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Barros

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Pão de queijo<br />

Primeiro, a verdade: pão de<br />

queijo não é pão. Está mais<br />

para um biscoito de polvilho<br />

modificado que ganhou<br />

textura macia pela adição do<br />

queijo meia cura. Esse detalhe<br />

não impede que seja conhecido<br />

em todo o Brasil como pão.<br />

Agora, o que não se sabe<br />

ao certo é seu surgimento.<br />

Tudo indica que a receita<br />

tenha nascido como mais<br />

uma adaptação de outra,<br />

substituindo os ingredientes<br />

originais pelo que havia à<br />

disposição. No caso, o que<br />

faltava era farinha de trigo.<br />

Isso porque só no começo<br />

do século 20 o cereal passou<br />

a ser cultivado em larga<br />

escala no País. Antes, o jeito<br />

era quebrar o galho com<br />

os derivados da mandioca,<br />

herança indígena.<br />

O que ninguém sabe muito<br />

bem é quando aconteceu o<br />

encontro entre o polvilho<br />

e o queijo mineiro. Alguns<br />

estudiosos garantem que a<br />

receita existe desde o século<br />

18. Nessa época, havia grandes<br />

quantidades de queijo, o<br />

que fazia que existissem<br />

muitas sobras, que acabavam<br />

endurecendo. Assim, as<br />

cozinheiras foram aprimorando<br />

receitas e inventando novas<br />

com ingredientes produzidos<br />

na fazenda mesmo e assados<br />

em fogão a lenha.<br />

FOTOS: THINKSTOCKPHOTOS<br />

O bolo que é um patrimônio<br />

A família Souza Leão dá nome a um das receitas mais antigas<br />

do Brasil, reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial pelo<br />

estado de Pernambuco. O mais típico representante do período<br />

colonial do Brasil foi objeto de estudo do escritor e antropólogo<br />

Gilberto Freyre. Os ingredientes têm traços marcantes da<br />

cultura culinária de Portugal e do Brasil. A grande quantidade<br />

de gemas remete aos doces feitos nos conventos portugueses,<br />

enquanto a mandioca é o maior representante da lavoura<br />

indígena. A história conta que o doce rico e cremoso foi servido<br />

há um século e meio pela família Souza Leão, então dona de<br />

engenhos de cana-de-açúcar, ao imperador Dom Pedro II e à sua<br />

esposa Teresa Cristina, durante uma visita a Pernambuco.<br />

FEVEREIRO 2016 / Avista 53

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