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GESTA MARIAL DE UM VARÃO CATÓLICO<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, quando deputado<br />
eleição católica em Campinas está<br />
emperrada porque faltam cédulas.<br />
— Sr. Arcebispo, parece-me que<br />
esta informação está equivocada,<br />
porque nós enviamos tudo direito,<br />
etc. Mas vou telefonar para Campinas<br />
e daqui a pouco dou uma informação<br />
a Vossa Excelência.<br />
Telefonei para a LEC campineira<br />
e me responderam:<br />
— Não nos chegou nenhuma reclamação;<br />
a notícia é falsa. Todos os<br />
candidatos estão largamente atendidos.<br />
Percebi que, pretendendo me prejudicar,<br />
alguém fizera intriga com<br />
D. Duarte. Liguei para ele, expliquei<br />
a realidade da situação e consegui<br />
tranqüilizá-lo.<br />
“Todas as Marias<br />
votaram no <strong>Plinio</strong>”<br />
Um de meus primos trabalhava<br />
como mesário numa seção eleitoral,<br />
e na hora do almoço, em sua casa,<br />
contou ao pai:<br />
— O <strong>Plinio</strong> está fazendo uma<br />
devastação! Eu estou trabalhando<br />
na seção da letra “M”. Tudo quanto<br />
é Maria está inscrita lá, e<br />
elas só querem votar nele.<br />
Quando acabam as cédulas<br />
dele, ficam na cabine<br />
até eu mandar pegar mais<br />
no depósito. Todas as Marias<br />
votaram no <strong>Plinio</strong>.<br />
Era 31 de maio. Terminado<br />
o trabalho eleitoral,<br />
fui calmamente jantar em<br />
casa, e depois me entreguei<br />
aos exercícios de devoção<br />
em louvor a Nossa<br />
Senhora, cujo mês chegava<br />
ao fim.<br />
Começa a contagem dos<br />
votos, e por todo lado meu<br />
nome vai aparecendo em<br />
boa quantidade. Ao longo<br />
dos dias os jornais vão publicando<br />
os resultados, com<br />
pasmo para minha família,<br />
que esperava eleitores para<br />
mim apenas no Hotel Parque Balneário...<br />
Para santificar minha alma e estar<br />
completamente desapegado do<br />
meu cargo, caso fosse eleito, decidi<br />
não acompanhar as apurações. Mas<br />
minha irmã as conferia dia a dia.<br />
Quando, de manhã, eu entrava para<br />
tomar café, ela habitualmente estava<br />
ali, e me contava as últimas. Eu a<br />
ouvia com certa frieza.<br />
Numa manhã, cumprimentei-a:<br />
“Como vai você?” Ela não me respondeu.<br />
Fez uma reverência diante<br />
de mim, como se faria assim na corte,<br />
e disse:<br />
— Senhor Deputado, meus parabéns!<br />
Levando na brincadeira, senteime<br />
e quis começar a falar de outro<br />
assunto. Ela insistiu:<br />
— Senhor Deputado, meus parabéns!<br />
Você não prestou atenção?<br />
— Mas, o que há?<br />
— Hoje você foi proclamado eleito!<br />
Era uma vitória estrondosa que<br />
se confirmava, pois eu havia obtido<br />
o dobro de votos do afamado Alcântara<br />
Machado, candidato que ficou<br />
em segundo lugar.<br />
Começava para mim o problema<br />
da Constituinte.<br />
<br />
A jovem Rosée,<br />
irmã de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />
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