13.07.2017 Views

edição de 5 de junho de 2017

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

markEting & nEgócios<br />

Sezeryadigar/iStock<br />

Em propaganda,<br />

a emoção<br />

funciona melhor<br />

Estudo feito no Reino Unido<br />

comprova a abordagem<br />

Rafael Sampaio<br />

crença <strong>de</strong> que a emoção funciona melhor<br />

em propaganda do que a abor-<br />

A<br />

dagem racional é bastante disseminada<br />

entre os publicitários e anunciantes mais<br />

experientes. Uma comprovação mais bem<br />

estruturada surgiu em 2014, com o livro<br />

The long and the short of it (Equilibrando estratégias<br />

<strong>de</strong> marketing <strong>de</strong> curto e longo prazo),<br />

que foi publicado pelo IPA (Institute of<br />

Practitioners in Advertising) – entida<strong>de</strong> das<br />

agências do Reino Unido – e escrito por Les<br />

Binet, chefe <strong>de</strong> eficácia da adam&eveDDB,<br />

e Peter Field, consultor <strong>de</strong> marketing.<br />

No Brasil, foi editado com exclusivida<strong>de</strong><br />

para a Re<strong>de</strong> Globo e relata as conclusões<br />

dos autores sobre os casos <strong>de</strong> sucesso constantes<br />

no Databank da IPA (que já tinham<br />

gerado o livro Marketing na era da mensuração).<br />

Esse arquivo <strong>de</strong> casos práticos reais é<br />

o maior do mundo e inclui 996 campanhas<br />

analisadas, referentes a mais <strong>de</strong> 700 marcas,<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 80 categorias em diversos<br />

países. A constatação geral é que, via <strong>de</strong> regra,<br />

as abordagens emocionais estão mais<br />

propensas a prever o sucesso em longo prazo,<br />

enquanto as racionais ten<strong>de</strong>m a prever<br />

o êxito em curto prazo.<br />

Binet e Field <strong>de</strong>talham suas constatações<br />

sobre os efeitos <strong>de</strong> comportamento a curto<br />

prazo <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> mensagens racionais <strong>de</strong><br />

produtos e preços, que são a parte menor e<br />

menos sólida dos resultados gerados, pois<br />

elas recebem uma gran<strong>de</strong> influência da preferência<br />

<strong>de</strong> marca a longo prazo, gerada pelas<br />

associações emocionais às marcas estabelecidas<br />

pela publicida<strong>de</strong> emocional, que<br />

estimulam o conhecimento e a reputação<br />

<strong>de</strong>las junto aos consumidores.<br />

Os autores referem-se também à obra<br />

basilar <strong>de</strong> Daniel Kahneman, Nobel <strong>de</strong><br />

Economia, que <strong>de</strong>screveu em Thinking,<br />

Fast and Slow (Rápido e Devagar: Duas<br />

Formas <strong>de</strong> Pensar), os dois tipos <strong>de</strong> comportamentos<br />

básicos dos seres humanos:<br />

o Sistema 1, que consegue lidar com várias<br />

situações ao mesmo tempo <strong>de</strong> maneira<br />

automática, é rápido, gasta pouca energia<br />

e é muito intuitivo e emocional – ou seja, é<br />

também chamado <strong>de</strong> sistema inconsciente;<br />

e o Sistema 2, que consegue resolver<br />

apenas um problema por vez, gastando<br />

muito mais energia e sendo mais guiado<br />

pela razão que pela emoção, ou seja, é o<br />

nosso sistema consciente.<br />

O paralelismo é evi<strong>de</strong>nte: as campanhas<br />

emocionais funcionam com o Sistema 1<br />

(emocional, intuitivo e automático), enquanto<br />

as campanhas racionais trabalham<br />

sobre o Sistema 2 (consciente e racional).<br />

Assim, as campanhas emocionais produzem<br />

efeitos comerciais maiores e mais<br />

numerosos do que as campanhas racionais,<br />

em parte <strong>de</strong>vido ao po<strong>de</strong>r da projeção emocional<br />

<strong>de</strong> gerar e apoiar crenças positivas<br />

difundidas sobre a marca.<br />

Além disso, os efeitos das campanhas<br />

emocionais duram mais do que os das racionais<br />

e, assim, constroem-se mais fortemente<br />

ao longo do tempo. Isso é verda<strong>de</strong>iro<br />

sobretudo em termos <strong>de</strong> rentabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido<br />

aos efeitos multiplicadores das campanhas<br />

emocionais, tanto em volume como<br />

em preço premium.<br />

As campanhas <strong>de</strong> “notorieda<strong>de</strong>/fama” –<br />

que inspiram emocionalmente os consumidores<br />

na medida em que compartilham seu<br />

entusiasmo com os outros (repercussão)<br />

– são as mais eficazes e eficientes <strong>de</strong> todas.<br />

As campanhas <strong>de</strong> “notorieda<strong>de</strong>/fama”<br />

possuem um efeito bastante forte na rentabilida<strong>de</strong>,<br />

novamente <strong>de</strong>vido aos seus<br />

efeitos multiplicadores sobre o volume e<br />

os preços. Os consumidores estão especialmente<br />

preparados para pagar mais por<br />

marcas sobre as quais todo o mundo está<br />

falando.<br />

Essas conclusões, que são amplamente<br />

<strong>de</strong>talhadas e documentadas no livro <strong>de</strong> Binet<br />

e Field, confirmam <strong>de</strong> modo inequívoco<br />

o que a experiência sempre apontou: em<br />

propaganda, a emoção funciona melhor.<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafael.sampaio@uol.com.br<br />

46 5 <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!