SEQUÊNCIAS, Artigos e outras publicações Entre 2008-14_Paulo Vitor Grossi (2016)

ficam quase de mãos abanando em seu vale. Assim não há
riscos nem mistérios que a vontade não possa superar. Mas
o que farão ali, depois? Que mais precisam abandonar para
se chegar mais perto daquela pureza que tanto sentem
falta?
O vale é um Paraíso? O que é “Paraíso” para você?
Afastar-se dos problemas não é só beber do mosto
alucinógeno, ou aspirar de fumo relaxante; estes são
recursos que nos abrem a mente, mas são por demais
corpóreos. Há de se encontrar a si, a saúde real, o saber e
seu papel neste mundo. É a interação. A intuição! A
recompensa está no resultado em todos.
O estado de graça, ou um estado de natureza, estes só
existem quando isolados. É a realidade, foi-se o tempo de
muita coisa; mas não quer dizer que se extinguiu, que não
pode ser almejado ou apenas vislumbrado. Ou você acha
que esse tipo de elevação está a par e divulgada a toda
hora? Os Mistérios são para os que procuram. Entretanto,
em “La Vallée”, os vícios estão sim por uma vida simples e
despida, mais bela e potencial (tomemos a palavra vício em
um sentido benéfico e em prol da intensidade.)
A película ainda conta uma grande adição, a trilha
sonora é da banda Pink Floyd (mais uma vez, já que o
diretor Barbet Schroeder também havia atuado com a
banda em 1969 no filme anterior, More) O álbum Obscured
by Clouds foi um sucesso tanto criativo quanto de público,
bem no auge do grupo – ouça ainda a tribo Mapuga na
faixa “Absolutely Curtains”!