientes e demaisinteressados.4 Aprendizado organizacional.


92Nesta perspectiva o questionamento realizado – “Para satisfazer nossosclientes e doadores em que processos de nossa ativi<strong>da</strong>de devemos serexcelentes?”, tem <strong>com</strong>o objetivo conduzir a organização a uma auto-análise de seuspróprios processos de forma a levá-la ao reconhecimento e identificação dosrecursos e <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong>des necessárias que elevarão o nível interno de eficiência eeficácia organizacional (Figura 15).Processos InternosInovação de serviçosBenchmarking Lançamento de novosserviçosElaborar projetos ebuscar parceiros financiadores Nº de projetos externosa<strong>com</strong>panhados Parceiros <strong>com</strong> projetos emnegociaçãoMobilizar ações dearreca<strong>da</strong>ção de recursosNº de eventos realizadosCriar identi<strong>da</strong>de forte Notícias publicáveisdivulga<strong>da</strong>s. Clientes que receberamrelatório de ativi<strong>da</strong>desPara satisfazer nossos clientes e doadores, em que processos de nossa ativi<strong>da</strong>de devemos ser excelentes?Figura 15 – Perspectiva de processos internosSo<strong>br</strong>e a perspectiva de capitação e otimização de recursos o foco é asustentabili<strong>da</strong>de financeira que congrega quatro objetivos estratégicos e cincoindicadores de desempenho que foram considerados críticos na situação atual <strong>da</strong>organização.Nesta perspectiva, os objetivos estratégicos estão vinculados por meio <strong>da</strong>relação de causa e efeito a outras perspectivas do Balanced Scorecard, pois foramconsiderados imprescindíveis à realização de outros objetivos constantes nasdemais perspectivas (Figura 16).


93Capitação e Otimização deRecursosMelhorar sustentabili<strong>da</strong>deCaptação de recursosOtimizar recursosDespesa Mensal / Pessoasassisti<strong>da</strong>s Projetos realizados / % de arreca<strong>da</strong>ção, doaçõesAumentar e diversificar base deprojetos subsidiadose receitascontribuição Incentivar ações de geraçãode ren<strong>da</strong>. Selo ZambôPara sermos bem-sucedidos <strong>com</strong>o devemos captar e otimizar nossos recursos físicos e financeiros ?Figura 16 – Perspectiva de captação e otimização de recursosSo<strong>br</strong>e a perspectiva de Clientes, a Zambô possui um grupo muitoheterogêneo, pois além de atender ao público afro-descendente e indígena, aorganização necessita também relacionar-se e atender aos interesses dosfun<strong>da</strong>dores, contribuintes, voluntários, beneméritos que, apesar de serem distintosentre si, são pessoas que depositam confiança e acreditam no propósito <strong>da</strong>organização.Deste modo, estes não podem ser esquecidos no relacionamento que aZambô necessita desenvolver, pois devem ser <strong>com</strong>unicados e informados so<strong>br</strong>e aatuação <strong>da</strong> organização e a destinação e aplicação dos recursos angariados.Assim, a referi<strong>da</strong> perspectiva apresenta quatro objetivos estratégicos e noveindicadores de desempenho que norteiam a proposta de valor dirigi<strong>da</strong> pela Zambô aeste público (Figura 17). No caso, seria por intermédio do questionamento “Pararealizarmos nossa missão e visão <strong>com</strong>o devemos cui<strong>da</strong>r de nossos clientes?”


94 OPERACIONALClientes: Comuni<strong>da</strong>de, Fun<strong>da</strong>dores,Contribuintes, Voluntários, Beneméritos,Efetivos e PatrocinadoresMAPA ESTRATÉGICO - ZAMBÔ (INDICADORES)Missão“A Zambô tem <strong>com</strong>o Missão difundir as ações afirmativas, promovendo a integração racial atravésde ações sociais que visem: a educação; a cultura; a assistência social e o desenvolvimento técnico e profissional <strong>da</strong><strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de afro-descendente e indígena.”Beneficiários/Assistidos (Projetos) Pessoas/famílias assisti<strong>da</strong>s Nº de alunos atendidos. Certificados emitidos. ATENDIMENTOAtendimento ComunitárioMelhorar <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> clientesFamílias atendi<strong>da</strong>s.Pessoas encaminha<strong>da</strong>s aoutros órgãos. Informes enviados Palestras realiza<strong>da</strong>sVisão“Extinguir to<strong>da</strong> e qualquerforma de discriminação racial ” COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃOImagem e ReputaçãoArtigos publicados citando aZambôHomenagens e prêmiosrecebidosFigura 17 – Perspectiva de clientesPara exemplificar a lógica estabeleci<strong>da</strong> no mapa estratégico <strong>da</strong> Zambô,verifica-se <strong>com</strong>o exemplo o objetivo benchmarking localizado na perspectiva deprocessos internos que está ligado a outros objetivos estratégicos, a saber: inovaçãode serviços localiza<strong>da</strong> também na mesma perspectiva e beneficiários/assistidos(projetos) que está localiza<strong>da</strong> na perspectiva de clientes.Destarte, a interpretação realiza<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong> leitura do mapa estratégico é:a perspectiva de aprendizado e crescimento é a base para a realização <strong>da</strong>s demaisperspectivas constantes no mapa, identifica-se alguns objetivos que são vetores àrealização de outros objetivos, neste caso, o objetivo informação ambiental e setoriale cultura orienta<strong>da</strong> para resultados sociais.E, a partir destes objetivos, a Zambô desenvolverá condições para realizarbenchmarking <strong>da</strong>s melhores práticas no setor e, conseqüentemente, inovar emserviços adquirindo mais eficiência e eficácia nos processos internos resultando emuma otimização dos recursos angariados que possibilita a organização atendermaior número de beneficiários/assistidos pelos projetos desenvolvidos.


955 CONCLUSÃOA análise <strong>da</strong> evolução e conformação <strong>da</strong>s organizações do setor social noBrasil evidenciou a relevância do potencial deste e as tendências que indicam umcrescimento ain<strong>da</strong> maior do que o verificado até a atuali<strong>da</strong>de, uma vez que estasorganizações têm se mostrado um importante interlocutor entre a iniciativa priva<strong>da</strong> eo poder público.No entanto, o momento atual exige reflexões consistentes so<strong>br</strong>e a práticavivencia<strong>da</strong> e as tendências aponta<strong>da</strong>s pelos estudos e pesquisas em termos degestão destas organizações.Destarte, a profissionalização e adoção de métodos de gestão até entãodiscutidos muito timi<strong>da</strong>mente, tornaram-se imprescindíveis, uma vez que ainformali<strong>da</strong>de e particulari<strong>da</strong>des existentes a estas organizações tornaram-se umgrave entrave à continui<strong>da</strong>de dos benefícios gerados à socie<strong>da</strong>de.Para tanto, objetivou-se desenvolver uma proposta de gestão para a Zambôdo Movimento Negro de Caraguatatuba, utilizando o Balanced Scorecard <strong>com</strong>oferramenta de gestão estratégica e avaliação de desempenho.No tocante aos objetivos específicos, o desenvolvimento <strong>da</strong> metodologia econstituição do modelo de gerenciamento estratégico atende ao escopo definido napropositura do trabalho, uma vez que a consoli<strong>da</strong>ção do modelo correspondeamplamente às expectativas estabeleci<strong>da</strong>s.Sendo assim, e, atendendo aos propósitos definidos no trabalho, foi possívelverificar a aplicabili<strong>da</strong>de do Balanced Scorecard em organizações do Terceiro Setore assim concluir que este, pode perfeitamente ser utilizado <strong>com</strong>o instrumento de


96gestão estratégica na área social, pois por meio <strong>da</strong> metodologia do BalancedScorecard foi possível integrar a missão e visão organizacional e traduzi-la emobjetivos e medi<strong>da</strong>s que permitem a avaliação de desempenho sob a ótica de quatroperspectivas: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento.Concluindo, portanto, o Balanced Scorecard é um sistema de gestão quepossibilita o cumprimento fun<strong>da</strong>mental de um dos princípios <strong>da</strong> Controladoria oaccountability que expressa a transparência e responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> organização emprestar contas aos seus diferentes públicos <strong>com</strong>o forma de reportar os resultadosatingidos e destinações dos recursos obtidos.


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