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Um poeta à sombra da estante - Academia Brasileira de Letras

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Luís Augusto FischerNaturalmente, sua percepção a respeito do tema vai-se matizando,ao longo do tempo. Prosa dos pagos, sua obra <strong>de</strong> referência neste assunto,teve várias edições e pelo menos duas feições, tal o montante<strong>de</strong> novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s entre a edição primeira, <strong>de</strong> 1943, e as que apareceram apartir <strong>de</strong> 1960. As <strong>da</strong>tas mesmo são significativas, consi<strong>de</strong>rado oquadro <strong>da</strong> cultura do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Façamos uma breve retoma<strong>da</strong>.Na altura em que Meyer publicava sua coletânea sobre a literaturaregionalista gaúcha, po<strong>de</strong>-se dizer que estava por fechar um século<strong>de</strong> freqüentação do tema por artistas e intelectuais locais. Ain<strong>da</strong> quea Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Partenon Literário tenha aparecido formalmente apenasnos últimos anos <strong>de</strong> 1860–é<strong>de</strong>lembrar que a instituição abrigou edivulgou os escritores tentativos <strong>da</strong>quela altura, numa espécie <strong>de</strong>irmã antecipa<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, anterior no tempo mas com algunsímpetos análogos –, já ao final <strong>da</strong> Guerra dos Farrapos (1835-45) otema regional começou a impor-se à mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos jovens <strong>da</strong> terra.Era preciso ser gaúcho – palavra por sinal ain<strong>da</strong> maldita na altura,reserva<strong>da</strong> que era apenas aos marginais sociais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> interiorana <strong>da</strong>campanha –, e os escritores puseram mãos à obra na forma <strong>de</strong> forjaruma figura i<strong>de</strong>ntitária.Com o Partenon, tudo cresceu, e apareceram escritores que, nãoobstante as limitações formais e o acanhado alcance, se impuseramao meio. Sirva <strong>de</strong> exemplo Apolinário Porto Alegre, professor, pesquisadorespontâneo, leitor voraz, escritor obstinado, folcloristaamador, republicano <strong>de</strong> têmpera <strong>de</strong>mocrática (o que no Rio Gran<strong>de</strong><strong>de</strong> então era uma rari<strong>da</strong><strong>de</strong>, é bom lembrar). Na vi<strong>da</strong> política vem aRepública, na forma positivista extrema<strong>da</strong> que uma geração brilhanteprotagonizou, Júlio <strong>de</strong> Castilhos em primeiro plano, mais PinheiroMachado, Assis Brasil, Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, Ramiro Barcellos.Na vira<strong>da</strong> do século XX, surgirá a primeira gran<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> escritores<strong>de</strong>dicados ao tema regional, com Simões Lopes Neto à fren-54

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