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Jornal das Oficinas 149

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Nos agitados tempos que vive a<br />

indústria automóvel, a evolução<br />

dos veículos acontece quase a um<br />

ritmo frenético. Todos os dias, surgem<br />

novidades tecnológicas. Quem não se<br />

souber adaptar, não terá condições de<br />

sobreviver. Na área dos equipamentos<br />

oficinais, então, a pressão e a competitividade<br />

são enormes. O <strong>Jornal</strong> <strong>das</strong> <strong>Oficinas</strong><br />

quis medir o pulso ao setor em Portugal,<br />

tendo, para isso, convidado oito <strong>das</strong> principais<br />

empresas a analisar o estado do<br />

mercado numa Mesa Redonda, realizada<br />

no Sweet Atlantic Hotel & SPA, na Figueira<br />

da Foz, no passado dia 7 de março.<br />

Manuel Guedes Martins, da MGM, foi o<br />

primeiro a usar da palavra. “Eu não concordo<br />

que o país esteja a andar para a<br />

frente e esteja em grande, como muitos<br />

dizem. Na área automóvel, onde operamos,<br />

as coisas estão difíceis. As pessoas<br />

têm de cair na real. Trabalho com muita<br />

gente e vejo as dificuldades. Investiu-se e,<br />

agora, é preciso pagar o que se investiu. E,<br />

depois, existe um problema grande, que<br />

eu identifico há muito tempo: educação.<br />

Perdeu-se o respeito, ninguém respeita<br />

ninguém”, adiantou.<br />

Opinião um pouco mais positiva tem<br />

João Marcelino, da Bosch Portugal: “Podemos<br />

olhar para o nosso mercado sob a<br />

perspetiva que quisermos. Temos de ser<br />

otimistas e valorizar o nosso trabalho em<br />

vez de estarmos, constantemente, a fazer<br />

comparações com o mercado do país<br />

vizinho. Temos de enaltecer o excelente<br />

trabalho que é feito em Portugal no setor<br />

dos equipamentos oficinais”. E deu um<br />

exemplo: “Como a Bosch tem negócios<br />

em Espanha, também conheço a realidade<br />

do país vizinho. E é verdade que,<br />

fruto dos investimentos, as oficinas em<br />

e da assistência técnica. Ao prestarmos<br />

um serviço de qualidade, ele tem de ser<br />

valorizado. Tentamos fazer isso desde<br />

sempre. Ter uma assistência técnica de<br />

qualidade custa muito dinheiro. Mas<br />

penso que o mercado de equipamentos<br />

está em crescendo”, sublinhou.<br />

Por sua vez, José Morgado, da Domingos<br />

& Morgado, considera que o mercado<br />

está “dinâmico e interessante”. E concretizou<br />

o seu pensamento: “O cliente começa<br />

“Criou-se a imagem de<br />

que as oficinas conseguem<br />

assegurar o volume de<br />

trabalho de hoje com os<br />

investimentos de há uns<br />

anos”, deu conta Raul<br />

Vergueiro, da Lusilectra<br />

cado”, afirmou. Contudo, existem diversos<br />

constrangimentos ao negócio. “A minha<br />

formação vem da área financeira e de<br />

contabilidade. Aquilo que mais adorava<br />

era fazer planos de trabalho. Mas não<br />

é fácil, uma vez que existe muita subjetividade<br />

no negócio. O cliente, hoje,<br />

quer tecnologia (e, essa, todos nós temos,<br />

o que é uma forma de combater<br />

a proliferação de produtos duvidosos),<br />

mas também quer o preço mais baixo”,<br />

lamentou ainda José Morgado.<br />

n MERCADO EVOLUÍDO<br />

Raul Vergueiro, da Lusilectra, também<br />

preferiu focar-se nos aspetos favoráveis.<br />

“Se fizemos a comparação com a realidade<br />

do país vizinho, é abismal a diferença<br />

entre aquilo que têm as oficinas<br />

em Portugal e as oficinas em Espanha.<br />

No nosso país, temos, neste momento,<br />

de alguma forma, um mercado genericamente<br />

bem constituído. Durante a fase<br />

da crise, em que houve realmente uma<br />

quebra nos investimentos e, sobretudo,<br />

no negócio dos nossos clientes no setor<br />

automóvel, houve uma estagnação. Os<br />

clientes sobreviveram durante esse período.<br />

Portanto, criou-se a imagem de<br />

Da esq.ª para a dta.: Manuel<br />

Guedes Martins (MGM); António<br />

Gonçalves (Gonçalteam); Pedro<br />

Jesus (Cometil); José Morgado<br />

(Domingos & Morgado); Vítor<br />

Rocha (Alta Roda); Raul Vergueiro<br />

(Lusilectra); Pedro Santos<br />

(Intermaco); João Marcelino<br />

(Bosch Portugal)<br />

Portugal estão bem equipa<strong>das</strong>. Muitas<br />

oficinas serviram-se de subsídios para<br />

fazer crescer o seu negócio. Isso deve ser<br />

valorizado e nós queremos estar junto<br />

desses clientes. E, esse, é um trabalho<br />

meritório de todos os operadores que<br />

estão presentes nesta Mesa Redonda e<br />

dos que aqui não estão”, sublinhou.<br />

Pedro Santos, da Intermaco, concordou<br />

com o raciocínio, mas chamou a atenção<br />

para a “proliferação de players no setor<br />

dos equipamentos”. Na sua perspetiva,<br />

“somos muitos e uma larga percentagem<br />

não tem a qualidade necessária para fazer<br />

um bom trabalho ao nível do pós-venda<br />

a escolher, no fundo, quem tem tecnologia,<br />

serviços de assistência e formação.<br />

Costumo utilizar uma metáfora que ouvi<br />

numa homilia dada por um padre numa<br />

festa de catequese: ‘Antigamente, a palavra<br />

valia tudo’. Hoje, uma nota de encomenda<br />

assinada não chega. E, depois,<br />

é um pouco a gestão de expectativas.<br />

Nós gerimos uma expectativa de negócio<br />

que, por vezes, não acontece. Os negócios,<br />

apesar de os números ditarem as<br />

regras, ainda são feitos por pessoas. E<br />

quando se envolvem pessoas, as expectativas,<br />

por vezes, saem fura<strong>das</strong>. Mas não<br />

tenho dúvi<strong>das</strong> que há melhorias no merque<br />

as oficinas conseguem assegurar o<br />

volume de trabalho de hoje com os investimentos<br />

de há quatro, cinco ou seis<br />

anos. Naturalmente, isto cria o bloqueio”,<br />

disse. Outro fator essencial foi a fusão de<br />

uma série de unidades operacionais de<br />

oficinas que aconteceu nos últimos 10<br />

anos. “Se repararmos, não estamos a falar<br />

de um volume maior de oficinas. E se contarmos<br />

o número de postos de trabalho<br />

dentro de cada oficina, isso é, claramente,<br />

notório. Há cinco ou seis anos, era preciso<br />

um certo número de postos de trabalho<br />

para assegurar o volume de trabalho que,<br />

hoje, se assegura-se com menos pessoas.<br />

www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Abril I 2018

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