403 O PROCESSO <strong>DE</strong> VERTICALIZAÇÃO NAS CIDA<strong>DE</strong>S MÉDIAS BRASILEIRASO processo <strong>de</strong> verticalização das cida<strong>de</strong>s brasileiras inicia-se em São Paulo eRio <strong>de</strong> Janeiro e ao longo do tempo expan<strong>de</strong>-se para as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>nominadasgran<strong>de</strong>s e atinge, também, as <strong>de</strong> porte médio ou cida<strong>de</strong>s médias. Essa formaespacial, que começa no Brasil a partir do início do século XX, pela magnitu<strong>de</strong> quealcançou, segundo Ramires (1997), <strong>de</strong>staca o país no cenário internacional.Assim, neste capítulo preten<strong>de</strong>-se caracterizar como se <strong>de</strong>senvolveu averticalização urbana em algumas cida<strong>de</strong>s médias brasileiras. Para tanto, énecessário que se busque como se originaram as preocupações e os estudosreferentes a esse tipo <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, bem como a forma <strong>de</strong> caracterizar o que venha aser uma cida<strong>de</strong> média, visto que, conforme Correa (2007, p. 25), “Conceituar cida<strong>de</strong>média implica em esforço <strong>de</strong> abstração, <strong>de</strong> estabelecer a unida<strong>de</strong> daquilo que épouco conhecido, que parece como muito diversificado.”De acordo com Amorim Filho e Serra (2001), a preocupação com as cida<strong>de</strong>smédias, como instrumento <strong>de</strong> planejamento urbano e regional, tem sua origem naFrança após a 2ª Guerra Mundial, tendo em vista o processo <strong>de</strong> reconstrução docontinente europeu e a aceleração do processo <strong>de</strong> urbanização mundial. Na década<strong>de</strong> 1960, as metrópoles regionais são alvos <strong>de</strong> estudos em várias partes do mundo.Na busca da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconcentração e <strong>de</strong>scentralização das massasurbanas e <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, para se alcançar uma diminuição dos problemascausados por essa situação nas metrópoles e gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, as cida<strong>de</strong>s médiaspassam a ter relevância como instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e aplicação daspolíticas <strong>de</strong> planejamento urbano e regional. Assim, as cida<strong>de</strong>s médias passam aser tema <strong>de</strong> estudo e têm, na década <strong>de</strong> 1970, uma gran<strong>de</strong> contribuição para oplanejamento urbano-regional (AMORIM FILHO; SERRA, 2001).Motta e Mata (2008, p.34) <strong>de</strong>stacam a importância das cida<strong>de</strong>s médias daseguinte forma:A importância das cida<strong>de</strong>s médias resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que elas possuem umadinâmica econômica e <strong>de</strong>mográfica próprias, permitindo aten<strong>de</strong>r àsexpectativas <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores e cidadãos, manifestados na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>equipamentos urbanos e na prestação <strong>de</strong> serviços públicos, evitando as<strong>de</strong>seconomias das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s e metrópoles. Dessa forma, as cida<strong>de</strong>smédias se revelam como locais privilegiados pela oferta <strong>de</strong> serviçosqualificados e bem-estar que oferecem.
41De acordo com Motta e Mata (2008, p. 34), “Não há consenso sobre o conceito<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s médias.” Os critérios para a <strong>de</strong>finição do que venha a ser uma cida<strong>de</strong>média <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá [...] “dos objetivos <strong>de</strong> especialistas e <strong>de</strong> políticas públicasespecificas. ” (MOTTA; MATA, 2008, p. 34). Ainda, <strong>de</strong> acordo com Motta e Mata(2008) o critério mais utilizado para <strong>de</strong>terminar o que venha a ser uma cida<strong>de</strong> média,é o critério <strong>de</strong>mográfico – entre 100 até 500 mil habitantes, sendo, para tanto,consi<strong>de</strong>rada a população total do município. 1De acordo com Amorim Filho e Serra (2001, p. 9), com base na experiênciaque foi acumulada até a década <strong>de</strong> 1970, especialmente, pela experiência<strong>de</strong>senvolvida na França para as cida<strong>de</strong>s médias, os seguintes atributos sãonecessários para uma cida<strong>de</strong> ser qualificada como média:- interações constantes e duradouras tanto com seu espaço regionalsubordinado quanto com aglomerações urbanas <strong>de</strong> hierarquia superior;- tamanho <strong>de</strong>mográfico e funcional suficiente para que possam oferecer umleque bastante largo <strong>de</strong> bens e serviços ao espaço microrregional a elasligado; suficientes, sob outro ponto, para <strong>de</strong>sempenharem o papel <strong>de</strong>centros <strong>de</strong> crescimento econômico regional e engendrarem economiasurbanas necessárias ao <strong>de</strong>sempenho eficiente <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s produtivas;- capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber e fixar os migrantes <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s menores ou dazona rural, por meio do oferecimento <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho,funcionando, assim, como pontos <strong>de</strong> interrupção do movimento migratóriona direção das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, já saturadas;- condições necessárias ao estabelecimento <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> dinamizaçãocom o espaço rural microrregional que o envolve; e- diferenciação do espaço intra-urbano, com um centro funcional jáindividualizado e uma periferia dinâmica, evoluindo segundo um mo<strong>de</strong>lobem parecido com as gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, isto é, por intermédio damultiplicação <strong>de</strong> novos núcleos habitacionais periféricos.Conforme Soares (2007) o critério <strong>de</strong>mográfico para classificação <strong>de</strong> umacida<strong>de</strong> como média não aten<strong>de</strong> por completo a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>nominação. Essecritério relaciona cida<strong>de</strong>s que apresentam funções e dinâmicas diferentes, numamesma categoria. Para Soares (2007, p 463) este critério, “[...] não consegue darconta da realida<strong>de</strong> [...].” Ainda, conforme Soares (2007, p. 463), “[...] a categorização<strong>de</strong> tamanho <strong>de</strong>mográfico <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> média varia segundo a região, o país, e operíodo histórico consi<strong>de</strong>rado.”De maneira semelhante à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong> ser feita utilizando-se<strong>de</strong> diferentes critérios em diversas partes do mundo e no Brasil, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>1 Amorim Filho; Serra (2001) adotaram, a partir <strong>de</strong> estudos da década <strong>de</strong> 1970, os limites paracaracterização <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s médias os limites <strong>de</strong> 50 a 250 mil habitantes; Andra<strong>de</strong>; Serra (2001) usamcomo critério o tamanho populacional <strong>de</strong> 50 a 500 mil habitantes; e Castelo Branco (2006), em seuestudo sobre as cida<strong>de</strong>s médias no Brasil, adotaram como limite mínimo 100 mil e, como limitemáximo, 350 mil habitantes.
- Page 1 and 2: Gabriel Anibal Santos de OliveiraVE
- Page 3 and 4: Gabriel Anibal Santos de OliveiraVE
- Page 5 and 6: AGRADECIMENTOSA Deus, o Grande Arqu
- Page 7 and 8: RESUMONeste trabalho apresentam-se
- Page 9 and 10: LISTA DE ILUSTRAÇÕESFigurasFigura
- Page 11 and 12: Figura 45 Santa Cruz do Sul: vista
- Page 13 and 14: LISTA DE TABELASTabela 1Santa Cruz
- Page 15 and 16: SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO ............
- Page 17 and 18: 171 INTRODUÇÃOA verticalização
- Page 19 and 20: 19A verticalização de Santa Cruz
- Page 21 and 22: 21Objetivo 2: identificar, no desen
- Page 23 and 24: 23[...] o espaço urbano deve ser c
- Page 25 and 26: 25A renda fundiária, também chama
- Page 27 and 28: 27monopólio. De acordo com Harvey
- Page 29 and 30: 29realizada pelos proprietários fu
- Page 31 and 32: 31reprodução da sociedade capital
- Page 33 and 34: 33consumo e, também, como símbolo
- Page 35 and 36: 35preços maiores, há uma ampla es
- Page 37 and 38: 37Objeto do processo de verticaliza
- Page 39: 39de consenso: a questão da modern
- Page 43 and 44: 43década de 1950, em diversos docu
- Page 45 and 46: 45mudanças na estrutura das cidade
- Page 47 and 48: 47A Universidade aparece como motor
- Page 49 and 50: 49pessoas com quinze anos ou mais,
- Page 51 and 52: 51Tabela 1 - Principais produtos cu
- Page 53 and 54: 53O setor secundário encontra-se b
- Page 55 and 56: 55municípios: Porto Alegre, Santo
- Page 57 and 58: 57com o término da guerra. No ano
- Page 59 and 60: 59Figura 4 - Planta da Freguesia de
- Page 61 and 62: 61ruas, verificado no núcleo urban
- Page 63 and 64: 63Também, nesse período, a agricu
- Page 65: 65Quadro 2 - Santa Cruz do Sul - de
- Page 68 and 69: 681971 e 1973, respectivamente, lig
- Page 70 and 71: 70Os primeiros edifícios com quatr
- Page 72 and 73: 72período de 1980-1989 passou a oc
- Page 74 and 75: 744.3.1 - 1º Período de 1970 a 19
- Page 76 and 77: 76começavam a aparecer os resultad
- Page 78 and 79: 78Tabela 3 - Santa Cruz do Sul: dis
- Page 80 and 81: 80Figura 13 - Edifício Jardim Aste
- Page 82 and 83: 82Figura 17 - Santa Cruz do Sul: di
- Page 84 and 85: 84Figura 18 - Residencial Humaitá,
- Page 86 and 87: 86vigência até que o município t
- Page 88 and 89: 88Da mesma forma que o Arquiteto Ma
- Page 90 and 91:
90Tabela 4 - Santa Cruz do Sul: Dis
- Page 92 and 93:
92Conforme o Sr. Clóvis Sallaberry
- Page 94 and 95:
94A esse respeito o Sr. Carlos Augu
- Page 96 and 97:
96Quanto à área média das unidad
- Page 98 and 99:
98contadores, dentre outros), funci
- Page 100 and 101:
100financeiras. Essa situação, ta
- Page 102 and 103:
102Gráfico 4 - Brasil: Inflação
- Page 104 and 105:
104controle dos bancos estatais, me
- Page 106 and 107:
106Neste período, foram edificados
- Page 108 and 109:
108Figura 23 - Santa Cruz do Sul: d
- Page 110 and 111:
110CONSTRUTORA/Tabela 7 - Santa Cru
- Page 112 and 113:
112Figura 24 - Edifício Champs Ely
- Page 114 and 115:
114A área construída, neste perí
- Page 116 and 117:
116Outras empresas tiveram sua atua
- Page 118 and 119:
1181.000.000,00 não vai botar uma
- Page 120 and 121:
120Para minimizar essa situação a
- Page 122 and 123:
122Figura 29 - Santa Cruz do Sul: a
- Page 124 and 125:
124melhora do ambiente de investime
- Page 126 and 127:
126Figura 30 - Santa Cruz do Sul: d
- Page 128 and 129:
128quinze (11,11%) no bairro Univer
- Page 130 and 131:
130Tabela 10 - Santa Cruz do Sul: p
- Page 132 and 133:
132Figura 33 - Edifício Jardim do
- Page 134 and 135:
134No bairro Ana Nery, o Residencia
- Page 136 and 137:
136Os apartamentos têm área médi
- Page 138 and 139:
138Figura 41 - Condomínio Residenc
- Page 140 and 141:
140de conforto e qualidade e que se
- Page 142 and 143:
142Gráfico 8 - Verticalização de
- Page 144 and 145:
144Vila Nova, com 69,41; Independê
- Page 146 and 147:
1464.3.4 - Síntese dos períodosNe
- Page 148 and 149:
Quantidades148diminuição das unid
- Page 150 and 151:
150Quadro 4 - Santa Cruz do Sul: in
- Page 152 and 153:
152acrescentou-se a participação
- Page 154 and 155:
154O adensamento vertical que vem o
- Page 156 and 157:
156menor poder aquisitivo, onde ser
- Page 158 and 159:
158Na figura 47, tem-se o condomín
- Page 160 and 161:
160relação ao período anterior.
- Page 162 and 163:
162Minha Casa - Minha Vida. Também
- Page 164 and 165:
164REFERÊNCIASAMORIM FILHO, O.; SE
- Page 166 and 167:
166GAZETA DO SUL. Santa Cruz do Sul
- Page 168 and 169:
168SAHR, C. L. L. Dimensões de an
- Page 170 and 171:
170APÊNDICESPROGRAMA DE PÓS-GRADU
- Page 172 and 173:
17214.2 Esses adquirentes são de S
- Page 174 and 175:
17428. Como é o mercado imobiliár
- Page 176 and 177:
17613. No seguimento de atuação e
- Page 178 and 179:
17822. Em sua opinião, quais setor
- Page 180 and 181:
180PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
- Page 182 and 183:
18217. Quanto ao poder público (Un
- Page 184 and 185:
184PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
- Page 186 and 187:
186PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM