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POBREZA E CURRÍCULO UMA COMPLEXA ARTICULAÇÃO

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eações, de lutas, de movimentos sociais dos próprios coletivos pobres exigindo políticas públicas<br />

contra a pobreza.<br />

Palavras de luta! Foto de Marcelo Valle (2008).<br />

Pensar essas histórias como parte de<br />

uma única história garante a compreensão da<br />

pobreza como produção social, econômica,<br />

política e cultural, sempre acompanhada da<br />

existência de uma tensa história de resistências,<br />

pressões, ações e movimentos coletivos dos(as)<br />

próprios(as) pobres, pressionando os governos, o<br />

Estado, os organismos nacionais e internacionais<br />

por programas e, sobretudo, por políticas que<br />

revertam as estruturas produtoras da pobreza.<br />

Em vista disso, os currículos precisam incorporar<br />

essa visão de que os(as) pobres não são<br />

beneficiários(as) agradecidos(as), e sim sujeitos<br />

políticos e de políticas: a história das pressões<br />

por terra, teto, territórios, reforma agrária e<br />

urbana; a história das reivindicações por saúde<br />

das famílias pobres, centros de saúde nas vilas<br />

e favelas; a história dos movimentos de mães<br />

pobres e trabalhadoras por creches e escolas para<br />

seus filhos e filhas; a história dos programas de<br />

ações afirmativas, das cotas para afro-brasileiros,<br />

da inclusão dos indígenas, dos quilombolas etc.<br />

Trabalhar essa história nas diversas áreas do conhecimento será uma forma de garantir a<br />

todos(as) os(as) educandos(as) conhecimentos que fazem parte da história universal, que fazem parte<br />

do conhecimento público. Ao avançar nessa direção, os conhecimentos curriculares cumprem a função<br />

pedagógica não só de informar verdades, mas de formar identidades positivas nos coletivos pobres<br />

submetidos a tantas representações sociais negativas e inferiorizantes.<br />

Respostas políticas às pressões dos pobres por reconhecimento<br />

Com o avanço das tentativas de integrar nos currículos o lado tenso da história de produção social<br />

da pobreza, que envolve reações políticas dos(as) pobres, chegaremos a questões que também exigem<br />

aprofundamento: seria a atualidade o momento histórico de finalmente reconhecer os(as) pobres<br />

como sujeitos políticos e de políticas contra os determinantes estruturais da pobreza? Estaria em curso<br />

uma mudança que passaria a reconhecê-los(as) como sujeitos de direito à terra, ao teto, ao trabalho, à<br />

alimentação, ao transporte, à educação, à saúde etc. a partir da materialização desses direitos?<br />

Módulo IV - Pobreza e Currículo: uma complexa articulação 27

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