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Revista LiteraLivre

Revista Literária que une textos de autores do Brasil e do mundo com textos de todos os estilos escritos em Língua Portuguesa. Acesse nosso site e participe também: http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 1<br />

clarões em todos os lados, barulho de vento e de trovão junto, saca? Assustador, mas não<br />

pra mim, que sempre curti a natureza. Eu falei pros outros: vamos? Ninguém quis, tavam<br />

tudo com medo, imagina, a única chance de ser livre de vez e eles amarelavam. Ficaram<br />

tudo abaixado, rente ao chão, com cagaço mesmo.<br />

Saí na minha, nem troquei ideia mais, sem tchau, sabia que minha hora ali tinha<br />

acabado.<br />

Fui no galeto até aquela floresta, passei pelo campo, o vento ia comigo, tava no<br />

maior gás, a sensação foi demais, tipo assim, ali eu tava vivo, pela primeira vez, depois<br />

de três anos.<br />

Dentro da mata começou a chuva. Aquele shhhhhhh. Folha tremendo, caindo, foi<br />

demais. Adoro água, mas nunca tinha visto ela com uma cor tão bonita, mistura do verde<br />

das folhas com o branco da água. Nunca tinha visto a terra tão lavada, saca? Na minha<br />

prisão, que aquilo era uma prisão, descobri assim que saí, a grama não deixava a terra<br />

fofa daquele jeito, meus dois dedos tavam afundando, era demais.<br />

Bati um bode ali mesmo, quando acordei tava escuro, mas não de chuva, da noite.<br />

Tinha estrela, muitas, resolvi sair da mata, ver as estrelas diretamente, sentir a energia<br />

sem a cortina das copas, me energizar com os astros pela primeira vez como um avestruz<br />

livre.<br />

Quando saí da mata, bum, caí aqui, saca? Passaram três noites já. Não sei por que<br />

tava aqui esse buraco esquisito.<br />

- Cara, culpa dos caras que você chamou de caras de chapéu, vão fazer uma<br />

piscina, tendo um riacho logo ali, muito capitalismo.<br />

Bom, parece que eles venceram, mas não, fui livre, livre por umas horas, mas foi<br />

bom, vivi e morri na minha liberdade, aprendi que viajar sozinho é o que há. Hoje pouco<br />

de nós sabemos como é isso, foi um privilégio.<br />

Você vai me reciclar?<br />

- Claro. E prometo que não vou capitalizar, cada pena que eu tirar – vai dar uma pá<br />

de brinco –e esses brincos não vou aceitar o monetário, ou troco por comida, ou dou pros<br />

malucos que têm astral livre, como eu e tu.<br />

Fechado, assim minha liberdade continua, nas BR’s da vida, pedalando com os<br />

malucos. Liberdade em vida, liberdade na morte, liberdade depois de morto, saca?<br />

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