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Revista LiteraLivre

Revista Literária que une textos de autores do Brasil e do mundo com textos de todos os estilos escritos em Língua Portuguesa. Acesse nosso site e participe também: http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 1<br />

que era para ser um alívio gerava mais dor, mais sofrimento. Como um alcoólatra que diz<br />

que nunca mais vai beber, dizia que não faria mais sexo sem amor, porém, dias depois,<br />

tudo se repetia.<br />

Naquele fim de tarde, Vicente chegou à sua casa e, como fazia todos os dias, tirou<br />

os sapatos, abriu portas e janelas e sentou na mesma cadeira que ficava na varanda.<br />

Antes de sentar, passou pela sala e pegou um livro na estante. Dessa vez, “O Guardador<br />

de Rebanhos”, de Fernando Pessoa. Assim que sentou, abriu em uma página qualquer,<br />

leu um poema e começou a refletir sobre o mesmo. O “eu lírico” parecia tão triste quanto<br />

ele.<br />

Não dar para dizer há quantos minutos Vicente pensava nos versos de Pessoa,<br />

talvez quinze ou vinte, quando um carro foi estacionado exatamente em frente à sua<br />

varanda. Ele esqueceu o poema e ficou olhando para o carro cujos vidros eram escuros.<br />

Impossível saber quem estava dentro. Segundos depois, saiu uma mulher. Vicente ficou<br />

paralisado, mudo. Nunca vira uma mulher tão linda. Tinha aproximadamente 35 anos. Era<br />

de uma beleza que nem o poeta mais inspirado do mundo conseguiria descrevê-la,<br />

mesmo porque não há recursos de linguagem para tal descrição. Caminhou em direção a<br />

Vicente e disse:<br />

- Boa tarde! Estou procurando por uma tia que mora nessa rua. O nome dela é<br />

Irani.<br />

Vicente não conseguiu falar. Estava paralisado. Simplesmente apontou a casa da<br />

frente. A mulher sorriu, falou “obrigada” e caminhou em direção à casa. Enquanto ela<br />

atravessava a rua, Vicente saiu do seu estado de choque e ficou olhando. Até o seu jeito<br />

de caminhar era especial, o seu corpo parecia o de uma morena que fazia propaganda de<br />

uma marca de cerveja na televisão. Vicente estava apaixonado, acreditando no amor à<br />

primeira vista. Porém, muito envergonhado por ter ficado naquele estado. Será que ela<br />

havia percebido? É evidente que percebeu! O que estaria pensando dele? Poderia ter<br />

sido simpático, ter passado uma boa impressão, pois pressentia que havia encontrado o<br />

amor da sua vida.<br />

A mulher entrou na casa da tia. Vicente ficou sentado onde estava; pensando que<br />

uma hora ela haveria de sair. Seria a oportunidade de puxar conversa. Corrigir a má<br />

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