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Revista LiteraLivre

Revista Literária que une textos de autores do Brasil e do mundo com textos de todos os estilos escritos em Língua Portuguesa. Acesse nosso site e participe também: http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 1<br />

Quatro Histórias<br />

Marcelo Almeyda<br />

São Paulo/SP<br />

Anoitecia, enquanto caminhava avenida à fora, no vai e vem frenético dos carros, Juliano<br />

pensava nas mil declarações que gostaria de fazer a Suzana. Amigos desde infância,<br />

aquele encontro a dois para um jantar íntimo era a oportunidade certa para declarar todo<br />

o sentimento que guardava desde pequerrucho. Elaborou mil vezes o mesmo discurso,<br />

repetindo para si todas as palavras decoradas meticulosamente. Ao chegar no encontro,<br />

comeram, dançaram e relembraram todos os momentos felizes que a primeira infância<br />

podia proporcionar. Ao fim da noite, ela embarcou num taxi e ele partiu em direção ao<br />

metrô. Ambos com a sensação de que ficara algo por esclarecer, mais uma vez todo o<br />

discurso que havia ensaiado minguou como a lua que timidamente sorria no céu e o<br />

acompanhava no caminho de volta.<br />

Em outro canto da cidade, Clarisse já não tinha mais lágrimas para chorar o fim de seu<br />

romance com Caetano. Pegou o celular pela milésima vez, e observando todas as fotos e<br />

vídeos do casal, reviveu momentos mágicos, viajou à primeira vez em que se viram<br />

naquele quiosque de praia no fim do verão. Cantou baixinho a música preferida deles, e<br />

chorou mais um rio de lágrimas que ele, boêmio da noite não viu. Correu em meio a praça<br />

cheia de pessoas que aproveitavam a noite amena daquele rigoroso outono. Horas depois<br />

foi encontrada entre ratos e sacos de lixo num beco escuro qualquer depois de tentar falar<br />

com seu amado e mais uma vez ser jogada para escanteio. Voltou para casa amparada<br />

por estranhos, tomou um longo banho, vestiu uma de suas camisolas preferidas e tomou<br />

tranquilizantes o bastante para adormecer um búfalo. Morreu, sem dores e sem<br />

ressentimentos, partiu deixando-se levar pelo sentimento que ainda insistia em queimar<br />

dentro de si.<br />

Enquanto nossos personagens pereciam de tristeza e melancolia, a noite de Claudio tinha<br />

tudo para ser especial. Naquele dia estava completando três meses de relacionamento<br />

com Maria e estava tão apaixonado que decidiu pedir sua mão em noivado. Escolheu um<br />

bom restaurante, mesa estratégica com vista para lua minguante que sorria no céu,<br />

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