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POBREZA E CURRÍCULO UMA COMPLEXA ARTICULAÇÃO

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Veja que não apenas os conteúdos específicos de cada disciplina são sintetizados nos currículos,<br />

mas também nele condensam-se determinadas expectativas – como tirar a nota máxima – e modos de<br />

organização – como a ordenação do espaço escolar – a partir de concepções de sociedade dominantes.<br />

É importante lembrar que essa síntese seleciona alguns saberes e deixa outros de fora. Sendo<br />

assim, o currículo está sempre em disputa.<br />

4<br />

Saiba Mais (relacionado a conteúdo na p. 12)<br />

A disseminação da “visão desenvolvimentista”: o caso da propaganda da<br />

Prefeitura do Rio de Janeiro<br />

Com o transcorrer deste módulo e dos módulos anteriores – em especial, do Módulo Introdutório<br />

e do Módulo 3 – você já pôde ter contato com diversos pensadores brasileiros e estrangeiros que<br />

refletiram criticamente sobre o papel da educação nas sociedades contemporâneas e que buscaram<br />

alternativas para os modos vigentes de ensino.<br />

Da proposta do pedagogo Paulo Freire de educar através de um constante diálogo com o universo<br />

sociocultural de seus(as) estudantes – a pedagogia do oprimido – até as críticas à supremacia ocidental<br />

do conhecimento que é transmitido nas escolas, percebemos que, no tocante à educação, há mais<br />

do que uma questão quantitativa. Não se trata de assegurar, apenas, que todas as crianças, jovens e<br />

adultos tenham garantido seu direito de frequentar as instituições de ensino, mas é preciso peguntar:<br />

educação para quê? Como atestaram tantos autores e autoras já mencionados nesse curso numa<br />

discussão que se torna cada vez mais disseminada, a educação necessita de mudanças qualitativas.<br />

Nesse sentido, não é de surpreender que a recente campanha publicitária da Prefeitura do Rio de<br />

Janeiro, que equiparava seu sistema de ensino a uma linha de produção fabril, tenha suscitado tantas<br />

repercussões negativas nas redes sociais. Em uma fábrica, para que a mercadoria possa se converter<br />

com mais facilidade em algo mensurável monetariamente, busca-se a homogeneização daquilo que é<br />

produzido. A metáfora parece implicar algo parecido: será a finalidade da educação criar trabalhadores<br />

e trabalhadoras cujo tempo de vida possa ser mais facilmente conversível em valor de trabalho? E mais,<br />

assim como os objetos da fábrica, que sofrem as ações das máquinas e da intervenção humana, será o<br />

objetivo do sistema escolar pensar nos estudantes como seres passivos, sem ação e vontade?<br />

Veja a propaganda da Prefeitura do Rio de Janeiro acessando o link:<br />

http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/12/09/prefeitura-do-rio-compara-escola-a-fabrica-e-geracriticas-no-facebook.htm<br />

Módulo IV - Pobreza e Currículo: uma complexa articulação 49

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