editorial Armando Ferrentini aferrentini@editorareferencia.com.br a crise que nos abraça crise política brasileira, que afetou e prossegue afetando sobremodo a economia do país, já dura três anos, com períodos <strong>de</strong> altas e A baixas cada vez mais para as primeiras. Quando a situação parecia ter-se amainado mais recentemente, apresentando como consequência uma ligeira melhora da economia, tivemos o <strong>de</strong>sastroso (e muito pouco compreensível em um primeiro momento) ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> Joesley Batista gravando o presi<strong>de</strong>nte Temer. Tornado público, o ví<strong>de</strong>o pirata trouxe <strong>de</strong> volta a crise em todo o seu esplendor. Temer <strong>de</strong>veria enfrentar o gravíssimo problema com maior <strong>de</strong>terminação, como Lula sempre fez nos seus momentos recentes mais difíceis, mas preferiu tergiversar. Pensando, talvez, que ganharia tempo – e o tempo transcorrido lhe seria oportuno – aguardando a perícia no material, afundou-se mais ainda diante <strong>de</strong> um Brasil atônito, que não po<strong>de</strong>ria esperar jamais por aquele encontro <strong>de</strong>strambelhado com o rei do gado. Vejo Temer anos atrás em uma das reuniões preparatórias do 4º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong>, na casa <strong>de</strong> um dos organizadores do evento. Ele ocupava a presidência da Câmara Fe<strong>de</strong>ral e mostrava todo o seu saber jurídico aos interlocutores, além <strong>de</strong> uma boa dose <strong>de</strong> conhecimento sobre o mercado para o qual o 4º Congresso estava sendo preparado. Impossível imaginar aquele cavalheiro <strong>de</strong> fino trato e extensa cultura sobre muitos temas distantes da sua ativida<strong>de</strong> parlamentar, <strong>de</strong>stinado a se envolver anos <strong>de</strong>pois com gente da pior espécie, fazendo-nos agora crer que estava naquela noite em turma errada. O que mais choca no episódio gravado e que tornou a arrebentar com o país é a <strong>de</strong>stacada <strong>de</strong>senvoltura com que economizou palavras, <strong>de</strong>monstrando claramente, para qualquer mediano enten<strong>de</strong>dor, que temia (sem trocadilho) pelo pior. Vem daí a sua gran<strong>de</strong> contradição: sem <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> lado seu comportamento infrator, não po<strong>de</strong>ria ter-se permitido o risco <strong>de</strong>liberadamente assumido e, repetimos, <strong>de</strong> leitura fácil pelas suas (poucas) palavras monossilábicas, do encontro fatal. Toda a cena em muito se parece com o comportamento chulo com que o carregador dos R$ 500 mil saiu da pizzaria Camelo, na Rua Pamplona (SP), parecendo um Jerry Lewis qualquer em um dos seus melhores papéis. A propósito, que bandidagem mais amadora é essa <strong>de</strong> marcar esse tipo <strong>de</strong> encontro <strong>de</strong> passagem (da maleta), em um lugar público e geralmente apinhado <strong>de</strong> apreciadores <strong>de</strong> uma boa pizza <strong>de</strong> todos os sabores? Reprovados nesse tipo <strong>de</strong> exame – que não <strong>de</strong>ve ter sido vestibular – para a universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crimes, esses personagens, que jamais <strong>de</strong>veriam ter <strong>de</strong>sempenhado esses papéis, tornaram-se presas fáceis <strong>de</strong> um método <strong>de</strong> <strong>de</strong>linquência superior, praticado por experts que fariam Don Corleone e sua gang corarem <strong>de</strong> vergonha pelo primarismo das suas ações. FraSeS Estamos agora novamente encalacrados em uma crise, cujo <strong>de</strong>sfecho ninguém sabe qual será. Getúlio resolveu logo a que Carlos Lacerda provocou em 1954, enchendo-se daquele tipo <strong>de</strong> vergonha briosa, capaz <strong>de</strong> fazer com que um ser humano abra mão do seu bem mais precioso, que é a vida. Um tiro no peito e uma carta <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida que passou a fazer parte importante da nossa História puseram fim a uma crise também interminável e que po<strong>de</strong>ria arrebentar com o país daquela época. Vargas preferiu arrebentar seu peito em holocausto, certo <strong>de</strong> que não estava provocando a sua morte, mas apenas antecipando-a. Pena que poucos gran<strong>de</strong>s erráticos se <strong>de</strong>em conta disso. *** A <strong>edição</strong> anterior <strong>de</strong>ste impresso do PROPMARK, cobrindo o Cannes Lions, provocou muitos cumprimentos à direção do jornal. Segundo boa parte dos nossos leitores, foi uma das melhores sobre essa pauta, <strong>de</strong>ntre todas já produzidas nestes 52 anos <strong>de</strong> circulação do PROPMARK. Bom que assim tenha sido. Sabemos que tão somente cumprimos com o nosso <strong>de</strong>ver, mas quando o <strong>de</strong>sfecho chega a empolgar leitores, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser digno <strong>de</strong> registro. Principalmente levando-se em conta ter sido a primeira sob o comando da jornalista Kelly Dores, recentemente alçada à condição <strong>de</strong> editora-chefe <strong>de</strong>ste periódico. E este ano foi diferente: houve pela primeira vez <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que participo do Cannes Lions (meu primeiro foi em 1971) uma ameaça que bloqueou qualquer tipo <strong>de</strong> reação por parte dos jornalistas, pelo menos dos brasileiros, acostumados com a ligeireza da sua imprensa. Ela se traduziu no possível e imediato cancelamento das cre<strong>de</strong>nciais dos jornalistas “<strong>de</strong>sobedientes”, o que provocaria um dano maior aos nossos leitores. Foi a partir daí que mais se revelou o espírito jornalístico <strong>de</strong> Kelly Dores, pautando a equipe para outros pontos importantes do festival e lembrando para o editorialista uma das muitas frases famosas <strong>de</strong> Carlito Maia: “Se me fecham as saídas, fujo pelas entradas”. Nota digna <strong>de</strong> elogios nesse episódio foi a postura <strong>de</strong> Nizan Guanaes, que discordou publicamente da atitu<strong>de</strong> da direção do Cannes Lions, prometendo interferir para que em 2018 todos realizem com liberda<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong> profissional seus jobs. *** Este Editorial é em homenagem a Gilberto Leifert, que <strong>de</strong>ixou a Re<strong>de</strong> Globo na última semana, após 30 anos <strong>de</strong> bons serviços prestados à empregadora e ao mercado da comunicação. A este último prosseguirá prestando sua 434739_DM9DDB_DM9DDB_50x70 valiosa colaboração, na presidência do Conar. “É preciso reconhecer que conteúdo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lação que não foi provado, não serve para nada”. (Estadão, Editorial, 29/6) “Nenhuma campanha <strong>de</strong> convencimento da opinião pública substitui provas, num tribunal honesto”. (I<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m) “em crises que forçam as pessoas a escolher entre caminhos alternativos, a maioria escolherá o pior”. (Luiz Carlos Ferraz Bottini, dando o crédito a uma das Leis <strong>de</strong> Murphy) “o presi<strong>de</strong>nte encolheu”. (Capa <strong>de</strong> Veja, <strong>edição</strong> <strong>de</strong> 28/6, com ilustração bem- -humorada <strong>de</strong> Temer vestindo roupas maiores, inclusive a faixa presi<strong>de</strong>ncial) “ou instituímos <strong>de</strong> vez a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong>veres e acabamos com a ‘privilegiatura’ ou ela acaba <strong>de</strong> acabar conosco.” (Fernão Lara Mesquita, Estadão, 30/6) “Se temer for afastado, per<strong>de</strong>ndo suas prerrogativas constitucionais, po<strong>de</strong>rá fazer <strong>de</strong>lação premiada?” (Entreouvido no Metrô/SP) DM9 SOBE 10 POSIÇÕES NO RANKING DE AGÊNCIAS. CONFORME PROPMARK PUBLICA HOJE. VOLTANDO AO SEU LUGAR. jornal propmark 30/06/<strong>2017</strong> - 3 - <strong>de</strong> 15:43 <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 3 AFD DM9 TIJOLINHO 6X7 360145-003.indd 1 6/30/17 3:52 PM