26.02.2018 Views

Revista Apólice #214

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Os desafios enfrentados pelo<br />

setor de transportes de cargas<br />

são velhos conhecidos,<br />

como o excesso de burocracias,<br />

que atrapalha o desenvolvimento<br />

do ramo no País, e a defasagem na<br />

infraestrutura. Segundo uma pesquisa<br />

feita pela Fundação Dom Cabral, a ineficiência<br />

da logística consome 12% do<br />

Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro<br />

e representa uma perda de cerca de US$<br />

80 bilhões ao ano.<br />

Em situações como essas, ações tecnicamente<br />

adequadas para a prevenção de<br />

perdas e mitigação de sinistros se tornam<br />

ainda mais importantes. “Sem o gerenciamento<br />

de riscos, teríamos perdas muito<br />

mais relevantes em todo o sistema de<br />

movimentação de cargas e, por tabela, seguros<br />

mais caros e prejuízos para todos”,<br />

diz Ruy Gouvêa, diretor de Planejamento<br />

e Estratégia da Associação Brasileira das<br />

Empresas de Gerenciamento de Riscos e<br />

de Tecnologia de Rastreamento, Monitoramento<br />

e Telemetria (Gristec).<br />

Tão importante quanto o seguro, a<br />

gestão de riscos faz com que o cliente<br />

mantenha uma taxa de seguro baixa e seja<br />

atrativo para as companhias seguradoras.<br />

Mas não se engane ao imaginar que basta<br />

contratar um seguro e uma gerenciadora<br />

de riscos para que a operação esteja<br />

totalmente segura. Delicado e complexo,<br />

o trabalho deve ser feito a quatro<br />

mãos e envolver segurado, seguradora,<br />

❙❙Ruy Gouvêa, da Gristec<br />

corretora e gestora de riscos. “Reunindo<br />

as quatro empresas, é possível fazer um<br />

bom planejamento, mapeando do início<br />

ao fim a operação da cadeia logística de<br />

cada cliente e, assim, identificar as vulnerabilidades<br />

e aplicar as correções para<br />

mitigação dos riscos”, afirma o gerente<br />

operacional da J&C Gestão de Riscos,<br />

Eduardo Lima.<br />

O gerenciamento na prática<br />

No transporte rodoviário de cargas, o<br />

gerenciamento de risco atua na prevenção<br />

de perdas por meio de procedimentos<br />

pré-definidos de acordo com cada tipo de<br />

operação. São traçados planos de viagem<br />

e pontos de parada considerando a carga<br />

transportada, a operação logística, o grau<br />

de risco da mercadoria e de exigências das<br />

seguradoras, o veículo e a rota. Para que<br />

isso seja feito, os motoristas e responsáveis<br />

pelo transporte são treinados de acordo<br />

com essa regra e o Plano de Gerenciamento<br />

de Risco fica em posse da empresa de<br />

monitoramento. Após a preparação, quando<br />

o veículo sair para viagem, é possível<br />

prever ações e atuar em situações que não<br />

estiverem no itinerário.<br />

Os equipamentos de monitoramento,<br />

que possuem dispositivos de segurança<br />

capazes de sinalizar qualquer violação,<br />

possibilitam o gerenciamento das informações<br />

da viagem e têm como principal<br />

ferramenta as informações do equipamento<br />

instalado no veículo. No entanto,<br />

utilizam-se também iscas eletrônicas,<br />

travas especializadas, grades, gaiolas, telemetria<br />

e escoltas. “Através da avaliação<br />

de riscos de cada operação, determina-se<br />

medidas a serem adotadas para que se<br />

restrinja a exposição ao risco do cliente.<br />

São várias as ações possíveis, indo desde<br />

adoção de procedimentos simples até as<br />

ações de campo, determinação de rotas e<br />

análise de padrões”, declara o diretor comercial<br />

da OpenTech, Eduardo Oliveira<br />

de Souza. “Cada operação tem seu risco<br />

especifico e a atividade da gerenciadora<br />

de risco é de equilibrar a relação custo<br />

versus benefício para a entrega do serviço<br />

adequado à necessidade do cliente”,<br />

complementa.<br />

Gerente de marketing da Trans Sat,<br />

Bruna Medeiros assegura que com o correto<br />

acompanhamento realizado por essas<br />

❙❙Eduardo Lima, da J&C<br />

ferramentas, além de um motorista bem<br />

treinado para cumprir o que foi definido,<br />

as chances de se identificar uma situação<br />

de sinistro e tratar em tempo hábil para<br />

recuperação aumentam muito. “Quando<br />

qualquer violação é identificada pela central<br />

de monitoramento, imediatamente são<br />

enviadas mensagens de questionamento<br />

ao motorista e se o contato não for estabelecido<br />

inicia-se o plano de contingência<br />

– acionamento do policiamento de toda<br />

região e equipe de pronto atendimento –<br />

segurança particular”, explica.<br />

Contudo, nem sempre foi assim.<br />

Logo que se iniciaram as práticas de<br />

gerenciamento de risco, havia dificuldade<br />

na execução das tarefas e no cumprimento<br />

das exigências. As seguradoras, por sua<br />

vez, não sugeriam procedimentos específicos<br />

e as apólices eram generalizadas.<br />

Passados os anos, as companhias criaram<br />

departamentos especializados no assunto,<br />

tornando as regras mais exigentes para<br />

o cumprimento das empresas de transportes<br />

e dos fornecedores de tecnologia<br />

e de mão de obra para o monitoramento.<br />

Agora, a gerenciadora precisa ser auditada<br />

periodicamente e cumprir uma série<br />

de requisitos de segurança e redundâncias<br />

tecnológicas para estar apta e ser liberada<br />

para exercer as atividades aos segurados.<br />

“Essa evolução no mercado segurador<br />

trouxe muitos benefícios, pois profissionalizou<br />

o setor e concedeu espaço<br />

para empresas dispostas e serem cada vez<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!