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A lista de Schindler - Mietek Pemper

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Uma surpresa no processo contra Gerhard Maurer<br />

o final <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1943, chegou a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> Oswald Pohl <strong>de</strong> que o até então campo<br />

N<strong>de</strong> trabalhos forçados <strong>de</strong> Cracóvia-Płaszów ficaria preservado e seria transformado em<br />

um campo <strong>de</strong> concentração autônomo. A transformação oficial ocorreu no dia 10 <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1944. Pohl era o chefe <strong>de</strong> todo o império econômico da SS, mas, pessoalmente, não<br />

tinha nada que ver com os <strong>de</strong>talhes da transformação <strong>de</strong> nosso campo em um campo <strong>de</strong><br />

concentração. Da conversão factual, cuidava o grupo seccional D da Central <strong>de</strong> Administração<br />

Econômica da SS, em Oranienburg, cujo chefe era o general Richard Glücks. A peça-chave<br />

para a intermediação <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>cisões e instruções <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> Oranienburg era o SS-<br />

Obersturmbannführer Gerhard Maurer. Dentro do grupo seccional D, ele dirigia a seção D II,<br />

que controlava a utilização <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>tentos em todos os quase vinte campos<br />

<strong>de</strong> concentração na área <strong>de</strong> dominação alemã. Como <strong>de</strong>scobri mais tar<strong>de</strong>, Maurer nasceu em<br />

Halle, em 1907. Como nazista convicto, entrou cedo, em 1930, para o partido nazista<br />

(NSDAP) e, em 1931, para a SS.<br />

Em 1945, quando a guerra terminou, retomei meus estudos na faculda<strong>de</strong> e terminei o curso<br />

<strong>de</strong> administração <strong>de</strong> empresas em 1948. Dois anos <strong>de</strong>pois, comecei a trabalhar como dirigente<br />

do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empresas estatais em Cracóvia, on<strong>de</strong> recebi a ligação do<br />

juiz <strong>de</strong> inquérito Dr. Jan Sehn. Sem ro<strong>de</strong>ios, ele foi logo perguntando se o nome Gerhard<br />

Maurer me dizia alguma coisa.<br />

— Naturalmente — respondi e fui imediatamente para o escritório <strong>de</strong>le no centro da cida<strong>de</strong>.<br />

Lá chegando, imitei para Sehn a assinatura <strong>de</strong> Maurer, que eu conhecia muito bem <strong>de</strong> vários<br />

escritos <strong>de</strong>le para Göth <strong>de</strong>s<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1944. Sehn ficou feliz, pois, até então, não encontrara<br />

ninguém para quem o nome Maurer dissesse algo e que pu<strong>de</strong>sse participar como testemunha da<br />

acusação no processo <strong>de</strong> crimes <strong>de</strong> guerra contra ele. Também <strong>de</strong>ssa vez Sehn havia sido<br />

encarregado da preparação do processo. Cinco anos após ter <strong>de</strong>posto contra Amon Göth, fui<br />

novamente testemunha principal da acusação. O processo ocorreu em Varsóvia, em 1951.<br />

Maurer fora um dos dirigentes da SS que executaram com muito engajamento e eficiência a<br />

perseguição aos ju<strong>de</strong>us a partir <strong>de</strong> seu local <strong>de</strong> trabalho, em Oranienburg. Ele sabia<br />

exatamente o que acontecia nos campos <strong>de</strong> concentração porque, no processo, ressaltou que<br />

inspecionara todos pessoalmente. Se me lembro bem, ele também visitara Płaszów pelo menos<br />

uma vez.<br />

Primeiramente, em 23 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1950, prestei o seguinte <strong>de</strong>poimento:<br />

Meus informantes, os oficiais da SS em Płaszów, qualificavam frequentemente<br />

Maurer como uma personalida<strong>de</strong> especialmente ativa. Prova disso é o fato <strong>de</strong> ele<br />

ter tido permissão para assinar “e.s.”, ou seja, “em substituição”, e não “p.o.”,<br />

“por or<strong>de</strong>m”, apesar da substituição normalmente ser do chefe da seção D I. Os<br />

oficiais da SS, às vezes, diziam ironicamente que, na verda<strong>de</strong>, só havia uma<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do grupo seccional D que Maurer não podia executar sozinho e

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