44solvável foram necessários. Assim, articulados, os agentes imobiliários com seusprodutos, e o Estado fornecendo as condições necessárias <strong>de</strong> infraestrutura,apresentam o edifício, produto principal da verticalização, que, até então, presentenos núcleos urbanos <strong>de</strong> maior porte passa a fazer parte da paisagem das cida<strong>de</strong>smédias brasileiras.Os primeiros estudos acadêmicos referentes ao tema da verticalização urbanano Brasil datam da década <strong>de</strong> 1980. Conforme levantamento bibliográfico realizadopor Ramires (1998), i<strong>de</strong>ntifica-se como a primeira dissertação relativa ao tema, arealizada por (HOMEM, 1982), versando sobre o prédio Martinelli, em São Paulo.Ainda, <strong>de</strong> acordo com Ramires (1998), foi no 5º Simpósio Nacional <strong>de</strong> GeografiaUrbana, realizado em Fortaleza no ano <strong>de</strong> 1995, que se organizou a primeira sessãotemática sobre o processo <strong>de</strong> verticalização nas cida<strong>de</strong>s brasileiras.Ramires (1998), ao realizar estudo bibliográfico referente à verticalização dascida<strong>de</strong>s brasileiras observou as seguintes características e pontos <strong>de</strong> consenso, nostrabalhos analisados.1) A questão <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: neste aspecto os estudos apresentadosevi<strong>de</strong>nciam o arranha-céu como marco típico da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Trata, também, danova forma <strong>de</strong> morar da socieda<strong>de</strong> brasileira, que foi proporcionada por intermédiodo apartamento e aceita pelas classes média e alta. Relaciona, ainda, averticalização das cida<strong>de</strong>s brasileira, a partir dos anos 60, a política habitacional<strong>de</strong>senvolvida e estimulada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação do Banco Nacional da Habitação.2) Técnica, espaço e verticalização: neste ponto são contempladas, nosestudos analisados, as questões relativas as possibilida<strong>de</strong>s técnicas que permitemproduzir, a partir da verticalização, o espaço urbano no Brasil e outros países.3) Impactos na estrutura interna da cida<strong>de</strong>: os estudos feitos indicam que aforma espacial representada pela verticalização, tem provocado mudançasprofundas na estrutura das cida<strong>de</strong>s, relativas ao uso do solo urbano.4) Legislação urbana e verticalização: são tratados nesses trabalhos aimportância da participação do Po<strong>de</strong>r Público, com vistas aos aspectos legais paradisciplinar o processo <strong>de</strong> verticalização das cida<strong>de</strong>s. É evi<strong>de</strong>nciada, ainda, ainfluencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados grupos para subordinar a legislação aos seus interesses.5) Incorporação imobiliária e verticalização: o processo <strong>de</strong> verticalização nãopo<strong>de</strong> ser entendido sem o instituto da incorporação imobiliária. Por intermédio doincorporador, reconhecido juridicamente, é o agente que produz importantes
45mudanças na estrutura das cida<strong>de</strong>s, que resultam da convergência <strong>de</strong> interesses e,por vezes, <strong>de</strong> conflitos e antagonismos com outros agentes promotores do espaçourbano.6) Etapas da verticalização: em muitos trabalhos evi<strong>de</strong>ncia-se, conforme oautor supracitado, a falta <strong>de</strong> atribuição <strong>de</strong> períodos para a realização dos estudossobre o processo <strong>de</strong> verticalização. Por outro lado, há os que apresentamarticulação das diversas etapas do processo com fenômenos <strong>de</strong> cunho social,econômico e político da socieda<strong>de</strong> brasileira, e a busca no sentido <strong>de</strong> relacioná-locom os âmbitos nacional, regional e local.A maioria dos estudos sobre a verticalização concentra-se nas principaiscapitais brasileiras, com <strong>de</strong>staque especial para a metrópole <strong>de</strong> São Paulo. Essesestudos realizados por Homem (1982), Macedo (1987), Ferreira (1987) e Souza(1989), com <strong>de</strong>staque para teses e dissertações, segundo Sähr (2000), objetivavamenten<strong>de</strong>r como o processo <strong>de</strong> verticalização ocorreu na capital paulista. Nos anos90, tal a importância que a verticalização exerceu sobre o espaço urbano <strong>de</strong>ssacida<strong>de</strong>, foram editados dois livros: A I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da Metrópole e A cida<strong>de</strong> vertical e ourbanismo mo<strong>de</strong>rnizador, frutos dos estudos <strong>de</strong> Souza (1994) e <strong>de</strong> Somekh (1997),respectivamente. São <strong>de</strong>sse período, também, as primeiras teses, dissertações,artigos e outros estudos, que buscaram, também, compreen<strong>de</strong>r como esse processo<strong>de</strong>senvolveu-se nas cida<strong>de</strong>s médias brasileiras. Assim, nesse período, <strong>de</strong>stacam-seos trabalhos realizados por Spósito (1991), referente à Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte,Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, SP; Men<strong>de</strong>s (1992), que analisa averticalização <strong>de</strong> Maringá, PR, e Ramires (1998), que estuda esse fenômeno noespaço urbano <strong>de</strong> Uberlândia, MG.Com referência aos estudos realizados a partir <strong>de</strong> 1998, observa-se que se<strong>de</strong>stacam os estudos referentes às cida<strong>de</strong>s paranaenses <strong>de</strong> Londrina, Apucarana,Maringá, Guarapuava, Ponta Grossa, <strong>de</strong>ntre outras.O estudo da verticalização nessas cida<strong>de</strong>s médias brasileiras, objeto dosautores referenciados, 2 apresenta os mais variados enfoques espaciais e temporais.Dentre esses trabalhos, <strong>de</strong>stacam-se: o <strong>de</strong> Men<strong>de</strong>s (1992) que explica averticalização <strong>de</strong> Maringá, PR, a partir do estudo do papel do Estado e do capital; o2 Men<strong>de</strong>s (1992), Ramires (1998), Sähr (2000), Pinheiro e Soares (2003), Machado e Men<strong>de</strong>s (2003),Men<strong>de</strong>s (2005), Töws e Men<strong>de</strong>s (2007), Gimenez (2007), (Zemke, 2007), (Passos, 2007), Carvalho eOliveira (2008), Casaril (2008, 2009), Men<strong>de</strong>s (2009), Men<strong>de</strong>s e Töws (2009); e (Töws, 2010).
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