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Um poeta à sombra da estante - Academia Brasileira de Letras

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Tania Franco Carvalhal15 Meyer,Augusto. Machado<strong>de</strong> Assis.1935-1958. Rio<strong>de</strong> Janeiro,Livraria São José,1958, p. 235.16 Carvalhal,Tania. “Meyer, achave e asmáscaras” In:“Dez anos semAugusto Meyer”,Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Sábado,jornal Correio doPovo, 12.7.1980,p. 16.17 Meyer, A.Machado <strong>de</strong> Assis,1958, p. 224.18 Meyer, A.1958, p. 13.19 Meyer, A.1958, p. 41.20 Meyer, A.1958, p. 17.blioteca é antes <strong>de</strong> tudo solidão e silêncio, o silêncio <strong>da</strong>s vozes <strong>de</strong>sencontra<strong>da</strong>se a solidão dos gran<strong>de</strong>s ajuntamentos.” 15Ali, uma vez mais, Machado revive diante do seu exemplar leitorpara dizer-lhe, num fio <strong>de</strong> voz: “Ouça, menino, ca<strong>da</strong> alma émais do que um mundo à parte em ca<strong>da</strong> peito, é um enigma parasi própria...”Curiosamente, no último texto do livro <strong>de</strong> 58 se recompõe a situaçãoinaugural do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slin<strong>de</strong> a que Meyer submeteu permanentementea obra <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, fazendo-nos voltar aoensaio <strong>de</strong> 35 e aos primeiros estudos. Já aí o encontramos no plenoexercício <strong>da</strong> crítica como leitura, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como <strong>de</strong>cifração <strong>da</strong>obra, sempre metaforicamente <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> como enigma. Ressalteiesse aspecto ao examinar um dos livros mais notáveis <strong>de</strong> Meyer, Achave e a máscara (1964), 16 no qual, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o título, a associação consciente<strong>da</strong>s duas palavras <strong>de</strong>ixa transparecer ao mesmo tempo um conceito<strong>de</strong> crítica – chave – numa função <strong>de</strong>sveladora, e um conceito<strong>de</strong> obra literária – máscara, em seu caráter ambígüo e encobridor.Nesta perspectiva, é fácil enten<strong>de</strong>r a atração do crítico pela obra machadiana,pois este cultivou, como poucos, “a arte <strong>da</strong> dubie<strong>da</strong><strong>de</strong> e afalsa transparência <strong>da</strong> máscara”. 17Portanto, como anota no texto <strong>de</strong> 35, “em Machado, a aparência<strong>de</strong> movimento, a pirueta e o malabarismo são disfarces que mal conseguemdissimular uma profun<strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> – <strong>de</strong>veria dizer: uma terrívelestabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.” 18Toma, então, o traçado <strong>da</strong>s personagens para i<strong>de</strong>ntificar o autor.Flora, segundo ele, aludiria a Machado na medi<strong>da</strong> em que “hesitaentre Pedro e Paulo como o pensamento do autor, entre uma escolhae outra que a suprime”. Todo o pensamento <strong>de</strong> Machado “secorporifica nessa figura <strong>de</strong> mulher, chave <strong>de</strong> sua obra perversa e perfeita”.19 Da mesma forma, consi<strong>de</strong>ra Brás Cubas um pretexto e, noromance, “o senão do livro é o senão <strong>de</strong> si mesmo”. 2038

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