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JUVENTUDES: É POSSÍVEL FALAR EM CULTURA JUVENIL?

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85gerações 1 que a “geração” é o compromisso mais dinâmico entre massa e indivíduo. Podemser os homens da mais diversa têmpera e pensar diferente, ser reacionários ou revolucionários,mas, são indivíduos de seu próprio tempo. Posteriormente, em mais amplamente conhecidaobra, A rebelião das massas (ORTEGA Y GASSET, 1999) dedica uma parte a uma das trêsgerações: “a juventude” (as outras são os maduros e os velhos), na qual reafirma o séc. XX secaracteriza pelo “extremo predomínio dos jovens” (ORTEGA Y GASSET, 1999, p.276), emque a idade não é uma data, mas uma área de datas, período que serve ao homem paratrabalhar ativamente projetando seu próprio modo de vida. Vislumbra-se, nestes termos, umaelaboração conceitual que ultrapassa a análise de que a mudança geracional se dá a cada 30 ou15 anos, ou para pensá-las em uma lógica retilínea do progresso, vai além da mera idadecronológica e biológica.Outro ponto de partida em torno da problematização do conceito de juventude é o que seapresenta em uma perspectiva construtivista, sintetizada no texto clássico de Bourdieu, escritoem 1978 e intitulado A juventude não é mais que uma palavra (BOURDIEU, 1990), no qualafirma que as relações entre a idade social e a biológica são muito complexas e, portanto,costumam estar sujeitas a manipulação, sobretudo no sentido de conceber os jovens como aunidade social com interesses comuns, pelo simples fato de compartilharem uma categoria deidade.As classificações por idade, diz Bourdieu (1983, p.112) (mas também por sexo, ou, é claro,por classe...) acabam sempre por impor limites e produzir uma ordem onde cada um deve semanter em relação à qual cada um deve se manter em seu lugar.Bourdieu no decorrer da entrevista 2 vai tecendo uma série de considerações acerca dajuventude e da velhice lembrando “simplesmente que a juventude e a velhice não são dados,mas construídos socialmente na luta entre os jovens e os velhos”(p.113)O reconhecimento de que existem juventudes possibilita uma discussão sobre asrepresentações sociais a respeito dos jovens na contemporaneidade. <strong>É</strong> preciso admitir, há1 Este ensaio é a primeira parte do livro El tema de nuestro tiempo (1923). Que aparece emJosé Ortega y Gasset, Obras completas, v. III, Madri, Revista de Occidente, 1946-1983.Disponível em: http://www.ensaystas.org/antologia/XXE/ortega3.htm.2 Entrevista a Anne-Marie Métailié, publicada em Les Jeunes et le premier emploi, Paris,Associat ion desAges, 1978. Extraído de: BOURDIEU, Pierre. 1983. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero.P. 112-113.

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