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“não utilizar o chavão da qualidade e<br />
formação”. Na sua opinião, “existem dois<br />
pontos de conflito com o cliente em empresas<br />
do nosso género. O primeiro, tem<br />
a ver com o facto de ele não querer pagar<br />
portes porque são encomen<strong>das</strong> pequenas.<br />
O segundo, diz respeito à questão<br />
de não querer pagar a assistência”.<br />
n FORMAÇÃO É CRUCIAL<br />
José Morgado, da Domingos & Morgado<br />
está atento à formação, quer do<br />
cliente quer do procedimento do técnico<br />
em relação ao manuseamento do<br />
equipamento. “O problema, por vezes,<br />
tem a ver com a volatilidade dos recursos<br />
humanos. Estamos a apostar na formação<br />
de cliente que, depois, escolhe outra<br />
marca ou outro player. Quanto ao pagamento<br />
da manutenção, não me queixo<br />
tanto”, garantiu. Porquê? “Um cliente<br />
bem informado e bem formado, é um<br />
excelente cliente. Mas, por vezes, pode<br />
haver rejeição de um técnico em relação<br />
a determinado equipamento, por razões<br />
que se prendem com o receio de sair da<br />
sua zona de conforto. Este tipo de casos<br />
é ultrapassado com formação. Existem<br />
clientes que conseguem extrair dos equipamentos<br />
muito mais do que aquilo que<br />
lhes ensinamos através da formação. Se<br />
os clientes tiverem mente aberta para<br />
aprender, que é outro problema, este tipo<br />
de situações não surpreende. É preciso<br />
derrubar mitos e desfazer vícios que, por<br />
vezes, estão enraizados há muitos anos”,<br />
sustentou.<br />
Pedro Santos, da Intermaco, também<br />
considera a formação é vital para<br />
a empresa. “Lembro-me que há 15 ou<br />
20 anos, quando comecei na área dos<br />
equipamentos, o desconhecimento era<br />
total. Depois, começaram a aparecer os<br />
centros de formação e as empresas tomaram<br />
consciência do tema, motiva<strong>das</strong> até<br />
pelos equipamentos e pelos automóveis<br />
que a tal obrigavam. A evolução dos automóveis<br />
acaba por ser o percursor de<br />
todo este tema”, disse.<br />
Para João Marcelino, da Bosch Portugal,<br />
“a formação é um dos pilares onde<br />
assenta a nossa filosofia. Desde há muito<br />
tempo. A forma como ela é apresentada<br />
ao mercado, é que tem diferido. É uma<br />
<strong>das</strong> responsabilidades da Bosch, uma vez<br />
que também fabrica peças. A formação é<br />
muito importante, mas tende a ser desvalorizada.<br />
O peso da palavra formação<br />
creio que está a perder força no mercado,<br />
até pela quantidade de empresas que,<br />
hoje, a ministram. A forma como, na atualidade,<br />
se está a apresentar a formação ao<br />
mercado, é preocupante. Costumo dizer<br />
que um cliente profissionalmente mal<br />
formado é pior do que um concorrente,<br />
uma vez que a primeira conclusão que<br />
ele tirará se não souber utilizar um equipamento<br />
é que a máquina não serve ou<br />
funcional mal”, disse. Além disso, “começa<br />
a haver formação gratuita e a preços que<br />
não sei como é possível serem praticados.<br />
Porquê? Porque se começa a desvalorizar<br />
a formação. Muitas vezes, as formações<br />
limitam-se a ler os manuais dos equipamentos.<br />
E, isto, não é formação. Na<br />
Bosch, tivemos dificuldade em apresentar<br />
formação ao mercado, uma vez que não<br />
estávamos presentes de forma direta na<br />
área dos equipamentos. Mas elaborámos<br />
planos de formação para os nossos distribuidores<br />
e para as redes oficinais de que<br />
dispomos. A Bosch, se vendesse apenas<br />
formação, seguramente acharia ofensivo<br />
ver empresas no mercado a oferecê-la.<br />
Não é concebível uma empresa oferecer<br />
aquilo que vende. É preciso valorizar<br />
aquilo que se vende”.<br />
Na visão de Raul Vergueiro, da Lusilectra,<br />
“o cliente não valoriza o facto de estarmos<br />
a contribuir para o seu engrandecimento<br />
e para o melhoramento do seu negócio.<br />
A formação é um valor acrescentado. Mas<br />
parte do equipamento. Caso contrário,<br />
se tirássemos a formação e a assistência<br />
técnica, passaríamos a ser empresas<br />
meramente comerciais, que comprariam<br />
ali para vender acolá. E a maioria dos<br />
operadores do mercado ‘embrulham’ o<br />
equipamento num conjunto de serviços<br />
e de valor acrescentado ao qual o cliente<br />
tem de estar sensibilizado que tem de<br />
pagar. E este ‘embrulho’ é necessário para<br />
proteger o equipamento e a capacidade<br />
de resposta do cliente”, finalizou. ✱<br />
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