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Um poeta à sombra da estante - Academia Brasileira de Letras

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Tania Franco Carvalhal22 Meyer, A.1958, p. 119.23 Meyer, A.1958, p. 110.elementos interpretativos. Ca<strong>da</strong> releitura é uma re<strong>de</strong>scoberta. Porisso dirá que “ele ganha muito em ser lido aos trechos, ou a largos intervalos<strong>de</strong> leitura”.Na primeira versão do estudo “Machado <strong>de</strong> Assis, 1947”, queabre o segundo bloco do volume, o título era bastante eluci<strong>da</strong>tivocom relação a seu conteúdo: “Sugestões <strong>de</strong> um texto” aludia diretamenteao estímulo crítico provocado pelo estudo <strong>de</strong> Alci<strong>de</strong>s Mayasobre o humour. No volume, Meyer guar<strong>da</strong> apenas a indicação <strong>da</strong><strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação. Nesse ensaio, procura examinar como a críticaconstrói a imagem oficial do escritor, comentando que sua sobrevivência<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> “do compromisso entre o me<strong>da</strong>lhonismo e a singulari<strong>da</strong><strong>de</strong>,é um equilíbrio instável que oscila entre o ser e o <strong>de</strong>ixar<strong>de</strong> ser e constantemente se <strong>de</strong>sfaz para refazer-se”. O trabalho <strong>da</strong>crítica, portanto, inci<strong>de</strong> justamente no processo <strong>de</strong> modificação, <strong>de</strong><strong>de</strong>formação, <strong>de</strong> renovação do sentido <strong>da</strong> obra “porque mudou o ângulo<strong>de</strong> interesse e são outros os motivos nela contidos que fixam <strong>de</strong>preferência a atenção dos novos intérpretes”. 22Outro aspecto chama sua atenção: as questões liga<strong>da</strong>s à criação literária.Nesse contexto acentua a importância do processo <strong>de</strong> dissociaçãoliterária, pois o escritor “quando escreve, <strong>de</strong>ixa as virtu<strong>de</strong>squotidianas no tinteiro. No ato <strong>de</strong> escrever, ele já não é o homem,produto moral e social <strong>de</strong> todos os dias, mas uma libertação e às vezesuma superação <strong>de</strong> si mesmo. Em parte”, dirá, “uma errata <strong>de</strong> simesmo”. 23Os textos seguintes, “Da sensuali<strong>da</strong><strong>de</strong>” e “Capitu”, foram igualmentepublicados no livro <strong>de</strong> 47. Ambos são reflexões inspira<strong>da</strong>s emLúcia Miguel Pereira, a quem o primeiro <strong>de</strong>les é <strong>de</strong>dicado. Em setembro<strong>de</strong> 1935, por ocasião <strong>da</strong> publicação do ensaio <strong>de</strong> Meyer, acrítica escrevera: “À exceção <strong>de</strong> dois pontos que creio primordiaispara o entendimento do maior escritor brasileiro – a sensuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e atimi<strong>de</strong>z – todos os seus aspectos foram abor<strong>da</strong>dos, com gran<strong>de</strong>40

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