Revista Digital Cultura Colaborativa - Edição Julho
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Na Suíça, lá nos anos 70, a indústria<br />
relojoeira estava sendo drasticamente<br />
afetada pelos japoneses, chineses e<br />
coreanos. O motivo era a ascensão dos<br />
relógios digitais, mais baratos em função<br />
da produção em série sem comprometer<br />
a qualidade de funcionamento. Na época,<br />
essa novidade confrontou a cultura dos<br />
fabricantes suíços. Eles produziam os<br />
relógios mais caros do mundo pela sua alta<br />
precisão e por serem montados quase que<br />
artesanalmente. A Suíça perdeu participação<br />
de mercado, ficando atrás da China e<br />
Japão. As empresas suíças fabricantes de<br />
relógio tinham em sua cultura valores como<br />
perfeição e precisão. Eles se orgulhavam<br />
disso, e como resposta à concorrência<br />
oriental, resolveram aperfeiçoar ainda mais<br />
esses dois atributos. Porém, o que estava<br />
em jogo não era a excelência na precisão<br />
do relógio, mas sim um novo hábito de<br />
consumo, provocado pelos diferentes<br />
valores orientais. Alguns fabricantes suíços<br />
continuaram fiéis aos seus valores, outros<br />
os avaliaram e reagiram. Foi o caso da<br />
General Company of Swiss Watchmaking<br />
e da Societé Suisse pour L`Industrie<br />
Horlogère que se uniram e deixaram o<br />
orgulho de lado para entender o contexto<br />
externo (mercado) e ajustar sua identidade,<br />
quebrando paradigmas culturais fortíssimos.<br />
Como resultado, nasceu a marca Swiss<br />
Watch ou Swatch, como é mais conhecida.<br />
A marca manteve a tecnologia analógica,<br />
mas transformou um desafio cultural em<br />
oportunidade, criando um acessório de<br />
moda conhecido em todo o mundo.<br />
de influenciar seu desempenho e sua<br />
imagem. Hoje, no Brasil, por causa da<br />
crise econômica e política, a maioria<br />
das empresas estão muito focadas<br />
em como melhorar seus resultados,<br />
reduzindo custos, minimizando o<br />
quadro de funcionários e buscando<br />
desesperadamente por faturamento.<br />
Usam os diferenciais dos produtos,<br />
serviços e a qualidade de atendimento<br />
como argumento de venda – um<br />
discurso excessivamente similar ao dos<br />
concorrentes. Poucas estão percebendo<br />
a oportunidade de aproveitar o momento<br />
para olhar para dentro e reavaliar seu<br />
negócio, sua identidade e imagem em<br />
relação ao contexto externo. Infelizmente,<br />
a regra básica nessas empresas é<br />
sobreviver e não identificar oportunidades.<br />
Não podemos esquecer que toda crise é<br />
cíclica e se adaptar às novas realidades não<br />
Uma organização deve ser um sistema<br />
com abertura e capacidade para ajustar-se<br />
internamente e responder com agilidade<br />
e eficácia às mudanças externas capazes<br />
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