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A lista de Schindler - Mietek Pemper

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<strong>de</strong> empresas alemãs e polonesas. Só mais tar<strong>de</strong> foi dada preferência aos operários <strong>de</strong><br />

indústrias especializadas na produção <strong>de</strong> artigos importantes para a guerra, que também<br />

podiam levar a família para o gueto. Portanto, quem não estivesse ligado a um <strong>de</strong>partamento<br />

alemão ou a uma empresa relevante para a guerra tinha <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a cida<strong>de</strong> e procurar casa em<br />

localida<strong>de</strong>s menores. Mas havia exceções: foi <strong>de</strong>cretado que ju<strong>de</strong>us velhos e doentes,<br />

incapazes <strong>de</strong> se locomover, não precisariam <strong>de</strong>ixar Cracóvia. Com base nessa <strong>de</strong>terminação,<br />

meu avô Arthur Gabriel <strong>Pemper</strong>, que estava então com 85 anos, recebeu um comprovante do<br />

agente oficial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Assim, em função da ida<strong>de</strong>, ele pô<strong>de</strong> morrer em sua própria cama em<br />

outubro <strong>de</strong> 1941. Se tivesse vivido um ano mais, teria sido um dos primeiros <strong>de</strong>portados para<br />

as colônias <strong>de</strong> extermínio em Bełżec. E era assim que uma vantagem podia se transformar em<br />

<strong>de</strong>svantagem e vice-versa — um planejamento <strong>de</strong> prazo mais longo ou até uma tentativa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver uma estratégia contra esse sistema <strong>de</strong> injustiça eram inconcebíveis.<br />

Ju<strong>de</strong>us em Cracóvia obrigados a construir o muro em volta <strong>de</strong> seu gueto (1941)<br />

Eu não recebi autorização para morar no gueto. Nem meu pai, que, como comerciante<br />

autônomo, não podia comprovar alguma ativida<strong>de</strong> “importante para a guerra”. Assim, meus<br />

pais e meu irmão mais novo se mudaram para a casa <strong>de</strong> parentes em Wiśnicz, cerca <strong>de</strong><br />

cinquenta quilômetros ao sul <strong>de</strong> Cracóvia, enquanto eu fiquei hospedado na casa do meu tio<br />

Zygmunt Weissenberg, irmão <strong>de</strong> minha mãe, que tinha uma empresa <strong>de</strong> transporte em Zielonki,<br />

na periferia <strong>de</strong> Cracóvia. Na casa <strong>de</strong>le, aju<strong>de</strong>i dando aulas aos meus dois primos.<br />

Depois <strong>de</strong> algumas semanas, fiz novo contato com a Comunida<strong>de</strong> Judaica em Cracóvia e<br />

obtive permissão <strong>de</strong> mudança para o gueto. Assim, a partir do verão <strong>de</strong> 1941, eu continuava a<br />

trabalhar para a comunida<strong>de</strong> (Conselho Ju<strong>de</strong>u), po<strong>de</strong>ndo, <strong>de</strong>sse modo, seguir <strong>de</strong> perto a<br />

política alemã <strong>de</strong> ocupação. Então, eu achava que ju<strong>de</strong>us só podiam se tornar necessários em<br />

cida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong>s — um pensamento que provou estar correto.<br />

Em março <strong>de</strong> 1941, Hitler anunciou que, em breve, tornaria o Governo Geral “livre <strong>de</strong><br />

ju<strong>de</strong>us”. 9 Essa linha <strong>de</strong> princípio político acarretou um conflito administrativo em torno da<br />

“solução para a questão judaica”. No gueto, <strong>de</strong> tempos em tempos eu recebia informações<br />

sobre isso por meio da correspondência da Comunida<strong>de</strong> Judaica. Não tinha informações

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