You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Conheci o Vítor há já mais de 50 anos. Eu<br />
frequentava engenharia na Universidade de<br />
Luanda e ele estava quase de “abalada” para<br />
Portugal. Iria estudar Direito em Lisboa. Foi<br />
num “Campo de Férias” de estudantes católicos<br />
que reuniu jovens de Portugal e de Angola.<br />
O Vítor deixou marca como pessoa muito interessada,<br />
com uma boa base cultural e, sobretudo,<br />
extremamente simpático e de espírito<br />
aberto.<br />
Seguimos as nossas vidas, cada um para seu<br />
lado, e voltamos a ver-nos mais tarde. Até que,<br />
por força das circunstâncias, ambos parlamentares,<br />
obviamente de bancadas diferentes,<br />
fomos mantendo conversas muito mais<br />
frequentes, sobre quase tudo mas com natural<br />
preponderância sobre Africa.<br />
Sempre achámos que as necessidades dos<br />
Partidos em alimentarem certa militância os<br />
levavam a procurar mais as diferenças e a fixarem-se<br />
nelas, em vez de procurarem aproximar-se,<br />
(o que facilitaria a adopção das politicas…).<br />
Balizavam-se nas diferenças. Não é<br />
de unanimismos que falávamos, mas sim de<br />
diálogo com consequências…<br />
Africa e a Lusofonia eram naturalmente áreas em que surgiam no mesmo espírito a necessidade<br />
da prática dum bom relacionamento, que respeitasse as memórias comuns, mas que fosse<br />
ousado e ambicioso, quanto ao futuro.<br />
Foi essa a idéia de lutar por um consenso político na relação com África que me levou a aceitar<br />
o convite do actual Primeiro-ministro, para ser Secretário-geral da UCCLA.<br />
A UCCLA perdera o fulgor que tivera no passado com o Eng. Abecassis. Entretanto, surgiram,<br />
felizmente, numerosas organizações lusófilas e a CPLP já se havia criado…<br />
A Vítor Ramalho deve-se uma constante defesa em artigos, entrevistas etc., de pontos de vista<br />
positivos, não recriminatórios nem discriminatórios em prol de posições lusófonas.<br />
E deve-se também um trabalho marcante na organização dum congresso da diáspora angolana,<br />
que reuniu muitos angolanos do exterior e que a cada dia que passa, mais me convenço<br />
de que foi antes do tempo…. Nota-se cada vez mais a falta que essa gente fez a Angola…<br />
Porque em recente livro, o Vítor, revelou esse facto, foi para mim normal ter sido grande defensor<br />
da nomeação do Vítor como meu sucessor para Secretário-geral da UCCLA.<br />
Acho que se fiz um trabalho na “frente” interna, ao Vítor cabe o grande mérito de ter voltado a<br />
projectar a UCCLA na opinião pública. Veja-se a grande realização que constituiu, a evocação<br />
do papel que a Casa dos Estudantes do Império teve no processo para a emancipação dos<br />
povos e no conhecimento mútuo e amigo entre os dirigentes desses países.<br />
Em suma: Um grande e leal camarada, a quem envio um “candando” desejando longa vida<br />
de muito sucesso.<br />
Miguel Anacoreta Correia<br />
- 117 -