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entrevista<br />
márcio parizotto<br />
O novo mote mercadológico, Pra<br />
frente, já embute esses pilares?<br />
Seguramente. Vamos buscar<br />
mais consistência, mas já traz<br />
a<strong>de</strong>rência à marca. Pra frente é<br />
uma campanha que traz o que<br />
o Bra<strong>de</strong>sco enten<strong>de</strong> por atitu<strong>de</strong><br />
e o comportamento dos brasileiros<br />
em situação <strong>de</strong> hesitação.<br />
Os acontecimentos dos últimos<br />
dias reforçam a convicção <strong>de</strong><br />
que esse posicionamento é a<strong>de</strong>quado<br />
ao momento do país. Há<br />
sentimento <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> que<br />
o Brasil precisa avançar. Essa é<br />
uma leitura das gran<strong>de</strong>s e pequenas<br />
empresas, da população<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> e baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo,<br />
em qualquer geografia.<br />
O cenário po<strong>de</strong> ser turbulento,<br />
mas existe um entendimento<br />
tácito e explícito <strong>de</strong> que é preciso<br />
avançar a <strong>de</strong>speito do contexto<br />
<strong>de</strong> crise <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>,<br />
confiança institucional e econômica.<br />
Ainda no campo do arrojo,<br />
o Bra<strong>de</strong>sco vai ser realmente<br />
mais ousado na sua publicida<strong>de</strong>,<br />
com recursos que não sejam<br />
necessariamente tradicionais<br />
ou que tenham permeado a nossa<br />
comunicação. Os ângulos <strong>de</strong><br />
captura das imagens serão meo<br />
Bra<strong>de</strong>sco vai<br />
ser realmente<br />
mais ousado na<br />
sua publicida<strong>de</strong><br />
Há cerca <strong>de</strong> um ano na direção <strong>de</strong> marketing<br />
do Bra<strong>de</strong>sco, período que li<strong>de</strong>rou<br />
concorrência que <strong>de</strong>finiu a Leo Burnett<br />
Tailor Ma<strong>de</strong> e a Publicis como novas<br />
agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> do banco, o executivo<br />
Márcio Parizotto assumiu responsabilida<strong>de</strong> inédita<br />
nessa divisão do grupo financeiro. Com sua<br />
chegada, houve fusão do marketing com CRM, área<br />
que envolve gestão <strong>de</strong> relacionamento comercial,<br />
mo<strong>de</strong>lagem, estatística e big data. A i<strong>de</strong>ia, nas suas<br />
palavras, “é preparar a forma <strong>de</strong> fazer marketing<br />
em um mundo mais centrado e mais relevante<br />
para o cliente”. Confira os principais pontos da sua<br />
entrevista.<br />
Paulo Macedo<br />
Qual é a sua visão sobre a absorção<br />
do CRM pelo marketing do Bra<strong>de</strong>sco?<br />
O plano é oferecer insumos<br />
<strong>de</strong> um repertório <strong>de</strong> comunicação<br />
tradicional para as ações <strong>de</strong><br />
CRM. O projeto Personas tem<br />
características psicográficas,<br />
comportamentais e atitudinais<br />
mapeadas em toda a nossa base<br />
<strong>de</strong> 26 milhões <strong>de</strong> clientes, <strong>de</strong>signadas<br />
pelo CRM, mas já envelopadas<br />
com características<br />
<strong>de</strong> comunicação marcantes.<br />
Conseguimos uma extratificação<br />
e a individualização do approach.<br />
Claro, num banco com<br />
o market share do Bra<strong>de</strong>sco, a<br />
comunicação aberta é importantíssima,<br />
mas falar diretamente<br />
com a nossa audiência,<br />
que conhecemos tão bem, é<br />
importante. É claro que o mercado<br />
e a dinâmica da publicida<strong>de</strong><br />
vêm se alterando e vamos<br />
trabalhar com isso no ambiente<br />
externo com o CRM digital, que<br />
é o que as mídias programáticas<br />
<strong>de</strong> performance já fazem.<br />
Além do tradicional, o CRM<br />
passa a ter um segundo componente,<br />
que são os históricos, os<br />
registros e os comportamentos<br />
<strong>de</strong> clientes e não clientes nas<br />
re<strong>de</strong>s sociais. O Bra<strong>de</strong>sco está<br />
avançado com as mídias digitais<br />
segmentadas.<br />
Como a criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser usada<br />
nas ações <strong>de</strong> CRM?<br />
A criativida<strong>de</strong> transcen<strong>de</strong> o<br />
território tradicional. As marcas<br />
precisam ser criativas em<br />
formatos e timing. Outro ponto<br />
é a sistematização dos processos.<br />
Precisamos ter crivos mais<br />
exigentes em relação às mensagens.<br />
Basta abrir um portal<br />
para ver banners e displays<br />
com letras diminutas sem condição<br />
<strong>de</strong> serem lidos. E muita<br />
diligência para que esses conteúdos<br />
sejam direcionados <strong>de</strong><br />
forma a<strong>de</strong>quada.<br />
Qual é o foco da sua gestão?<br />
Alguns valores que fizeram<br />
parte do briefing que norteou o<br />
processo <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> agências:<br />
comunicação a<strong>de</strong>rente e verda<strong>de</strong>ira<br />
ao propósito <strong>de</strong>ssa organização,<br />
quanto a isso não há negociação;<br />
consistência na forma<br />
e na essência da mensagem e do<br />
que fazemos, seja em formatos<br />
comerciais. Esse é um erro natural,<br />
mas inaceitável e mortal,<br />
no que diz respeito a projetos <strong>de</strong><br />
comunicação; ousadia e arrojo<br />
na comunicação da marca sem<br />
<strong>de</strong>srespeitar o histórico <strong>de</strong> 74<br />
anos do banco.<br />
nos usuais. A voz do Pedro Bial,<br />
até certo ponto polêmica, traz<br />
credibilida<strong>de</strong> à marca.<br />
O que está além da TV?<br />
O projeto acompanha outras<br />
mídias. Já temos em social<br />
mais <strong>de</strong> 20 milhões <strong>de</strong> views<br />
do Pra frente, que refletem histórias<br />
<strong>de</strong> vida reais <strong>de</strong> pessoas<br />
reais, sem cachê, que ilustram<br />
esse sentimento do Pra frente<br />
em social media. Um dos trackings,<br />
que em princípio po<strong>de</strong><br />
parecer negativo, mas na nossa<br />
avaliação não, é que nem parece<br />
Bra<strong>de</strong>sco. Claro que não queremos<br />
ruptura, mas esse arrojo<br />
passa por isso. A consistência<br />
virá com o tempo. O posicionamento<br />
tem esse elemento <strong>de</strong><br />
hesitação, dúvida, tensão, insegurança<br />
e <strong>de</strong> frio na barriga,<br />
mas substanciado com o <strong>de</strong>sejo<br />
<strong>de</strong> ir pra frente.<br />
A campanha faz referência à ação<br />
Pra frente Brasil, que ativou a seleção<br />
brasileira na Copa <strong>de</strong> 70?<br />
Consi<strong>de</strong>ramos, mas não foi<br />
a referência. Quero dizer que a<br />
conotação política é zero. Não é<br />
um conceito que busca um otimismo<br />
ingênuo e irresponsável<br />
dos brasileiros <strong>de</strong> que tudo vai<br />
dar certo. O otimismo do Bra<strong>de</strong>sco<br />
é responsável. Mesmo<br />
um pouco hesitante <strong>de</strong>vido às<br />
fake news, crise <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>,<br />
crise institucional, crise<br />
econômica e crise <strong>de</strong> confiança,<br />
com o índice <strong>de</strong> 14% <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego.<br />
O posicionamento é mais<br />
relacionado ao estado <strong>de</strong> espírito<br />
do brasileiro do que uma<br />
motivação ufanista e patriota. A<br />
assinatura traz uma sutileza: ela<br />
não afirma que o Bra<strong>de</strong>sco é um<br />
banco que está sempre à frente<br />
ou que é mais inovador. Também<br />
não é uma or<strong>de</strong>m.<br />
“O pOsiciOnamentO é mais<br />
relaciOnadO aO estadO <strong>de</strong><br />
espíritO dO brasileirO<br />
dO que uma mOtivaçãO<br />
ufanista e patriOta”<br />
24 5 <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark