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POBREZA E CURRÍCULO UMA COMPLEXA ARTICULAÇÃO

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Na obra Trabalho-Infância (ARROYO; SILVA, 2014) podem ser encontrados dados e análises<br />

sobre a relação tão estreita e tensa entre trabalho, pobreza e infância, aspectos a serem discutidos<br />

em dias de estudo como: infância-pobreza e sobrevivência do próprio trabalho; pobreza e o caráter<br />

provisório do trabalho; o trabalho infantil como saída de emergência para a pobreza; o trabalho<br />

infantil e o aprendizado da condição de pobre, de classe trabalhadora; a determinação social da<br />

pobreza e do trabalho; a matriz social humanizadora do trabalho; a infância repõe na cena pedagógica<br />

a pobreza e o trabalho...<br />

Essas e outras dimensões da relação entre currículo, pobreza e trabalho infantojuvenil<br />

aparecem nas narrativas dos educandos(as) e das suas famílias e coletivos sociais. Dar destaque a<br />

essas temáticas nos currículos será um caminho para aproximar pobreza e trabalho nos cursos de<br />

formação de docentes-educadores e da Educação Básica; uma forma concreta de garantir o direito<br />

de todos(as) os(as) alunos(as) e, especificamente, das infâncias-adolescências pobres-trabalhadoras<br />

ao conhecimento devido como cidadãos(ãs).<br />

Conclusão<br />

Se entendemos que a escola é um espaço de socialização de valores e identidades, a questão<br />

que mais se salienta é: como dialogar com os processos e vivências socializadoras da pobreza? Se<br />

essas experiências da pobreza são tão fortes como experiências sociais, culturais, dignas-indignas, de<br />

que forma marcam as identidades, os valores, os saberes dos educandos(as) que chegam às escolas?<br />

Que identidades esses sujeitos constroem nas vivências cruéis da pobreza e nos movimentos de<br />

reação que produzem?<br />

Essas são perguntas que se lançam às instituições escolares e aos currículos que não têm dado a<br />

devida centralidade às vivências da escolarização como socializadoras, formadoras ou deformadoras de<br />

identidades sociais, étnicas, raciais, de gênero etc.; e que, sobretudo, não têm reconhecido os processos<br />

socializadores que crianças, jovens e adultos em contextos empobrecidos experienciam. Além disso,<br />

não é temerário reconhecer que, na cultura política e pedagógica, a visão que se tem dos processos de<br />

socialização da pobreza é, predominantemente, negativa.<br />

Em vista disso, para a escola, a docência, as teorias pedagógicas e os currículos, levar em<br />

consideração esse caráter socializador das vivências da pobreza pode ter um significado extremamente<br />

relevante: restituir a sua função formadora e educativa. Entretanto, isso não pode reduzir-se à seleção<br />

de conhecimentos sobre a pobreza a serem trabalhados nos processos de ensino-aprendizagem. É<br />

necessário, ao contrário, que sejam questionadas as funções socializadora e formadora que o currículo,<br />

a pedagogia e a docência têm no acompanhamento dos processos de formação-deformação e<br />

humanização-desumanização desses milhões de sujeitos cujas vivências estão submetidas à pobreza.<br />

Módulo IV - Pobreza e Currículo: uma complexa articulação 39

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