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Entrevista com Francisco Inácio Peixoto<br />
Que diz sobre a famosa revista Verde e sua turma?<br />
Nada além do que já foi dito e escrito. Leia-se, por exemplo, a apresentação<br />
que fez Guilhermino César – remanescente do grupo – para a edição facsimilada<br />
da revista, lançada pela Metal Leve S. A., graças à iniciativa de seu<br />
presidente, José Mindlin. De minha parte, por motivos que julgo óbvios, não<br />
bati palmas à ‘ressurreição’ da revista, embora não as negue à benemerência<br />
do Sr. Mindlin. Quanto à sua turma, parte morreu e parte se dispersou. Só eu,<br />
quase falecido também, permaneço (permaneci) em Cataguases.<br />
Tendo obtido sempre sucesso como escritor, por que tarda tanto a publicar<br />
livros e até mesmo a colaborar na imprensa?<br />
Nunca obtive sucesso como escritor. Sempre tive o voo curto. Os poucos<br />
livros publicados, à exceção de um, foram-no às expensas minhas. Vender,<br />
não se venderam. Incumbi-me eu de esgotá-los. Jamais os vi nos balcões<br />
das livrarias, o que demonstra, além de tudo, que foram mal distribuídos, ou<br />
sequer distribuídos. Apenas um livro – a tradução de Oblomov, de Gontcharov,<br />
foi publicado por conta das Edições O Cruzeiro. Guardo disto triste lembrança,<br />
pois o livro, sem minha tão solicitada revisão, saiu com uma enormidade<br />
incrível de erros, entre outras imperdoáveis falhas. A enormidade parece<br />
que passou despercebida. Mas já ressalvei o erro deplorável, na hipótese de<br />
uma segunda edição. Dificilmente me ocorreu ou ocorre ser solicitado para<br />
colaborar na imprensa indígena e, muito menos, alhures. E por que seria?<br />
Além do que sou desajustado por preguiça antiga.<br />
É conhecida a grande amizade que o ligou a Marques Rebelo. Que diz,<br />
em linhas gerais, sobre ele?<br />
Deixo que o próprio Marques diga e, pela segunda vez, transcrevo trecho<br />
de carta sua: ‘Chico, se eu morrer amanhã, você ficará livre de minhas<br />
cóleras e paixões, mas perderá a pessoa que mais acredita em você e lhe quer<br />
bem”.<br />
Tendo sido inovador no início de sua carreira literária, como encara os<br />
inovadores de agora?<br />
Claro que acho imprescindíveis os inovadores. Se nem sempre posso<br />
aplaudi-los, louvo-os. Se não pelo que escrevem, pelo muito que lutam.<br />
Acha que pode haver uma linha definida a ser seguida pelos contistas<br />
ou cada qual deve encontrar seu próprio caminho?