You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Os desafios enfrentados pelo<br />
setor de transportes de cargas<br />
são velhos conhecidos,<br />
como o excesso de burocracias,<br />
que atrapalha o desenvolvimento<br />
do ramo no País, e a defasagem na<br />
infraestrutura. Segundo uma pesquisa<br />
feita pela Fundação Dom Cabral, a ineficiência<br />
da logística consome 12% do<br />
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro<br />
e representa uma perda de cerca de US$<br />
80 bilhões ao ano.<br />
Em situações como essas, ações tecnicamente<br />
adequadas para a prevenção de<br />
perdas e mitigação de sinistros se tornam<br />
ainda mais importantes. “Sem o gerenciamento<br />
de riscos, teríamos perdas muito<br />
mais relevantes em todo o sistema de<br />
movimentação de cargas e, por tabela, seguros<br />
mais caros e prejuízos para todos”,<br />
diz Ruy Gouvêa, diretor de Planejamento<br />
e Estratégia da Associação Brasileira das<br />
Empresas de Gerenciamento de Riscos e<br />
de Tecnologia de Rastreamento, Monitoramento<br />
e Telemetria (Gristec).<br />
Tão importante quanto o seguro, a<br />
gestão de riscos faz com que o cliente<br />
mantenha uma taxa de seguro baixa e seja<br />
atrativo para as companhias seguradoras.<br />
Mas não se engane ao imaginar que basta<br />
contratar um seguro e uma gerenciadora<br />
de riscos para que a operação esteja<br />
totalmente segura. Delicado e complexo,<br />
o trabalho deve ser feito a quatro<br />
mãos e envolver segurado, seguradora,<br />
❙❙Ruy Gouvêa, da Gristec<br />
corretora e gestora de riscos. “Reunindo<br />
as quatro empresas, é possível fazer um<br />
bom planejamento, mapeando do início<br />
ao fim a operação da cadeia logística de<br />
cada cliente e, assim, identificar as vulnerabilidades<br />
e aplicar as correções para<br />
mitigação dos riscos”, afirma o gerente<br />
operacional da J&C Gestão de Riscos,<br />
Eduardo Lima.<br />
O gerenciamento na prática<br />
No transporte rodoviário de cargas, o<br />
gerenciamento de risco atua na prevenção<br />
de perdas por meio de procedimentos<br />
pré-definidos de acordo com cada tipo de<br />
operação. São traçados planos de viagem<br />
e pontos de parada considerando a carga<br />
transportada, a operação logística, o grau<br />
de risco da mercadoria e de exigências das<br />
seguradoras, o veículo e a rota. Para que<br />
isso seja feito, os motoristas e responsáveis<br />
pelo transporte são treinados de acordo<br />
com essa regra e o Plano de Gerenciamento<br />
de Risco fica em posse da empresa de<br />
monitoramento. Após a preparação, quando<br />
o veículo sair para viagem, é possível<br />
prever ações e atuar em situações que não<br />
estiverem no itinerário.<br />
Os equipamentos de monitoramento,<br />
que possuem dispositivos de segurança<br />
capazes de sinalizar qualquer violação,<br />
possibilitam o gerenciamento das informações<br />
da viagem e têm como principal<br />
ferramenta as informações do equipamento<br />
instalado no veículo. No entanto,<br />
utilizam-se também iscas eletrônicas,<br />
travas especializadas, grades, gaiolas, telemetria<br />
e escoltas. “Através da avaliação<br />
de riscos de cada operação, determina-se<br />
medidas a serem adotadas para que se<br />
restrinja a exposição ao risco do cliente.<br />
São várias as ações possíveis, indo desde<br />
adoção de procedimentos simples até as<br />
ações de campo, determinação de rotas e<br />
análise de padrões”, declara o diretor comercial<br />
da OpenTech, Eduardo Oliveira<br />
de Souza. “Cada operação tem seu risco<br />
especifico e a atividade da gerenciadora<br />
de risco é de equilibrar a relação custo<br />
versus benefício para a entrega do serviço<br />
adequado à necessidade do cliente”,<br />
complementa.<br />
Gerente de marketing da Trans Sat,<br />
Bruna Medeiros assegura que com o correto<br />
acompanhamento realizado por essas<br />
❙❙Eduardo Lima, da J&C<br />
ferramentas, além de um motorista bem<br />
treinado para cumprir o que foi definido,<br />
as chances de se identificar uma situação<br />
de sinistro e tratar em tempo hábil para<br />
recuperação aumentam muito. “Quando<br />
qualquer violação é identificada pela central<br />
de monitoramento, imediatamente são<br />
enviadas mensagens de questionamento<br />
ao motorista e se o contato não for estabelecido<br />
inicia-se o plano de contingência<br />
– acionamento do policiamento de toda<br />
região e equipe de pronto atendimento –<br />
segurança particular”, explica.<br />
Contudo, nem sempre foi assim.<br />
Logo que se iniciaram as práticas de<br />
gerenciamento de risco, havia dificuldade<br />
na execução das tarefas e no cumprimento<br />
das exigências. As seguradoras, por sua<br />
vez, não sugeriam procedimentos específicos<br />
e as apólices eram generalizadas.<br />
Passados os anos, as companhias criaram<br />
departamentos especializados no assunto,<br />
tornando as regras mais exigentes para<br />
o cumprimento das empresas de transportes<br />
e dos fornecedores de tecnologia<br />
e de mão de obra para o monitoramento.<br />
Agora, a gerenciadora precisa ser auditada<br />
periodicamente e cumprir uma série<br />
de requisitos de segurança e redundâncias<br />
tecnológicas para estar apta e ser liberada<br />
para exercer as atividades aos segurados.<br />
“Essa evolução no mercado segurador<br />
trouxe muitos benefícios, pois profissionalizou<br />
o setor e concedeu espaço<br />
para empresas dispostas e serem cada vez<br />
37