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Previz2 - 16.07 VRamalho5

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Lanço mão desta oportunidade para<br />

confessar a minha mágoa de me não<br />

ter sido possível anuir ao convite do<br />

Senhor Dr. Vítor Ramalho para apresentar<br />

o seu livro sobre a pessoa do<br />

Senhor Dr. Mário Soares.<br />

Tendo-lhe respondido com a verdade<br />

(estava convidado para Paris, onde teria<br />

lugar, nos princípios de Dezembro<br />

de 2017, um encontro/simpósio sobre<br />

migrações e lusofonia, cabendo-me<br />

uma Comunicação sobre diálogo inter-religioso),<br />

vim a tomar conhecimento,<br />

de forma indirecta, que o tema<br />

proposto era dispensado de entrar em<br />

cena. Coisas que acontecem…<br />

Guardo na lembrança (irmã-gémea da esperança segundo Leonardo da<br />

Vinci) a sensibilidade do Senhor Dr. Vítor Ramalho às carências sociais,<br />

às dificuldades comuns da existência e aos magnos problemas do mundo<br />

e concomitantemente, o seu empenhamento por via de opções políticas<br />

bem concretas, desde a sua vida de estudante universitário, acolhendo,<br />

sem pausa, responsabilidades sempre na luta pelo bem comum.<br />

A Lusofonia, e, singularmente, a sua “herança” angolana, as diferenças<br />

culturais e a sua convergência, a defesa da Dignidade humana, o pesar,<br />

indisfarçável em não poucas ocasiões, por não ter sido seguida uma ponte<br />

mais sólida entre o Portugal democrático e outros domínios estratégicos,<br />

a coragem sempre a tempo contra injustiças e desvarios, estes e tantos<br />

outros, constituíram ingredientes de uma personalidade desassossegada,<br />

inteligente e comprometida.<br />

Mas, na multidão de afazeres, gostos, ofícios e canseiras, destaco a sua<br />

vinculação estreita, senão familiar, com Maria Barroso e Mário Soares, num<br />

misto de estima e respeito, de proximidade e consideração, de independência<br />

e fidelidade, de militância por causas e convicções.<br />

Confesso que, vivendo longe no Porto, minha terra natal, sinto, amiúde,<br />

saudades fundas de Maria Barroso e Mário Soares, tão amigos, tão confidentes,<br />

tão batalhadores, e, nesse convívio e diálogo, lá me surge sempre,<br />

afável e fraterno, o Dr. Vítor Ramalho.<br />

No confluir de críticas e ideias tinham que estar sempre presentes as aspirações<br />

por um Portugal sem estigmas de injustiça e pobreza, sem intolerância<br />

nem tiques inquisitoriais. Nesta fonte da velha ágora deve ter-se<br />

sempre dessedentado o Dr. Vítor Ramalho, tal a sede que se lhe pressentia<br />

por soluções a serem assumidas, de forma inequívoca, por um Estado de<br />

Direito.<br />

Neste mesmo cambiante nunca foram dispensadas a Justiça e a Amizade,<br />

da sua prática, nos jantares de Domingo ou de dias feriado, de pareceria<br />

com um outro casal, fazendo sempre companhia aos residentes do 3º andar<br />

da Rua Dr. João Soares, nº 2, em Lisboa.<br />

Ao saudar-se uma Vida com sentido, fica-se com outro sabor!<br />

Januário Torgal Ferreira<br />

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