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Revista Dr Plinio 014

Maio de 1999

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O problema estava resolvido e retomou-se<br />

a conversa. (Dois anos depois,<br />

em seu leito de agonia, esse tio<br />

se reconciliaria com a Igreja e receberia<br />

os Sacramentos, graças à intervenção<br />

de Dª Lucilia.)<br />

No dia marcado, procurei o Alcântara<br />

Machado e entreguei minha<br />

contribuição. Estava vencida mais<br />

uma dificuldade.<br />

Candidatura impugnada,<br />

em virtude da idade<br />

Um dia, a “Folha de S. Paulo”<br />

trouxe na primeira página: “Inelegível<br />

o Sr. <strong>Plinio</strong> Corrêa de Oliveira...”<br />

Dentro vinha uma notícia explicando<br />

que especialistas em Direito<br />

Constitucional haviam chegado à<br />

conclusão de que, pelo Código Eleitoral,<br />

para ser deputado era preciso<br />

ter 24 anos. Ora, quando fosse feita<br />

a eleição, eu teria 23 anos. A meu<br />

ver, aquele assunto que punha em<br />

perigo minha candidatura não estava<br />

claro. Preparei uma defesa e pedi<br />

a um amigo que a levasse ao Rio de<br />

Janeiro, para o Alceu Amoroso Lima<br />

— o Tristão de Ataíde, que naquele<br />

tempo era muito amigo meu<br />

—, e com ele procurasse o Cardeal<br />

Leme para expor a questão.<br />

O caso deveria ser julgado pelo<br />

Superior Tribunal Eleitoral, então<br />

situado no Rio de Janeiro, a capital<br />

federal. Eu me achava mais ou menos<br />

perdido. Estava nesta situação,<br />

quando recebi um aviso de outro<br />

candidato, dizendo que, se eu quisesse,<br />

ele obtinha para mim um parecer<br />

a meu favor do <strong>Dr</strong>. Sampaio<br />

Dória, professor de Direito Constitucional<br />

e uma notabilidade em São<br />

Paulo nessa matéria.<br />

Aceitei o oferecimento, e foi<br />

acertado um encontro com o Sampaio<br />

Dória, que, aliás, havia sido<br />

meu professor. Fui ao local combinado<br />

e lhe expus a situação. Ele me<br />

disse:<br />

— Eu acho que você tem o direito<br />

de concorrer.<br />

— <strong>Dr</strong>. Dória, o senhor poderia<br />

preparar um parecer?<br />

— Posso. Você me procura no<br />

café tal, às tantas horas; nós conversamos<br />

um pouquinho e daí lhe entrego<br />

o parecer.<br />

Na hora acertada, estávamos os<br />

dois no ponto de encontro. À certa<br />

altura da conversa, depois de ele me<br />

expor algumas idéias gerais a respeito<br />

do Brasil, disse-me:<br />

— Vamos à Secretaria tal. Eu lá<br />

lhe dou o meu parecer.<br />

Era feriado, mas numa amostra<br />

de sua influência naquele lugar, fezlhe<br />

abrirem todas as portas, até chegarmos<br />

a um escritório, onde entregou-me<br />

o documento. Agradeci muito<br />

e saí. Enviei logo os papéis ao<br />

Rio de Janeiro, pedindo ao Tristão<br />

que acompanhasse o caso junto ao<br />

Superior Tribunal Eleitoral. Graças<br />

a Deus, o parecer do Prof. Dória<br />

venceu.<br />

O Arcebispo de São Paulo, D. Duarte<br />

Leopoldo e Silva<br />

As eleições<br />

Apesar de saber que o eleitorado<br />

católico era enorme, não tinha eu<br />

idéia de qual parte dele que os outros<br />

três candidatos da LEC levariam<br />

consigo. Nenhum deles me procurou,<br />

nenhum me pediu um voto.<br />

Julguei que estavam seguros com<br />

sua votação. Mas eu, considerandome<br />

o mais fraco de todos, lancei-me<br />

de corpo e alma à campanha.<br />

No dia das eleições, já me encontrava<br />

bem cedo na Liga, porque tinha<br />

a responsabilidade de mandar<br />

cédulas dos nossos quatro candidatos<br />

para todas as urnas de São Paulo.<br />

Esse serviço de distribuição havia<br />

sido muito bem organizado. O<br />

único episódio a registrar durante<br />

esse dia foi um telefonema. Ao atendê-lo,<br />

alguém me disse:<br />

— Aqui fala o Arcebispo.<br />

Julguei reconhecer a voz de um<br />

congregado mariano com quem eu<br />

tinha uma certa intimidade, e respondi:<br />

— Deixe de brincadeira<br />

e diga logo o que<br />

você quer!<br />

A voz insistiu:<br />

— Fala o Arcebispo!<br />

— Deixe de bobagem,<br />

Fulano, e diga o que você<br />

quer!<br />

— Fala o Arcebispo!<br />

Será que é o Arcebispo?<br />

Ele não tem o costume<br />

de telefonar. Se eu<br />

tratar essa pessoa como<br />

Arcebispo, ele me passará<br />

um trote. Mas... Pode<br />

ser que seja o Arcebispo...<br />

Prefiro passar por<br />

um bobo para esse sujeito<br />

do que fazer um papel<br />

pífio perante o Arcebispo.<br />

— Ohhh! Sr. Arcebispo,<br />

perdão, não tinha reconhecido<br />

sua voz! —<br />

Era ele mesmo.<br />

— Estou recebendo<br />

notícias de que toda a<br />

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