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A lista de Schindler - Mietek Pemper

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polícia) e, em 10 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1942, foi nomeado dirigente especial da SS Armada. Como<br />

dirigente <strong>de</strong> um comando especial, Göth participou <strong>de</strong> ações no gueto <strong>de</strong> Lublin, sob a direção<br />

<strong>de</strong> Odilo Globocnik, nas quais se <strong>de</strong>stacou <strong>de</strong> tal maneira perante seus superiores da SS que,<br />

no contexto <strong>de</strong> sua nova ativida<strong>de</strong> em Cracóvia, ele também dirigiu a liquidação do gueto <strong>de</strong><br />

Cracóvia em 13 e 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1943.<br />

No verão <strong>de</strong> 1943, portanto três ou quatro meses após a dissolução do gueto, o general<br />

Friedrich-Wilhelm Krüger, que até novembro <strong>de</strong> 1943 era o dirigente maior da SS e da polícia<br />

no leste, inspecionou o campo <strong>de</strong> Cracóvia-Płaszów. Foi então que, pela primeira vez, vi <strong>de</strong><br />

perto um general alemão da SS. Krüger estava acompanhado por integrantes da SS com<br />

carabinas engatilhadas — um à esquerda e um à direita — que teriam atirado<br />

instantaneamente, caso alguém se aproximasse <strong>de</strong>mais. Antes da inspeção, tivemos <strong>de</strong><br />

trabalhar dia e noite para <strong>de</strong>ixar o campo impecável. As ruas foram varridas, tudo tinha <strong>de</strong><br />

estar “nos trinques”. Naturalmente, quando Krüger andou pelo campo, os <strong>de</strong>tentos não podiam<br />

se mostrar. Também eu me fiz o mais invisível possível.<br />

No dia 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1943, Göth recebeu uma promoção <strong>de</strong> duas patentes, passando a SS-<br />

Hauptsturmführer F (Dirigente Especia<strong>lista</strong> da SS e da Polícia). Ele recebeu um diploma <strong>de</strong><br />

nomeação, por solicitação do general Krüger e sob recomendação do dirigente da SS e da<br />

polícia Julian Scherner. 26 Finalmente conseguiu alcançar sua aceitação como Reserveführer<br />

da SS, em 20 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1944. Essa solicitação tinha sido negada antes, porque Göth não<br />

servira nem dispunha <strong>de</strong> experiência <strong>de</strong> guerra. Por volta <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1944, Amon Göth<br />

recebeu outra promoção, tornando-se Hauptsturmführer. Agora tinha verda<strong>de</strong>iramente<br />

categoria <strong>de</strong> oficial. 27 O chefe do <strong>de</strong>partamento central <strong>de</strong> recursos humanos da SS em Berlim,<br />

general Maximilian von Herff, acrescentou manualmente no diploma: “Meus parabéns”. Göth<br />

gostava <strong>de</strong> exibir o elogio. Eu nunca o tinha visto tão orgulhoso e cheio <strong>de</strong> si. Até para mim<br />

ele mostrou o diploma. Era difícil <strong>de</strong> acreditar que era o mesmo Göth que torturava <strong>de</strong>tentos e<br />

instigava seus cachorros contra as pessoas. Que Göth tenha podido ocupar a posição <strong>de</strong><br />

comandante <strong>de</strong> campo já enquanto Untersturmführer, <strong>de</strong>ve-se, provavelmente, à gran<strong>de</strong><br />

escassez <strong>de</strong> recursos humanos e ao fiasco no front oriental.<br />

Em 1943, os campos <strong>de</strong> trabalhos forçados no Governo Geral estavam submetidos ao<br />

dirigente local da SS e da polícia. Mas, pelo que pu<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir no comando, Göth tinha<br />

autorida<strong>de</strong> para agir <strong>de</strong> maneira autônoma. Quase não havia diretrizes para a condução <strong>de</strong> um<br />

campo <strong>de</strong> trabalhos forçados e o tratamento dos <strong>de</strong>tentos. Só a partir <strong>de</strong> 1944, quando Płaszów<br />

se tornou um campo <strong>de</strong> concentração, passou a haver regras consistentes.<br />

Quando ele perambulava pela cida<strong>de</strong> com seu ajudante, o que acontecia com frequência, eu<br />

ficava sozinho no escritório. Se apareciam visitas no comando nesses momentos, eu<br />

conversava com cautela com elas, para <strong>de</strong>scobrir eventualmente alguma novida<strong>de</strong>. No início<br />

do verão <strong>de</strong> 1943, um soldado da vigilância trouxe um homem <strong>de</strong> meia-ida<strong>de</strong> ao escritório.<br />

Depois que o soldado se foi, permanecemos só nós dois na sala, o homem com um uniforme<br />

que eu não conhecia e eu em minha vestimenta <strong>de</strong> <strong>de</strong>tento. Ele me explicou que era ju<strong>de</strong>u, que<br />

fora <strong>de</strong>scoberto pela polícia polonesa na estação ferroviária e que agora <strong>de</strong>veria ir para a<br />

prisão. Olhei para o homem e pensei: você nem imagina que daqui a algumas horas estará<br />

morto. Por intermédio <strong>de</strong> meu amigo Heinz Dressler, que trabalhava como escrivão para o

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