26.01.2017 Views

Revista LiteraLivre

Revista Literária que une textos de autores do Brasil e do mundo com textos de todos os estilos escritos em Língua Portuguesa. Acesse nosso site e participe também: http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

Revista Literária que une textos de autores do Brasil e do mundo com textos de todos os estilos escritos em Língua Portuguesa. Acesse nosso site e participe também: http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>LiteraLivre</strong> nº 1<br />

Os mistérios do Doutor Nasser<br />

Heráclito Júlio Carvalho dos Santos – Teresina/Piauí<br />

Há tempos nos Caititus Doutor Nasser passava para lá e para cá com sua bata de<br />

pediatra e sua malinha com apetrechos de cientista. Dizia-se cientista para as pessoas:<br />

- Bom dia, ele passou e cumprimentou Zé Mário que estava sentado no tamborete na<br />

porta de sua casa em uma Rua nos Caititus.<br />

- Oba seu Nasser, como vão as coisas? Indagou o Zé Mário.<br />

- Muito Bem.<br />

Doutor Nasser caminhava pausadamente em direção a casa na qual vivia e, sem<br />

perceber, crianças o acompanhavam. Ele chegou em frente à sua casa, pegou o molho de<br />

chaves no seu bolso e abriu. Estava eu na porta de casa observando tudo.<br />

- Você viu? Ele tem uma mala com facas, dessas de cirurgia, disse o pingolim para<br />

Marquinhos.<br />

- Vamos lá ver, Marquinhos era a mais empolgada das crianças.<br />

Doutor Nasser fechou a porta e uma luz vermelha foi acesa. Marquinho e Pingolim se<br />

acotovelavam para observar nas frestas da porta o que aquele estranho e auto<br />

proclamado cientista estava fazendo. Eu que prezo pela privacidade dos outros fui tanger<br />

os meninos como quem tange galinhas de volta para o terreiro:<br />

- Ei saiam daí!<br />

- Vem seu Borges, vem ver aqui, chamou o Marquinho fazendo sinal com as mãos.<br />

Confesso que bateu uma curiosidade e fui lá ver o que estava acontecendo. Quando meti<br />

o olho em uma das frestas da porta percebi que Doutor Nasser caminhava para lá e para<br />

cá em uma espécie de impaciência coletiva.<br />

- Chega pra lá, empurrou Marquinho ao Pingolim.<br />

- Sai pra lá seu louco, dá espaço, respondeu o Pingolim.<br />

Doutor Nasser percebeu o barulho e se dirigiu a porta para ver o que se tratava.<br />

- Corre, Corre! Gritei e todos nós nos dispersamos para lados diferentes.<br />

Ele abriu a porta lentamente, observou de um lado para o outro o que acontecia, franziu a<br />

testa como quem não entendia nada e fechou a porta novamente.<br />

- Ei meninos, vão embora! Disse aos dois traquinos que insistiam em mexericar com a<br />

vida alheia.<br />

Amanheceu no dia seguinte com um sol de queimar as costelas. Eu já havia levantado e<br />

tomado café e fui sentar no meu velho tamborete de couro de bode na porta de casa. Era<br />

aposentado, portanto, não tinha mais nada para fazer na vida. De repente, do nada, vi o<br />

Doutor Nasser sair de casa e trancar a porta. Era cedo da manhã. Com curiosidade dos<br />

infernos abordei o cientista para conversar:<br />

- Bom dia Doutor!<br />

- Bom dia Amâncio.<br />

- Doutor, desculpa a pergunta, mas o que senhor tanto faz naquela casa ein?<br />

Ele franziu a testa e não titubeou em responder:<br />

- Estou desenvolvendo um robô do Sertão.<br />

Não entendi nada e insisti:<br />

- O que é um robô do Sertão?<br />

- É um robô caboclo que vai acabar com os políticos de Teresina, ele vai ser todo de metal<br />

69

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!