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Revista LiteraLivre

Revista Literária que une textos de autores do Brasil e do mundo com textos de todos os estilos escritos em Língua Portuguesa. Acesse nosso site e participe também: http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 1<br />

O Navegante<br />

Ludmila Pires<br />

Belo Horizonte / MG<br />

A embarcação navegava pela calmaria e grandeza do Oceano Atlântico, em direção as<br />

Ilhas caribenhas. Esperanza carregava aqueles que ansiavam por uma nova vida em<br />

outro continente. Uma esplêndida caravela espanhola, com velas largas e capacidade<br />

para 200 tripulantes. Uma rainha majestosa entre as águas. As pessoas que compunham<br />

sua tripulação estavam aptas ao chamado do capitão Ávila, um velho lobo do mar, para<br />

uma vida repleta de perigos e aventuras. Nada melhor para aspirantes à pirataria do que<br />

viver o sonho do Caribe. Bebida, dinheiro e mulheres. Saques e pilhagens por toda a<br />

parte. No Caribe, a palavra de ordem era: Liberdade.<br />

Compartilhando da mesma alegria e da esperança, todos efetuavam suas atividades<br />

sem maiores inquietações. O vento soprava forte, mas não o bastante para amedrontar,<br />

inflando as velas e afagando os rostos vermelhos. O Sol, companheiro de viagem,<br />

propiciava um calor confortável e acalentava os mais risonhos. Ouviam-se apenas os<br />

ruídos do trabalho e as ondas do mar em encontro ao casco da embarcação. Isso era<br />

quase um silêncio. Na verdade, um silêncio aterrador, daqueles que precediam uma<br />

devastadora e mortal tormenta. Porém, naquele momento ninguém se preocupava muito<br />

com isso – tinham todo o tempo do mundo.<br />

Não tardou até que o prelúdio de uma tempestade se anunciasse no horizonte. Uma<br />

tormenda sem aviso prévio. O céu, que há pouco era limpo e claro, tornou-se turvo e<br />

sombrio. Nuvens densas e escuras se aproximavam vagarosamente, vindas do Leste. As<br />

madeiras de Esperanza começaram a ranger, como se gritassem histericamente,<br />

pressentindo o perigo que pairava no ar. Nada era mais horrível do que o cheiro da morte<br />

presente – afinal, ela não tem cheiro algum.<br />

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