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Revista Dr Plinio 014

Maio de 1999

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ECO FIDELÍSSIMO DA IGREJA<br />

Família<br />

E<br />

m meu último artigo, falei do que é a tradição.<br />

Afirmei, sobretudo, que são demolidores<br />

da Pátria todos os que se esforçam<br />

por promover um progresso alheio e até hostil à tradição.<br />

Hoje, quero mostrar que a tradição é fruto necessário<br />

da família, de sorte que, por toda parte em que<br />

floresça a família, ficarão impregnados de tradições os<br />

costumes públicos e privados, a cultura e a civilização.<br />

Ainda desta vez, sirvo-me de alguns luminosos textos<br />

de Pio XII. Lembra ele, antes de tudo, alguns motivos<br />

de ordem natural pelos quais a família é uma riquíssima<br />

fonte de continuidade entre as gerações, ao longo dos<br />

séculos: “Desta grande e misteriosa coisa que é a hereditariedade<br />

— quer dizer, o passar através de uma estirpe,<br />

perpetuando-se de geração em geração, de um rico<br />

acervo de bens materiais e espirituais, a continuidade<br />

de um mesmo tipo físico e moral que se conserva de pai<br />

para filho, a tradição que une através dos séculos os<br />

membros de uma mesma família — desta hereditariedade,<br />

dizemos, pode-se sem dúvida distorcer a verdadeira<br />

natureza com teorias materialistas. (...) Não se negará<br />

certamente o fato de um substrato material à transmissão<br />

dos caracteres hereditários; para estranhar isto,<br />

precisaríamos esquecer a união íntima de nossa alma<br />

com nosso corpo, e em quão larga medida as nossas<br />

próprias atividades mais espirituais dependem de nosso<br />

temperamento físico”.<br />

Em seguida, o Pontífice trata dos fatores morais e sobrenaturais<br />

da tradição familiar: “Mas o que mais vale é<br />

a hereditariedade espiritual, transmitida não tanto por<br />

esses misteriosos liames da geração material, quanto<br />

pela ação permanente daquele ambiente privilegiado<br />

que constitui a família, com a lenta e profunda formação<br />

das almas, na atmosfera de um lar rico de altas<br />

tradições intelectuais, morais e sobretudo cristãs, com a<br />

mútua influência entre aqueles que moram em uma<br />

mesma casa, influência essa cujos benéficos efeitos se<br />

prolongam muito além dos anos da infância e da juventude,<br />

até o fim de uma longa vida, naquelas almas<br />

eleitas que sabem fundir em si mesmas os tesouros de<br />

uma preciosa hereditariedade com o contributo de suas<br />

próprias qualidades e experiências. Tal é o patrimônio,<br />

mais do que todos precioso que, iluminado por firme<br />

<strong>Plinio</strong> Corrêa de Oliveira<br />

Fé, vivificado por forte e fiel prática da vida cristã em<br />

todas as suas exigências, elevará, aprimorará, enriquecerá<br />

as almas de vossos filhos” (Discurso à Nobreza e<br />

ao Patriciado Romano, “L’Osservatore Romano” de<br />

7/8-1-1941).<br />

Mas, dirá alguém, essa concepção, que parece supor<br />

um longo passado aristocrático, é imprópria para continentes<br />

novos como o nosso. Pio XII parece ter previsto<br />

a objeção. Diz ele: “Também nas democracias de recente<br />

data (...) foi se formando, pela própria força das<br />

coisas, uma espécie de nova nobreza ou aristocracia. É<br />

a comunidade das famílias que, por tradição, põem todas<br />

as suas energias ao serviço do Estado, de seu governo,<br />

da administração, e sobre cuja fidelidade ele pode<br />

contar a qualquer momento” (idem, “L’Osservatore<br />

Romano” de 9-1-1947).<br />

Pio XII<br />

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