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TÉCNICA&SERVIÇO<br />
Técnicas de lixamento<br />
Em busca da perfeição<br />
› As operações de lixamento têm um papel relevante no âmbito do processo<br />
total de repintura. Por isso, é importante conhecer bem os produtos,<br />
equipamentos e processos necessários para obter um bom acabamento em<br />
tempo rentável para a oficina e evitando repetições desnecessárias<br />
É<br />
fundamental que o pintor conheça<br />
e domine os processos de lixamento<br />
para, em períodos de tempo ade-<br />
-quados, obter um bom acabamento sem<br />
problemas posteriores que requeiram<br />
trabalho adicional durante o processo<br />
de repintura ou, inclusivamente, possam<br />
levar a reclamações por parte dos clientes.<br />
Para evitar problemas e concluir com êxito<br />
os processos de lixamento realizados ao<br />
longo do processo de pintura, convém<br />
ter presente uma série de considerações.<br />
n SUPERFÍCIE A LIXAR<br />
l As superfícies a lixar devem estar limpas<br />
e isentas de gordura, para evitar que<br />
a sujidade fique incrustada na superfície<br />
ao lixar.<br />
l Antes de lixar ou polir uma pintura<br />
recém-aplicada, esta deve ter atingido<br />
uma dureza suficiente. Se a secagem tiver<br />
sido acelerada (infravermelhos ou estufa),<br />
será necessário esperar que a superfície<br />
arrefeça.<br />
Mudar a lixa quando estiver saturada<br />
Marcas do lixamento<br />
n ABRASIVOS<br />
l Os abrasivos devem estar limpos. Devem<br />
ser armazenados num local limpo e seco.<br />
l O abrasivo deve ser mudado depois de<br />
detetada a perda do seu poder mordente.<br />
A durabilidade e a vida útil <strong>das</strong> lixas são<br />
afeta<strong>das</strong> por:<br />
Saturação: perda de corte devido à<br />
acumulação de restos de lixamento ou<br />
sujidade entre os grãos abrasivos.<br />
Perda de grão: os grãos abrasivos soltam-<br />
-se devido ao mau armazenamento, à má<br />
utilização ou à má qualidade do abrasivo.<br />
Desgaste: os grãos de abrasivo (óxido<br />
de alumínio) desgastam-se e perdem<br />
poder de corte.<br />
Rutura: o suporte da lixa rasga-se devido<br />
a má utilização ou à má qualidade<br />
do abrasivo.<br />
l Em cada processo de lixamento, deverá<br />
ser utilizada a granulometria de lixa ade-<br />
quada, tendo em conta que um lixamento<br />
demasiado fino impedirá a fixação correta<br />
da camada de tinta seguinte. Ao passo<br />
que um lixamento demasiado espesso,<br />
resultará no surgimento de defeitos na<br />
fase posterior, o que implicará retificar e<br />
repintar, resultando em per<strong>das</strong> de tempo<br />
e dinheiro adicionais.<br />
l De acordo com o tamanho do grão<br />
abrasivo, é possível riscar com maior<br />
ou menor profundidade um mesmo suporte.<br />
Os abrasivos são fragmentados<br />
e os diferentes tamanhos de partícula<br />
são selecionados para obter lixas mais<br />
ou menos grosseiras, mais ou menos finas.<br />
Existem várias escalas ou normalizações<br />
para nomear ou codificar os diferentes<br />
tamanhos de abrasivos. A norma FEPA<br />
(Federação Europeia de Fabricantes de<br />
Produtos Abrasivos) é uma <strong>das</strong> mais utiliza<strong>das</strong>.<br />
A sua marcação consiste num código<br />
com um número precedido da letra “P”,<br />
correspondendo os números mais baixos<br />
aos grãos maiores e vice-versa.<br />
A boa qualidade de uma lixa abrasiva é<br />
determinada não só pela granulometria<br />
marcada mas, também, pela homogenei-<br />
-dade granulométrica, ou seja, pela ausência<br />
de grãos mais grossos que provoquem<br />
sulcos indesejados.<br />
l Na repintura de peças metálicas, é recomendável<br />
não utilizar lixas mais grosseiras<br />
que P80. Nas peças de plástico flexível,<br />
é recomendável não utilizar lixas mais<br />
grosseiras que P150.<br />
n FERRAMENTAS DE LIXAMENTO<br />
l As ferramentas de lixamento podem ser<br />
manuais (tacos e lixadoras) ou, dependendo<br />
da força motriz, de acionamento elétrico<br />
(lixadoras elétricas) ou através de ar comprimido<br />
(lixadoras pneumáticas). A escolha<br />
entre elétrica ou pneumática dependerá<br />
principalmente <strong>das</strong> instalações da oficina.<br />
Caso seja necessário lixar substratos de<br />
alumínio, para evitar a acumulação de eletricidade<br />
e garantir a segurança, devem ser<br />
utiliza<strong>das</strong> lixadoras pneumáticas.<br />
l De acordo com o movimento imprimido<br />
no abrasivo flexível, as ferramentas de<br />
lixamento podem ser:<br />
Rotativas ou radiais, com rotação do<br />
prato sobre um eixo fixo, recomenda<strong>das</strong><br />
para trabalhos muito agressivos, como<br />
eliminação de óxido ou pintura velha e<br />
cordões de soldadura. Realizam um trabalho<br />
muito rápido mas aquecem e não<br />
dispõem de aspiração. Na área de pintura,<br />
são utiliza<strong>das</strong> apenas.<br />
Orbitais ou excêntricas, de base retan-<br />
-gular, com combinação de movimento<br />
longitudinal e transversal e indica<strong>das</strong> para<br />
lixamento de grandes superfícies em nível<br />
plano. A base não é flexível, pelo que se<br />
torna ideal para lixamento de massa.<br />
Roto-orbitais ou excêntrico-rotativas,<br />
com combinação de movimento giratório e<br />
excêntrico, são as mais utiliza<strong>das</strong> nos trabalhos<br />
de repintura pela sua maneabilidade,<br />
versatilidade e por gerarem pouco calor.<br />
As ferramentas de polimento atuais<br />
podem ter um movimento tipo rotativo<br />
ou roto-orbital.<br />
l No lixamento manual com lixas flexíveis,<br />
devem ser utilizados tacos ou lixadoras<br />
como suporte para repartir, de forma<br />
uniforme, a pressão sobre a superfície e<br />
não deixar marcas dos dedos.<br />
l As bases <strong>das</strong> ferramentas de lixamento,<br />
onde são apoia<strong>das</strong> as lixas, apresentam<br />
diferentes flexibilidades, pelo que se a base<br />
for rígida, não irá adaptar-se à superfície a<br />
lixar, será a base a dar forma à superfície.<br />
No entanto, se a base for flexível e se for<br />
exercida pressão sobre a mesma, esta vai<br />
adaptar-se à superfície, desbastando-a. Por<br />
conseguinte, ao lixar massa será preferível<br />
utilizar uma base rígida e ao fazer o lixamento<br />
final do aparelho e da superfície<br />
a repintar será recomendável uma base<br />
flexível. Também é possível acoplar uma<br />
interface à base da lixadora para conseguir<br />
algum amortecimento da ação do abrasivo.<br />
l Outro fator a ter em conta numa lixadora<br />
é o seu diâmetro de órbita, visto que, com<br />
um diâmetro de órbita maior, o lixamento é<br />
mais agressivo mas o acabamento é menos<br />
fino. Os diâmetros de órbita mais habituais<br />
são 5 para o lixamento de massa e 3 para<br />
o de aparelho.<br />
l Os sistemas de aspiração para eliminação<br />
do pó gerado durante os processos<br />
de lixamento são muito importantes, já<br />
que proporcionam um ambiente mais<br />
saudável para o trabalhador, mais limpo<br />
para os trabalhos de repintura e permitem<br />
que as lixas fiquem menos satura<strong>das</strong>. Esta<br />
aspiração pode ser incorporada na própria<br />
lixadora ou ser realizada com um equipamento<br />
móvel ligado à lixadora através de<br />
Abril I 2018<br />
www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com