Janeiro 2017 - Edição 225
Edição 225 do Lusitano de Zurique
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30 Lusitano<br />
CULINÁRIA<br />
Friginada<br />
A Friginada é um prato típico da região de Ourém, confeccionado<br />
na altura da matança do porco e cuja designação é<br />
um regionalismo que significa fritada. Depois de morto e chamuscado,<br />
seguia-se a lavagem e a esfola do animal, tarefa<br />
que cabia aos homens, enquanto as mulheres, na cozinha,<br />
cortavam as miudezas, como o fígado e os pulmões, a que<br />
vulgarmente se chama bofe, e algumas carnes gordas, que<br />
depois eram temperadas e deixadas em repouso algumas<br />
horas para apurarem o gosto. Com a entrada em vigor<br />
de legislação que proibe o abate do porco em casa, bem<br />
como as transformações sócio-económicas ocorridas no<br />
mundo rural, foram desaparecendo os rituais inerentes à<br />
matança do porco, provocando a alteração parcial<br />
dos preceitos que presidiam à confecção<br />
deste prato, que passou a<br />
ser mais raro e cozinhado com<br />
carne comprada no talho.<br />
Os próprios acompanhamentos<br />
foram sendo<br />
diversificados e, embora<br />
a broa continue<br />
a estar presente,<br />
é acompanhada<br />
por batatas e<br />
grelos de nabo,<br />
cuja abundância<br />
coincide com a<br />
época em que<br />
a matança seria<br />
feita.<br />
Ingredientes<br />
300 g carne de porco cortada em cubos; 300 g de entrecosto<br />
cortado em pequenos pedaços; 3 dentes de alho; 2 colheres<br />
de sopa de banha; 2 folhas de louro; vinho branco q.b.; sal,<br />
pimenta, colorau, comi¬nhos, cravinho q.b.<br />
Preparação<br />
Tempera-se toda a carne cortada com sal, pimenta, colorau,<br />
cominhos, cravinho, os dentes de alho picado, o louro e o vinho.<br />
Deixa-se repousar o preparado durante 2 a 3 horas. Num<br />
tacho de barro, coloca-se a banha que vai ao lume para derreter,<br />
juntando-se seguidamente o preparado anterior, que se<br />
deixa cozinhar em lume brando. Aos poucos, vai-se refrescando<br />
com o vinho. Acompanha com migas de feijão, couve e broa<br />
esfarelada ou com grelos.<br />
Harmonização vínica<br />
Este prato de carne de porco pede para ser<br />
acompanhado com um vinho tinto complexo,<br />
com madeira. Na região vitivinícola do<br />
Tejo existem escolhas muito adequadas,<br />
principalmente as que nos chegam dos<br />
terroir do Bairro e da Charneca.<br />
O texto e a receita apresentados<br />
estão publicados no Livro «Os Sabores<br />
da Nossa Terra» pela Adirn –<br />
Associação para o Desenvolvimento<br />
Integrado do Ribatejo Norte.<br />
A foto que acompanha este texto<br />
resulta do empratamento feito pela<br />
Escola Profissional de Hotelaria de<br />
Fátima após confecção de acordo<br />
com a receita tradicional.<br />
Colaboração:<br />
Amílcar Malhó<br />
Exportações de vinho vão ultrapassar os 700 milhões de euros<br />
O ano de 2016 deverá registar exportações<br />
de vinho da ordem dos 730 milhões<br />
de euros, afirmou Jorge Monteiro, presidente<br />
da ViniPortugal.<br />
Apesar da queda acentuada registada<br />
em Angola, o presidente da Associação<br />
Interprofissional do Sector Vitivinícola<br />
(Viniportugal) conta chegar ao final do<br />
ano com valores muito próximos dos do<br />
ano passado. “No ano passado fechámos<br />
com cerca de 737 milhões de euros em<br />
exportações e a expectativa para este<br />
ano é fecharmos muito perto deste valor”,<br />
revelou.<br />
Em declarações à agência Lusa, Jorge<br />
Monteiro explicou que o mercado de<br />
Angola tem atravessado “um momento<br />
muito complicado”, com Portugal a perder,<br />
nos últimos dois anos, cerca de 70 milhões<br />
de euros em exportações no sector<br />
dos vinhos.<br />
“Se olharmos para as exportações globais,<br />
estamos com uma queda de 2,7 por<br />
cento, ou seja, uma queda de 13 a 14 milhões<br />
de euros”, acrescentou.<br />
Sobre o maior destino dos vinhos portugueses,<br />
o presidente da ViniPortugal<br />
informa que se trata da França, por causa<br />
do vinho do Porto.<br />
“Retirando os vinhos fortificados – Porto<br />
e Madeira – o maior destino são os<br />
Estados Unidos da América. Estimamos a<br />
fechar o ano com 75 milhões em exportações<br />
para os EUA”, destacou.<br />
Este é aliás um destino no qual se pretendem<br />
continuar a investir no próximo<br />
ano, já que se trata de “um mercado muito<br />
aberto e com grande potencial”.<br />
“Este é um mercado onde se verifica um<br />
efeito montra, ou seja, influencia decisões<br />
de outros mercados. É aqui que estamos<br />
a meter a maior fatia de investimento: 25<br />
por cento são colocados na América do<br />
Norte”, sustentou.<br />
Quanto aos mercados no Oriente –<br />
China, Japão e Coreia – a aposta “é feita<br />
numa lógica de longo prazo”.<br />
“Enquanto nos Estados Unidos se fala<br />
de 75 milhões de euros em exportações,<br />
na China são 12 milhões e no Japão 5 milhões:<br />
não tem a mesma expressão, mas<br />
tem taxas de crescimento muito interessantes”,<br />
concluiu.