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Nos agitados tempos que vive a<br />
indústria automóvel, a evolução<br />
dos veículos acontece quase a um<br />
ritmo frenético. Todos os dias, surgem<br />
novidades tecnológicas. Quem não se<br />
souber adaptar, não terá condições de<br />
sobreviver. Na área dos equipamentos<br />
oficinais, então, a pressão e a competitividade<br />
são enormes. O <strong>Jornal</strong> <strong>das</strong> <strong>Oficinas</strong><br />
quis medir o pulso ao setor em Portugal,<br />
tendo, para isso, convidado oito <strong>das</strong> principais<br />
empresas a analisar o estado do<br />
mercado numa Mesa Redonda, realizada<br />
no Sweet Atlantic Hotel & SPA, na Figueira<br />
da Foz, no passado dia 7 de março.<br />
Manuel Guedes Martins, da MGM, foi o<br />
primeiro a usar da palavra. “Eu não concordo<br />
que o país esteja a andar para a<br />
frente e esteja em grande, como muitos<br />
dizem. Na área automóvel, onde operamos,<br />
as coisas estão difíceis. As pessoas<br />
têm de cair na real. Trabalho com muita<br />
gente e vejo as dificuldades. Investiu-se e,<br />
agora, é preciso pagar o que se investiu. E,<br />
depois, existe um problema grande, que<br />
eu identifico há muito tempo: educação.<br />
Perdeu-se o respeito, ninguém respeita<br />
ninguém”, adiantou.<br />
Opinião um pouco mais positiva tem<br />
João Marcelino, da Bosch Portugal: “Podemos<br />
olhar para o nosso mercado sob a<br />
perspetiva que quisermos. Temos de ser<br />
otimistas e valorizar o nosso trabalho em<br />
vez de estarmos, constantemente, a fazer<br />
comparações com o mercado do país<br />
vizinho. Temos de enaltecer o excelente<br />
trabalho que é feito em Portugal no setor<br />
dos equipamentos oficinais”. E deu um<br />
exemplo: “Como a Bosch tem negócios<br />
em Espanha, também conheço a realidade<br />
do país vizinho. E é verdade que,<br />
fruto dos investimentos, as oficinas em<br />
e da assistência técnica. Ao prestarmos<br />
um serviço de qualidade, ele tem de ser<br />
valorizado. Tentamos fazer isso desde<br />
sempre. Ter uma assistência técnica de<br />
qualidade custa muito dinheiro. Mas<br />
penso que o mercado de equipamentos<br />
está em crescendo”, sublinhou.<br />
Por sua vez, José Morgado, da Domingos<br />
& Morgado, considera que o mercado<br />
está “dinâmico e interessante”. E concretizou<br />
o seu pensamento: “O cliente começa<br />
“Criou-se a imagem de<br />
que as oficinas conseguem<br />
assegurar o volume de<br />
trabalho de hoje com os<br />
investimentos de há uns<br />
anos”, deu conta Raul<br />
Vergueiro, da Lusilectra<br />
cado”, afirmou. Contudo, existem diversos<br />
constrangimentos ao negócio. “A minha<br />
formação vem da área financeira e de<br />
contabilidade. Aquilo que mais adorava<br />
era fazer planos de trabalho. Mas não<br />
é fácil, uma vez que existe muita subjetividade<br />
no negócio. O cliente, hoje,<br />
quer tecnologia (e, essa, todos nós temos,<br />
o que é uma forma de combater<br />
a proliferação de produtos duvidosos),<br />
mas também quer o preço mais baixo”,<br />
lamentou ainda José Morgado.<br />
n MERCADO EVOLUÍDO<br />
Raul Vergueiro, da Lusilectra, também<br />
preferiu focar-se nos aspetos favoráveis.<br />
“Se fizemos a comparação com a realidade<br />
do país vizinho, é abismal a diferença<br />
entre aquilo que têm as oficinas<br />
em Portugal e as oficinas em Espanha.<br />
No nosso país, temos, neste momento,<br />
de alguma forma, um mercado genericamente<br />
bem constituído. Durante a fase<br />
da crise, em que houve realmente uma<br />
quebra nos investimentos e, sobretudo,<br />
no negócio dos nossos clientes no setor<br />
automóvel, houve uma estagnação. Os<br />
clientes sobreviveram durante esse período.<br />
Portanto, criou-se a imagem de<br />
Da esq.ª para a dta.: Manuel<br />
Guedes Martins (MGM); António<br />
Gonçalves (Gonçalteam); Pedro<br />
Jesus (Cometil); José Morgado<br />
(Domingos & Morgado); Vítor<br />
Rocha (Alta Roda); Raul Vergueiro<br />
(Lusilectra); Pedro Santos<br />
(Intermaco); João Marcelino<br />
(Bosch Portugal)<br />
Portugal estão bem equipa<strong>das</strong>. Muitas<br />
oficinas serviram-se de subsídios para<br />
fazer crescer o seu negócio. Isso deve ser<br />
valorizado e nós queremos estar junto<br />
desses clientes. E, esse, é um trabalho<br />
meritório de todos os operadores que<br />
estão presentes nesta Mesa Redonda e<br />
dos que aqui não estão”, sublinhou.<br />
Pedro Santos, da Intermaco, concordou<br />
com o raciocínio, mas chamou a atenção<br />
para a “proliferação de players no setor<br />
dos equipamentos”. Na sua perspetiva,<br />
“somos muitos e uma larga percentagem<br />
não tem a qualidade necessária para fazer<br />
um bom trabalho ao nível do pós-venda<br />
a escolher, no fundo, quem tem tecnologia,<br />
serviços de assistência e formação.<br />
Costumo utilizar uma metáfora que ouvi<br />
numa homilia dada por um padre numa<br />
festa de catequese: ‘Antigamente, a palavra<br />
valia tudo’. Hoje, uma nota de encomenda<br />
assinada não chega. E, depois,<br />
é um pouco a gestão de expectativas.<br />
Nós gerimos uma expectativa de negócio<br />
que, por vezes, não acontece. Os negócios,<br />
apesar de os números ditarem as<br />
regras, ainda são feitos por pessoas. E<br />
quando se envolvem pessoas, as expectativas,<br />
por vezes, saem fura<strong>das</strong>. Mas não<br />
tenho dúvi<strong>das</strong> que há melhorias no merque<br />
as oficinas conseguem assegurar o<br />
volume de trabalho de hoje com os investimentos<br />
de há quatro, cinco ou seis<br />
anos. Naturalmente, isto cria o bloqueio”,<br />
disse. Outro fator essencial foi a fusão de<br />
uma série de unidades operacionais de<br />
oficinas que aconteceu nos últimos 10<br />
anos. “Se repararmos, não estamos a falar<br />
de um volume maior de oficinas. E se contarmos<br />
o número de postos de trabalho<br />
dentro de cada oficina, isso é, claramente,<br />
notório. Há cinco ou seis anos, era preciso<br />
um certo número de postos de trabalho<br />
para assegurar o volume de trabalho que,<br />
hoje, se assegura-se com menos pessoas.<br />
www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Abril I 2018