Revista Apólice #203
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impacto | longevidade<br />
ganha-ganha, e são fundamentais para o<br />
maior conhecimento do paciente, o que<br />
será primordial para os pacientes mais<br />
longevos”, acredita Lopes.<br />
Assim, a seguradora pretende mudar<br />
a gestão da saúde, tratando o paciente<br />
com uma equipe multidisciplinar com<br />
geriatra, nutricionista, enfermeira, cardiologista<br />
entre outros, capazes de tratar<br />
o paciente de forma holística. “Temos<br />
que acolhê-lo em um núcleo multidisciplinar,<br />
com um atendimento permanente<br />
e de longo prazo, para drená-lo da<br />
unidade de atendimento emergencial”,<br />
explica Lopes.<br />
Este trabalho já é realizado pela<br />
companhia, com o acompanhamento de 5<br />
mil beneficiários. A quantidade média de<br />
diárias de internação no grupo de controle<br />
reduziu 31%. O grau de satisfação deste<br />
grupo é de 83%, segundo informa Lopes.<br />
O mais importante é inserir as<br />
pessoas de determinado grupo de risco<br />
em ações efetivas que a distanciem dos<br />
gatilhos agudos para as doenças. Os<br />
programas atuais querem que os obesos,<br />
por exemplo, tenham hábitos mais<br />
saudáveis, abandonem o sedentarismo,<br />
mas dentro de práticas e objetivos que<br />
ele consegue alcançar.<br />
Lopes explica que a causa raiz da<br />
maioria dos problemas crônicos pode<br />
ser reduzida a quatro itens: alimentação,<br />
sedentarismo, tabagismo e estresse. “Se<br />
nós, como sociedade, déssemos um passo<br />
para trás e conseguíssemos atacar estes<br />
Jay Olshansky, da Universidade<br />
❙❙de Chicago<br />
30<br />
❙❙Maurício Lopes, da SulAmérica<br />
quatro pilares haveria uma redução das<br />
despesas e dos gastos com saúde.<br />
O impacto da longevidade para os<br />
planos de previdência privada, pelo lado<br />
da solvência dos planos, pode ser negativo,<br />
porque foram vendidos há muitos anos<br />
e têm que manter as bases técnicas da<br />
época da contratação. “Com o aumento<br />
da expectativa de vida, precisamos ter<br />
provisão para este fim”, explica o diretor<br />
de Vida e Previdência da Bradesco Seguros,<br />
Jair Lacerda. Por outro lado, para o<br />
seguro de vida o impacto é positivo, pois<br />
o pagamento do sinistro é adiado com a<br />
longevidade.<br />
Lacerda ressalta que as empresas de<br />
previdência privada trabalham atuarialmente<br />
com uma expectativa de vida que<br />
vai se elevando à medida que as pessoas<br />
envelhecem. “As seguradoras estão equilibradas<br />
por conta de duas premissas do<br />
cálculo atuarial: expectativa de vida e<br />
taxa de juros real”. As provisões vão sendo<br />
atualizadas de acordo com os fundos<br />
nos quais os valores estão investidos.<br />
Nas carteiras que usam tábuas de<br />
mortalidade desatualizadas, por outro<br />
lado, os ativos que foram adquiridos para<br />
fazer o lastro das obrigações, também<br />
foram adquiridos com taxas superiores<br />
às do contrato. “A diferença compensa,<br />
na maioria dos casos, o incremento de<br />
sobrevida. O mercado está bastante<br />
solvente em relação às estas carteiras”,<br />
garante Lacerda.<br />
❙❙Jair Lacerda, da Bradesco Seguros<br />
O futuro<br />
A tecnologia pode contribuir muito<br />
para diminuir os custos destes produtos<br />
para um público longevo. A partir de informações<br />
disponíveis, é possível fazer a<br />
subscrição exata do risco. “Se eu tenho<br />
uma pessoa de 70 anos bem cuidada,<br />
que vai ao médico, se alimenta bem,<br />
ela deve ser destacada da multidão. “Às<br />
vezes só pelo perfil de consumo de uma<br />
pessoa já se sabe se é um bom risco ou<br />
um risco agravado. Com isso, é possível<br />
vender um produto mais adequado”,<br />
afirma Lacerda.<br />
Entretanto, ele afirma que o mercado<br />
precisa ser um pouco mais realista, porque<br />
o Brasil enfrenta um período de judicialização<br />
das operações que é bastante<br />
grave. No passado, as decisões judiciais<br />
fizeram com que o mercado se retraísse.<br />
O risco de se criar produtos específicos<br />
para pessoas acima de 60 anos está na<br />
legislação em vigor, que coloca o idoso<br />
como ente hipossuficiente. Desta forma,<br />
algumas coberturas podem ser exigidas<br />
sem que estejam previstas em contrato,<br />
como o pagamento para um tipo muito<br />
específico de câncer, por exemplo.<br />
Lacerda avalia que há duas questões<br />
que precisam ser trabalhadas: judicialização<br />
e tecnologia. “ Somente a subscrição<br />
adequada do risco torna possível a venda<br />
de produtos para pessoas com idade mais<br />
avançada. Para entrar neste grupo, as pessoas<br />
deverão ser mais saudáveis, parar de<br />
fumar, emagrecer e comer melhor”.