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PERSPECTIVA PLINIANA DA HISTÓRIA<br />
“N<br />
o século XIV começa a observar-se, na Europa cristã, uma transformação de mentalidade<br />
que ao longo do século XV cresce cada vez mais em nitidez.”<br />
Assim se inicia na obra “Revolução e Contra-Revolução” um trecho no qual, <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />
descreve de forma suscinta e genial as causas primeiras da colossal crise que, há mais de cinco<br />
séculos, vem abalando os fundamentos da Cristandade. Continua ele:<br />
“O apetite dos prazeres terrenos se vai transformando em ânsia. As diversões se vão tornando<br />
mais freqüentes e mais suntuosas. (...) Nos trajes, nas maneiras, na linguagem, na literatura<br />
e na arte o anelo crescente por uma vida cheia de deleites da fantasia e dos sentidos vai<br />
produzindo progressivas manifestações de sensualidade e moleza. (...) A Cavalaria, outrora<br />
uma das mais altas expressões da austeridade cristã, se torna amorosa e sentimental, a literatura<br />
de amor invade todos os países, os excessos do luxo e a conseqüente avidez de lucros se<br />
estendem por todas as classes sociais.”<br />
Na conferência abaixo transcrita, <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> aborda mais em profundidade o papel do romantismo<br />
e do sentimentalismo nesse processo destrutor.<br />
Quando, por volta dos séculos XIV e XV, a<br />
cristandade medieval começou a se desvirtuar,<br />
passou a aceitar determinados elementos<br />
amolecedores e extrínsecos à idéia de civilização,<br />
definidamente deformantes. Entre estes sobressai o<br />
aparecimento do sentimentalismo amoroso.<br />
Até então, o homem tinha para com o elemento feminino<br />
uma consideração como nunca se havia visto na<br />
História: a mulher a quem ele se unia era a esposa do<br />
casamento indissolúvel, instituído pela Igreja; era a fiel<br />
conselheira e sua melhor ajuda.<br />
Característico dessa condição é o exemplo das antigas<br />
rainhas francesas. Enquanto o monarca dirigia o<br />
reino, a sua mulher supervisionava as finanças do Palácio<br />
real, que se confundiam com a economia do Estado.<br />
E assim como faz a dona de casa com o orçamento doméstico,<br />
era a rainha quem detinha as chaves dos cofres<br />
e determinava quanto dinheiro o rei podia gastar ou<br />
não. Isto significava uma participação viva na própria<br />
direção do reino, redundando num profundo respeito à<br />
rainha por parte do soberano e dos súditos.<br />
Com poucas exceções, durante o período áureo da<br />
Idade Média o homem e a mulher, o marido e a esposa,<br />
procuravam viver na harmonia ditada pelos ensinamentos<br />
de Nosso Senhor Jesus Cristo.<br />
Exagerada idealização da mulher<br />
Ora, um dos primeiros sintomas da decadência medieval<br />
foi precisamente a deturpação desse equilíbrio de<br />
sentimentos entre os dois sexos, com o surgimento do<br />
chamado “amor de corte”. Tal “amor” idealizava a mulher<br />
como um tipo sublime, a personificação do que há<br />
de mais delicado, elegante e distinto no gênero humano,<br />
daquilo para o que o homem tende quando foge da barbárie.<br />
Ou seja, subjacente estava a idéia de que ele deixava<br />
de ser um rústico quando apreciava esses atributos<br />
e qualidades femininas.<br />
O guerreiro, nos intervalos das batalhas, participava<br />
de torneios para satisfazer sua nostalgia da guerra, uma<br />
vez que não sabia viver sem lutar. Eram competições<br />
que antes valiam como exercício para futuros combates,<br />
mas se tornaram também espetáculo, presenciado pelas<br />
mulheres numa arquibancada. O cavaleiro vencedor recebia<br />
o prêmio das mãos da dama que era o alvo de suas<br />
afeições.<br />
Surgem os trovadores<br />
Quando não se preparava para a batalha, nem realizava<br />
torneios para brilhar como combatente aos olhos<br />
das donzelas, o guerreiro procurava espreitar a sua<br />
dama em lugar e ocasião propícios. Por exemplo, sob o<br />
terraço para o qual abria a janela do quarto dela. Ali,<br />
durante a noite, à luz do luar, reunia ele dois ou três<br />
menestréis para cantarem melodias em que se louvavam<br />
as extraordinárias qualidades de sua amada...<br />
Em certo momento, quando ela o percebia cansado<br />
de cantar, abria a janela do quarto e aparecia no terraço,<br />
afetando indiferença. Mas ela surgia belamente<br />
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