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marketing & negócioS<br />
kasto80/iStock<br />
Sucesso começa com um<br />
bom briefing - Parte 1<br />
É essencial <strong>de</strong>finir e aprovar o<br />
mo<strong>de</strong>lo a ser seguido, sempre antes<br />
<strong>de</strong> dar início ao processo <strong>de</strong> reflexão<br />
Rafael Sampaio<br />
Em publicida<strong>de</strong>, o passo inicial <strong>de</strong> um<br />
processo a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> uma peça ou campanha <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
é a elaboração do briefing a<strong>de</strong>quado para o<br />
caso. Ele po<strong>de</strong> ter algumas poucas linhas<br />
ou muitas páginas, organizadas em pontos,<br />
capítulos, anexos...<br />
Po<strong>de</strong> ser formal ou até mesmo adotar<br />
um tom mais <strong>de</strong>scontraído, usando imagens,<br />
ví<strong>de</strong>os e outros recursos midiáticos.<br />
Não precisa ser necessariamente compacto<br />
ou extenso. Ou seja, não <strong>de</strong>ve ser tão curto<br />
que seja insuficiente ou tão longo que mais<br />
atrapalhe que aju<strong>de</strong>.<br />
Só não po<strong>de</strong> ser insuficiente nas informações<br />
necessárias para se <strong>de</strong>limitar o pedido<br />
e o problema e, principalmente, não<br />
<strong>de</strong>ixar em aberto as informações fundamentais,<br />
como objetivo a ser perseguido,<br />
target, recursos disponíveis, concorrência,<br />
obrigatorieda<strong>de</strong>s legais ou do manual da<br />
marca trabalhada.<br />
No passado, o maior problema formal<br />
era o <strong>de</strong> pedidos por telefone ou “ao vivo”,<br />
sem serem <strong>de</strong>vidamente documentados.<br />
Nos últimos tempos, entraram na lista <strong>de</strong><br />
erros comuns as mensagens por email ou<br />
os recados nas mídias sociais – com ou sem<br />
a inclusão <strong>de</strong> emojis. Mas o que é realmente<br />
mais grave, do ponto <strong>de</strong> vista funcional, é o<br />
briefing que não diz a que veio. Não aponta<br />
a necessida<strong>de</strong> ou o alvo da comunicação,<br />
não indica o público-alvo, não <strong>de</strong>fine a verba,<br />
não lembra com quem se combate e não<br />
adianta as obrigações.<br />
Como as possibilida<strong>de</strong>s da publicida<strong>de</strong><br />
são imensas, em todos os sentidos, isso<br />
faz com que os profissionais da agência,<br />
se não forem orientados pelo anunciante,<br />
possam propor caminhos interessantes e<br />
atrativos, mas que não tenham a ver com<br />
o que a marca esteja necessitando naquele<br />
<strong>de</strong>terminado momento. Desse modo,<br />
po<strong>de</strong>-se, no limite, ter mensagens ou campanhas<br />
excelentes, mas ina<strong>de</strong>quadas para<br />
o estado presente da marca. E isso po<strong>de</strong><br />
representar um enorme <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong><br />
dinheiro ou ser totalmente contraproducente.<br />
Pois, como sempre dizia o professor<br />
Levitt, o teórico da miopia <strong>de</strong> marketing,<br />
“nada pior do que fazer bem feito o que<br />
não <strong>de</strong>ve ser feito”.<br />
Por outro lado, o briefing perdido ou inconsistente<br />
po<strong>de</strong> induzir a outro fantasma<br />
da publicida<strong>de</strong>, que é a mensagem estruturada<br />
em torno <strong>de</strong> lugares comuns, igual a<br />
milhares <strong>de</strong> outras, simplesmente bonitinha,<br />
mas sem personalida<strong>de</strong>, que se mostra<br />
ineficiente porque no fundo reflete um<br />
briefing tipo blá-blá-blá, que não pe<strong>de</strong> nada<br />
<strong>de</strong> concreto e induz a um caminho pouco<br />
produtivo.<br />
Por lógica e princípio, o briefing é uma<br />
tarefa que cabe aos executivos da empresa<br />
anunciante, mas a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer<br />
um bom briefing em certas circunstâncias<br />
leva ao fato <strong>de</strong> que os profissionais da agência<br />
po<strong>de</strong>m ajudar <strong>de</strong> forma incisiva nessa<br />
tarefa (na segunda parte <strong>de</strong>sta coluna entrarei<br />
mais a fundo nessa possibilida<strong>de</strong>).<br />
Mas, em qualquer caso, fazer um bom<br />
briefing começa pela seleção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> trabalho a<strong>de</strong>quado para servir<br />
<strong>de</strong> guia <strong>de</strong>ssa tarefa. Um bom mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
briefing po<strong>de</strong> ser encontrado em meu livro<br />
Propaganda <strong>de</strong> A a Z (Elsevier, 2013), que<br />
inclusive está acessível na internet, pois<br />
foi bastante reproduzido (como em https://<br />
pt.sli<strong>de</strong>share.net/krbk/mo<strong>de</strong>lo-<strong>de</strong>-briefing-aba).<br />
Outras publicações propuseram outros<br />
mo<strong>de</strong>los, mais simples ou mais complexos,<br />
que também são bons. O importante é sempre<br />
analisar com cuidado qual é o melhor<br />
mo<strong>de</strong>lo a ser seguido em cada caso particular<br />
e nunca <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> avaliar os aspectos<br />
mais e menos a<strong>de</strong>quados a cada situação<br />
específica. E, acima <strong>de</strong> tudo, é essencial<br />
<strong>de</strong>finir e aprovar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> briefing a<br />
ser seguido, sempre antes <strong>de</strong> dar início ao<br />
processo <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> como será a abordagem<br />
mais indicada a cada situação.<br />
Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />
rafael.sampaio@uol.com.br<br />
30 <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> 20<strong>17</strong> - jornal propmark